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- Fermentação | Pasteur Brasil
Fermentação Durante séculos a fermentação vem sendo utilizada na produção de vinho, vinagre, pães, cerveja e outras substâncias, e muitas questões foram levantadas acerca de sua origem. No século XVIII se identificam vários modos de fermentação (alcoólica, acética, pútridra), mas esse conhecimento não era suficiente para a prática do setor agroalimentício que enfrentava problemas de irregularidade na qualidade da produção. Em 1854, aos 32 anos, Louis Pasteur foi nomeado reitor da faculdade de ciências da Universidade de Lille, no norte da França, perto da fronteira com a Bélgica. Entre as tarefas de ensino e gestão universitária havia o contexto específico da indústria agroalimentícia da região, e Pasteur vai abrir mais os olhos para as questões práticas. Lille é uma cidade industrial e Pasteur leva os alunos para conhecer as fábricas dos arredores. Nesta região, onde há muitas destilarias, Pasteur é solicitado pelo industrial Louis Bigo (1787-1876) a estudar as desigualdades na produção de álcool de beterraba. Ele observa que a fermentação alcoólica é devida a um organismo vivo (fermento), o que o levou a afirmar o papel e a especificidade da ação dos microrganismos neste processo, até então uma proposta inédita. Desse modo, ele começa a se voltar para a biologia. Antes de Pasteur, Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794) e Justus von Liebig (1803-1873) já haviam enfrentado a questão da fermentação. Pasteur estava convencido de que a simplificação de Lavoisier, ao ignorar a levedura era falsa e que, muito pelo contrário, a produção de álcool é um fenômeno tão complexo quanto um ato de natureza biológica. Liebig não admitia que a fermentação era um fenômeno biológico. Afirmava que o fermento agia por decomposição da matéria morta. Pasteur rejeita esta teoria, pois aborda a fermentação pensando na vida. Após alguns anos de pesquisas, Pasteur estabelece com precisão que o ácido lático das cubas de beterrabas do Sr. Bigo provém de uma contaminação de leveduras e propõe o seguinte procedimento: o aquecimento para destruir a levedura lática e o repique para produzir a levedura alcoólica. Assim surgiram os princípios da “pasteurização”. As reflexões advindas da introdução da biologia na compreensão da fermentação vão inicialmente mais surpreender do que convencer os contemporâneos de Pasteur. Ao afirmar que a fermentação é um fenômeno complexo, correlato à vida, Pasteur vai ao encontro de grandes interrogações filosóficas e científicas do século XIX sobre o papel da vida. Pasteur tinha a reputação de um cientista sério e um excelente professor, mas agora teria que adotar o papel de um tribuno. Para ousar opor-se à sombra sagrada de Lavoisier e à autoridade de Liebig no auge de sua glória, era preciso não somente ser dono de si, mas também saber argumentar e convencer. Pasteur submete constantemente suas experiências às leis, cujos resultados e interpretações são frutos de uma experimentação rigorosa, enunciando detalhadamente os fatos estabelecidos. Ele escreve a revistas científicas e dirige-se a industriais. Em 1860 publica uma dissertação sobre fermentação alcoólica. O tom é decisivo, por vezes, irônico. É de um cientista, mas também semelhante a um advogado. Até aquele momento, Pasteur era conhecido pelos estudos cristalográficos, e eis que surge como teórico dos fermentos. As áreas têm pouco em comum. Pasteur observa os microorganismos no microscópio e observa variações na concentração de oxigênio. Com esta ideia em mente, imagina que a quantidade de oxigênio influi no desenvolvimento dos germes. Realiza experimentos e observa que o oxigênio contraria a vida dos chamados animálculos, quando se pensava que era indispensável à sua sobrevivência. Ao mesmo tempo em que os observa, Pasteur os nomeia, chamando estes organismos de “anaeróbios” em oposição aos seres microscópicos que precisam de ar para sobreviver, os “aeróbios”. Nota, ainda, que alguns germes podem ter dupla capacidade, de viver com e sem oxigênio. Estas conclusões serão de grande importância para futuros progressos da Medicina. Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a. 1854 Louis Bigo, industrial. A ação se passa na Faculdade de Ciências de Lille, na fábrica de vinagre de Orleans, na casa da família de Pasteur em Arbois, nas vinhas e laboratórios efêmeros instalados em vários pontos da vila, na cervejaria dos irmãos Tourtel em Tantonville, na do Sr. Kuhn em Chamalières, na cervejaria Carlsberg em Copenhagen, no laboratório de Duclaux em Clermont-Ferrand durante a Comuna de Paris. A cada fermentação um microorganismo. Antoine Laurent Lavoisier Justus von Liebig. Fermentações e gerações ditas espontâneas. A fermentação se mostra correlata à vida, e não à morte ou putrefação (Louis Pasteur, 1859). Memoire sur la fermentation alcoolique, publicada em 1860. Vida sem oxigênio. A vida sem oxigênio. 1861 Continue lendo a biografia
- Contato | Pasteur Brasil
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- Doenças Infectocontagiosas | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Doenças Infectocontagiosas Escola Médica de Salerno Auge entre os séculos XI e XIII "A Escola Médica de Salerno (EMS) representa marco indelével na história da medicina, na concepção de saúde e no ensino médico. Sua contribuição se sobressai para o desenvolvimento das pesquisas e a escrita de trabalhos científicos, de caráter eminentemente prático, para o tratamento das doenças". "A materialização da EMS foi processo gradativo iniciado nos primórdios da Idade Média. O mosteiro beneditino de Montecassino, fundado em 529, dá origem ao hospital em 820, embrião da Escola. Universidade. Em Salerno, a partir da fundação da Escola, se cria o primeiro estabelecimento medieval de ensino sistemático de medicina, vindo a ser a mais importante fonte de conhecimento médico e principal universidade da cristandade na Europa, em decorrência de haver, além do ensino médico, cursos de filosofia, teologia e direito". "A EMS estabeleceu currículo regular para o curso médico e passou a receber auxílio financeiro dos governantes. Com estes aportes, alcançou fama mundial, propiciando que para ela acorressem estudantes de todas as nações. O ensino era essencialmente prático e laico. Após a criação da EMS, graças a chegada à cidade, em 1065, de Constantino, o Africano, tradutor de textos árabes e medicina, fator impulsionador e empreendedor, tem início o período clássico da Escola, que alcança seu maior esplendor durante os séculos XI a XIII". "A Escola manteve a tradição cultural greco-romana, combinando-a harmoniosamente com as culturas árabe e judaica, e acolhia estudantes de todos os credos. Este encontro de diferentes culturas levou ao surgimento do conhecimento médico a partir da síntese e da comparação de diferentes experiências. A influência da igreja católica, e dos preceitos da doença entendida ao modo de punição por atos contrários às determinações divinas, declinou progressivamente na Escola de Salerno até desaparecer por completo". "Pessoas de diversas partes do mundo frequentaram a Schola Medica Salerni, tanto os doentes, na esperança de se recuperarem, quanto estudantes, para aprender as artes da medicina. Sua fama cruzou fronteiras, de acordo com os manuscritos salernitanos existentes em diversas bibliotecas europeias e os testemunhos históricos. Esta Escola contribuiu principalmente para o desenvolvimento da medicina como profissão. O curso médico exigia exames preparatórios e mais cinco anos de estudo, o último dos quais equivalente ao atual internato. Para os alunos aprovados ao final do curso, fornecia-se licença para exercer a medicina". Ref. https://homoprojector.iipc.org/index.php/homoprojector/article/view/116 Michel de Nostredame (Nostradamus) 1503-1563 Médico e astrólogo francês. Nostradamus nasceu na Provença, uma região do sul da França, em 1503. Nostradamus é a versão latinizada de seu nome de nascimento, Michel de Nostredame. Sua família era de herança judaica, mas eles se converteram ao catolicismo durante um período de intolerância religiosa. Os judeus sempre foram forasteiros na Europa Ocidental e, ao longo dos séculos, foram forçados a se converter à religião cristã. Ambos os avôs de Nostradamus foram estimados estudiosos. Um era médico e Nostradamus estudou grego e latim com o outro. Aos quatorze anos, Nostradamus saiu de casa para estudar em Avignon, o centro religioso e acadêmico da Provença. Na aula, ele às vezes expressava oposição aos ensinamentos dos padres católicos, que rejeitavam o estudo da astrologia - o estudo de como os eventos na Terra são influenciados pelas posições e movimentos do Sol, da Lua. Nicolaus Copernicus (1473–1543; Copérnico) recentemente havia ganhado fama com sua teoria de que a Terra e outros planetas giravam em torno do Sol - ao contrário da crença cristã de que a Terra era o centro do universo. A família de Nostradamus o avisou para segurar a língua, já que ele poderia ser facilmente apontado para a perseguição por causa de sua origem judaica na sociedade antijudaica da França. Anteriormente, ele havia aprendido secretamente com seus avós algumas áreas místicas (percepção espiritual da realidade que não depende dos sentidos) da sabedoria judaica, incluindo a cabala e a alquimia. Em 1525, Nostradamus graduou-se na Universidade de Montpellier, onde estudou medicina e astrologia. Durante os primeiros anos de sua carreira como médico, ele viajou para cidades e vilarejos onde pessoas morriam de peste bubônica, uma epidemia ou doença generalizada que varreu a Europa nos séculos XV e XVI. Chamada de "Peste Negra" por causa das feridas negras inflamadas que deixava nos corpos das vítimas, a epidemia mortal não tinha cura. Os médicos geralmente" sangravam" ou extraíam grandes quantidades de sangue doente" de seus pacientes e não sabiam nada sobre como prevenir novas infecções. Eles não percebiam que as condições nada higiênicas contribuíam para a propagação da doença. Nostradamus prescrevia ar fresco e água, uma dieta com baixo teor de gordura e uma nova cama para os aflitos. Ele costumava administrar um remédio feito de roseira brava (fruto das rosas), Posteriormente, descobriu-se que era rico em vitamina C. Cidades inteiras se recuperaram com esses remédios de ervas, comuns na época, mas as crenças de Nostradamus sobre o controle de infecções podem ter resultado em acusações de heresia (violação das leis da igreja) e em uma sentença de morte. Nostradamus recebeu seu doutorado em Montpellier em 1529. Ele ensinou na universidade por três anos, mas saiu quando suas ideias radicais sobre a doença foram censuradas ou oficialmente repreendidas. Ele escolheu uma esposa entre as muitas oferecidas a ele por famílias ricas e conectadas, e se estabeleceu na cidade de Agen. Então a praga matou sua esposa e dois filhos pequenos. Como o famoso médico não pôde salvar sua própria família, os cidadãos de repente o olharam com desprezo. Seus sogros pediram a devolução do dote (dinheiro ou bens fornecidos pela família da noiva) que lhe foi dado. A astrologia era popular na Europa durante a Idade Média, embora tenha sido condenado pelos líderes da igreja desde os primeiros dias do cristianismo. Como a alquimia, a astrologia acabou caindo em desuso quando os cientistas descobriram novos fatos sobre a Terra e o universo. No entanto, a astrologia gozou de considerável popularidade durante o Renascimento. Monarcas e nobres fizeram astrólogos como Nostradamus criarem mapas chamados horóscopos, que mapeiam a posição de corpos astronômicos em determinados momentos e eram usados para prever eventos futuros. Devido a acusações de heresia, ele fugiu da área quando lhe disseram para comparecer perante a temida Inquisição, um tribunal da igreja criado para procurar e punir os hereges. Nos anos seguintes, Nostradamus viajou pelo sul da Europa. Estudiosos modernos sugerem que esse período difícil provavelmente despertou seus poderes de clarividência, ou habilidade de prever o futuro. Em 1544, chuvas torrenciais estavam trazendo mais desastres para o sul da França, que já havia sido devastada pela peste (uma série de epidemias de doenças). Nostradamus apareceu em Marselha e depois em Aix, onde conseguiu conter a propagação da doença e foi novamente celebrado por suas habilidades. Mudando-se para a cidade de Salon, ele estabeleceu um consultório médico, casou-se novamente e começou uma nova família. Embora fosse aparentemente um católico praticante, ele passava secretamente as horas noturnas em seu escritório meditando sobre sua tigela de latão. A meditação o colocaria em transe. Nostradamus escreveu suas visões e, em 1550, começou a publicá-las em Centúrias (também chamadas de Almanaques e profecias ), que apareceram anualmente durante os quinze anos seguintes. Nos Almanaques, Nostradamus descreveu as fases astrológicas para o ano seguinte e ofereceu dicas de eventos futuros em versos rimados de quatro linhas chamados quadras. Os Almanaques tornaram-se imensamente populares e logo Nostradamus ficou ainda mais famoso na França. A essa altura, suas visões eram uma parte tão integrante de sua bolsa de estudos que ele decidiu canalizá-las em um grande trabalho para as gerações futuras. Ele chamaria este livro de Séculos. Cada um dos dez volumes planejados conteria cem previsões na forma de quadra (quatro versos), e os próximos dois mil anos da humanidade seriam previstos. Dentre as várias previsões de Nostradamus, destaca-se a centúria 25, em que Pasteur é citado nominalmente: "A coisa perdida recuperada, escondida por muitos séculos. Pasteur será celebrado como se fora um semideus. É aí que a lua completa seu grande círculo, mas por outros ventos será desonrado" (Cheetam, 1977, p. 30). Autora da obra As Profecias de Nostradamus, Erika Cheetham (1977, p. 30) analisa: "Outra quadrinha fascinante que, não bastasse citar o nome de Pasteur, também especifica a data, embora isso não seja logo evidente. A descoberta de Pasteur, de que germes poluem a atmosfera, foi das mais importantes da história da medicina e levou à teoria da esterilização de Lister. A Enciclopédia Britânica diz que Pasteur, o "semideus", "era agora reconhecido como o iniciador do maior movimento da química da época". Ele fundou o Instituto Pasteur em 14 de novembro de 1888; o ciclo da Lua teve lugar de 1535 a 1889. Os ventos (rumores) que o teriam desonrado podem significar a violenta oposição aos seus métodos, entre os poderosos membros da Academia, contra as novas práticas do Instituto, tais como vacinas contra a hidrofobia etc.". Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/philosophy-and-religion/other-religious-beliefs-biographies/nostradamus Ignaz Philipp Semmelweis 1818-1865 Médico húngaro. Semmelweis foi uma das figuras médicas mais proeminentes de seu tempo. Sua descoberta a respeito da etiologia e prevenção da febre puerperal foi um exemplo brilhante de apuração de fatos, análise estatística significativa e raciocínio indutivo agudo. A lavagem profilática das mãos, de grande sucesso, tornou-o um pioneiro na antissepsia durante a era pré-bacteriológica, apesar da oposição deliberada e da resistência desinformada. Em julho de 1846, Semmelweis tornou-se o oficial titular da Primeira Clínica, que estava então sob a direção de Johann Klein. Entre suas inúmeras funções estavam a instrução de estudantes de medicina, assistência em procedimentos cirúrgicos e a realização regular de todos os exames clínicos. Um dos problemas mais prementes que enfrentava era a alta mortalidade materna e neonatal devido à febre puerperal. Curiosamente, no entanto, a Segunda Clínica Obstétrica do mesmo hospital exibiu uma taxa de mortalidade muito mais baixa. A única diferença entre eles estava em sua função. O primeiro era o serviço docente para estudantes de medicina, enquanto o segundo fora selecionado em 1839 para a formação de parteiras. Embora todos estivessem perplexos com os números contrastantes de mortalidade, nenhuma explicação clara para as diferenças estava disponível. A doença era considerada um aspecto inevitável da obstetrícia hospitalar contemporânea, um produto de agentes desconhecidos operando em conjunto com condições atmosféricas evasivas. Após um rebaixamento temporário para permitir a reintegração de seu antecessor, que logo deixou Viena para se tornar professor em Tübingen, Semmelweis retomou seu cargo em março de 1847. Durante suas curtas férias em Veneza, a trágica morte de seu amigo Jakob Kolletschka, professor de medicina legal, ocorreu depois que seu dedo foi acidentalmente perfurado com uma faca durante um exame post-mortem. Curiosamente, a autópsia de Kolletschka revelou uma situação patológica semelhante à das mulheres que estavam morrendo de febre puerperal. Preparado por meio de seu treinamento patológico intensivo com Rokitansky, que colocara todos os cadáveres da enfermaria de ginecologia à sua disposição para dissecção, Semmelweis fez uma associação crucial. Ele prontamente ligou a ideia de contaminação cadavérica à febre puerperal e fez um estudo detalhado das estatísticas de mortalidade de ambas as clínicas obstétricas. Ele concluiu que ele e os alunos carregaram nas mãos as partículas infectantes da sala de autópsia para as pacientes que examinaram durante o trabalho de parto. Esta hipótese surpreendente levou Semmelweis a conceber um novo sistema de profilaxia em maio de 1847. Percebendo que o cheiro cadavérico que emanava das mãos dos dissecadores refletia a presença da matéria venenosa incriminada, ele instituiu o uso de uma solução de cal clorada para lavar as mãos entre o trabalho de autópsia e o exame dos pacientes. Apesar dos protestos iniciais, especialmente dos estudantes de medicina e funcionários do hospital, Semmelweis foi capaz de aplicar o novo procedimento vigorosamente; e em apenas um mês a mortalidade por febre puerperal diminuiu em sua clínica de 12,24 por cento para 2,38 por cento. Em 1861, Semmelweis publicou sua importante descoberta em forma de livro. A obra foi escrita em alemão e discutia longamente as circunstâncias históricas que cercaram sua descoberta da causa e prevenção da febre puerperal. Uma série de críticas estrangeiras desfavoráveis ao livro levaram Semmelweis a atacar seus críticos em uma série de cartas abertas escritas em 1861-1862, o que fez pouco para promover suas idéias. Depois de 1863, a crescente amargura e frustração de Semmelweis com a falta de aceitação de seu método finalmente quebrou seu espírito até então indomável. Ele tornou-se alternadamente apático e patologicamente enfurecido com sua missão de salvador de mães. Em julho de 1865, Semmelweis sofreu o que parecia ser uma forma de doença mental; e após uma viagem a Viena imposta por amigos e parentes, ele foi internado em um asilo, o Niederösterreichische Heil- und pflegeanstalt. Ele morreu lá apenas duas semanas depois, vítima de uma sepse generalizada ironicamente semelhante à da febre puerperal, que se originou de um dedo infectado cirurgicamente. A subsequente falta de reconhecimento da profilaxia de Semmelweis pode ser atribuída a vários fatores. Uma falta inicial de publicidade adequada entre os médicos visitantes vienenses e estrangeiros levou a mal-entendidos e a uma avaliação incompleta do procedimento pretendido. Além disso, rixas políticas levaram a uma identificação de Semmelweis com a facção liberal e orientada para a reforma da faculdade de medicina vienense, um grupo temporariamente frustrado em seus objetivos pela derrota esmagadora de 1848. Finalmente, a saída abrupta de Semmelweis da arena roubou-lhe a possibilidade de finalmente persuadir seus colegas vienenses da integridade das lavagens de cloro. Operando a partir de um país politicamente reprimido e cientificamente atrasado com uma universidade de segunda categoria, Semmelweis foi efetivamente prejudicado na promulgação de suas ideias. Depois dele, polêmicas um tanto violentas e apaixonadas acrescentaram pouco crédito a um método um tanto complicado que era difícil de implementar entre os funcionários do hospital satisfeitos com o status quo. O mais importante, entretanto, foi a falta de uma boa explicação para o procedimento empiricamente derivado de Semmelweis, um desenvolvimento que só foi possível por meio do trabalho de Pasteur. "Pasteur nunca fez nenhuma alusão a Semmelweis. Parece até ignorar sua existência. Mas isso não tem nada de surpreendente: o destino kafkaniano desse pioneiro da assepsia oscila, sem parar, entre a tragédia e o teatro de horrores, e seus trabalhos não foram difundidos. Na França, foi preciso esperar até 1924 para que um jovem médico, apaixonado por casos radicais e literatura, se interessasse por Semmelweis e lhe dedicasse uma tese; esse jovem praticante da medicina que se diz médico dos pobres chama-se Louis Ferdinand Destouches, mais conhecido por Céline. Semmelweis foi o primeiro a entender o mecanismo da infecção das lesões e, antes de Pasteur provar que as bactérias são a causa da putrefação, demonstrou que é possível prevenir a supuração dos pacientes operados com a lavagem das mãos dos cirurgiões. Porém, talvez porque 'sua descoberta fosse além das forças da sua grande inteligência', como escreveu Céline e, certamente porque sua natureza juntasse a falta de jeito com a obstinação, Semmelweis não foi capaz de convencer ninguém." (Debré, 1995, p. 312). Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/ignaz-philipp-semmelweis Rudolf Virchow 1821-1902 Médico, antropólogo e político, liberal progressista. Fundador com Reinhardt da revista "Archiv für pathologische Anatomie und Physiologie". Foi o fundador da escola de "patologia celular", que constitui a base da patologia moderna. Virchow nasceu em Schivelbein, filho único de um fazendeiro e tesoureiro da cidade. Em 1839, Virchow ingressou no Instituto Friedrich Wilhelms em Berlim para fazer estudos médicos em preparação para uma carreira como médico do exército. Ele ficou sob a forte influência de Johannes Müller, que encorajou muitos médicos alemães a usar métodos experimentais de laboratório em seus estudos médicos. Virchow se formou em medicina em 1843, já tendo demonstrado grande interesse pela patologia. Em 1845, ainda trabalhando como estagiário, Virchow publicou seu primeiro artigo científico. Nesse ano, ele havia se comprometido com uma metodologia de pesquisa baseada em uma compreensão mecanicista dos fenômenos vitais. A pesquisa médica, de acordo com Virchow, precisava usar observação clínica, experimentos em animais e exame microscópico de tecidos humanos para entender como as leis químicas e físicas comuns poderiam explicar os fenômenos normais e anormais associados à vida. Ele aceitou a teoria das células como um elemento básico nessa compreensão mecanicista da vida. Ao se comprometer com essa visão, ele se juntou a um grupo de jovens cientistas médicos radicais que estavam desafiando o vitalismo dominante de uma geração mais velha. Em 1846, Virchow começou a ministrar cursos de anatomia patológica. Em 1847 ele foi nomeado para sua primeira posição acadêmica com o posto de privatdozent. No mesmo ano, ele e um colega, Benno Reinhardt, publicaram o primeiro volume de uma revista médica, os Arquivos de Anatomia Patológica e Fisiologia e Medicina Clínica. Virchow continuou a editar este jornal até sua morte em 1902. As visões políticas radicais de Virchow foram claramente mostradas em 1848, o ano da revolução na Alemanha. No início do ano, Virchow apresentou um relatório sobre uma epidemia de tifo na Alta Silésia, no qual recomendava que a melhor maneira de evitar a repetição da epidemia seria introduzir formas democráticas de governo. Quando a revolução estourou em Berlim, Virchow juntou-se aos revolucionários que lutavam nas barricadas. Ele se jogou de todo o coração na revolução, para desgosto de seu pai. Ele participou de vários clubes democráticos e ajudou a editar um jornal semanal, Die medizinische Reform, que promoveu ideias revolucionárias em relação à profissão médica. As opiniões políticas de Virchow levaram à sua suspensão pelo restabelecido governo conservador em 1849. A suspensão foi rapidamente revogada devido à reação hostil da fraternidade médica. Mais tarde, no mesmo ano, Virchow foi nomeado professor da Universidade de Würzburg. Pouco depois, ele se casou com Rose Mayer, filha de um importante ginecologista alemão. A cadeira em Würzburg foi a primeira na Alemanha a ser dedicada à anatomia patológica. Durante os 7 anos de Virchow lá, a faculdade de medicina foi reconhecida como uma das melhores da Europa, em grande parte devido ao seu ensino. Ele desenvolveu seu conceito de "patologia celular", baseando sua interpretação dos processos patológicos na teoria celular recentemente formulada de Matthias Schleiden e Theodor Schwann. No mesmo período, ele se tornou editor adjunto de uma publicação anual que analisa o progresso do ano na ciência médica. Esta publicação mais tarde ficou conhecida como Jahresbericht de Virchow , e ele continuou a editá-la até sua morte. Ele também começou a trabalhar em 1854 em seu Handbook of Special Pathology and Therapeutics,que se tornou o modelo para "manuais" alemães posteriores em várias ciências. Embora o principal interesse de Virchow em Würzburg fosse a patologia, ele também continuou a trabalhar no campo da saúde pública e iniciou pesquisas em antropologia física. Em 1856, Virchow aceitou uma cadeira na Universidade de Berlim com a condição de que um novo prédio fosse construído para um instituto de patologia. Ele permaneceu nesta posição pelo resto de sua vida. A partir de 1859, Virchow renovou suas atividades na política. Naquele ano foi eleito membro do conselho da cidade, onde serviu até sua morte. No conselho ele se interessou principalmente por questões de saúde pública. Em 1861, Virchow foi um dos membros fundadores do Deutsche Fortschrittpartei e foi eleito no mesmo ano para a Dieta Prussiana. Ele se opôs vigorosamente aos preparativos de Bismarck para a guerra e sua política de "sangue e ferro" de unificação da Alemanha. No final dos anos 1860 e 1870, Virchow concentrou sua atenção na antropologia e nas relações médicas internacionais. Ele participou de vários congressos médicos internacionais durante este período e manteve um interesse contínuo no controle e prevenção de epidemias. Em 1873, Virchow foi eleito para a Academia Prussiana de Ciências. Todas as suas contribuições para este corpo foram no campo da antropologia, principalmente no que diz respeito à antropologia física e à arqueologia. Em seu novo campo, como em outros, ele assumiu a tarefa de editar um importante jornal, o Zeitschrift fuer Ethnologie. Os últimos anos de Virchow continuaram ativos, especialmente em relação às suas funções editoriais. Ele morreu em 5 de setembro de 1902. Virchow rejeita a teoria microbiana, dizendo que “a doença não é uma aberração enxertada num organismo sadio. Ela é uma simples desordem da saúde”. Pasteur combaterá as ideias de Virchow na patologia do mesmo modo que recusou as ideias de Liebig sobre fermentação (Debré, 1995, p. 345). Ref. https://data.bnf.fr/en/12206686/rudolf_virchow/ Ref. https://www.encyclopedia.com/people/social-sciences-and-law/crime-and-law-enforcement-biographies/rudolf-ludwig-carl-virchow Joseph Lister 1827-1912 Cirurgião inglês. Criador de antissépticos em cirurgia operatória. Lister é reconhecido como o pai da cirurgia antisséptica. Sua insistência em que o cirurgião deve proteger a ferida contra organismos externos é um dos princípios orientadores fundamentais da cirurgia moderna. Lister nasceu em 5 de abril de 1827, em Upton, Essex, Inglaterra. Seus pais, Joseph Jackson e Isabella Harris Lister, demonstraram grande interesse pela educação do filho. Eles o instruíram e o enviaram para escolas quacres que enfatizavam a história natural e a ciência. Aos 16 anos, ele decidiu que a medicina seria sua carreira. Lister se formou no King's College, em Londres, e tornou-se cirurgião doméstico no University Hospital em 1852. Edimburgo, na Escócia, foi reconhecido como um antigo centro médico, e Lister foi nomeado assistente de James Symes, o melhor cirurgião da época. Mais tarde, ele se casou com a filha de Symes. Lister recebeu uma indicação para a Enfermaria de Edimburgo em 1856 e, mais tarde, para a nova Enfermaria Real de Glasgow em 1861. Como cirurgião, Lister estava preocupado porque mais da metade dos pacientes amputados morreram. Ele notou que as fraturas ósseas simples, que apresentavam pele intacta, quase sempre cicatrizavam sem problemas; entretanto, as fraturas expostas, nas quais o osso quebrado perfurava a pele e ficava exposto, geralmente resultavam em gangrena hospitalar ou outras infecções que causavam a morte do paciente. Na década de 1860, pouco se sabia sobre os micróbios e as causas da infecção. As explicações variaram de miasma, ou ar ruim, à explosão de tecido quando exposto ao ar. Lister leu os estudos de Pasteur sobre micróbios aerotransportados e estava convencido de que não era o ar em si, mas organismos do ar. Louis Pasteur (1822-1895) usava calor para matar micróbios, mas como isso não seria prático em uma sala de cirurgia, ele começou a procurar um produto químico para usar. Ele leu sobre como o ácido carbólico (fenol) foi usado para purificar o esgoto em Carlisle, Inglaterra, e teve a ideia de usar esse composto na sala de cirurgia. Em 12 de agosto de 1865, Lister realizou uma operação histórica que inaugurou uma nova era de cirurgia. Um menino de onze anos chamado James Greenlees foi atropelado pela roda de uma carroça e teve uma fratura exposta. Lister aplicou ácido carbólico na ferida, fez um curativo e aplicou uma tala com cuidado. Seis semanas após a cirurgia, James saiu para o mundo e para a história da cirurgia. Lister não só colocou a solução de fenol nas feridas, mas também encharcou os instrumentos e tudo o que entrou em contato com a ferida. Ele até desenvolveu um atomizador de ácido carbólico para pulverizar a sala, uma ideia que mais tarde descartou. Outra contribuição para a cirurgia foi o uso de ligaduras de categute fortes e antissépticas armazenadas em ácido carbólico. Em 1867, Lister publicou uma série de casos mostrando como a mortalidade cirúrgica caiu drasticamente em sua enfermaria de acidentes masculinos. Em 1869, Lister tornou-se chefe da clínica cirúrgica em Edimburgo e os anos mais felizes de sua vida se seguiram. Os alemães haviam feito experiências com a antissepsia durante a Guerra Franco-Prussiana e suas clínicas estavam lotadas de visitantes e estudantes. Ele foi convidado a dar palestras em centros importantes da Alemanha. O trabalho de Lister não foi apreciado nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde a oposição à teoria dos germes permaneceu inabalável. No entanto, em 1877, Lister recebeu uma oferta de um cargo no King's College, em Londres, e novamente a oportunidade de fazer história na cirurgia. Naquela época, o procedimento padrão para tratar uma patela fraturada envolvia forçar a fratura simples em uma fratura exposta, frequentemente resultando em morte por infecção. Lister realizou um procedimento espetacularmente bem-sucedido e amplamente divulgado, por meio do qual conectou a patela com antissepsia. Essa operação marcou uma virada na aceitação da teoria dos germes e na antissepsia entre os médicos. Lister desfrutou de um privilégio negado a muitos inovadores científicos; ele viu seus princípios serem aceitos durante sua vida e foi homenageado com o título de baronete em 1883. Ele também foi nomeado como um dos doze membros originais da Ordem do Mérito em 1902. O Instituto Lister de Medicina Preventiva foi fundado em 1891. Lister era um homem humilde, religioso e despretensioso, desinteressado em ganhos financeiros ou fama. Após a morte de sua esposa em 1893, ele se aposentou da cirurgia e, com sua morte em 1912, estava quase completamente cego e surdo. De acordo com Debré (1995, p. 317-318), Lister tem acesso aos relatórios de Pasteur para a Academia de Ciências de Paris por meio de Thomas Anderson e se interessa pelos problemas de putrefação. Ele compreende a ligação que pode existir entre a decomposição da matéria orgânica e a infecção pós-operatória. Ajudado pela esposa, Lister reproduz no laboratório doméstico as experiências de Pasteur e confirma a que a putrefação e a fermentação só aparecem se são introduzidos germes externos. Entende, assim como Pasteur, que o ar ambiente é uma das principais causas da propagação dos micróbios. Também inventa um modo de destruir as bactérias no tecido lesado, descobrindo então a antissepsia. Lister se corresponde com Pasteur agradecendo pelas suas pesquisas, e refere-se ao amor comum dos dois à ciência. Pasteur se surpreende com o reconhecimento de um cirurgião estrangeiro e retorna a carta de Lister dizendo-se admirado com a precisão de suas manipulações e a compreensão do método experimental, e também toma a liberdade de apresentar algumas observações críticas ao novo amigo para aumentar o rigor do método de cultura utilizado (Debré, 1995, p. 322). Em 1867, Lister anuncia no The Lancet a invenção da antissepsia e suas indicações para o tratamento. Nesta e em outras apresentações, Lister expõe primeiro as teorias de Pasteur e depois descreve seus próprios resultados (Debré, 1995, p. 319). Ref. https://data.bnf.fr/en/12006748/joseph_lister/ Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/sir-joseph-lister Armand Després 1834-1896 Médico cirurgião francês. Doutor em medicina (Paris, 1861). Associado de medicina (1866). Cirurgião hospitalar (1864). Cirurgião no hospital Cochin, depois em La Charité. Vereador, então deputado do 6º arrondissement de Paris, opositor dos radicais. Bibliófilo informado. Cirurgião do Hôpital de la Charité de Paris, falecido aos 62 anos, foi um excelente operador, que morreu, como ele havia vivido, um incrédulo penitente no evangelho da antissepsia. Nascido em 1834, estudou medicina na Faculdade de Paris, onde se formou em 1863. Tornou-se agrégé em cirurgia em 1866 e foi sucessivamente vinculado aos hospitais Lourcine e Cochin antes de se tornar membro da equipe da Charité. Ele foi por algum tempo editor do France Médicale, e sua caneta fácil e um tanto truculenta trouxe a ele uma reputação considerável como jornalista. Ele se opôs veementemente à transferência da enfermagem dos hospitais de Paris das Irmãs da Caridade para a imposição de mãos. Foi membro do Conselho Municipal de Paris e da Câmara dos Deputados, e em cada uma dessas assembleias foi figura proeminente, embora qualquer influência que pudesse ter adquirido por sua habilidade e coragem foi neutralizada por sua inviabilidade e excentricidade. Ele foi o autor de tratados sobre erisipelas (1862); sobre o diagnóstico de doenças cirúrgicas (1868); sobre a sífilis (1873) e outras contribuições para a literatura profissional. O cirurgião Armand Després nega a assepsia e antissepsia, defendendo os curativos contaminados. Demonstra franca antipatia pelos métodos de Lister e pelos princípios de Pasteur (Debré, 1995, p. 331-332). Ref. https://data.bnf.fr/en/11899889/armand_despres/ Ref. https://www2.assemblee-nationale.fr/sycomore/fiche/(num_dept)/2451 Ref. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2510318/?page=1 Jean-Baptiste-André Dumas 1800-1884 *Ver a microbiografia de Jean-Baptiste-André Dumas no grupo Primeiras Influências Científicas. Em 1877, os trabalhos de Pasteur sobre a origem das doenças infecciosas são direcionados para a medicina veterinária. Ele se dedica ao carbúnculo, a pedido do Ministro da Agricultura (Jean-Baptiste Dumas). Pasteur havia vencido o flagelo do bicho-da-seda e é indicado a encontrar o remédio desta afecção que assola os rebanhos (Debré, 1995, p. 347). Casimir Joseph Davaine 1818-1882 Médico francês. Identificou o antraz. Davaine era o sexto filho de Benjamin-Joseph Davaine, destilador, e de Catherine Vanautrève. Ele começou seus estudos no colégio paroquial de St. Amand-les Eaus, ingressou no colégio de Tournai (agora na Bélgica) em 1828 e terminou seus estudos em Lille. No final de 1830, Davaine iniciou seus cursos de medicina em Paris e, em 1834, concorreu a um estágio externo em um hospital. Em 1 de janeiro de 1835, tornou-se externo sob a direção de Pierre Rayer em La Charité. Em dezembro de 1837, ele apresentou sua tese de doutorado, sobre a hematocele da túnica vaginal, a uma comissão com Alfred Velpeau como presidente. A partir de 1838, Davaine praticou medicina em Paris, enquanto conduzia importantes pesquisas microbiológicas, parasitológicas, patológicas e biológicas gerais com Rayer. Em 23 de janeiro de 1869 ele se casou com uma inglesa, Maria Georgina Forbes, com quem teve um filho, Jules. A contribuição mais importante de Davaine para a ciência foi na microbiologia médica. Já em 1850, ele e Rayer observaram pequenos bastões, que ele mais tarde chamou de bactéridies , no sangue de uma ovelha com antraz. Ele não entendeu imediatamente o significado desta observação; mas a partir de 1863, sob a influência do trabalho de Pasteur sobre a fermentação butírica, ele demonstrou em uma série de publicações notáveis por sua lógica e método que a bactéridie ( Bacillus anthracis ) é a única causa do antraz. Entre suas descobertas estão as seguintes: (1) Coelhos e porquinhos-da-índia inoculados com sangue colhido de animal infectado com antraz apresentam sempre um grande número de bacilos no sangue, que podem ser usados para inocular e, assim, infectar outros animais. (2) O sangue contendo bacilos do antraz, quando putrefato ou aquecido, não transmite mais a doença porque os bacilos foram mortos; o mesmo sangue, quando simplesmente seco, permanece infeccioso. (3) Quando o sangue seco é misturado com água, os bacilos caem para o fundo do recipiente. Uma gota retirada da superfície do líquido não transmitirá a doença, mas uma gota retirada do fundo do recipiente infectará o sujeito experimental. (4) O sangue de um feto de uma cobaia com antraz não é infeccioso, porque a placenta atua como um filtro. (5) O poder infeccioso do sangue contendo bacilos do antraz é muito grande: um milionésimo de uma gota ainda pode matar uma cobaia. (6) O período de incubação da doença corresponde ao tempo necessário para a multiplicação da bactéria. (7) Os pássaros são resistentes ao antraz. (8) Certos tipos de insetos picadores (Diptera) contribuem para a propagação da doença. (9) A “pústula maligna” que aflige o homem é de origem antrácica, pois contém a mesma bactéria. Davaine foi capaz de reproduzi-lo experimentalmente em cobaias. (10) Várias substâncias químicas, como o iodo, podem curar o antraz, destruindo os bacilos. (11) As folhas esmagadas da noz (Juglans regia) têm uma ação antibacteriana. (Hoje sabe-se que esta planta contém uma substância antibiótica potente contra o bacilo do antraz). Durante sua pesquisa sobre o antraz, Davaine distinguiu outra doença, a septicemia bovina, mas não isolou o micróbio (1865). Em 1869, ele afirmou que (1) os micróbios da septicemia são móveis, enquanto os bacilos do antraz não; (2) o sangue septicêmico putrefato não é mais virulento, enquanto o sangue antrácico sempre o é, (3) na septicemia não há aglutinação dos glóbulos vermelhos do sangue nem esplenomegalia, enquanto o antraz sempre produz esses sintomas. Apesar de todas as suas inoculações experimentais, Davaine usou a seringa Pravaz, recentemente inventada, em vez da lanceta, o que apresentou muitos inconvenientes. As contribuições de Davaine para a microbiologia médica e veterinária foram fundamentais, pois ele foi o primeiro a reconhecer o papel patogênico das bactérias. Ele não conseguiu, no entanto, elucidar o modo exato de transmissão do antraz porque não sabia que o bacilo tinha um estágio resistente, o esporo, que o permitia sobreviver e reaparecer em uma região contaminada. Esse estágio do bacilo foi descrito em 1876 por Robert Koch; e mais tarde (1877-1881) Pasteur, Émile Roux e Chamberland provaram definitivamente o papel do bacilo na etiologia do antraz. Davaine, no entanto, foi um dos primeiros microbiologistas médicos a reconhecer o papel do bacilo e a diferenciá-lo da septicemia bovina. As muitas disputas de Davaine na Academia de Ciências de Paris e na Academia de Medicina com os inimigos da teoria dos germes das doenças - Leplat, Jaillard, Henri Bouley, André Sanson, Louis Béhier, Alfred Vulpian e, particularmente, Gabriel Colin - prenunciaram alguns conflitos de Pasteur anos depois. Na verdade, Pasteur tinha uma opinião elevada sobre o trabalho de Davaine e escreveu em 1879: “Eu me parabenizo por ter frequentemente realizado suas pesquisas inteligentes”. As outras contribuições científicas de Davaine diziam respeito aos parasitas internos do homem e de animais domésticos. Seu importante trabalho sobre o assunto, Traité des entozoaires , teve duas edições. Já em 1857, Davaine pensava em rastrear vermes intestinais procurando seus ovos nas fezes, um procedimento ainda seguido. Experimentalmente, ele especificou o modo de desenvolvimento dos Ascaridae (Ascaris lumbricoides) e do Trichocephalus (Trichuris trichiura). Entre os parasitas de plantas, Davaine estudou, de 1854 a 1856, o ciclo do verme do trigo (Anguina tritici ) e sugeriu meios de combate a esse nematóide. Ele também estava interessado no mofo que causa o apodrecimento das frutas (1866). Assim, ele deve ser considerado um pioneiro no estudo da fitopatologia. Davaine também estudou os movimentos amebianos dos leucócitos, que observou já em 1850. Em 1869, ele demonstrou que essas células podem absorver corpos estranhos introduzidos no sangue e, portanto, observou a fagocitose quatorze anos antes de Élie Metchnikoff (1883). Ele foi o primeiro a reconhecer (1852) o hermafroditismo protândrico das ostras. Várias de suas observações da teratologia animal foram escritas em seu “Mémoire sur les anomalies de l'oeuf (1860) e em seu artigo“ Monstres, Monstruosités ”(1875) para o Dictionnaire Dechambre . Os interesses de Davaine estendiam-se ainda mais à anabiose entre invertebrados como Protozoa, Nematoda e Tardigrada (1856); o órgão palatino dos Cyprinidae (1850); o osso tireo-hióideo da anoura (1849); e o mecanismo de cores da perereca (1849). Na medicina, além de suas publicações sobre antraz e septicemia, Davaine fez inúmeras contribuições - algumas em colaboração com Claude Bernard, Pierre Rayer ou A. Laboulbène - sobre lesões anatomopatológicas observadas em vários animais. Ele também publicou o importante “Mémoire sur la paralysie générale ou partielle des deux nerfs de la septième paire” (1852). Toda essa pesquisa foi realizada enquanto Davaine praticava medicina, pois ele nunca teve um laboratório próprio nem ocupou um cargo oficial na universidade. Famoso por sua humildade e modéstia, ele não buscava honras; as duas únicas que recebeu foram a cruz de um chevalier da Legião de Honra (1858) e a adesão à Academia de Medicina (1868). Sob o Segundo Império, ele também foi nomeado Médicin par quartier de l'Empereur , um título puramente honorário. Durante a Guerra Franco-Prussian , enquanto servia no corpo de ambulâncias, Davaine escreveu um pequeno livro filosófico, Les éléments du bonheur (1871). Este livro resumiu de forma bastante simplista sua serenidade interior e sua fé no homem. Seus últimos anos foram passados em Garches, onde sua propriedade é agora a Fondation Davaine. Segundo Debré (1995, p. 348-349), Davaine foi um dos primeiros a notar, no sangue carbunculoso, microorganismos na forma de bastonetes. Junto com o seu colega também médico, Pierre-François-Olive Rayer, fez um extenso estudo sobre o carbúnculo em animais de chifre em 1850. Davaine fez a seguinte pergunta: trata-se de um agente contagioso ou só de uma consequência inofensiva da doença? Na época, ele não avaliou o alcance de sua observação. Em 1863, já conhecedor dos trabalhos de Pasteur, retoma a sua observação e faz uma nova comunicação à Academia de Ciências sobre o papel mortal das bactérias do carbúnculo. Em sua nota, homenageia formalmente os trabalhos de Pasteur. Ref. https://data.bnf.fr/en/10584216/casimir_davaine/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/davaine-casimir-joseph Pierre-François-Olive Rayer 1793-1867 Médico francês. Escreveu uma importante contribuição para a dermatologia, Tratado teórico e prático de doenças de pele (1826-1827) e um estudo de referência sobre doenças renais, Tratado de doenças renais e alterações da secreção urinária (1839-1841). Ambos os trabalhos incluem atlas patológicos gigantescos. Sua pesquisa meticulosa aprofundou o entendimento da albuminúria, hipófise, tuberculose, obesidade, diabetes, mormo humano, farsa humana, antraz, infecções bacterianas e doenças parasitárias como a esquistossomose. Escrevendo em 1932, o Dr. Raymond Molinéry descreveu o renomado médico francês Pierre-François Olive Rayer (1793-1867) como tendo a infelicidade de ter nascido e de ter vivido tempos tempestuosos, quando intrigas e revoltas violentas eram companheiros de cama. Parece apropriado então, antes de expor os detalhes da vida e das conquistas profissionais deste "homem bom, gentil, afável e digno", fazer uma breve pausa e considerar o teor geral daquele período na história da França. o clima político daqueles anos em que Rayer viveu e trabalhou com tanta energia? Esses anos, em que se dedicou incansavelmente à vida profissional e às pesquisas médicas, deixaram um belo legado para as futuras gerações de médicos. Como disse Molinéry, “A história da vida e obra de Rayer? Este é um capítulo completo da História da Medicina. ”Alguns podem apontar uma crítica“ hagiografia, não biografia! ” em declarações como esta, mas é difícil encontrar qualquer comentário verdadeiramente adverso na maioria dos relatos da vida e obra de Rayer, e certamente ninguém contestaria a erudição indubitável desse homem notável. Casimir-Joseph Davaine foi um dos primeiros a notar, no sangue carbunculoso, microorganismos na forma de bastonetes. Junto com o seu colega também médico, Pierre François Olive Rayer, fez um extenso estudo sobre o carbúnculo em animais de chifre em 1850 (Debré, 1995, p. 348). Ref. https://data.bnf.fr/en/13181254/pierre-francois-olive_rayer/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/pierre-francois-olive-rayer Ref. https://www.cambridge.org/core/journals/medical-history/article/pierrefrancois-olive-rayer-biography/E43D2B315B811D732FA89A442E3F243E Mais informações: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11616360/ Mais informações: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/096777209500300402 Heinrich Hermann Robert Koch 1843-1910 Médico e bacteriologista alemão. Isolou várias bactérias patogênicas, incluindo a tuberculose. Prêmio Nobel de Medicina em 1905. Muitos dos princípios e técnicas básicos da bacteriologia moderna foram adaptados ou concebidos por Koch, que, portanto, é frequentemente considerado o principal fundador dessa ciência. Seu isolamento dos agentes causais do antraz, tuberculose e cólera rendeu-lhe aclamação mundial, bem como a liderança da escola alemã de bacteriologia. Direta ou indiretamente, ele influenciou autoridades em muitos países a introduzir legislação de saúde pública com base no conhecimento da origem microbiana de várias infecções e estimulou atitudes populares mais esclarecidas em relação a medidas higiênicas e imunológicas para controlar tais doenças. Koch nasceu em Clausthal, em 1843, e faleceu em Baden-Baden, em 1910. Formado em medicina pela Universidade de Göttingen (1866), trabalhou em Wollstein, aldeia do Grão-Ducado de Posen. Em Breslau, em 30 de abril de 1876, Koch realizou a primeira demonstração sobre o ciclo de vida do bacilo de antraz, cujos esporos localizara na terra onde os animais eram sepultados. Ele havia conseguido isolar os bacilos numa cultura purificada, e a demonstração causou forte impressão nos presentes. O Bacillus anthracis foi o primeiro agente microbiano cujos efeitos patogênicos foram comprovados pela bacteriologia. Koch comunicou por carta suas descobertas a Ferdinand Cohn, um dos fundadores da bacteriologia. Através dele, entrou em contato com a elite médica universitária de Breslau, especialmente Julius Cohnheim, diretor do Instituto de Patologia, e seu assistente Karl Weigert, que vinham desenvolvendo métodos de coloração para bactérias a partir de anilinas. Datam dessa época (1876-1878) os aperfeiçoamentos introduzidos por Koch na técnica microscópica e nos métodos de fixar, corar e fotografar microrganismos. Como muitos cientistas da época, Robert Koch também investigou o cólera. No século 19, a 'hidra asiática' havia estourado repetidamente na Alemanha também, especialmente nas favelas das grandes cidades. No final de 1883, Koch e uma equipe de pesquisadores viajaram, entre outros, para Calcutá, na Índia, para estudar a doença durante um surto. Lá, no início de 1884, ele conseguiu identificar a bactéria Vibrio cholerae. Embora Robert Koch tenha sido aclamado como o descobridor do patógeno da cólera durante sua vida, ele não merecia todo o crédito. O anatomista italiano Filippo Pacini já havia visto e descrito o patógeno sob um microscópio em 1854 - trabalho que encontrou pouca ressonância na Alemanha na época e que Koch desconhecia. Graças ao seu conhecimento sobre a propagação da cólera e os métodos de higiene apropriados, Koch ajudou a conter um sério surto de cólera em Hamburgo em 1892. Em 1882, Koch descobriu o bacilo da tuberculose. Além de cultivá-lo fora do organismo humano, conseguiu provocar a doença em animais com o produto dessa cultura, postulando, então, as exigências que julgava necessárias para a demonstração da etiologia bacteriana de qualquer moléstia: isolar o microrganismo em culturas puras, inoculá-lo em animais de experiência e produzir uma doença cujos sintomas e lesões fossem idênticas ou equiparáveis às da doença “típica” no homem. Em viagem ao Egito e à Índia, em 1883-1884, Robert Koch descobriu também o Vibrio cholerae, agente etiológico do cólera. Em 1885, fundou a cátedra de higiene na Universidade de Berlim e, entre 1891 e 1904, dirigiu o Instituto Real Prussiano para Doenças Infecciosas (Königlich Preussisches Institut für Infektionskrankheiten), atual Robert Koch Institut. Na década de 1890, organizou uma expedição a vários países para estudar a transmissão da malária. Pesquisou várias outras enfermidades do homem e dos animais, entre elas a hanseníase, a peste bovina, a peste bubônica e a doença do sono. Em 1885, Friedrich-Wilhelms-Universität em Berlim fundou o Instituto de Higiene sob a direção do primeiro professor titular de Higiene, Robert Koch. Aqui, ele continuou a desenvolver a nova disciplina científica da bacteriologia. O número de funcionários e alunos de Koch cresceu; o Hygiene Institute tornou-se o centro de concentração de médicos interessados em bacteriologia de todo o mundo. A tuberculose e a cólera continuariam a ser importantes áreas de pesquisa. Koch procurou maneiras de conter doenças infecciosas especificamente ou de evitar que elas ocorressem. Seu sonho de descobrir um agente terapêutico ou mesmo uma vacina contra a tuberculose, porém, não se concretizou. O remédio que ele desenvolveu, a "tuberculina" - uma mistura de componentes da bactéria da tuberculose desvitalizada, que Koch apresentou no Décimo Congresso Médico Internacional em Berlim em 1890 - mais tarde provou ser ineficaz. As curas de longo prazo falharam e alguns pacientes até morreram após o tratamento. Hoje, a tuberculina ainda é usada junto com procedimentos mais recentes para diagnosticar infecções de tuberculose. No entanto, as conquistas científicas de Koch e a crescente importância da bacteriologia no final do século XIX foram razão suficiente para o governo prussiano construir seu próprio instituto de pesquisa para Robert Koch. O Instituto Real Prussiano de Doenças Infecciosas abriu suas portas em 1º de julho de 1891 e até 1904, Robert Koch dirigiu o instituto. Além da pesquisa, a equipe também contratou serviços para cidades e autoridades imperiais, respondeu a consultas internacionais e redigiu relatórios de especialistas. O 'Koch's Institute' foi um dos primeiros institutos de pesquisa biomédica do mundo. Inicialmente, o instituto localizava-se em Berlin-Mitte, próximo ao Charité, o maior e mais antigo hospital da cidade. O departamento científico foi instalado em um edifício residencial convertido conhecido como 'Triângulo', devido ao seu formato. A enfermaria foi alojada em cabanas de campo individuais no site Charité. De 1897 a 1900, um novo edifício foi construído para o instituto na Nordufer em Berlin-Wedding. Robert Koch estava envolvido no planejamento. No extenso local havia estábulos para animais de laboratório, como cavalos, ovelhas e, ao mesmo tempo, até camelos. Nas imediações, o Hospital Rudolf Virchow foi inaugurado em 1906; o chefe do departamento de infecção também era membro da equipe do Koch's Institute. O prédio de tijolos na Nordufer ainda é a sede do Instituto Robert Koch até hoje. De 1896 em diante, Robert Koch passou vários meses por ano em expedições para investigar doenças tropicais - sua segunda esposa, Hedwig Freiberg, quase sempre o acompanhava. Em primeiro lugar, ele se concentrou em doenças animais no sul da África, como peste bovina, febre do Texas e febre da Costa Leste. Mais tarde, ele se voltou para as doenças tropicais que afetam os humanos, especialmente a malária e a doença do sono, para descobrir como eram transmitidas. Em 1906 e 1907, uma comissão liderada por Koch foi enviada à África Oriental para experimentar maneiras de tratar a doença do sono. Koch teve algum sucesso inicial ao tratar pacientes com Atoxyl, uma droga que contém arsênico. Mas o parasita que causou a infecção só foi suprimido na corrente sanguínea do doente por um curto período de tempo, então, embora ele estivesse ciente dos riscos associados à droga, Koch dobrou a dose de Atoxyl. Muitos pacientes sofriam de dores e cólicas, alguns até ficaram cegos. Apesar disso, Koch ainda estava convencido de que Atoxyl poderia ser eficaz. Sua jornada final de pesquisa foi o capítulo mais sombrio de sua carreira. Em 1905, Robert Koch foi agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina . Junto com Louis Pasteur, Robert Koch é agora considerado o pioneiro da microbiologia. No início de abril de 1910, Robert Koch sofreu um forte ataque cardíaco em Berlim. Ele morreu durante uma estada subsequente em um sanatório em Baden-Baden em 27 de maio de 1910. A urna contendo suas cinzas foi colocada em um mausoléu especialmente construído em seu instituto em 4 de dezembro de 1910. O legado científico de Robert Koch - incluindo 1.500 cartas, certificados de prêmios, manuscritos de palestras e publicações, fotografias e lâminas preparadas para microscópio - é preservado no Instituto Robert Koch. Na Alemanha, aparecem as experiências de Robert Koch (Debré, 1995, p. 350, 388, 391), que tem 33 anos quando se interessa pelo problema do carbúnculo. Ele foi aluno de Jacob Henle que o instruiu sobre a teoria microbiana e os seus obstáculos teóricos e experimentais (Debré, p. 344, 350). Num laboratório primitivo que organiza em casa, Koch, sozinho se dedica ao problema, procurando repetir e ir além das observações de Davaine. Pasteur toma conhecimento da publicação de Koch sobre o carbúnculo e está de acordo com sua tese de que há esporos nos campos, mas acha suas provas insuficientes e propõe uma demonstração mais rigorosa. Há relatos de que o artigo de Koch foi um empurrão para Pasteur estudar as enfermidades nos animais e posteriormente em humanos. "As investigações de Koch e Pasteur seguiram rumos diferenciados. O primeiro teve como principal preocupação o desenvolvimento de métodos e técnicas para o cultivo e estudo das bactérias, erigindo normas que davam coerência teórica ao processo de descoberta de um microorganismo e atribuição de seu papel na etiologia de determinada doença. Pasteur e, em seguida, seus colaboradores voltaram-se, desde cedo, para os mecanismos de infecção, criando ou possibilitando a criação de técnicas de prevenção das doenças - como a assepsia, a antissepsia - e desenvolvendo profiláticos e terapêuticos biológicos de uso animal e humano" (Teixeira, 1995, p. 15). Cabe ressaltar que Paul Ehrlich (1854-1915) foi colaborador de Koch no Instituto de Doenças Infecciosas. Ref. https://data.bnf.fr/en/12026546/robert_koch/ Ref. http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/html/pt/static/trajetoria/origens/estudos_robert.php Mais informações: https://www.rki.de/EN/Content/Institute/History/rk_node_en.html Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/robert-koch Documentário: Pasteur e Koch: Duelo de Gigantes no Mundo dos Micróbios: https://www.youtube.com/watch?v=f406c8rZ6xw Antoine-François-Daniel Boutet 1820-1891 Veterinário francês. Conselheiro municipal e geral, prefeito de Chartres, oficial da Legião de Honra. Daniel Boutet (1820-1891), de Chartres, foi considerado o melhor especialista em carbúnculo, trouxe sua colaboração não somente a Pasteur, Roux, Chamberland, etc., mas a Rayer e Davaine (1850) e também, posteriormente, a Tousaint e a Collin. Durante as pesquisas, Pasteur, com a ajuda do veterinário Daniel Boutet, que o acompanha, consegue uma amostra de sangue de um animal morto recentemente de carbúnculo e constata que a inoculação de uma cultura, ainda que diluída deste sangue, mata. Deste modo, conclui que a doença com certeza é transmitida pela bactéria (Debré, 1995, p. 351). Pasteur vai além e descobre que há outra doença associada (assim como no bicho-da-seda) e batiza o micro-organismo de vibrião séptico (Debré, 1995, p. 353). Ref. https://www.persee.fr/doc/rhs_0151-4105_1977_num_30_3_1517 Ref. https://www.perche-gouet.net/histoire/personne.php?personne=8881 Mais informações: https://books.google.com.br/books?id=_iAHAQAAIAAJ&pg=PA696&lpg=PA696&dq=DANIEL+BOUTET+veterinaire&source=bl&ots=06XXcUckal&sig=ACfU3U1iSmPlljHC59d4eh1OTTmqwsPVPw&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiJqser-bLvAhUrLLkGHTNeD5MQ6AEwDnoECBUQAw#v=onepage&q=DANIEL%20BOUTET%20veterinaire&f=false Charles-Édouard Chamberland 1851-1908 Físico e biólogo francês, pioneiro da bacteriologia, especialista em doenças do antraz. Colaborador de Pasteur, então Diretor Adjunto do Instituto (1904-1908), membro titular da Academia de Medicina (1904). Deputado do Jura (1885-1889), é um dos autores da lei de proteção da saúde pública. Um dos associados mais famosos de Pasteur, Chamberland viria a se tornar um especialista, enriquecendo as técnicas de bacteriologia com importantes aparatos, além de estabelecer regras úteis para a saúde pública. Depois de estudar os clássicos no liceu em Lons-le-Saunier e um período no Collège Rollin em Paris, Chamberland foi admitido em 1871 na École Polytechnique e na École Normale Supérieure. Escolheu este último e foi nomeado professor do liceu de Nímes em 1874. Um ano depois regressou à École Normale e aí permaneceu até 1888, primeiro como assistente no laboratório de Pasteur e depois como um dos directores assistentes do laboratório. Em 1885 foi eleito deputado do Jura. Assim que Chamberland voltou a Paris em 1875, a polêmica entre Pasteur e Bastian sobre a geração espontânea irrompeu. Pasteur pediu a seu novo assistente para investigar as causas do erro nos experimentos de Bastian. Logo depois, Chamberland foi capaz de explicar por que os líquidos orgânicos ácidos aqueciam a 100 ° C. podiam ser preservados sem mudança, mesmo que estivessem cheios de micróbios, quando potássio estéril suficiente era adicionado para torná-los alcalinos. Ele também mostrou que, para matar certos esporos, é necessário primeiro aquecer o líquido a uma temperatura de 115 ° C. por vinte minutos. Esta importante observação o levou a aperfeiçoar as regras e novos métodos para a esterilização de meios de cultura. Seu trabalho resultou na autoclave, que logo se tornou uma ferramenta indispensável em departamentos de bacteriologia, hospitais e estações de desinfecção. Em seguida, Chamberland mostrou como as paredes porosas são capazes de reter partículas finas em suspensão e substituir o processo de filtração então em uso pelo filtro de porcelana levemente aquecido. Ao fazer isso, ele estabeleceu um excelente procedimento de esterilização para líquidos que podiam ser trocados pelo calor. O filtro, de uso imediato em laboratórios, alguns anos depois facilitou a descoberta das exotoxinas microbianas e dos primeiros vírus. Por possibilitar a purificação da água potável, foi de grande valor para a saúde pública. Enquanto estava na École Normale, Chamberland participou dos estudos de Pasteur: a atenuação de vírus e inoculações preventivas, a etiologia e profilaxia do antraz e a vacinação contra cólera suína e raiva. Em 1888, quando foi inaugurado o Instituto Pasteur em Paris, tornou-se diretor de um dos seis departamentos então criados: o de microbiologia aplicada à higiene; uma de suas principais funções era preparar, em grande escala, várias vacinas Pasteur. Chamberland chefiou o departamento até sua morte (a partir de 1904 também foi diretor assistente do Instituto Pasteur e membro da Academia de Medicina). Na rue Dutot ele estudou as possibilidades de desinfetar lugares e objetos com compostos contendo cloro (com E. Fernbach) e as propriedades anti-sépticas das essências e do peróxido de hidrogênio. Seus estudos com Jouan sobre micróbios do tipo Pasteurella permaneceram clássicos. Chamberland achava que a atmosfera não desempenhava o papel principal na transmissão de germes infecciosos. Ele esperava que houvesse mais preocupação com objetos sujos, roupas e as mãos dos médicos e seus assistentes. O bom senso e a mente criativa de Chamberland têm sido frequentemente enfatizados. Calmette disse a seu respeito: “Ele era um mestre em seu ofício e um amigo cheio de charmoso bom humor, com extraordinária bondade e inteligência excepcionalmente penetrante. Sua morte prematura - ele tinha apenas 57 anos - foi uma perda dolorosa para o Instituto. ” Ele era alto e esguio, com traços bonitos. Ele era casado e tinha um filho. Nas pesquisas em campo, junto ao rebanho, colaboram Charles Chamberland (na época, estagiário titular do momento), Auguste Vinsot (veterinário) e Émile Roux (médico de 25 anos na época e um dos mais assíduos ouvintes de Pasteur na Academia de Medicina). Pasteur encontra a explicação para a propagação do carbúnculo e orienta os criadores (Debré, 1995, p. 362-363). Ref. https://data.bnf.fr/en/13185013/charles_chamberland/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/chamberland-charles-edouard Mais informações: https://www.pasteur.fr/fr/institut-pasteur/notre-histoire/charles-chamberland-inventeur Pierre-Paul-Émile Roux 1853-1933 Doutor em medicina (Paris, 1883). Bacteriologista francês, colaborador de Pasteur. Diretor do Instituto Pasteur, Paris (1904-1933). Roux foi um dos principais fundadores da bacteriologia médica, tanto por meio de sua colaboração com Pasteur quanto por suas próprias realizações. Depois de frequentar a escola secundária em Aurillac e em Puy, ele começou seus estudos de medicina em Clermont-Ferrand. Lá ele conheceu Émile Duclaux, que transmitiu a Roux seu entusiasmo por Pasteur. Para completar seus estudos, Roux foi para Paris, onde em novembro de 1878 foi aceito como assistente no laboratório de Pasteur. Com Chamberland e Thuillier, ele se associou à pesquisa de Pasteur sobre a etiologia do antraz e depois sobre a atenuação dos vírus, a base para a preparação das vacinas de Pasteur. Após o aperfeiçoamento das vacinas contra a cólera das galinhas e o antraz, foram iniciadas as pesquisas de prevenção da raiva. As dificuldades eram particularmente grandes, uma vez que o agente patogênico, ou vírus da raiva, permanecia desconhecido. Roux conseguiu produzir casos experimentais de raiva (especialmente em coelhos), que exibiam uma sequência regular de desenvolvimento (selecionando um vírus fixo ). A virulência de uma medula rábica pode então ser diminuída sob certas condições. Quando o Instituto Pasteur foi criado em 1888, Roux foi encarregado do ensino de microbiologia. Ao mesmo tempo, ele se tornou diretor do Service de Microbie Technique e começou seu trabalho original mais importante. Primeiro, ele confirmou o papel patológico do bacilo da difteria, descoberto pouco antes na Alemanha por Klebs e Loeffler. Com o bacilo, ele conseguiu reproduzir experimentalmente a paralisia em porquinhos-da-índia. Finalmente, e talvez o mais importante, ele demonstrou com AEJ Yersin que o poder patogênico desse bacilo depende não apenas de sua presença, mas, sim, de um veneno, ou toxina, que ele produz. Essa toxina se espalha por todo o organismo e, nas palavras de Roux, "os próprios venenos de cobra não são tão letais". Logo depois, uma toxina análoga, produzida pelo bacilo do tétano. No curso de sua pesquisa para transformar toxinas bacterianas em vacinas, uma descoberta fundamental foi feita em Berlim por Behring e Kitasato: um contra-veneno (ou antitoxina) se forma no soro de animais que receberam quantidades de toxinas fracas demais para matá-los e isso o soro pode ser usado para proteger outros animais contra uma injeção de uma quantidade que de outra forma certamente seria fatal. Parecia curioso, entretanto, que entre os seres humanos a proteção obtida dessa maneira provasse ser comparativamente fraca. Por isso Roux voltou a estudar o assunto. Pondo de lado por enquanto a soroterapia antitetânica, ele dedicou todos os seus esforços à investigação da difteria. Trabalhando com cavalos, ele determinou as melhores condições (1892–1893) para obter um soro antidiftérico; e em 1894, com a ajuda de Louis Martin e Auguste Chaillou, ele tratou crianças diftéricas com este soro. Os resultados, apresentados no final daquele ano no Décimo Congresso Internacional de Higiene em Budapeste, evocaram uma resposta famosa por seu entusiasmo. A doença foi totalmente vencida com a descoberta da vacina de Gaston Ramon, a anatoxina. O trabalho pessoal de Roux foi quase totalmente interrompido quando, com a morte de Duclaux (1904), ele se tornou diretor do Instituto Pasteur. Ele ocupou este cargo até a morte, subordinando seu próprio trabalho a fim de ser mais útil para os seus subordinados. Sobre a cólera, Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isid ore Straus (Debré, 1995, p. 388). Ref. https://data.bnf.fr/en/12011715/emile_roux/ Ref. https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/pierre-paul-emile-roux Mais informações: https://www.pasteur.fr/fr/institut-pasteur/notre-histoire/emile-roux-pilier-aventure-pasteur Edmond Isidore Etienne Nocard 1850-1903 Veterinário e biólogo francês. Membro da Academia de Medicina (eleito em 1886). Diretor da Escola Nacional de Veterinária de Alfort (de 1889 a 1891). Em 1868, Edmond Nocard ingressou na Escola Veterinária de Alfort, onde teve grande parte de sua carreira. Seus estudos foram interrompidos por seu alistamento no exército em 1870, durante a guerra com a Prússia. Importante após sua promoção em 1873, ele se tornou veterinário e chefe do serviço clínico em Alfort. Três anos depois, ele encontra um encontro decisivo: o de Émile Roux, o médico colaborador de Louis Pasteur. “As ideias dos pastores então começaram a agitar a medicina, e nesta primeira entrevista falamos de doenças contagiosas em animais. "Graças a Roux, Edmond Nocard ingressou no laboratório de Louis Pasteur rue d'Ulm em 1880."Trouxe seus conhecimentos veterinários, seu rápido entendimento (...) e esse admirável senso crítico que logo o tornou um conselheiro indispensável.Nocard assiste às famosas experiências de Louis Pasteur sobre a vacinação de ovelhas contra o antraz em Pouilly-le-Fort. Pasteur o enviou em 1883 com Roux, Thullier e Straus ao Egito para estudar uma epidemia de cólera. Em seu retorno, Nocard montou um verdadeiro anexo do laboratório de Pasteur na Escola de Veterinária de Alfort, uma escola que dirigiu de 1887 a 1891. Aplicando os preceitos pasteurianos e ensinando-os a seus alunos, ele foi originalmente um número impressionante de avanços (veja abaixo ), e vai construir pontes entre a medicina veterinária e a medicina humana: investida em pesquisas de prevenção da tuberculose, exibirá "É proibido cuspir no chão" nos ônibus e bondes. Ele participará das novidades do Institut Pasteur, como o desenvolvimento da soroterapia para difteria, e em 1895 foi nomeado membro da sua Assembleia. Este "primeiro Pasteuriano" morreu prematuramente em 1903, aos 53 anos. Um edifício agora leva seu nome no Instituto Pasteur. As muitas obras de Edmond Nocard lhe renderam reconhecimento internacional durante sua vida. Ele desenvolveu métodos de coleta de soro sanguíneo ou cultura do bacilo da tuberculose, estudou as bactérias responsáveis pela mastite em vacas e descobriu os micoplasmas ao encontrar a causa da pleuropneumonia bovina. Ele fez da tuberculina e do mallein as principais armas na luta contra a tuberculose bovina e o mormo equino, duas doenças bacterianas transmissíveis ao homem que dizimaram o gado ... Um gênero bacteriano foi chamado de Nocardia em sua homenagem, após sua morte. Descoberta do agente na carne bovina farcin ( N. farcinia) Outro Nocardia causa uma doença humana - a nocardiose - que afeta os imunocomprometidos. Nocard também contribuiu para um grande avanço médico ocorrido após sua morte, ao fornecer a seu pupilo Camille Guérin a cepa do bacilo da tuberculose bovina da origem do BCG (Bacille de Calmette et Guérin). Sobre a cólera, Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isid ore Straus (Debré, 1995, p. 388). Ref. https://data.bnf.fr/en/12572660/edmond_nocard/ Ref. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11625609/ Mais informações: https://www.pasteur.fr/fr/institut-pasteur/notre-histoire/edmond-nocard-disciple-alfort Isidore Straus 1845-1896 Doutor em medicina (Estrasburgo, 1868). Francês. Membro da Academia de Medicina, seção de patologia médica (eleito em 1893). Sobre a cólera, Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isid ore Straus (Debré, 1995, p. 388). Ref. https://data.bnf.fr/en/13003219/isidore_straus/ Louis Thuillier 1856-1883 Físico e biólogo francês. Sobre a cólera, Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isidore Straus. Louis Thuillier inicialmente hesita e depois decide que fará parte da viagem. Infelizmente, Thuillier morre de um ataque fulminante de cólera, em Alexandria, aos 26 anos (Debré, 1995, p. 388). Robert Koch, que na mesma época dirigia uma equipe alemã, vai até a cabeceira de Thuillier e lhe presta as homenagens fúnebres. Pasteur fica devastado, pois um dos seus assistentes é vítima do dever. Sente-se torturado pelas lembranças das hesitações de Thuillier em embarcar nesta missão (Debré, 1995, p. 388). Ref. https://data.bnf.fr/en/13003219/isidore_straus/ Ref. https://phototheque.pasteur.fr/fr/asset/fullTextSearch/search/thuillier,%20louis/page/1 Próximo Grupo
- Cristalografia | Pasteur Brasil
Cristalografia Aos 24 anos, Pasteur é designado professor-estagiário no laboratório do químico Antoine-Jérôme Balard (1802-1876), seu ex-professor, de personalidade simples e bem-humorada, que descobriu o bromo. Balard o apresenta ao experiente Auguste Laurent (1807-1853), que ajudou na fundação da química orgânica e trabalhava com a cristalografia. Pasteur começa suas investigações junto a este pesquisador de temperamento calmo, que o influenciará na formulação de hipóteses e teorias. No início do século XIX, a Mineralogia e a Cristalografia eram inseparáveis das pesquisas óticas que se desenvolviam a passos largos. O polarímetro era um dos principais instrumentos utilizados, permitindo observar as modificações angulares que a luz sofria ao passar pelos materiais. Dentre outras pesquisas, Pasteur vai se dedicar ao mistério do ácido tartárico, posto pelo químico alemão Eilhard Mitscherlich (1794-1863): porque dois produtos químicos aparentemente idênticos têm um efeito diferente na luz polarizada? Após observações meticulosas dos cristais, Pasteur conclui que só os produtos nascidos sob a influência da vida são assimétricos, isto porque o seu desenvolvimento preside forças cósmicas que também são assimétricas. Constata que a dissimetria é a principal linha de demarcação entre o mundo orgânico e o mundo mineral, ou seja, d emonstra que a dissimetria molecular é marca registrada dos seres vivos. Esta descoberta esclarece a característica central dos isômeros, ou seja, moléculas idênticas, porém que desviam a luz de modo contrário. Balard, que captou a importância destas conclusões, comunica-as a Jean-Baptiste Biot (1774-1862), que recebe Pasteur para uma entrevista e demonstração. Ao analisar o experimento, e visivelmente emocionado com o que via, Biot disse a Pasteur “Meu filho querido, em minha vida amei tanto as ciências que isso me faz disparar o coração” (Debré, 1995, p. 74). Desde seus primeiros trabalhos, Pasteur se referia constantemente a Biot, que agora tinha a felicidade de conhecer. Este astrônomo, matemático, físico e químico, com o passar do tempo, irá considerar Pasteur igual a um filho adotivo, tamanha a proximidade científica e afetiva entre os dois. Das críticas científicas aos conselhos mais pessoais, Biot desempenhou um papel ativo em toda a vida de Pasteur. Posteriormente, o filho de Pasteur receberá o nome deste amigo, que será também o padrinho da criança. Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. DUBOS, René. Pasteur e a Ciência Moderna. São Paulo, SP: Edart, 1967. PASTEUR VALLERY-RADOT, Louis. Images de la Vie et de l´ Œ uvre de Pasteur. Paris, França: Flammarion, 1956. PERROT, Annick; SCHWARTZ, Maxime. Louis Pasteur le Visionnaire. Paris, França: Éditions de la Martinière, 2017. Litografia de 1857 de Balard, químico francês. Descobriu o bromo aos 24 anos. Levava uma vida simples e estava sempre de bom humor. Foi professor de Pasteur na École Normale, que o convida a se tornar professor-estagiário em seu laboratório. Foi no laboratório de Balard que Pasteur, trabalhando com o ácido tartárico, descobre as formas dextrógiras e levógiras. Balard apresenta Pasteur a Auguste Laurent. Moeda em homenagem a Balard, químico francês descobridor do bromo. Auguste Laurent, químico. Ajudou na fundação da química orgânica. Seus trabalhos sobre cristalografia valeram-lhe a nomeação de correspondente da Academia de Ciências. De espírito muito original, Laurent reparou em Pasteur, e oferece que ele pesquise junto a ele. Pasteur gosta muito de trabalhar com este pesquisador de temperamento calmo, mas o trabalho dura poucos meses, pois Laurent se torna suplente de Dumas na Sorbonne. Polarímetro usado por Pasteur. Eilhard Mitscherlich, químico e físico alemão. Professor de química na Universidade de Berlim. Construiu o primeiro polarizador. Foi o primeiro a anunciar o mistério do ácido tartárico. Pasteur, na época um jovem químico recém-formado, se debruçou sobre este mistério colocado por Mitscherlich: porque 2 produtos químicos aparentemente idênticos tem um efeito diferente na luz polarizada? Cristalografia e Dessimetria Molecular. Jean-Baptiste Biot, astrônomo, matemático, físico e químico. Membro de 3 Academias (Ciências, Belle-Lettres, Francesa). Em 1804, Gay-Lussac subiu num balão de hidrogênio com Jean-Baptiste Biot para investigar o campo magnético da Terra a elevada altitude e a composição atmosférica. Atingiram uma altitude de 4000 metros. Moldes dos cristais. Carta de Pasteur a Biot sobre o ácido racêmico. Caderno de experiências de Pasteur e amostras de ácidos tartáricos. Continue lendo a biografia
- Biografia | Pasteur Brasil
Biografia Resumida Cronologia Biógrafos Da origem simples nas montanhas do Jura às contribuições científicas que marcaram a História da Medicina Dole Cidade natal Arbois Lar por toda a vida Infância e juventude Primeiros amigos e início dos estudos Beneméritos Professores e benfeitores Besançon Estudos e novos amigos Arte Pinturas realizadas até a juventude École Normale Supérieure Ingresso na ENS em Paris Cristalografia Despontar científico Estrasburgo Capital universitária e comercial Casamento Esposa e filhos Academia de Ciências Contatos produtivos Viagem científica Em busca do ácido racêmico Fermentação Vida dos microorganismos Trabalho na ENS Gestão e pesquisas Absorção reflexiva Silêncio olímpico Pasteurização Patente entregue ao público Orçamento da ciência Crítica ao subfinanciamento Gerações ditas espontâneas Teoria dos germes Doenças do Bicho-da-seda Micróbios em seres vivos Doenças Infectocontagiosas Animais e humanos Início da Vacinação Precursores e experimentos Vacinação: Raiva Imunoterapia ativa Pasteurianos Colaboradores multiprofissionais Academia de Medicina Preleções e contestações Academia Francesa "Honra suprema"
- Gerações ditas espontâneas | Pasteur Brasil
Gerações Ditas Espontâneas Do estudo dos fermentos, Pasteur passa ao da geração dita espontânea, seguindo uma sequência lógica. Não é a primeira vez que o cientista tenta explicar a origem da vida. Suas pesquisas sobre a dissimetria molecular e suas descobertas no campo dos microorganismos responsáveis pelas fermentações, levaram-no a enfrentar a própria definição do que é vivo e as condições do seu aparecimento. Pasteur não escapa de uma das questões fundamentais da ciência: pode-se criar vida a partir do nada? O século todo levanta interrogações sobre a noção de vida. Darwin parte para Galápagos e teoriza sobre a evolução das espécies, enquanto Pasteur, junto ao seu microscópio, investiga a origem dos germes. Félix Archimède Pouchet, naturalista e médico, adquiriu renome pelas diversas pesquisas no campo da biologia animal e vegetal, e enviava comunicações à Academia de Ciências especialmente sobre a geração espontânea, da qual era um fervoroso apóstolo. Em 1859, Pasteur responde uma carta de Pouchet acerca de suas notas ao Instituto: “Penso, pois, que o senhor não tem razão, não por crer na geração espontânea, dado que é difícil em semelhante questão não possuir uma ideia preconcebida, mas por afirmar a certeza da geração espontânea. Nas ciências experimentais, sempre se está errado ao não se duvidar quando o resultado não tende obrigatoriamente à afirmação”. Naquele ano, Pasteur ainda não dispunha de meios para comprovar sua intuição e caracterizar rigorosamente o papel do ar no fenômeno observado: o surgimento da fermentação em seus tubos de ensaio. Mas o cientista vai procurar, por toda uma série de experiências, aprofundar a questão. Pasteur combinava rigor teórico e precisão experimental quando afirmava que nada mais faltava para confrontar um dos mais antigos problemas da humanidade: “a clareza de um raciocínio aritmético para convencer os adversários das suas conclusões” (Debré, 1995, p. 176). Félix Archimède Pouchet desenvolve o conceito de heterogenia e publica em 1859 o espesso livro intitulado “Traité de la Génération Spontanée”, no qual postula que se existe o fenômeno é porque Deus o quis aplicar e afirma: “A geração espontânea é a produção de um ser orgânico novo, desprovido de genitores e cujos elementos primordiais foram todos tirados da matéria ambiente” (Debré, 1995, p. 181). Pouchet não está só: outros dois cientistas o apoiam, Nicolas Joly e Charles Musset. Em contrapartida, na Academia de Ciências mostram-se todos reticentes. Henri Milne-Edwards, Jean-Baptiste Dumas e Claude Bernard, principalmente, tentam suscitar determinadas críticas e levantar-se contra as assertivas do trio espontaneísta. Em 1862 a Academia propôs estabelecer um concurso com o seguinte tema: “Procurar, por meio de experiências bem-feitas, lançar novas luzes sobre a questão das gerações ditas espontâneas”. Pasteur já se mostrava inventivo pela instalação de uma bomba a vácuo para captar o ar da vizinhança, mas será Balard que vai lhe inspirar um outro modelo experimental: balões que se comunicam com o ar exterior através de um gargalo de diferentes formas e comprimentos. Caso se deposite nesses diferentes balões um líquido fermentável, que será fervido após a introdução, e se se colocam esses balões num lugar onde o ar é tranquilo, o líquido permanece límpido durante meses. O pescoço de cisne evita a passagem das partículas; o vidro, dadas suas sinuosidades, extravia os micróbios, que caem nas partes em declive. O sucesso da experiência possibilitará o recebimento do prêmio supracitado, relativo à questão da geração espontânea. No entanto, inúmeras controvérsias vão surgir. Pouchet não valida a presença de germes no ar, e muitas outras experiências são realizadas. A Academia, cansada das discórdias, decide criar uma comissão de investigação. O júri avalia os experimentos e rejeita as reclamações de Pouchet, que deixa o local do debate renunciando ao teste comparativo. Pasteur vai à Sorbonne defender sua posição contrária à geração espontânea em 1864. O público é numeroso. Nos corredores puderam ser vistos Alexandre Dumas, George Sand e a princesa Mathilde. Pasteur vai falar perante toda Paris. Há aplausos, a maioria faz uma ovação a Pasteur, mas o orador não convence a todos. O divulgador Louis Figuier deixa a sala dizendo: “Entrei aqui se ter nenhuma opinião sobre as gerações espontâneas, e parto convencido de que o senhor Pasteur está do lado da falsidade, e o afirmarei” (Debré, 1995, p. 194). O debate deixa a arena estritamente científica para atingir o grande público. Logo se acusa Pasteur de estar a serviço de uma doutrina, e as hostilidades alimentadas pela imprensa continuam a arrastar seus partidários para fora do laboratório e do microscópio. As questões suscitadas pertencem desde então à metafísica e mobilizam jornalistas e filósofos. Os jornais, as revistas literárias e a opinião pública apossam-se de balões de pescoço de cisne da mesma forma que o fazem com a obra “A Vida de Jesus” de Ernest Renan e com a divulgação das ideias de Darwin. Inevitavelmente, tal publicidade falseia os dados e a confusão se instala, porque já não se trata de questão de ciência: é a eterna oposição dos espiritualistas e dos materialistas que reaparece. Por muitos anos os estudos sobre a geração espontânea foram realizados numa atmosfera de intensa excitação e de apaixonada controvérsia, pois era erroneamente julgado, por alguns dos participantes, que o problema envolvia questões religiosas – um ponto de vista que Pasteur negava energicamente (Dubos, 1967, p. 420). Pasteur afirma: "Não há aqui nenhuma questão religiosa, filosófica, materialista ou espiritualista. Posso até acrescentar que o fato de eu ser um cientista não teve a menor importância. Trata-se apenas da realidade. Quando comecei as experiências, estava pronto para ser convencido que a geração espontânea existe, como estou certo agora de que aqueles que acreditam nela são cegos" (Birch, 1993, p. 37). As polêmicas envolvendo as gerações ditas espontâneas não se encerram. Tardias controvérsias irão ocorrer. Pasteur segue lutando contra toda uma série de contraditores, cujas objeções se multiplicarão até o fim do século. No entanto, diante do falecimento de Félix Pouchet em 1872, Pasteur pronunciará: “Este cientista consciencioso merece o reconhecimento de todos pelo o que fez de bom e de útil, e até em seus erros, ele deve ser totalmente respeitado” (Debré, 1995, p. 200). Cansado do combate de cientistas espontaneístas, Pasteur adota um tom cortante aos seus contraditores. De irônico, torna-se duro e exclama com impaciência. Este período perdura inclusive mais tempo que o debate original com Pouchet. Pasteur põe-se a lutar contra todos os adversários com meticulosidade, paixão, força do tom e convicção: “Em resumo, aonde querem chegar, partidários da heterogenia ou sustentáculos complacentes e inconsciente dessa doutrina? Combater as minhas asserções? Ataquem as minhas experiências. Provem que são inexatas, em vez de fazer constantemente outras que não passam de variantes das minhas, mas nas quais os senhores introduzem erros que, em seguida, é preciso mostrar-lhes com o dedo”. Não é por acaso que o início da notoriedade de Pasteur junto ao grande público date desse período. A posição do cientista é desprovida de ambiguidade, a qual ele faz questão de reafirmar continuamente: “Não se trata aqui nem de religião, nem de filosofia, nem de qualquer sistema. Pouco importam as afirmações e as visões a priori, é uma questão de fatos” (Debré, 1995, p. 200). Na palestra em Sorbonne, Pasteur se absteve de filosofar. Não negou que a geração espontânea era uma possibilidade; meramente afirmou que nunca havia sido demonstrada sua ocorrência: “Não há circunstância alguma conhecida na qual tenha sido demonstrado que os seres microscópicos vieram ao mundo sem a presença de gérmens, sem origens semelhantes a eles mesmos. Aqueles que afirmam isso foram enganados por ilusões, por experiências mal conduzidas, por erros que eles não perceberam ou não souberam como evitar” (Dubos, 1967, p. 44). Referências: BIRCH, Beverley. Louis Pasteur. São Paulo, SP: Globo, 1993. DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a. Charles Darwin. Felix-Archimede Pouchet. Continue lendo a biografia
- Primeiros Beneméritos | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Primeiros Beneméritos Jean-Joseph Pasteur 1791-1865 *Ver a microbiografia de Jean-Joseph Pasteur no grupo Família Nuclear. O pai de Pasteur foi seu primeiro preceptor. Ele gostaria de ver o filho diretor do Collège d´Arbois. Tinha poucos amigos, mas eruditos: professores, o médico da cidade (Dr. Dumont – ex-médico militar que se tornou médico do hospital de Arbois) e outros (Debré, 1995, p. 33-34). Etienne Renaud ? Renaud era um jovem e ardente professor francês que se apegava aos alunos e sabia como diverti-los. Foi o primeiro professor de Louis Pasteur na escola primária, em 1831, na cidade de Arbois. Gostava de contar seus atos heroicos durante as campanhas bonapartistas. Mais tarde, na época das honras e dos discursos, Pasteur sempre citará, com reconhecimento, este docente que ministrou suas primeiras aulas (Debré, 1995, p. 32-33; Garozzo, 1974, p. 29-30). Emmanuel Bousson de Mairet 1796-1871 Amigo do pai de Pasteur, Mairet era homem de letras, filósofo e historiador francês. É autor de pelo menos 30 textos, dentre estes, sobre a história de Arbois, batalha de Alésia de Júlio César, escreveu uma tragédia sobre Joana d´Arc, dentre outros. Foi devido a este erudito local que a família de Pasteur se instalou em Arbois. Emmanuel foi professor no Collège d´Arbois, mas, vítima de surdez, teve de se aposentar prematuramente. Torna-se tutor de Louis Pasteur, ajudando-o a progredir consideravelmente, inclusive em retórica, onde amealha vários prêmios (Debré, 1995, p. 34-35; Viñas, 1991, p. 34; Garozzo, 1974, p. 32). Ref. https://data.bnf.fr/en/12251066/emmanuel_bousson_de_mairet/ Romanet ? Diretor do Collège d´Arbois, o francês Romanet teve influência decisiva na carreira de Louis Pasteur. Na época, Louis Pasteur o escuta enaltecer os benefícios da educação e descrever o único lugar que lhe parece digno das capacidades que vê no infante Louis: a École Normale Supérieure (Debré, 1995, p. 35, 39; Viñas, 1991, p. 36; Garozzo, 1974, p. 32-33). Barbier ? Amigo do pai de Pasteur, o capitão Barbier provinha de Arbois, na França. Era Oficial da Guarda Municipal de Paris. Propõe ao pai de Louis ser o correspondente do jovem caso fique decidido que ele prossiga os estudos em Paris. Barbier fala de uma instituição no Quartier Latin onde se preparam os alunos para as Écoles, dirigida por uma pessoa também do Franco-Condado, o sr. Barbet (Debré, 1995, p. 35-36, 39; Viñas, 1991, p. 36). Barbet ? Barbet, proveniente de Pagnoz, cidade do Franco-Condado, na França. Era dono do internato onde Louis Pasteur vai, primeiro aos 15 anos com Jules Vercel, e depois aos 17 anos com Cahrles Chappuis, se preparar para o concurso da École Normale Supérieure. Este senhor cortou pela metade as mensalidades de Pasteur e Jules. Aconselhou os rapazes e explicou o sistema de estudo. Aos 17 anos, Pasteur é recebido novamente neste internato. Logo, prontificou-se a dar aulas aos rapazes mais atrasados e conseguiu desconto de dois terços no valor da mensalidade. Barbet permitiu, desde que não lecionasse nos horários dedicados aos seus estudos, e assim decidiu-se por fazê-lo todos os dias das 6h às 7h da manhã. Depois de alguns meses, o Sr. Barbet resolveu isentá-lo de qualquer taxa, por toda sua dedicação e ajuda ao internato (Debré, 1995, p. 36; Viñas, 1991, p. 34, 36; Garozzo, 1974, p. 37, 39). Répécaud ? *Mais informações sobre os autores Droz e Pellico podem ser encontradas no grupo Leituras Iniciais. Répécaud era provedor do Colège de Besançon. Depois da formatura de Louis Pasteur, ofereceu-lhe o cargo de professor suplementar neste mesmo colégio, mas sem remuneração (Garozzo, 1974, p. 47-49). Louis aceitou a proposta, aos 18 anos, ganhando prática e com o tempo se tornando um dos professores mais queridos do colégio. Foi nesta época que achou indispensável aperfeiçoar o seu caráter, e algumas obras ajudaram bastante neste período, dentre elas a de Joseph Droz e de Silvio Pellico. Jean-Marie-Napoléon-Désiré Nisard 1806-1888 *Ver microbiografia de Désiré Nisard no grupo Academia Francesa. Crítico acadêmico e literato francês. Membro da Academia Francesa (eleito em 1850). Deputado (em 1842) e depois senador (em 1867). Publicou a "Coleção de autores latinos com tradução francesa" com muitos colaboradores, incluindo seus irmãos: Nisard, Auguste (1809-1892) e Nisard, Charles (1808-1889). Désiré Nisard nomeia Pasteur como Diretor de Estudos Científicos da École Normale Supérieure. Ref. https://data.bnf.fr/en/12052360/desire_nisard/ Próximo Grupo
- Academia de Medicina | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Academia de Medicina Claude Bernard 1813-1878 *Ver a microbiografia de Claude Bernard no grupo Fermentação. Em 1873 Pasteur é eleito para a Academia de Medicina (Debré, 1995, p. 325). Claude Bernard vê em Pasteur um aliado contra médicos que desprezam a fisiologia (Debré, 1995, p. 327). Eles sentam-se lado a lado e conversam familiarmente (Debré, 1995, p. 392). Bernard defende as experiências de Pasteur e reconhece sua originalidade, concedendo-o o prêmio de fisiologia experimental. Ele é mais cientista do que médico, pois a seus olhos, o trabalho de laboratório é que fundamenta a medicina experimental e permite às antigas terapias se transformarem em ciências (Debré, 1995, p. 395). Durante muito tempo o bisturi ficou separado do microscópio. Só as lições de Pasteur e de Claude Bernard, juntos, na Academia de Medicina conseguirão mudar essa mentalidade. Por chocar com os hábitos de uma casta médica, as contribuições conceituais da microbiologia levarão mais de ¼ de século para penetrar nos costumes e práticas médicas (Debré, 1995, p. 301). Bernard preparou o terreno e foi Pasteur quem redesenhou a paisagem médica onde evoluímos há 1 século (Debré, 1995, p. 550). Bernard fala pouco, não sorri e raramente faz algum comentário. Faz inúmeras experiências com animais, relata as observações feitas e redige comunicações extensas para os padrões das Academias. Nunca faz propaganda de si mesmo e diferentemente de Pasteur, nunca quis sair falando de suas teorias e resultados. Apesar de ser reconhecido em toda a Europa como o primeiro fisiologista de sua época, Bernard só se sente à vontade em seu laboratório (Debré, 1995, p. 395). Uma estima recíproca vai unir estes dois amigos, em laços verdadeiramente pessoais. Bernard, uns 10 anos mais velho, sempre apoiou Pasteur prontamente, sobretudo na época da eleição de Pasteur para a Academia de Ciências. Eles se encontravam regularmente e participaram juntos de um pequeno grupo de peritos encarregado por Napoleão III para fazer um relatório sobre a situação do ensino científico na França (Debré, 1995, p. 397). Na ocasião do adoecimento por enterite de Bernard, Louis Pasteur, para apoiar seu amigo em convalescença e em repouso afastado de Paris, publica o artigo “Claude Bernard, importância de seus trabalhos, seus ensinamentos e de seu método”. Para isso, releu todos os trabalhos do amigo fisiologista. Bernard fica emocionado e agradecido, e lhe escreve “a admiração que o senhor demonstra por mim é recíproca”. Quando, por sua vez, Pasteur é atingido por um AVC, Bernard é um dos primeiros a comparecer à sua cabeceira para lhe trazer, afetuosamente, o seu apoio moral (Debré, 1995, p. 398). Mais adiante, em 1878, Bernard fica gravemente doente. Acamado, é assistido pelo seu aluno Arsène d´Arsonval, a quem revela suas dúvidas sobre as teorias de Pasteur a respeito das fermentações. Ele acha que o fenômeno independe das leveduras, negando o papel da bactéria como organismo vivo, e diz ter anotações de resultados preliminares confirmando suas hipóteses. Neste mesmo ano, Bernard falece e seu aluno encontra seus papéis no quarto, e percebe que não são resultados, mas um esboço de trabalhos a realizar. D´Arsonoval e seus amigos optam pela publicação e enviam os papéis a Marcellin Berthelot (que não acredita no papel do ser vivo na fermentação), e publica as notas de Bernard em revista científica. A curiosidade é grande por esta publicação, pois Bernard não era amigo de Pasteur? (Debré, 1995, p. 399). Pasteur inicialmente não sabe se deve reagir publicamente, pois sabia ser uma atitude inerente de Bernard a de questionar tudo, a fim de não deixar passar nenhum erro de raciocínio. Pasteur consulta a opinião de colegas na Academia. Alguns aconselham a não se deixar incomodar pelo que seria uma volta ao passado; outros pensam que o respeito à memória de Bernard obriga a responder apenas com fatos, já que Bernard não está presente para sustentar uma discussão. O que mais choca a retidão de Pasteur é polemizar com um morto, no entanto, após ler os documentos por inteiro, decide se posicionar sugerindo que a publicação de Berthelot não é fiel ao pensamento de Bernard e anuncia que está começando uma nova série de experiências sobre fermentação, não para defender sua teoria, mas para dar continuidade aos trabalhos que Bernard não teve tempo de terminar. Naquele ano, as férias de Pasteur são consagradas a estas experiências e consegue resultados taxativos: a levedura é indispensável para a fermentação. Pasteur publica suas conclusões sob a forma de um exame crítico de um escrito póstumo de Claude Bernard sobre a fermentação, onde afirma no final que “a glória do nosso ilustre colega não foi diminuída” (Debré, 1995, p. 401). Charles-Félix-Michel Peter 1824-1893 *Ver a microbiografia de Michel Peter no grupo Vacinação: Raiva. Michel Peter afirma que um médico não precisa se sobrecarregar com os saberes de um químico, de um físico ou de um fisiologista. Dirigindo-se a Pasteur, fala a respeito da febre tifoide: “O que me importa o seu micróbio?”. Em resposta, Pasteur denuncia o que para ele é uma “blasfêmia médica” e insiste que o médico deve não só curar, mas prevenir a doença, e recomenda a profilaxia e a higiene (Debré, 1995, p. 301). Peter é um dos mais influentes membros da Academia, e afirma que “as descobertas das bactérias são curiosidades da história moderna (...) quase sem nenhum proveito para a Medicina” (Debré, 1995, p. 460). Ele e Pasteur se desprezam, mas são parentes afastados do lado de suas esposas, por meio de um ancestral comum, Joseph Loir, que foi veterinário do exército do Egito. Ele havia se casado sob as ordens de Napoleão Bonaparte. Seu neto é Adrien Loir, sobrinho de Pasteur, que trabalha de manhã com Peter e de tarde com Pasteur. Deste modo, participa da briga dos dois “patrões” (Debré, 1995, p. 459). "Na Academia, Peter se arvora de promotor e transforma a assembleia em uma audiência de acusação: 'A desculpa do senhor Pasteur é a de ser um químico, que inspirado no desejo de ser útil, quis dar força à medicina, ciência que lhe é totalmente estranha" (Debré, 1995, p. 460). Gabriel Constant Colin 1825-1896 Veterinário francês. Foi professor da Escola de Veterinária de Alfort. Membro da Academia de Medicina. Filho de Louis Gabriel Colin e Jeanne Claude Amélie Menoux. Após os estudos veterinários, foi nomeado chefe de departamento na Escola de Veterinária de Lyon 1845, chefe de departamento em Alfort 1847, professor de higiene, botânica, zoologia em Alfort 1862, professor de botânica, zoologia e higiene em Toulouse 1865, professor de patologia e terapia geral, manual de operação, doenças parasitárias e encarregado do Departamento de aplicações cirúrgicas de Alfort 1866. Admitido a seu pedido de aposentadoria e nomeado professor honorário em 1887. Eleito membro da Academia de Medicina para a seção de medicina veterinária em 3 de janeiro de 1865. Nomeado Cavaleiro da Legião de Honra em 1869, promovido a Oficial em 1887. Gabriel Colin se revela um adversário da teoria de Pasteur. O veterinário se apoia em 12 anos de trabalho com o carbúnculo para afirmar que Pasteur está errado em acreditar que o bacilo é o responsável pela doença. Colin também se recusa a admitir o fenômeno de incubação de certas doenças. Pasteur se esforça em vão em convencê-lo apesar das explicações. Colin conserva vários adeptos entre os médicos. Diante de vários debates contraditórios na Academia, Pasteur exclama aos jovens que assistem às sessões: “jovens, vocês que se sentam no alto destas arquibancadas provavelmente são a esperança do futuro médico do nosso país. Não venham aqui para procurar a excitação da polêmica; venham se instruir com os métodos” (Debré, 1995, p. 356-358). Ref. https://data.bnf.fr/en/12298184/gabriel_colin/ Ref. https://cths.fr/an/savant.php?id=127642 Mais informações: https://mediatheque.ifce.fr/index.php?lvl=author_see&id=35842 Henri-Marie Bouley 1814-1885 *Ver a microbiografia de Henri Bouley no grupo Academia de Ciências. Bouley, que é veterinário, se declara impressionado com a interpretação de Colin, e embora partidário de Pasteur, convida-o a examinar de perto as objeções que lhe são feitas, as quais Pasteur replica vigorosamente. Porém, cabe ressaltar que Bouley é um dos grandes apoios de Pasteur (Debré, 1995, p. 355). No bem sucedido experimento de Pouilly-le-Fort, dentre o grande público presente, Bouley também está lá e participa do entusiasmo geral (Debré, 1995, p. 448). Na Academia, cada vez que Bouley tenta louvar os méritos de Pasteur, Peter intervém e é aplaudido em nome da medicina tradicional (Debré, 1995, p. 460). Bouley, um dos mais fiéis apoios de Pasteur na Academia de Ciências e na Academia de Medicina, e amigo de Pasteur, falece no mesmo dia que Louise Pelletier, criança de 10 anos que Pasteur tentou salvar da hidrofobia (raiva) (Debré, 1995, p. 495). Alphonse François Marie Guérin 1817-1895 Doutor em medicina francês (Paris, 1847). Cirurgião. Membro (eleito em 1868) da Academia de Medicina, seção de medicina operativa, então presidente em 1884. Ficou famoso com a invenção da bandagem de algodão que tornava possível proteger os feridos de envenenamento e infecção purulenta. Nomeado Cavaleiro da Legião de Honra em 12 de agosto de 1864. Oficial em 1871. Comandante em 1884. Recebe o colar de um alto funcionário da ordem do czar Stanislas II. A Academia de Ciências concedeu-lhe o Prêmio Montyon em 1875 e o Prêmio Godart em 1879. Alphonse Guérin estudou em Paris. Tornou-se Aide d'anatomie em 1843 e obteve o doutoramento em 1847, tornando-se 'prosector' do anfiteatro em 1848. Em 1850, através de concours, tornou-se Chirurgien des hôpitaux. Foi então sucessivamente cirurgião dos hospitais Lourcine (1857) e Cochin (1862), antes de ser nomeado Chirurgien en chef do Hôpital Saint-Louis. Finalmente, em 1872, foi nomeado cirurgião do Hôtel-Dieu. Ele se aposentou desta posição em 1879 para se tornar cirurgião honorário do hospital. Em 1858, os cirurgiões do hospital elegeram-no seu representante no Conseil deillance d'assistance publique e em 1864 no Conseil général de Departement Morbihan do cantão de Mauron. Em 1896 sua cidade natal teve uma homenagem a ele levantada, como o descobridor do curativo de algodão. Além disso, e de seus muitos epônimos, ele também descreveu um procedimento de transfusão de sangue imediata sob o termo "Communauté de la Circulation. Seu principal interesse era a cirurgia urológica. Diversos cirurgiões higienistas, como Alphonse Guérin, Just Lucas-Championnière, Jules Helot, Stéphane Tarnier, Ulysse Trélat e Félix Terrier encorajam Pasteur a interpretar e exaltar os méritos da assepsia e da anti-sepsia e a pregar o combate contra o contágio por meio da higiene (Debré, 1995, p. 307). "Foi no fim da guerra de 1870 que, na França, um cirurgião, Alphonse Guérin, faz a suposição de que a infecção poderia ser causada pelos germes do fermento descritos por Pasteur. Então, escreve: Acreditava, mais do que nunca, que os miasmas que emanavam do pus dos feridos eram a causa real dessa doença horrorosa pela qual tive a dor de ver sucumbir os feridos. (...) Pensei, então, que os miasmas, cuja existência eu já admitira por não conseguir explicar de outro modo a produção da infecção purulenta e dos quais eu só conhecia a influência deletéria, pode riam ser os corpúsculos dotados de vida, iguais aos que Pasteur vira no ar. (...) Se os miasmas são fermentos, eu poderia evitar sua influência funesta nos feridos, filtrando o ar, como Pasteur havia feito. (...) Imaginei, então, um curativo acolchoado com algodão e tive a satisfação de ver minhas previsões se realizarem" (Debré, 1995, p. 311). Alphonse Guérin cria o laboratório de anatomia e química patológica para observar os benefícios do uso dos curativos acolchoados. Ele associa o abcesso às febres infecciosas (Debré, 1995, p. 327). Pasteur constata que os curativos de Guérin, assim como os de Lister, são os verdadeiros responsáveis pelos sucessos cirúrgicos constatados, graças à filtragem dos germes por essa separação acolchoada e a consequente destruição destes pela solução antisséptica (Debré, 1995, p. 328). Ref. https://data.bnf.fr/en/12107429/alphonse_guerin/ Ref. http://www.whonamedit.com/doctor.cfm/2626.html Mais informações: https://trehorenteuc-eglise-broceliande.fr/docteur-guerin/ Jules-René Guérin 1801-1886 Médico belga, especialista em deformidades do corpo humano, cujo nome está ligado à síndrome de Guérin-Stern, ao sinal de Guérin-Kerguistel, à lei de J. Guérin. Lançou as bases da ortopedia científica e cirúrgica. Fundador e diretor do Medical Gazette of Paris, de 1830 a 1872. Iniciou seus estudos médicos em Paris em 1821, obtendo seu doutorado nessa universidade em 1826. Desde cedo se interessou pelo jornalismo e, dois anos depois, fundou a revista médica Gazette de santé, da qual foi editor e editor, e para a qual também escreveu artigos. Foi rebatizada de Gazette médicale de Paris em 1830, e foi dirigida por Guérin até 1872. Ele era um advogado de sua profissão, trabalhando, entre outras coisas, para a reintrodução de concursos. Além disso, atuou como escritor em diversas sociedades médicas, relator da comissão ministerial instituída pelos médicos e trabalhou em novas leis relacionadas a uma reforma no ensino e na prática da medicina. Com isso, ele procurou garantir a mais elevada liberdade de ensino possível. Ele foi o criador do Feulleton médico. A partir de 1832 passou a fazer mais trabalhos científicos, primeiro investigando a cólera, antes de voltar seu interesse para a ortopedia, que se tornaria sua especialidade e alicerce de sua reputação (1, 4). Depois de publicar alguns trabalhos nessa área, ele conseguiu estabelecer um hospital ortopédico, o Institut de la Muette em Passsy. Um ano depois, em 1839, foi-lhe confiada a liderança de uma unidade ortopédica de um hospital infantil. De 1838 a 1843 surgiram 13 trabalhos sobre problemas ortopédicos. Os fisiológicos foram recebidos com aclamação quase unânime, enquanto os de terapia e patologia foram recebidos com muita animosidade, especialmente a teno e miotonia recomendados por Guérin. Apesar disso, ele recebeu vários prêmios por seu trabalho. Em 1837 recebeu o grande prêmio de 10.000 francos por seu trabalho sobre as diferenças do sistema esquelético. Guérin era o responsável pela revista que fundou por mais de quarenta anos, mas também contribuiu para outras. A partir de 1842 também esteve bastante ocupado como membro da Academia de Medicina (1). Ele tinha 85 anos quando foi a Marselha e Toulon para ajudar as autoridades da cidade a combater um surto de cólera e evitar que se propagasse. Ele recebeu três prêmios Monthyon da Academia por seu trabalho fisiológico. Quando Pasteur faz uma comunicação à Academia de Medicina dizendo que pretende produzir vacinas, mas ainda sem relatar o processo, que ainda iria dar início, os adversários de Pasteur, encabeçados por Jules Guérin o censuram por não comunicar os detalhes de sua técnica e conseguem que a Academia repreenda a conduta de Pasteur. O cientista fica furioso e abatido, pois naquele mesmo período sua irmã (Virginie) acaba de falecer. Pasteur faz diversos rascunhos de uma carta de demissão da Academia, mas volta atrás. Mais adiante, Pasteur estará apto a revelar em detalhes o seu processo experimental de virulência atenuada (vacinação), que marcará o nascimento de uma nova disciplina, a imunologia (Debré, 1995, p. 427-428). As discussões sobre a varíola e a vacina continuam na Academia, o que se torna cansativo para Pasteur. O conflito entre os dois se agrava e Pasteur o responde grosseiramente. Recusando-se a 'responder a curiosidade indiscreta, intempestiva e malsã do senhor Guérin', acrescenta: 'Doravante, seremos dois no combate e veremos qual de nós sairá ferido e machucado desta luta'. A sessão é suspensa por um grande tumulto. Guérin furioso se precipita sobre Pasteur e é impedido pelo barão Larrey, que se interpõe. Na época, Guérin tem quase 80 anos e Pasteur quase 60 anos. "Jules Guérin desafia Pasteur em um duelo" (Debré, 1995, p. 562). Depois de alguns dias, o conflito vai se extinguir e Pasteur aceita se desculpar, cujas palavras ficaram registradas na ata: “Se, no calor do debate, pronunciei alguma palavra ou julgamento que pudesse prejudicar o renome do senhor Jules Guérin, eu as retiro e declaro que nunca desejei ferir nosso sábio colega. Em nossas discussões, só tive uma preocupação, a de defender, energicamente, a exatidão dos meus trabalhos” (Debré, 1995, p. 441-442). Gabriel Colin e Jules Guérin continuam a atacar Pasteur, mesmo após o sucesso do experimento em Poilly-le-Fort. Não raro, Pasteur deixa a sala, com raiva contra os que não compreendem o valor de suas experiências. Finalmente, resigna-se a não mais assistir às sessões da Academia. Sua ausência, no entanto, não impede as controvérsias sobre a teoria microbiana, a teoria do contágio e sobre as terapias propostas (Debré, 1995, p. 459). Ref. https://data.bnf.fr/en/12462139/jules_guerin/ Ref. https://www.researchgate.net/publication/334005498_The_Most_Influential_Scientists_in_the_Development_of_Public_Health_1_Jules_Rene_Guerin_1801-1886 Ref. https://search.proquest.com/openview/1a85063c7254dd03ebf3d9c9468cfb48/1?pq-origsite=gscholar&cbl=1226372 Mais informações: https://www.bookdepository.com/Gazette-Medicale-de-Paris-Vol-2-Jules-Rene-Guerin/9781390324983 Charles-Emmanuel Sédillot 1804-1883 Médico militar e cirurgião francês. O professor Charles Sédillot é um dos pioneiros da medicina moderna, cirurgia, anestesiologia, histopatologia e infectologia. Infelizmente, ele permanece desconhecido fora dos círculos dos historiadores da medicina militar francesa. Foi o primeiro cirurgião do mundo a oferecer técnicas como luxação coxofemoral e uretrotomia interna, tornando-se pioneiro na cirurgia endoscópica. Ao introduzir a anestesia geral na França, ele revolucionou o atendimento ao paciente. Além disso, ele lançou as bases para o tratamento moderno e algorítmico de tumores, adotando os princípios da histopatologia clínica. Muito antes da descrição feita por Semmelweiss (1818-1865), ele previu e compreendeu a existência e a ação dos microrganismos, que chamou de micróbios, no desenvolvimento de infecções pós-operatórias. Por seu trabalho, ele foi homenageado por seus pares na França, mas permaneceu desconhecido além das fronteiras de sua terra natal. Charles Sédillot foi o inventor da palavra “micróbio” (do grego: mikros , “pequeno” e bios , “vida”), que ele propôs em 1878 em suas comunicações à Academia de Ciências, intitulado 'Sobre a influência do trabalho do Sr. Pasteur sobre o andamento da cirurgia'. Sédillot, que conheceu Pasteur enquanto era nomeado Professor de Química em Estrasburgo de 1848 a 1854, escreveu: Esses organismos formam um mundo composto de espécies, famílias e variedades cuja história, mal iniciada, já é rica em previsão e resultados da maior importância. Louis Pasteur (1822-1895), então com 56 anos, aprovou a palavra “micróbio” e ficou profundamente comovido com as marcas de apego que Sédillot lhe conferiu, especialmente porque as críticas não haviam diminuído. Em 19 de março de 1881, Pasteur escreveu em uma carta a Sédillot sobre este assunto: Caro e ilustre mestre, permita-me publicar (e dizer que é feito com sua permissão) a carta em que o senhor Littré aprovava a palavra micróbio , proposto por você, para silenciar os escrúpulos de algumas pessoas mais ou menos interessadas. Queira aceitar, com a esperança de que eu e todos os seus colegas também ajudemos na recuperação da sua saúde, uma homenagem do meu mais profundo e afetuoso respeito. Em conclusão, Sédillot teve um papel importante e impacto no desenvolvimento da medicina e cirurgia modernas. A evocação de sua vida excepcional, rica e eclética deve nos levar a abordar a questão recorrente da adequação da hiperespecialização em medicina e ciências. Em nossa mente, a vida e a obra de Sédillot estão questionando, de forma adequada, paradigmas médicos “estabelecidos”. Sédillot não era membro da Academia de Medicina, mas era um fervoroso partidário de Pasteur. Com 64 anos, foi um dos primeiros a aceitar e encorajar os trabalhos de Pasteur e suas aplicações cirúrgicas. Ele lê uma nota na Academia resumindo a evolução positiva do tratamento das lesões, com curas mais frequentes e redução de gangrenas e amputações. Se relatório termina com uma apologia à palavra micróbio (em vez de animálculo), dizendo: “a palavra micróbio tem a vantagem de ser mais curta e de possuir um significado mais geral e, tendo meu ilustre amigo Littré, o linguista mais competente da França, aprovado esse nome, nós o adotaremos” (Debré, 1995, p. 408). Ref. https://data.bnf.fr/en/12337301/charles_sedillot/ Mais informações: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1743919112007601?via%3Dihub Mais informações: https://www.academie-sciences.fr/fr/Liste-des-membres-depuis-la-creation-de-l-Academie-des-sciences/les-membres-du-passe-dont-le-nom-commence-par-s.html Maximilien-Paul-Émile Littré 1801-1881 Médico, filósofo, filólogo, lexicógrafo e político francês. Membro da Academia de Medicina (eleito em 1858) e membro da Academia Francesa (eleito em 1871). Estudioso da língua francesa, lexicógrafo e filósofo cujo monumental Dictionnaire de la langue française, 4 vol. (1863-73; “Dicionário da Língua Francesa”), é uma das realizações lexicográficas mais notáveis de todos os tempos. Littré era unanimemente respeitável, sendo descrito como uma das grandes mentes do século, e pela sagacidade de sua mente, Ernest Renan disse ser “uma das consciências mais completas do universo”. Foi autor do célebre Dictionnaire, e mesmo deixando de praticar a medicina, torna-se um erudito na área. Deste modo, torna-se a autoridade mais competente para batizar os pequenos organismos que Pasteur detectou em seu microscópio. Em resposta a Sédillot afirma: “para designar os animálculos, eu daria preferência a ‘micróbio’; primeiro, porque, como você diz, é mais curto, depois porque ele destina ´microbia´, substantivo feminino, para a designação de estudo do micróbio” (Debré, 1995, p. 410). Pasteur e Littré se respeitam, mas existem entre eles diferenças: Littré é republicano, franco-maçon e positivista. Para Pasteur, os positivistas não entenderam o sentido do método científico, e afirma “Para julgar o valor do positivismo, meu primeiro pensamento foi procurar nele a invenção. Não achei. Como não me oferece nenhuma ideia nova, o positivismo me deixa reservado e desconfiado” (Debré, 1995, p. 413). As profundas razões que levam Pasteur a se opor à filosofia positivista são mais específicas, por exemplo, o positivismo rejeita o uso do microscópio, e separa a química da biologia, por exemplo. Entretanto, é a questão da existência de Deus, que Pasteur chama de infinito, que o afasta do positivismo. Pasteur diz: “aquele que proclama a existência do infinito reúne mais sobrenatural nessa afirmação do que o existente em todos os milagres de todas as religiões. (...) Vejo em toda a parte a inevitável expressão da noção do infinito no mundo. A ideia de Deus é uma forma da ideia do infinito” (Debré, 1995, p. 414). "Nos bancos da antiga Casa de Caridade, Pasteur encontra cinco dos maiores positivistas: Claude Bernard, Émile Littré e, é claro, Marcelin Berthelot; também Paul Broca, o célebre neurologista a quem se deve a primeira descrição anatômica do cérebro e Charles Robin, colaborador de Littré, inventor das palavras "hemácias" e "leucócitos" para designar os glóbulos vermelhos e brancos do sangue. Como revelam as atas das sessões, depois da morte de Claude Bernard, esses cientistas deixam Pasteur lutar sozinho. Por ocasião da famosa comunicação de maio de 1880, quando Pasteur descreve o estafilococo do furúnculo como sendo também responsável pela osteomielite, nenhum deles toma a palavra para destacar a importância da descoberta" (Debré, 1995, p. 416). Ref. https://data.bnf.fr/en/11913139/emile_littre/ Mais informações: NAHAS, Jacqueline; F ERNANDES, Pedro. Homo lexicographus. Foz do Iguaçu, PR: Editares, 2017. Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Paul-Emile-Littre Mais informações: https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803100109344 Mais informações: https://www.encyclopedia.com/reference/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/littre-maximilien-paul-emile Edmé Félix Alfred Vulpian 1826-1887 *Ver microbiografia de Alfred Vulpian no grupo Vacinação: Raiva. Vulpian era um dos médicos mais respeitados de sua época. Torna-se membro da Comissão Oficial da Raiva, criada pelo governo, a pedido de Pasteur, para controlar e avaliar as pesquisas em curso sobre a doença. Diante do exame do paciente Joseph Meister, diz a Pasteur que acha o caso sério o suficiente para que se justifique esta primeira tentativa de vacinação. Após o sucesso do tratamento e diante da Academia de Ciências, Vulpian pede a palavra dizendo que Pasteur trabalhou durante anos, com uma série de pesquisas feitas sem interrupção até criar um tratamento do qual não duvida do sucesso (Debré, 1995, p. 489, 494). Jean-Martin Charcot 1825-1893 Doutor em Medicina francês (Paris, 1853). Especialista em doenças nervosas para as quais estabelece a nosologia. Conhecido por suas descobertas sobre esclerose múltipla, doença de Parkinson e por suas "aulas de terça-feira" sobre hipnotismo exercido sobre histéricos em La Salpêtrière, Paris. Diretor do Service des hysteriques de la Salpêtrière, Paris. Jean-Martin Charcot foi indiscutivelmente o médico mais conhecido da França durante o início da Terceira República. Ele foi reconhecido por suas brilhantes realizações em três campos distintos da medicina clínica : neurologia, geriatria e medicina interna . Ele também era conhecido pelo círculo de estudantes de medicina leais e talentosos que orientou e por suas extravagantes demonstrações de síndromes patológicas. Além de suas atividades médicas, Charcot conviveu com políticos poderosos, se esforçou para fazer avançar a agenda legislativa do republicanismo francês e reuniu a elite da sociedade cultural parisiense em sua casa para salões semanais. Após a descoberta da vacina da raiva, Charcot aproveita para posicionar-se perante os inimigos de Pasteur na Academia: “o inventor da vacina antirrábica hoje, com mais razão do que nunca, pode andar com a cabeça erguida e prosseguir o cumprimento de seu glorioso labor sem deixar-se desviar dele, no mínimo pelos clamores da contradição sistemática ou pelas insidiosas murmurações da difamação” (Viñas, 1991, p. 156). Ref. https://data.bnf.fr/en/12424494/jean-martin_charcot/ Ref. https://www.encyclopedia.com/history/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/charcot-jean-martin Ulysse Trélat 1828-1890 Cirurgião francês. Doutor em medicina (Paris, 1854). Agrégé da Faculdade de Medicina de Paris. Professor de medicina (1872). Membro da Academia de Medicina (1874). Trélat era filho do médico do exército de mesmo nome (1795-1879). Ele recebeu sua educação científica e prática de seu pai, Philippe-Frédéric Blandin (1798-1849), Philibert Joseph Roux (1780-1854) e Auguste Nélaton (1807-1873). Tornou-se assistente de anatomia em 1853, recebeu o título de doutor em medicina em 1854 e em 1855 assumiu a função de procurador. Ele se tornou agrégé em 1857, chirurgien des hôpitaux em 1860, chirurgien-en-chef na Maternité em 1864. Após extensa prática em outros grandes hospitais de Paris, ele se tornou professor de cirurgia clínica no Hôpital Necker em 1860, e em 1872 foi eleito membro da academia. Na década de 1860, "São os cirurgiões que vão obrigar Pasteur a deixar de lado a timidez a respeito da medicina humana: explicitando as hipóteses do mestre, Alphonse Guérin, Just-Lucas Championnière, Stéphane Tarnier, Ulysse Trélat, Félix Terrier encorajam Pasteur a interpretar e exaltar os méritos da assepsia e da anti-sepsia, e a pregar o combate contra o contágio por meio da higiene" (Debré, 1995, p. 307). Ref. https://data.bnf.fr/en/10737796/ulysse_trelat/ Ref. http://www.whonamedit.com/doctor.cfm/1682.html Jacques François Édouard Hervieux 1818-1905 Médico francês. Muito de seu trabalho foi com doenças de mulheres e crianças; o mais notável é o Tratado clínico e prático das doenças puerperais após o parto, onde Hervieux estudou todas as doenças das puérperas do ponto de vista triplo clínico, necroscópico e terapêutico. Este livro, fruto de dez anos de prática em um hospital reservado exclusivamente para o parto e suas consequências, começa com a apresentação da doutrina da intoxicação puerperal, pela qual Hervieux explica a mortalidade que grassa nos hospitais. A par da profissão de obstetra, esteve também envolvido na vacinação, da qual a Academia de Medicina era um dos centros, da qual era diretor. Embora ele mesmo fizesse as vacinas, tinha menos em vista o estudo anatômico e fisiológico dos procedimentos do que sua aplicação profilática imediata. Ele aproveitou todas as oportunidades para intervir assim que chegou uma comunicação a esse respeito e, ao menor alarme, partiu apressadamente em campanha; no dia seguinte à sessão em que o mal havia sido denunciado, ele era visto chegando, às vezes de madrugada, para indagar sobre os fatos relatados e dar sua resposta. Era para ele um sinal de atividade febril, de necessidade de luta, de qualquer explosão ou ameaça de varíola, seja no território ou nas colônias, ou no exterior. Ainda mais, se fosse uma epidemia excepcional. Em 1870, a varíola eclodiu no exército francês, provada pelas misérias do cerco de Paris. Só o hospital Bicêtre recebeu quase 10.000 varíola em três meses. De todos os médicos presentes, nenhum sentiu uma agitação mais profunda do que Hervieux. Essas preocupações com a varíola, que deviam absorver o fim da vida de seu autor, em nada diminuíram a importância de suas outras obras, nem diminuíram o mérito de inúmeras produções sobre os mais diversos temas da patologia médica. Ele foi eleito membro da Academia de Medicina na seção de partos em 10 de junho de 1873. Foi presidente no ano de 1896. Certa vez, Pasteur interrompeu aos brados uma conferência sobre febre puerperal, de Édouard Hervieux, um famoso ginecologista, repleta de termos gregos e romanos, mas sem fazer menção aos microrganismos, para afirmar: "O que está matando as mulheres com infecção puerperal não é nada disso! São vocês, médicos, que transportam micróbios mortais das mulheres doentes para as salas". Colhendo sangue e secreções vaginais das pacientes de Hervieux, que gentilmente abriu a Pasteur as suas enfermarias, Pasteur conseguiu isolar microrganismos nas culturas de caldo de galinha que ele desenvolveu, identificando o estreptococo como o agente causador da febre puerperal, e para sua profilaxia indicou a anti-sepsia com ácido bórico. Ref. https://data.bnf.fr/en/10708546/edouard_hervieux/ Ref. https://www.ccih.med.br/wp-content/uploads/2014/07/capitulo7-As-bases-do-hospital-contempor%C3%A2neo-a-enfermagem-os-ca%C3%A7adores-de-micr%C3%B3bios-e-o-controle-de-infec%C3%A7%C3%A3o.pdf Ref. http://cths.fr/an/savant.php?id=3827# Louis-Félix Terrier 1837-1908 Médico cirurgião francês. Lecionou no Hôpital de la Pitié, Paris. Louis-Félix Terrier nasceu em Paris em 1837. Iniciou os estudos veterinários na Maison-Alfort em 1854 e em 1859 matriculou-se na Faculdade de Medicina da capital francesa. Em 1862 foi internado nos serviços de Jarjavay, Oulmont, Gosselin e Chassaignac. Em 1870 obteve o grau de doutor com a tese De l'oesophagotomie externe (Paris, Baillière, 1870), e em 1872 a agregação com a obra Des anévrismes cirsoïdes (Paris, Baillière, 1872). Foi cirurgião do Central Bureau (1873), cirurgião dos hospitais Salpêtrière (1878), Saint-Antoine (1882) e Bicaht (1883). Ele também foi professor de cirurgia clínica (quarta cadeira) em La Pitié. Quanto ao seu trabalho científico, pode-se dizer que trouxe "o espírito bacteriológico de Pasteur" para as salas de cirurgia e se declarou a favor da esterilização com ar seco. A assepsia permitia que ele, como Courvoisier, penetrasse em campos como a cavidade abdominal que antes eram proibidos. Na década de 1860, "São os cirurgiões que vão obrigar Pasteur a deixar de lado a timidez a respeito da medicina humana: explicitando as hipóteses do mestre, Alphonse Guérin, Just-Lucas Championnière, Stéphane Tarnier, Ulysse Trélat, Félix Terrier encorajam Pasteur a interpretar e exaltar os méritos da assepsia e da anti-sepsia, e a pregar o combate contra o contágio por meio da higiene" (Debré, 1995, p. 307). Ref. https://data.bnf.fr/en/12337285/felix_terrier/ Ref. https://historiadelamedicina.org/terrier.html Just Marie-Marcellin Lucas-Championnière 1843-1913 Cirurgião francês em hospitais de Paris. Membro da Academia de Ciências, secção de medicina e cirurgia (eleito em 1912). Membro da Academia de Medicina, seção de medicina operativa (eleito em 1894). Editor-chefe do "Journal of Practical Medicine and Surgery". - Neto do oficial Vendée Pierre-Suzanne Lucas de La Championnière. Just Lucas-Championnière é um médico francês, nascido em Saint-Léonard no Oise em 15 de agosto de 1843 e morreu em 22 de outubro de 1913 em Paris, de um acidente vascular cerebral, durante uma intervenção pública na Academia de Ciências durante a qual acabava de entregou uma importante comunicação sobre trepanação pré-histórica. Filho do doutor Just Lucas-Championnière (1803-1858), fundador da Revista de medicina prática e cirurgia , a primeira revista profissional amplamente distribuída destinada a clínicos gerais disponível nos CFDRMs , ele será codiretor com seu irmão Paul Championnière. Estagiário em medicina em 1866, passou sua tese de doutorado em 1870 antes de ingressar na 5ª ambulância internacional durante a guerra de 1870. Foi nomeado cirurgião hospitalar em 1874. Dirigiu sucessivamente os serviços cirúrgicos do hospital Cochin (maternidade), hospital Tenon, Hospital Saint-Louis, hospital Beaujon e, finalmente, Hôtel-Dieu, até sua aposentadoria em 1906. Em 1867, ainda estudante de medicina, Just Lucas-Championnière ficou intrigado com um artigo na revista médica The Lancet onde o cirurgião britânico Joseph Lister descreveu o trabalho de antissepsia, inspirado nas teorias de Louis Pasteur, que vinha desenvolvendo para dois anos na Glasgow Royal Infirmary. No ano seguinte, ele viajou para a Escócia para observar os métodos de Lister, fez amizade com ele e passou um mês em seu serviço. Em janeiro de 1869, publicou o primeiro artigo em francês sobre as virtudes da antissepsia. Ele será um propagandista fervoroso por toda a vida. Ele é o autor da primeira obra de referência francesa sobre este método, o Manual de cirurgia anti-séptica , publicado em 1875 (segunda edição 1880). Nomeado diretor da maternidade do hospital de Cochin, ele introduziu a antissepsia por meios muito simples: ensaboar as mãos antes das operações, tratar feridas com ácido carbólico. A queda da mortalidade no parto é espetacular: “Em seu departamento de Cochin, em 1878, a mortalidade era de apenas 2 por 1000, enquanto no mesmo ano, nos hospitais onde não se praticava antissepsia, a mortalidade às vezes era de 50 por 1000 ”. Também realizou inúmeros trabalhos considerados na época muito inovadores sobre a cura radical das hérnias (1880-1893) , a trepanação guiada por localizações cerebrais (1878) ou o tratamento de fraturas (1887-1895). Ele é o autor de Tratamento de fraturas por massagem e mobilização de 1895. Currículo: Eleito membro da National Academy of Medicine em 1894 e do Institut de France (Academy of Sciences) em 1912, Just Lucas-Championnière também foi cooptado por prestigiosas instituições estrangeiras: Royal College of Surgeons de Londres, Royal College Edinburgh Surgeons , New York Medical Academy. Ele também foi um doutor honorário da Universidade de Edimburgo e da Universidade de Sheffield. Foi eleito presidente da Sociedade de Cirurgia em 1894, da Associação Francesa de Cirurgia em 1901 e da Sociedade Internacional de Cirurgia em 1911. Na década de 1860, "São os cirurgiões que vão obrigar Pasteur a deixar de lado a timidez a respeito da medicina humana: explicitando as hipóteses do mestre, Alphonse Guérin, Just-Lucas Championnière, Stéphane Tarnier, Ulysse Trélat, Félix Terrier encorajam Pasteur a interpretar e exaltar os méritos da assepsia e da anti-sepsia, e a pregar o combate contra o contágio por meio da higiene" (Debré, 1995, p. 307). "Em 1869, um jovem cirurgião, Just Lucas-Championnière, vai a Glasgow para encontrar Lister. Ele volta entusiasmado, mas seu relatório, publicado no Journal de médicine et de chirurgie pratique, não convenceu ninguém. Ele vê recusada a solicitação para experimentar, na França, o método de Lister. Só consegue uma evolução das mentalidades em 1874: chamado para substituir o chefe do serviço do hospital Lariboisière, onde todos os feridos têm supuração, ele pode, então, mostrar a eficácia da anti-sepsia. Essa primeira experiência coincide com o início das relações diretas entre Lister e Pasteur" (Debré, 1995, p. 321). "Just Lucas-Championnière, um dos primeiros a introduzir as teorias de Pasteur no hospital, é neto de um chefe vendéen (nome dado durante a Revolução Francesa aos insurretos monarquistas do oeste da França) - seus adversários se aproveitam disso para acusá-lo de obscurantismo católico..." (Debré, 1995, p. 417). Ref. https://data.bnf.fr/en/12950431/just_lucas-championniere/ Ref. http://www.cfdrm.fr/CV_Just_Lucas-Championniere_fils_1843-1913.htm Ref. http://www.whonamedit.com/doctor.cfm/3332.html Mais informações: https://education.persee.fr/doc/revin_1775-6014_1913_num_66_2_9105 Mais informações: https://www.academie-sciences.fr/pdf/eloges/lucas_vol3268.pdf Étienne-Stéphane Tarnier 1828-1897 Médico obstetra francês. Pioneiro da medicina neonatal e inventor da incubadora. Stéphane Tarnier estudou medicina em Paris e se tornou o decano da obstetrícia na França durante a segunda metade do século XIX. Ele foi pioneiro em muitos avanços e encorajou uma abordagem perinatal para o parto que foi desenvolvida por seus discípulos, Budin e Pinard. Tarnier também cuidava da alimentação dos recém-nascidos e, mais particularmente, das crianças prematuras. O final da década de 1880 viu um verdadeiro boom na nutrição infantil, especialmente com as descobertas de Pasteur, e a esterilização então se tornou a regra. Ele se interessou pela causa e prevenção da febre puerperal, que na época ceifava a vida de uma em cada seis parturientes no hospital. Em 1857, Tarnier apresentou à Académie sua dissertação inaugural sobre o assunto. Ele mostrou que a mortalidade por sepsia puerperal foi 13 vezes maior no hospital do que nas mulheres que deram à luz no bairro fora e declarou estar convicto de que a doença era contagiosa. Tal sugestão foi considerada muito polêmica na época, mas seu chefe, Paul Dubois, ficou impressionado e o nomeou chefe da clínica da Maternité e, em 1867, cirurgião-chefe. Durante os 22 anos seguintes sob sua direção, a higiene do hospital foi melhorada; ele introduziu o isolamento de casos infectados e foi o primeiro na França a adotar a antissepsia de Lister, incluindo o spray de ácido carbólico e uma técnica de exclusão peritoneal para cesariana. A mortalidade por infecção puerperal na Maternité caiu de 93/1000 partos para 23/1000 no período de 1870-1880, e então para 7/1000 na década seguinte. Eventualmente, 1000 mulheres consecutivas deram à luz no hospital sem qualquer perda materna. Os estudos de Tarnier sobre a febre puerperal de mais de 40 anos foram publicados em 1894. 4 Em 1886, ele e Oliver Windell Holmes foram nomeados os honorários da Universidade de Edimburgo. Em 1891, Tarnier foi eleito presidente da Academia de Medicina de Paris. Ele estava sobrecarregado há muitos anos e seis anos depois decidiu se aposentar. No mesmo dia de sua aposentadoria, ele sofreu um derrame e morreu pouco depois, em 22 de novembro de 1897. Ele tinha 69 anos. Assim morreu um homem que era amado por seus alunos e adorado por seus pacientes. Ele havia lançado as bases do cuidado perinatal na França. Talvez, porém, sua maior contribuição tenha sido nos homens que treinou, homens como Pierre Budin e Alphonse Pinard que levaram adiante e desenvolveram seus conceitos. Na década de 1860, "São os cirurgiões que vão obrigar Pasteur a deixar de lado a timidez a respeito da medicina humana: explicitando as hipóteses do mestre, Alphonse Guérin, Just-Lucas Championnière, Stéphane Tarnier, Ulysse Trélat, Félix Terrier encorajam Pasteur a interpretar e exaltar os méritos da assepsia e da anti-sepsia, e a pregar o combate contra o contágio por meio da higiene" (Debré, 1995, p. 307). Ref. https://data.bnf.fr/en/13479433/etienne_tarnier/ Ref. https://fn.bmj.com/content/86/2/F137 Mais informações: https://fr.aleteia.org/2018/11/16/stephane-tarnier-le-medecin-qui-a-consacre-sa-vie-aux-meres-et-aux-enfants/ Mais informações: https://embryo.asu.edu/pages/etienne-stephane-tarnier-1828-1897 Mais informações: https://www.cambridge.org/core/books/eponyms-and-names-in-obstetrics-and-gynaecology/tarnier-etienne-stephane-18281897/4610AAE20D62E806A228DB3110C26C25 Próximo Grupo
- Academia Francesa | Pasteur Brasil
Academia Francesa Pasteur fica lisonjeado com as solicitações de candidatura à Academia Francesa, que além de literatos acolhe também políticos, membros de tribunais e das cátedras. Entrar na Academia Francesa seria aquilo que “muitos consideram como a honra suprema” (Debré, p. 418). Foi dito também que esta Academia era uma sociedade composta por 40 das pessoas mais importantes da França. Pasteur parece não duvidar da própria eleição, quaisquer que sejam os outros candidatos. Vários nomes são citados para ocupar a vaga, a exemplo de Ferdinand de Lesseps (canal de Suez), o poeta Sully Prudhomme (que será em 1901 o primeiro laureado do prêmio Nobel de Literatura), Paul de Saint-Victor (jornalista brilhante patrocinado / apoiado por Victor Hugo) e Victor Cherbuliez (romancista) (Debré, 1995, p. 419-420). A candidatura de Pasteur é apresentada por Ernest Legouvé, dramaturgo de sucesso, e tio avô de René Vallery-Radot, seu genro. Legouvé prepara o terreno e se encarrega de desencorajar os adversários. Pasteur então envia ao secretário vitalício da Academia Francesa, Camille Doucet sua candidatura oficial. Depois da morte de Claude Bernard, só resta o amigo Jean-Baptiste Dumas para representar os cientistas nesta Academia. Dos 40 membros, 38 votaram, sendo 20 a seu favor (em segundo lugar, Victor Cherbuliez recebeu 8 votos) (Debré, 1995, p. 420). Charles-Augustin Sainte-Beuve solicita a Pasteur sua candidatura na Academia Francesa. Conquanto suas opiniões, em política e religião, sejam opostas às de Pasteur, ele admira o cientista. E a recíproca é verdadeira (Debré, 1995, p. 143, 152, 154-159). Alexandre Dumas (filho) agradece a Pasteur por “querer ser um dos nossos” (Vallery-Radot, 1951, p. 313). Em 1º de janeiro de 1895 (ano da morte de ambos), Pasteur recebe todos os seus alunos e colaboradores para exprimir-lhes seus votos de fim de ano. Neste dia, também aparece Alexandre Dumas (filho), colega da Academia Francesa, para cumprimentá-lo (Debré, 1995, p. 546). Pasteur é admitido na Academia Francesa em 08/12/1881, pouco antes de completar 60 anos, sucedendo Émile Littré (Debré, 1995, p. 392). Quando Littré era vivo, Pasteur o presenteou com a obra escrita por ele em 1879 “Exame crítico de um escrito póstumo de Claude Bernard sobre a fermentação”. O livro contém uma dedicatória de Pasteur a Émile Littré: “ao senhor Littré, da Academia Francesa, homenagem de profundo respeito. L. Pasteur”. Pasteur e Littré se respeitam, mas existem entre eles diferenças: Littré é republicano, franco-maçon e positivista. Para Pasteur, os positivistas não entenderam o sentido do método científico, e afirma “Para julgar o valor do positivismo, meu primeiro pensamento foi procurar nele a invenção. Não achei. Como não me oferece nenhuma ideia nova, o positivismo me deixa reservado e desconfiado” (Debré, 1995, p. 413). As profundas razões que levam Pasteur a se opor à filosofia positivista são mais específicas, por exemplo, o positivismo rejeita o uso do microscópio, e separa a química da biologia, por exemplo. Entretanto, é a questão da existência de Deus, que Pasteur chama de infinito, que o afasta do positivismo. Pasteur diz: “aquele que proclama a existência do infinito reúne mais sobrenatural nessa afirmação do que o existente em todos os milagres de todas as religiões. (...) Vejo em toda a parte a inevitável expressão da noção do infinito no mundo. A ideia de Deus é uma forma da ideia do infinito” (Debré, 1995, p. 414). Ao ingressar na Academia, a preocupação de Pasteur passa a ser o discurso tradicional de sucessão, no qual deve elogiar o seu predecessor. Além do desacordo quanto ao positivismo, a antipatia de Pasteur deve-se a um desacordo político, pois Littré foi um dos primeiros a pedir a perda do trono de Napoleão III. Um longo espaço de tempo vai separar a eleição da recepção: mais de 4 meses. Pasteur passa todo o inverno a trabalhar nisso. À noite, se isola e tenta polir as frases. Contudo, não quer deixar de ser justo (em sua visão): o positivismo lhe parece um erro perigoso que é preciso combater, mas nada o impede de reconhecer as qualidades pessoais de Littré e o valor de seus trabalhos. Então, vai até a casa de campo onde vive a viúva e a filha de Littré. Lá Pasteur se sente comovido pela simplicidade com a qual Littré vivia, cujo trabalho, na intimidade da vida em família era sua verdadeira felicidade (Vallery-Radot, 1951, p. 313). Percorrendo a casa e o pequeno jardim onde Littré cultivava seus legumes e colhia frutas, Pasteur tenta compreendê-lo, mas considera um erro que o positivismo não tinha em conta a noção do infinito (Vallery-Radot, 1951, p. 315). Pasteur consulta Jean-Baptiste Dumas e Désiré Nisard, que revisam seus manuscritos. Eles foram escolhidos por Pasteur para serem seus padrinhos acadêmicos no dia da sessão solene na Academia Francesa (Vallery-Radot, 1951, p. 316). Em 27 de abril de 1882, Pasteur vai à cúpula. Nem todos os 40 membros estão presentes. Victor Hugo, doente, manda se desculpar pela ausência. No entanto, há relato de que “Louis Pasteur era sem dúvida um grande admirador de Victor Hugo. Em um manuscrito datado de 07/02/1885, pouco antes da morte do grande poeta, Pasteur escreve ´O menino sublime como Chateaubriand o chamou, merece ser chamado de velho sublime. Diante desta longevidade gloriosa, a França dá um espetáculo lindo. Sua aclamação é um grito de patriotismo”. Antes da eleição, Pasteur havia se apresentado a Victor Hugo, e este respondeu resmungando “O que o senhor diria se eu pretendesse ser eleito para a Academia de Ciências?” (Debré, 1995, p. 420). Em 27 de abril de 1882 Pasteur entra na Academia Francesa acompanhado dos dois padrinhos (Dumas e Nisard), com um estilo enérgico e físico robusto (como descreve um jornalista). Além dos vários membros da Academia e de toda a família de Pasteur, está presente também a princesa Matilde, que veio aplaudi-lo. Na época, alguns jornalistas destacam que neste mesmo dia, Charles Darwin, que havia falecido em 19 de abril, é enterrado com grande pompa na abadia de Westminster. Cabe lembrar que foi Littré quem popularizou na França as teorias sobre a evolução das espécies. Pasteur discursa com uma homenagem a Littré, mas também com a confissão quase imediata de um distanciamento filosófico. Pasteur mostra, em sua visão, o erro do positivismo ao querer suprimir a ideia de infinito (Vallery-Radot, 1951, p. 319). Também critica a pretensão positivista de encontrar um fundamento científico na política e sociologia devido ao grande número de fatores que concorrem para a solução de questões que elas levantam, e diz “nesse lugar onde as paixões humanas intervêm, o campo do imprevisto é imenso” (Debré, 1995, p. 423). O diretor da Academia Francesa em exercício, Ernest Renan (autor de Vida de Jesus), recebe Pasteur na Academia Francesa e profere um discurso após o cientista A obra e a personalidade de Renan foi descrita como situada na junção do espiritualismo com o positivismo. Convertido ao positivismo, torna-se o porta voz do ceticismo, embora continue a se dizer “católico fervoroso”. Em seu discurso, Renan diz que “na ordem intelectual também existem sentidos diversos, oposições aparentes que não excluem um fundo de similitude” (Debré, 1995, p. 424). Segue parte da resposta de Renan ao discurso de Pasteur: "Sua vida austera, inteiramente devotada à pesquisa altruísta, é a melhor resposta àqueles que consideram nosso século privado dos grandes dons da alma. Sua diligência meticulosa não queria conhecer distrações nem descanso. Recebam a recompensa pelo respeito que vos rodeia, por esta simpatia cujas marcas hoje tão numerosas se produzem ao vosso redor e, sobretudo, pela alegria de ter cumprido bem a vossa tarefa, de teres lugar na primeira fila". Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. VALLERY-RADOT, René. A Vida de Pasteur. 4ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Vecchi, 1951. https://www.abebooks.com/signed-first-edition/DEDICATED-PASTEUR-VICTOR-HUGO-Examen-critique/19603200427/bd Ref. http://www.academie-francaise.fr/reponse-au-discours-de-reception-de-louis-pasteur Academia Francesa em Paris, que funciona no mesmo endereço da Academia de Ciências. Ferdinand de Lesseps. Émile Littré Victor Hugo. Jean-Baptiste Dumas. Désiré Nisard. Charles Darwin. Ernest Renan. Continue lendo a biografia
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Louis Pasteur Vida e obra do cientista e seus contemporâneos Biografia resumida Conheça a trajetória de vida do cientista Em 27 de dezembro de 1822 nasce Louis Pasteur. A cidade natal, Dole, no Jura, surgiu no século XI, às margens do rio Doubs, na região de Bourgogne-Franche-Comté, no leste da França. Pasteur nasceu em família modesta. O pai, Jean-Joseph Pasteur, era curtidor e a mãe, Jeanne-Etienette Roqui, provinha de família de jardineiros. Continue lendo Principais Descobertas O cientista em ação Cristalografia Primeiras descobertas Fermentação Início da microbiologia científica Teoria dos Germes Extensão do método experimental Imunologia Estabelecimento da vacinação "No campo da experimentação, o acaso favorece as mentes preparadas". "A grandeza dos atos humanos mede-se pela intenção de que se originam". Louis Pasteur Louis Pasteur Mais Citações Instagram @PasteurBrasil
- Família Louis Pasteur | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Família Louis Pasteur Marie Anne Laurent (Marie Pasteur / Madame Pasteur) 1826-1910 *Ver a microbiografia de Marie Pasteur no grupo Família Laurent. Jeanne Pasteur 1850-1859 Francesa. Aos 9 anos, a primeira filha do casal Pasteur falece de febre tifoide. Jean-Baptiste Pasteur 1851-1908 Francês. Quando criança, os pais o chamavam de “Batitisse” ou “Batitim” (Debré, 1995, p. 83). Aos 18 anos, Jean-Baptiste se alista como voluntário na guerra, e logo depois contrai febre tifoide e fica de cama. Pasteur teme que esta doença leve também seu filho (Debré, 1995, p. 270-271). Esteve na guerra franco-alemã em 1870. Sem esperança de vitória, Pasteur e a esposa partem para o leste, em longa e penosa viagem, enfrentando neve na tentativa de encontrarem o filho. Vasculharam por dias até encontrá-lo sujo, ferido e faminto (Garozzo, 1974, p. 120-121; Viñas, 1991, p. 80; Bazin, 2009, p. 66). Depois de formado em Direito, foi recebido em janeiro de 1891 no concurso Quai d'Orsay e tornou-se secretário da embaixada e depois diplomata em Roma, Copenhague, Madrid e Atenas (Vallery-Radot, 1945, p. 118). Aos 23 anos casou-se com Jeanne Boutroux. O casal não teve filhos (Debré, 1995, p. 366). Leu o discurso do pai na inauguração do Instituto Pasteur, pois um ano antes Pasteur havia sofrido um novo AVC, seguido de afasia (Debré, 1995, p. 522; Geison, 2002, p. 301-302). Falece aos 57 anos, em 17/10/1908, dois anos antes da mãe (Vallery-Radot, 1945, p. 118). Jeanne Boutroux 1854-1932 Natural de Orleans, na França, Jeanne casa-se com Jean-Baptiste, filho de Pasteur, em outubro de 1874. O casal não teve filhos (Debré, 1995, p. 366). Em carta dirigida ao filho, Pasteur o aconselha: "Trabalhe, então, para conseguir sucesso. Que Jeanne encoraje sempre você. A mulher faz o marido. Todo casal que prospera é servido por uma mulher com coração e energia" (Debré, 1995, p. 368). Cécile Pasteur 1853-1866 Francesa. Aos 12 anos, a terceira filha do casal Pasteur também falece de febre tifoide. Marie-Louise Pasteur 1858-1934 Francesa. Apelidada de Zizi. Louis Pasteur chamava a filha de “a minha valente”. O prenome Marie-Louise sela a união de seus pais. Era zelosa em relação à imagem do pai, estando atenta às informações que eram publicadas com distorções (Debré, 1995, p. 140). Marie-Louise colaborava em atividades do laboratório. Exemplo disso são os registros “Observações sobre os bichos-da-seda” (1870). Casa-se em 1879 com René Vallery-Radot, um colega de escola de seu irmão, que começa a se projetar na literatura e no jornalismo (Debré, p. 368). O casal teve três filhos: duas meninas, Camille e Marie-Madeleine (falecida com poucas semanas de septicemia) e um menino, Louis. Camille Pasteur 1863-1865 Francesa. Aos 2 anos, a quinta filha do casal Pasteur falece de tumor no fígado. René Vallery-Radot 1853-1933 Francês. Doutor em Direito (Paris, 1876). Homem de letras, foi colaborador do jornal Le Temps e da Revue des deux Mondes. Dedicou-se à memória e à obra do sogro Louis Pasteur (1822-1895). Presidente do Conselho de Administração do Instituto Pasteur (1917-1933). O genro de Pasteur era seu confidente, zelava pela sua saúde e o acompanhava em viagens. O filho de René, Louis (Pasteur Vallery-Radot, p. 14-15) escreveu sobre o pai: “Não sabendo nada sobre biologia, ele tinha a paciência em aprender”. Em 1884 escreveu “Histoire d'un savant par un ignorant”, resumo dos estudos de Louis Pasteur. Em 1900 publica a biografia de Louis Pasteur (Vallery-Radot, 1951) e em 1913, a biografia de Madame Pasteur (Vallery-Radot, 1945). Entre 1879 e 1895, René Vallery-Radot ajudou o sogro a enfrentar seus detratores, fazendo contato com a imprensa, dando apoio nas respostas às cartas de polemistas e reescrevendo seus discursos. Com objetivo diplomático, auxiliou na adaptação dos textos a serem publicados na imprensa e reescreveu cartas redigidas com raiva por Louis Pasteur, pois o cientista era irascível. O desejo de Vallery-Radot de suavizar as coisas explica a surpresa que se pode ter quando, depois de ler seu livro "La Vie de Pasteur", mergulha-se na correspondência do próprio Pasteur, onde aspectos de seu temperamento o seu genro não conseguiu falar. Ref. https://data.bnf.fr/en/11986373/rene_vallery-radot/ Camille Vallery-Radot 1880-1927 Francesa. Neta de Pasteur, filha de Marie-Louise Pasteur e René Vallery-Radot. Como recordação às filhas perdidas por Louis Pasteur, os pais de Camille definem-se por nomeá-la igualmente à quinta filha do casal Pasteur. "Pasteur observa-a crescer, apaixonadamente. E, setembro de 1891, ele dita a sua esposa uma longa carta destinada à neta: é um relato detalhado da erupção do Krakatoa! Pasteur vira um vulcanólogo improvisado para satisfazer a curiosidade de Camille..." (Debré, 1995, p. 545). Camille permaneceu solteira e não teve filhos. Louis Pasteur Vallery-Radot 1886-1970 Francês. Doutor em medicina (Paris, 1918), professor de Clínica Médica na Faculdade de Medicina de Paris. Membro da Academia Francesa (1944). Membro do Conselho Constitucional (1959-1965). O neto de Louis Pasteur foi autorizado em 1945 a adicionar ao sobrenome de seu pai, Vallery-Radot, também o de sua mãe: Pasteur. Foi médico, professor universitário e escritor francês. Dedicou-se à Imunoalergologia e Nefrologia. Atuou como médico auxiliar durante a guerra de 1914-1918. Cumpriu missões internacionais de saúde (Europa, Ásia, Américas, Japão, África Equatorial Francesa) entre 1929 e 1938. Tornou-se doutor honoris causa pelas Universidades de Munique, Buenos Aires, São Paulo, Montreal, Santiago, Equador, Atenas, Salônica, Jerusalém. Torna-se membro do Conselho da Ordem da Legião de Honra, da qual foi feito Grã-Cruz pelo General Charles de Gaulle, em pessoa, em 1959. É autor de diversos livros, sendo os principais divididos a seguir, em três categorias: 1) Obra autobiográfica: Mémoires d'un non-conformiste (1886-1966). 2) Obras relacionadas com o seu avô, Louis Pasteur: Œuvres de Pasteur, 1924-1939; Les plus belles pages de Pasteur, 1943; Correspondance de Pasteur, annotée, 1952; Images de la vie et de l'œuvre de Pasteur, 1956; Louis Pasteur; a great life in brief, 1958; Pasteur inconnu, 1959. 3) Obras de reflexão sobre a Medicina e Humanismo: Les grands problèmes de la médecine contemporaine, fondateurs et doctrines, 1936; Science et Humanisme, 1956; Médecine à l'échelle humaine, 1959; Médecine d'hier et d'aujourd'hui, 1962. Aproxima-se do músico e compositor Claude Debussy a quem admira desde a infância e sobre o qual escreve um livro. Tinha paixão pela música e pelo teatro. Os avós, Louis Pasteur e Marie, vinham todos os dias depois do almoço, para a casa de seus pais. (…) Nós o cumprimentamos na soleira jogando nossos braços em volta do pescoço. Ele nos beijava. A barba nos picava. Que carinho ele tinha pelos dois netos! (…) Meu avô passava as tardes no jardim e a Sra. Pasteur ou minha mãe (Marie-Louise) estava a ler. Minha irmã e eu brincávamos com ele (…) sua ternura era muito forte... (Pasteur Vallery-Radot, Mémoires d'un non-conformiste 1886-1966, p. 20-22). Aos 51 anos casou-se com Jacqueline Gohièrre de Longchamps, a qual era viúva, com 2 casamentos prévios. O casal não teve filhos. Ref. https://data.bnf.fr/en/12358295/louis_pasteur_vallery-radot/ Ref. https://www.nytimes.com/1970/10/10/archives/louis-pasteurvallery-radot-french-physician-dies-at-84.html Jacqueline Gohièrre de Longchamps 1902-1986 Francesa. Esposa de Louis Pasteur Vallery-Radot. Antes de se casar com o neto de Louis Pasteur, Jacqueline havia tido dois casamentos prévios, e era viúva. O casal não teve filhos. Ref. https://artsandculture.google.com/asset/louis-pasteur-vallery-radot/LgHMQizuo3_Q7g Próximo Grupo
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Voltar para os Grupos Pasteurianos Jules Raulin 1836-1896 *Ver microbiografia de Jules Raulin no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Jules Raulin pertencia à primeira geração de estagiários, na época da química fermentativa. Passou a fazer parte da história das ciências como inventor de um novo caldo de cultura. Era um dos alunos preferidos de Pasteur e terminou sua carreira como professor de química industrial em Lyon. Raulin e Eugène Maillot ajudaram Pasteur no laboratório da Rua Ulm, inclusive logo após o seu 1º AVC. Eles iam até a casa de Pasteur para receber as ordens do dia e dar a continuidade aos experimentos (Debré, 1995, p. 521; Garozzo, 1974, p. 116). Eugène Maillot 1841-1889 *Ver microbiografia de Eugène Maillot no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Eugène Maillot e Jules Raulin ajudaram Pasteur no laboratório da Rua Ulm, inclusive logo após o seu 1º AVC. Eles iam até a casa de Pasteur para receber as ordens do dia e dar a continuidade aos experimentos (Debré, 1995, p. 521; Garozzo, 1974, p. 116). Désiré Jean Baptiste Gernez 1834-1910 *Ver microbiografia de Désiré Gernez no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Quando Pasteur vai a Paris com algumas mariposas e crisálidas saudáveis, retorna a Alès acompanhado de dois ex-alunos que se tornaram seus assistentes, Désiré Gernez e Eugène Maillot. Mais tarde, Émile Duclaux e Jules Raulin vão também se juntar a eles. Eles se engajam durante vários meses neste projeto e se estabelecem em uma casa que servirá de moradia para todos e que também será transformada em laboratório. Eles viviam em comunidade nesta grande casa, mantida sempre limpa. O trabalho era duro. Levantam-se às 4h30 para observar as larvas e no local era preconizada a mais rigorosa higiene (Debré, 1995, p. 215). Jules François Joubert 1834-1910 Doutor em Ciências Físicas (1874) francês. Professor de física. Inspetor Geral de Educação Secundária. Jules Joubert é da segunda geração, a da biologia médica. Professor de física em um liceu de Paris, vai para a rua Ulm testar a ação dos agentes físicos sobre os micróbios. Físico, antes de tudo, interrompe a colaboração com Pasteur para voltar aos campos magnéticos e aos solenoides, acabando como Inspetor da Academia de Paris (Debré, 1995, p. 377). Ref. https://data.bnf.fr/en/13479027/jules_joubert/ Mais informações: https://digital.sciencehistory.org/works/0k225b14x Charles-Édouard Chamberland 1851-1908 *Ver microbiografia de Charles Chamberland no grupo Doenças Infectocontagiosas. Charles Chamberland substitui Jules Joubert. Na época, tem 27 anos ao entrar para o laboratório. Suas origens no Jura despertam a simpatia de Pasteur. Alegre e bom vivant, possui uma mente engenhosa e aprecia a inovação técnica. Devemos a ele a invenção da autoclave. Uma curiosidade: ao se queixar de numerosos furúnculos no pescoço, nuca e coxa, Pasteur o examina e propõe uma experiência: colhe um pouco de pus de sua nuca e o cultiva. Deste modo, descobre o estafilococo, o mais frequente dos germes patogênicos (Debré, 1995, p. 384-385). Chamberland, no Instituto Pasteur é quem orienta o serviço das vacinas (Debré, 1995, p. 521). Louis Thuillier 1856-1883 *Ver microbiografia de Louis Thuillier no grupo Doenças Infectocontagiosas. Pierre-Augustin B ertin, físico, amigo desde a juventude de Pasteur é quem seleciona os primeiros estagiários entre seus próprios alunos. Louis Thuillier é um dos escolhidos e se dedica ao estudo da erisipela suína. Pasteur cria grande amizade pelo jovem e fica muito abalado com a sua morte precoce no Egito, onde havia ido estudar a cólera. Thuillier falece em serviço, na cidade de Alexandria, com apenas 26 anos. Émile Duclaux 1840-1904 *Ver microbiografia de Émile Duclaux no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Duclaux chega em 1862, em plena época da discussão sobre as gerações espontâneas. Mesmo atuando como professor de química, participa ativamente dos trabalhos de Pasteur, tanto na época do bicho-da-seda como nos estudos do vinho. Ele se torna o diretor técnico do laboratório. Muito ordeiro, controla para que tudo fique no lugar. É a ele que procuram quando é necessário tomar alguma decisão e não querem incomodar Pasteur. Diante das respostas de Pasteur a todos os seus contestadores, Duclaux, pela proximidade afetiva, escreve a Pasteur “enxergo perfeitamente o que o senhor perde nessas lutas: seu descanso, seu tempo, sua saúde. Procuro, em vão, o que o senhor pode ganhar com isso” (Debré, 1995, p. 364). No Instituto Pasteur, Duclaux é o responsável pela microbiologia geral (Debré, 1995, p. 521). Após a morte de Pasteur em 1895, Duclaux tornou-se diretor do Instituto, com Roux e Chamberland servindo como seus sub-diretores. Duclaux escreve a biografia de Pasteur, denominada Pasteur, histoire d'un esprit. Paris, França: Imprimerie Charaire, 1896. Participou da fundação de universidades populares e da Liga dos Direitos Humanos, e pela defesa do capitão Dreyfus, antes mesmo de Émile Zola, Duclaux é recebido com entusiasmo nos círculos Dreyfus, principalmente pela elite científica. A posição de Duclaux em março de 1898 o faz aparecer como um dos mais destacados porta-vozes dessa nova força que são os intelectuais. Duclaux é quem apresenta Émile Roux a Pasteur. Pierre-Paul-Émile Roux 1853-1933 *Ver microbiografia de Émile Roux no grupo Doenças Infectocontagiosas. Duclaux é quem apresenta Émile Roux a Pasteur. Na época, ele era um jovem estudante de Medicina e um dos mais assíduos ouvintes dos debates de Pasteur na Academia de Medicina. Sua chegada começa com a aplicação de uma injeção na ausência de Pasteur, o que contrariou Pasteur, mas a continuação da experiência mostrou que o jovem sabia o que estava fazendo, então Pasteur o escolheu como estagiário (Debré, 1995, p. 360, 379). Pessoa solitária, sem ambição aparente e que se tornará o mais próximo colaborador de Pasteur (Debré, 1995, p. 360, 379), Roux se torna, nas palavras de Debré (1995, p. 531-532) o campeão das terapias antiinfecciosas, com imensas contribuições na cura da difteria, por exemplo. É considerado também o discípulo mais contraditório de Pasteur. Em certas ocasiões ele não hesitava em se opor ao mestre, apesar de respeitar a hierarquia e os 30 anos de diferença de idade que os separavam. Quando Pasteur chegava a algum resultado, construía uma teoria e a expunha, Roux nunca deixava de procurar uma falha, o que se tornou irritante para Pasteur, que reclamava: “como esse Roux é desagradável. Se eu o escutasse, ele poria fim em qualquer coisa que eu quisesse realizar” (Debré, 1995, p. 379). O caráter de Roux é descrito como muito particular. Ele compreendia que a calma e a concentração eram as palavras mestras do laboratório, e embora fizesse críticas constantes, isso não o impedia de conservar o silêncio e de servir de filtro entre Pasteur e o mundo exterior. Na hora certa, por exemplo, se desembaraçava dos rivais de Pasteur, mantendo-os à distância. Durante 8 anos, Roux será o único médico admitido no laboratório da Rua Ulm. Ele se torna um inoculador de profissão, sabendo, por exemplo, injetar precisamente os germes (Debré, 1995, p. 382). No Instituto Pasteur, Roux é o responsável pela microbiologia médica técnica (Debré, 1995, p. 521). Roux dedicou 46 anos de sua vida ao Instituto Pasteur. Foi ele quem recomendou Oswaldo Cruzàs autoridades brasileiras para a criação de um laboratório (Lima & Marchand, 2005, p. 33). Foi um dos mais próximos colaboradores de Louis Pasteur, cofundador do Instituto Pasteur e descobridor do soro anti-difteria, a primeira terapia efetiva contra esta enfermidade. A Rua do Instituto Pasteur em Paris, se tornou Rua Doutor Roux. Edmond Isidore Etienne Nocard 1850-1903 *Ver microbiografia de Edmond Nocard no grupo Doenças Infectocontagiosas. Na época das pesquisas sobre a cólera, Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isidore Straus (Debré, 1995, p. 388). Adrien Charles Marie Loir 1862-1941 *Ver microbiografia de Adrien Loir no grupo Família Laurent. Adrien Loir, sobrinho de Pasteur (filho da irmã caçula de Marie Pasteur, Amélie), começa atuando como um estagiário onipresente, com o qual Pasteur pode contar, especialmente para completar seus movimentos devido ao braço paralisado. Pasteur dá suas diretrizes e traça planos dos ensinamentos ao seu sobrinho: aprender a soprar o vidro, assimilar as bases da cristalografia, melhorar a letra em curso de caligrafia. Uma curiosa relação se estabelece entre tio e sobrinho. Loir escreve, em tom de reclamação, que Pasteur o usava para realizar o que sua mente concebia. Também escolheu a formação que ele deveria fazer, no caso, Medicina (Debré, 1995, p. 381). A pedido de Pasteur, Loir vai à Rússia (Debré, 1995, p. 497), à Austrália (ficará por 5 anos) e lá fundará o primeiro Instituto Pasteur além-mar (Debré, 1995, p. 527, 528). Loir também funda o Instituto Pasteur de Túnis (capital da Tunísia, no norte da África) quando volta da Austrália (Debré, 1995, p. 541). Loir recorda que Pasteur era bastante influenciado pela visão de Duclaux, e que se tornava calmo e se punha a trabalhar, diferentemente de Roux (Debré, 1995, p. 379). Loir escreveu a obra "A l'ombre de Pasteur: souvenirs personnels" (Na sombra de Pasteur: memórias pessoais) pela editora Le Mouvement Sanitaire,1938. Adrien Loir desempenhou um papel importante ao lado de Pasteur, ele mesmo, como seu assistente pessoal e, em seguida, como um agente para a difusão da ciência pasteuriana em todo o mundo. No entanto, Loir permaneceu nas sombras. "Algo aconteceu em sua vida: quando ele havia sido mais ou menos casado por sua família com uma filha de um amigo da família, ele se divorciou dessa mulher e saiu com a babá das crianças, depois se casou novamente com essa outra mulher. E isso foi extremamente desaprovado. Na época, ele foi rejeitado pelos pasteurianos, por sua família, etc. Foi por isso que ele foi completamente esquecido" [Maxime Schwartz, em trecho traduzido livremente da obra Le Neveu de Pasteur ou la Vie aventureuse d'Adrien Loir, acadêmico e globetrotter (1862-1941) , publicado por Odile Jacob, em março de 2020]. Mais informações: https://en.odilejacob.fr/catalogue/documents/biographies-memoirs/pasteurs-nephew_9782738151353.php Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/research-journal/news/pasteur-s-nephew-adventurous-life-adrien-loir-scholar-and-globe-trotter Mais informações: https://www.franceculture.fr/emissions/le-cours-de-lhistoire/un-destin-pour-le-soin-quatre-figures-de-lhistoire-du-soin-et-de-la-medecine-14-adrien-loir-etre-le Mais informações: https://atlantico.fr/article/decryptage/adrien-loir--une-vie-a-l-ombre-de-louis-pasteur-histoire-science-decouverte-medecine-biologie-virus-epidemie-cholera-rage-annick-perrot-maxime-schwartz Élie Metchnikoff (Ilya Ilyich Mechnikov) 1845-1916 Microbiologista e zoólogo russo. Professor de zoologia em Odessa, Ucrânia (1870), diretor do instituto bacteriológico de Odessa, Ucrânia (1870-1882), colaborador científico do Instituto Pasteur, Paris (1888-1916). Prêmio Nobel de Medicina (em 1908). Ilya Ilyich Mechnikov nasceu em 15 de maio de 1845, em uma vila perto de Kharkoff, na Rússia. Ele era filho de um oficial da Guarda Imperial, que era proprietário de terras nas estepes da Ucrânia. Sua mãe, née Nevakhowitch, era de origem judaica. Mechnikov foi para a escola em Kharkoff e, mesmo quando era pequeno, tinha um interesse apaixonado por história natural, sobre a qual costumava dar palestras para seus irmãos menores e outras crianças. Na época, ele estava especialmente interessado em botânica e geologia. Quando ele deixou a escola, ele foi para a Universidade de Kharkoff para estudar ciências naturais e trabalhou lá tanto que foi capaz de concluir o curso de quatro anos em dois anos. Graduando-se em Kharkoff, ele foi, primeiro para estudar a fauna marinha em Heligoland, e depois para a Universidade de Giessen, onde trabalhou com Leuckart. Posteriormente, ele foi para a Universidade de Göttingen e a Academia de Munique, onde trabalhou no laboratório de von Siebold. Enquanto ele estava em Giessen, ele descobriu, em 1865, a digestão intracelular em um dos platelmintos, uma observação que influenciou suas descobertas posteriores. Em Nápoles preparou uma tese de doutorado sobre o desenvolvimento embrionário da choco.Sepiola e o Crustáceo Nelalia. Em 1867 ele retornou à Rússia, tendo sido nomeado docente na nova Universidade de Odessa e de lá ele foi assumir um cargo semelhante na Universidade de São Petersburgo. Mas em 1870 ele foi nomeado Professor Titular de Zoologia e Anatomia Comparada na Universidade de Odessa. Em São Petersburgo, ele conheceu sua primeira esposa, Ludmilla Feodorovitch, que sofria de tuberculose tão grave que teve de ser carregada em uma cadeira para o casamento na igreja. Por cinco anos Mechnikov fez tudo o que pôde para salvar sua vida, mas ela morreu em 20 de abril de 1873. Destruído por essa perda, perturbado por problemas de visão e coração e por dificuldades na Universidade, Mechnikov tornou-se, nessa época, tão pessimista que ele tentou tirar a própria vida engolindo uma grande dose de ópio; mas, felizmente para ele e para o mundo, ele não morreu. Foi em Odessa, de fato, que conheceu a sua segunda mulher, Olga, com quem se casou em 1875. Em 1880 a sua segunda mulher teve um grave ataque de febre tifoide e, embora não tenha morrido, Mechnikov, cuja saúde ainda era fraca, mais uma vez tentou tirar a própria vida. Desta vez, no entanto, ele decidiu, para evitar o constrangimento de sua esposa e de outros, fazer isso por meio da experiência científica de se inocular com febre recorrente para descobrir se ela era transmissível pelo sangue. O ataque de febre recorrente que se seguiu foi severo, mas não o matou. Em 1882, após sua recuperação desta doença, Mechnikov renunciou à sua nomeação em Odessa por causa de dificuldades na Universidade durante o período de governo reacionário que se seguiu ao assassinato de Alexandre II. Em seguida, foi a Messina para continuar, em um laboratório particular que instalou ali; seu trabalho em embriologia comparada, e foi aqui que ele descobriu o fenômeno da fagocitose ao qual seu nome sempre será associado. Essa descoberta foi feita quando Mechnikov observou, nas larvas de estrelas do mar, células móveis que poderiam, segundo ele, servir como parte das defesas desses organismos e, para testar essa ideia, introduziu neles pequenos espinhos de uma tangerina que tinha foi preparado como uma árvore de Natal para seus filhos. Na manhã seguinte ele encontrou os espinhos circundados por células móveis e, sabendo que, quando ocorre inflamação em animais que possuem um sistema vascular sanguíneo, os leucócitos escapam de seus vasos sanguíneos. Voltando a Odessa, Mechnikov visitou Viena no caminho e explicou suas ideias a Claus, professor de zoologia da cidade, e foi Claus quem sugeriu o termo fagócito para as células móveis que agem dessa maneira. Finalmente, em 1883, Mechnikov deu, em Odessa, seu primeiro artigo sobre fagocitose. Além de sua importância fundamental na imunologia, a descoberta teve uma influência marcante no próprio Mechnikov. Ele mudou completamente sua visão da vida; abandonou sua filosofia pessimista e decidiu encontrar mais provas de sua hipótese. Alguma prova disso ele encontrou no pequeno crustáceo Daphnia de água doce, no qual ele descobriu que os esporos de fungos que o atacavam eram eles próprios atacados pelos fagócitos do crustáceo. Ele então estudou os bacilos do antraz e descobriu que as cepas mais virulentas desses não eram atacadas pelos fagócitos, enquanto as cepas menos virulentas eram. Durante este período, Mechnikov foi nomeado Diretor de um Instituto estabelecido em 1886 em Odessa para realizar o tratamento da vacina contra a raiva de Pasteur, mas havia muita hostilidade local a esse tratamento. Mechnikov descobriu que, em parte por não ser médico, as circunstâncias se tornaram tão difíceis que, em 1888, ele deixou Odessa e foi a Paris pedir conselho a Pasteur. Quando Pasteur ouve falar das descobertas deste russo sobre a fagocitose, manda publicar seus trabalhos nos Anais do Instituto Pasteur e lhe outorga um duplo posto: diretor do laboratório de microbiologia morfológica e chefe de serviço no Instituto Pasteur (Debré, 1995, p. 521, 533-534). Ali ele permaneceu para o resto de sua vida. Além de seu trabalho sobre fagocitose, Mechnikov publicou, durante seu período inicial de atividade científica, muitos artigos sobre embriologia de invertebrados. Estes incluíram trabalhos sobre a embriologia de insetos, publicados em 1866, e, em 1886, seus estudos sobre a embriologia de Medusas. No Instituto Pasteur em Paris, Mechnikov estava envolvido no trabalho associado ao estabelecimento de sua teoria da imunidade celular, que, como muitos grandes avanços da ciência, encontrou considerável hostilidade. Ele publicou, durante este período, vários artigos e dois volumes sobre a patologia comparativa da inflamação (1892), e seu tratado intitulado L'Immunité dans les Maladies Infectieuses (Imunidade em doenças infecciosas, 1901). Em 1908 ele foi premiado, junto com Paul Ehrlich , o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina. Além desse trabalho, ele, junto com Roux, provou que a sífilis pode ser transmitida para macacos. Mais tarde, ele se dedicou ao estudo da flora do intestino humano e desenvolveu uma teoria de que a senilidade se deve ao envenenamento do corpo por produtos de algumas dessas bactérias. Para evitar a multiplicação desses organismos, ele propôs uma dieta contendo leite fermentado por bacilos que produzem grandes quantidades de ácido láctico e por um tempo essa dieta tornou-se amplamente popular. Mechnikov recebeu muitas distinções, entre as quais o honorário D. Sc. da Universidade de Cambridge, a Medalha Copley da Royal Society da qual era um membro estrangeiro, os membros honorários da Academia de Medicina de Paris e das Academias de Ciências e de Medicina de São Petersburgo. Além disso, ele era um membro correspondente de várias outras sociedades e um membro estrangeiro da Sociedade Médica Sueca. Fotos tiradas quando ele trabalhava no Instituto Pasteur mostram-no com cabelo comprido e uma barba desgrenhada. Diz-se dele que, nessa época, geralmente usava galochas em todos os climas e carregava um guarda-chuva, seus bolsos estavam cheios de artigos científicos, e que sempre usava o mesmo chapéu. A partir de 1913, Mechnikov começou a sofrer ataques cardíacos e, embora tenha se recuperado por um tempo e se recuperado da angústia que a Guerra de 1914-1918 lhe causou, ele morreu em 15 de julho de 1916. Ref. https://data.bnf.fr/en/12938930/il_a_il_ic_mecnikov/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1908/mechnikov/biographical/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Elie-Metchnikoff Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/history/ilya-mechnikov-elie-metchnikoff-french-1845-1916 Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/elie-metchnikoff Nicolas Gamaleia (Nikolay Gamaleya) 1859-1949 Médico microbiologista russo. Metchnikoff trabalhou na mesma estação bacteriológica na Rússia que Nicolas Gamaleia, que foi diretor do Instituto da Raiva na cidade de Odessa. No Instituto Pasteur, Gamaleia foi o responsável pela pesquisa em microbiologia médica (Debré, 1995, p. 521). Gamaleya veio de uma família ucraniana que havia crescido por meio do serviço ao país desde o século XVII. Seu pai, Fyodor Mikhailovich Gamaleya, era um soldado; sua mãe, Karolina Vikentievna Gamaleya, era de origem polonesa. Tendo se formado no Gymnasium em 1876, Gamaleya matriculou-se na Faculdade de Física e Matemática da Universidade Novorossysky. Enquanto estudante lá, ele ficou fascinado com biologia. Um de seus professores foi EI Mechniknov, e em Estrasburgo, onde Gamaleya passava férias, ele estudou bioquímica com Hoppe-Seyler. Depois de se formar na universidade em 1881, Gamaleya matriculou-se na Academia Médica Militar de São Petersburgo, então o centro de educação médica na Rússia. Seus professores incluíram figuras proeminentes como SP Botkin. V. V, Pashutin e VA Manassein. Após a formatura em 1883 com o título de médico, Gamaleya voltou para Odessa. O jovem médico interessou-se ativamente pela bacteriologia, uma ciência então em sua infância, e conduziu pesquisas em um laboratório bacteriológico que havia instalado em seu apartamento. A inoculação bem-sucedida de Pasteur contra a raiva em 1885 determinou definitivamente os interesses científicos de Gamaleya. Em 1886, a Odessa Society of Physicians o encarregou de se familiarizar no laboratório de Pasteur com a técnica de inoculação anti-rábica. Sua persistência e curiosidade, conhecimento médico e treinamento microbiológico lhe permitiram dominar o método. A convivência com Pasteur foi o início de uma colaboração criativa e de uma amizade pessoal que foi fortalecida pela luta com os oponentes do método de Pasteur. Na época de críticas especialmente duras a seu método na Inglaterra, Pasteur pediu a Gamaleya que o defendesse. Gamaleya foi o primeiro a se inocular com a vacina anti-rábica, provando assim sua inocuidade para um organismo saudável. Em 1886, a segunda estação bacteriológica mundial - já havia uma em Paris - foi instalada em Odessa, com a participação de Mechnikov e Gamaleya. Ali as inoculações anti-rábicas foram administradas com sucesso de acordo com o método de Pasteur, que sem dúvida era sua melhor propaganda e defesa. Defensor fervoroso desse método, Gamaleya o utilizou amplamente e introduziu importantes acréscimos à sua base teórica e valiosos refinamentos práticos. Em preparações contendo o vírus vivo, Gamaleya estabeleceu que a eficácia da vacinação anti-rábica depende de seu conteúdo quantitativo. Com base neste princípio, ele desenvolveu um método intensivo de vacinação através da utilização de tecido cerebral menos sujeito a ressecamento. Além disso, ele descobriu que a imunidade anti-raiva inoculativa é fisiologicamente limitada e que a vacinação é ineficaz contra a raiva manifesta, bem como durante o período latente da infecção (cerca de quatorze dias). Na década de 1880, Gamaleya estudou questões relacionadas ao preparo de uma vacina contra a peste siberiana (antraz). Em 1887, ele descobriu um vibrião semelhante ao da cólera nos intestinos de aves doentes, que chamou de bacilo Mechnikov. O estudo desse bacilo marcou o início de muitos anos de pesquisas sobre o cólera. No laboratório de Pasteur, bem como nos de Charles Bouchard e Joseph Strauss, Gamaleya estudou os fenômenos de inflamação e os processos pelos quais os micróbios são destruídos em um organismo. Ele acreditava que os micróbios que invadem um organismo vivo estão sujeitos à ação de dois fatores intimamente relacionados - humoral e celular, ou seja, a ação de anticorpos solúveis produzidos pelas células do sistema reticuloendotelial. Esta pesquisa produziu novos dados e conceitos sobre esses fenômenos. Retornando à Rússia em 1892 da França, onde trabalhou por um total de seis anos, Gamaleya iniciou seu estudo sobre cólera. Em 1893, ele defendeu sua tese de doutorado, Etiologia kholery s tochki zrenia eksperimentalnoy patologii (“A etiologia do cólera do ponto de vista da patologia experimental”). O estudo da cólera e a luta contra esta doença ocuparam um lugar de destaque no trabalho científico de Gamaleya e em suas atividades como médico. Em 1899, Gamaleya publicou o livro didático Osnovy obshchey bakteriologii (“Foundations of General Bacteriology”); suas generalizações frutíferas e visões originais sobre questões fundamentais em bacteriologia tiveram grande significado para o desenvolvimento da nova ciência. A hipótese de uma origem viral para o câncer foi declarada pela primeira vez neste livro e, em 1910, Mechnikov apoiou essa hipótese. Até 1910, Gamaleya trabalhou em Odessa no Instituto Bacteriológico-Fisiológico por ele fundado, lecionou bacteriologia geral na escola de estomatologia e publicou diversos trabalhos. A importância de Gamaleya na história da bacteriologia é como um destacado pesquisador e lutador contra a peste bubônica. Em 1902, em conexão com uma epidemia de peste que eclodiu em Odessa, Gamaleya iniciou uma investigação teórica de sua epidemiologia. O sistema de medidas práticas que ele desenvolveu teve um significado decisivo na liquidação e prevenção dessa temida doença. No período anterior à Revolução de 1917, Gamaleya se preocupou ativamente com a prevenção de epidemias. Em 1908-1909, ele conduziu investigações sobre o tifo; ele foi o iniciador de um programa de fumigação na Rússia. De 1912 a 1928 ele estudou a varíola, que era endêmica na Rússia. Como diretor do Instituto de Inoculação da Varíola, ele desenvolveu um meio novo e refinado de obter detritos da varíola. O estudo exaustivo da teoria e do uso prático das inoculações contra a raiva permitiu a Gamaleya explicar as causas das falhas observadas na aplicação do método e propor o denominado método intensivo, que foi imediatamente aceito por Pasteur e divulgado amplamente. uso em casos críticos de raiva. O trabalho de Gamaleya na raiva paralítica, então não estudado, foi importante. Sua pesquisa ganhou o grande apreço de Pasteur, que em 1887 expressou seu “grande apreço por seus raros serviços”. As propostas de Gamaleya em relação à luta contra a cólera foram excepcionalmente valiosas na Rússia pré-revolucionária, onde o baixo nível de saneamento levou a uma ampla propagação de doenças epidêmicas. Em oposição à ideia então aceita de que a cólera era transmitida exclusivamente por contato pessoal, Gamaleya argumentou que as epidemias resultavam da multiplicação colossal de bacilos da cólera em águas estagnadas. Nesse sentido, ele insistiu na máxima observância das medidas de saneamento em áreas densamente povoadas. Além disso, Gamaleya propôs que a vacinação contra o cólera fosse administrada como profilaxia. O sucesso desse arranjo levou à eliminação completa da cólera na União Soviética na década de 1920. Em 1883, Mechnikov expressou sua teoria da imunidade por fagócitos. Gamaleya voltou-se para um estudo do mecanismo de imunidade contra o antraz. Experimentos extensos e cuidadosos na preparação de vacinas e estudo microscópico de sua ação sobre os bacilos do antraz em todos os organismos permitiram a Gamaleya estabelecer a importante regularidade da relação entre a febre no organismo vacinado e a fabricação de anticorpos. O estudo da epidemiologia da peste bubônica confirmou que ela foi transferida por pulgas em roedores. Tendo explicado, em particular, o papel dos ratos cinzentos como portadores da peste, Gamaleya lançou uma campanha durante uma epidemia de peste para seu extermínio completo nas cidades. Ele também demonstrou que icterícia epidêmica, sarna e tifo também são transmitidos por ratos. Seguindo a sugestão de Gamaleya, os ratos foram aniquilados não só por veneno, mas também com a ajuda de micróbios pertencentes ao grupo dos paratifóides. As muitas investigações de Gamaleya sobre o tifo foram o resultado de muito trabalho na vigilância do saneamento público. Já em 1874, o médico GN Minkh, tendo-se inoculado com o sangue de uma pessoa que sofria de febre recorrente, provou a contagiosidade da doença e levantou a hipótese de que fosse transmitida por piolhos. Em 1908, Gamaleya confirmou essa hipótese por meio de investigações epidemiológicas. Estudando métodos de aniquilação de piolhos, ele descobriu que o único método eficaz era o tratamento com calor seco (100 ° C) dos insetos infectados, já que seu comportamento não é determinado por quimiotaxia, como se supunha, mas apenas por termotaxia. Ao estudar a tuberculose, Gamaleya descobriu vários tipos de micróbios que causam a doença. Em 1910, ele descobriu um método para o cultivo do bacilo da tuberculose em meio artificial. Ele trabalhou persistentemente na criação de imunidade à tuberculose e métodos específicos para o tratamento da doença. Gamaleya contribuiu muito para a história da virologia. Ele foi o primeiro a afirmar, já em 1886, que os vírus filtráveis são patógenos de várias doenças. O desenvolvimento subsequente da virologia confirmou essa visão brilhante. O estudo da inflamação e dos processos de destruição dos micróbios levou Gamaleya à descoberta, em 1898, de certas substâncias bacteriolíticas que destroem os micróbios. Esses agentes até então desconhecidos revelaram-se bacteriófagos, cuja presença na natureza foi confirmada por d'Hérelle. Depois de 1917, Gamaleya trabalhou com sucesso em problemas de imunologia, virologia e tuberculose. Questões de saneamento, higiene e medicina profilática continuaram a ser o centro de sua atenção. Ele foi o diretor científico do Instituto Central de Microbiologia e Epidemiologia (1929-1931), que agora leva seu nome. Em 1931, ele chefiou a organização do Instituto de Epidemiologia e Microbiologia de Yerevan. A partir de 1938, Gamaleya chefiou o departamento de microbiologia do Segundo Instituto de Medicina de Moscou. Ele serviu como organizador e presidente permanente da All-Union Society of Microbiologists, Epidemiologists e Infectionists. Das mais de 350 obras de Gamaleya, mais de 100 - principalmente obras e monografias fundamentais - foram escritas depois de 1917. Muitas foram traduzidas e publicadas em diversos idiomas. Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/gamaleya-nikolay-fyodorovich Jacques-Joseph Grancher 1843-1907 *Ver microbiografia de Joseph Grancher no grupo Vacinação: Raiva. Joseph Grancher dirige, no Instituto Pasteur, o departamento da raiva com André Chantemesse (Debré, 1995, p. 521). André Chantemesse 1851-1919 Médico e biólogo francês vinculado ao Instituto Pasteur (1885-1897). Membro do Conselho de Administração (em 1909). Inspetor-geral dos serviços de saúde (1893-1908). Professor de patologia experimental e comparativa na Faculdade de Medicina de Paris (1897-1903). André Chantemesse foi um bacteriologista francês nascido em Le Puy-en-Velay, Haute-Loire. De 1880 a 1885 atuou como interne des hôpitaux em Paris, obtendo seu doutorado em 1884 com uma dissertação sobre meningite tuberculosa adulta intitulada Étude sur la méningite tuberculeuse de l'adulte les formes anormales en particulier. Em 1885, ele viajou para Berlim para estudar bacteriologia no laboratório de Robert Koch (1843-1910). Após seu retorno a Paris, ele tornou-se associado à obra de Louis Pasteur. Em 1886, ele iniciou uma extensa pesquisa sobre a febre tifoide. Em colaboração com Georges-Fernand Widal (1862–1929), ele estudou a etiologia da doença e, em 1888, desenvolveu uma inoculação antitifoide experimental. Também com Widal, isolou o bacilo causador da disenteria, mas os dois cientistas não conseguiram estabelecer a ligação etiológica da doença. De 1897 a 1903 foi professor de patologia comparativa e experimental em Paris, tornando-se membro da Académie de Médecine em 1901. Em 1904 tornou-se membro do conselho editorial dos Annales de l'Institut Pasteur. Joseph Grancher dirige, no Instituto Pasteur, o departamento da raiva com André Chantemesse (Debré, 1995, p. 521). André Chantemesse foi enviado por Pasteur para junto do sultão Abdül-Hamid II para estudar as causas das epidemias de cólera e sugeriu fundar um laboratório de microbiologia na Turquia (Debré, 1995, p. 540). Ref. https://data.bnf.fr/en/12011714/andre_chantemesse/ Ref. https://mahlerfoundation.org/mahler/contemporaries/andre-chantemesse/ Mais informações: https://www.laposte.fr/toutsurletimbre/connaissance-du-timbre/dicotimbre/timbres/andre-chantemesse-2229 Mais informações: https://phototheque.pasteur.fr/en/asset/fullTextSearch/WS/HOME_MENU/node/95/slug/typhoid-fever/nobc/1/page/1 Albert-Léon-Charles Calmette 1863-1933 Médico bacteriologista francês. Fundador do Instituto Pasteur de Lille. Professor Catedrático de Bacteriologia e Higiene da Faculdade de Lille. Vice-diretor do Instituto Pasteur de Paris (1917-1933). Desenvolveu a vacina BCG, em colaboração com Camille Guérin (1921). Membro da Academia Francesa de Ciências. Albert Calmette ficou mais conhecido por estabelecer a cepa viva atenuada do bacilo da tuberculose que foi usada como vacina contra a tuberculose. O Bacillus Calmette-Guérin (BCG) foi originalmente produzido por Calmette e Camille Guérin em 1906. Desde a década de 1920, o BCG é utilizado como vacina contra a tuberculose em crianças. Calmette também conduziu estudos de venenos, imunizou animais para criar soros terapêuticos e investigou vacinas para a peste bubônica e purificação de água. Calmette entra para o laboratório de Émile Roux em 1890. Ele era médico da marinha. Apaixonado pela microbiologia, levava consigo um microscópio em todas as campanhas e andava atrás de micróbios em várias partes. Mostra seu trabalho a Roux que logo fica impressionado. Trabalha por um tempo em Paris. Pasteur, para aproveitar a sua experiência na Indochina, o envia para fundar em Saigon um laboratório de preparação de vacinas antivariólicas e anti-rábicas, que será o Instituto Pasteur de Saigon (Debré, 1995, p. 537). Pouco antes de morrer, Pasteur confia a Calmette a missão de criar e dirigir um Instituto Pasteur em Lille. Nesta época, Calmette começa com Camille Guérin suas pesquisas sobre o bacilo da tuberculose que terá como resultado a vacina BCG. No curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose (Debré, 1995, p. 538, 522, 531). Ref. https://data.bnf.fr/en/12360554/albert_calmette/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Albert-Calmette Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/leon-charles-albert-calmette Alexandre-Émile-John Yersin 1863-1943 Médico bacteriologista suíço. Descobridor do bacilo da peste (Yersinia pestis) em 1894. Doutor em medicina (Paris, 1888). Grande Oficial da Legião de Honra (1939). Alexandre Yersin recebeu sua educação secundária em Lausanne antes de entrar na Academia; posteriormente frequentou a Universidade de Marburg e a Faculdade de Medicina de Paris. Tendo se cortado durante a autópsia de um paciente que morrera de raiva, Yersin imediatamente contatou Émile Roux, um dos colaboradores mais brilhantes de Pasteur, que lhe deu uma injeção de um novo soro terapêutico que salvou sua vida. Este incidente colocou Yersin em contato próximo com Roux, que o contratou como seu assistente em 1888 e com quem conduziu pesquisas sobre raiva. Ele então trabalhou com Robert Koch, em Berlim, colaborando com o famoso microbiologista em sua pesquisa sobre o bacilo da tuberculose. Ao retornar a Paris, Yersin iniciou sua própria pesquisa com Roux, no Instituto Pasteur, sobre as propriedades tóxicas do bacilo da difteria. Em 1889, entretanto, ele embarcou repentinamente como médico de navio em um vapor com destino a Saigon e Manila. Ele voltou para Paris e partiu novamente para a Indochina; e durante três expedições perigosas ao interior, ele descobriu o planalto de Langbiang, onde fundou uma pequena aldeia colonial. A área logo se tornou um centro de férias para europeus, e a cidade de Dalat foi desenvolvida ali. Em 1935, as autoridades municipais estabeleceram o Liceu Yersin em Dalat. Em 1894, Yersin tornou-se oficial médico do serviço colonial francês e fez pesquisas sobre a epidemia de peste bubônica que assolava a China, a fim de determinar as medidas que deveriam ser tomadas para evitar sua propagação à Indochina. Em um pequeno laboratório de pesquisa bacteriológica, criado para ele em Hong Kong, ele descobriu a bactéria da peste, praticamente ao mesmo tempo que Kitasato o fez de forma independente; e depois de muito trabalho, isolou um soro eficaz. Em 1904, ele foi chamado de volta a Paris e continuou suas pesquisas no Instituto Pasteur, do qual Roux havia se tornado diretor. Com Albert Calmette e Amédée Borrel, ele fez a importante observação de que certos animais podem ser imunizados contra a peste por meio da injeção de bactérias mortas da peste. Ele então retornou a Nha Trang, onde uma filial do Instituto Pasteur havia sido estabelecida sob sua direção. Lá, em modestos laboratórios, Yersin aperfeiçoou um soro anti-praga que tornou possível reduzir a taxa de mortalidade de 90% para cerca de 7%. Com a ajuda de Paul Doumer, então governador-geral da Indochina, uma escola de medicina foi fundada em Hanói; Yersin dirigiu este centro de estudo e pesquisa por muitos anos. Por meio do trabalho de Yersin, a Indochina conseguiu controlar as epidemias que assolam o país, especialmente a malária. Em homenagem às suas conquistas médicas, o governo francês nomeou Yersin como diretor honorário do Instituto Pasteur. Além de sua atividade científica e médica na Indochina, Yersin conduziu pesquisas na área de agronomia. Seu interesse pelo cultivo de grãos e pelas condições do solo o levou a iniciar uma série de estudos ecológicos. Também refletiu sobre a história natural da Indochina, tendo-se fascinado pela flora e fauna de seu país de adoção. Yersin ficou profundamente preocupado com as necessidades dos doentes e dos pobres e lutou muito contra a exploração das classes mais baixas. Durante o curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose. Ao mesmo tempo, ele trabalhava na Santa Casa de Misericórdia na unidade de Charles Richet, onde fazia a necropsia de pacientes que morriam de raiva. No local, durante uma necropsia, encontra Roux e eles se entendem profundamente. Em 1886, Yersin passa todas as tardes no laboratório na Rua Ulm onde assiste Roux nas preparações e se torna o estagiário pessoal de Roux. Pasteur o encarrega de fazer os curativos nos doentes. Desde a criação do Instituto Pasteur, ele vai participar, aos 25 anos, dos primeiros trabalhos sobre a toxina diftérica (Debré, p. 538, 522, 531). No idioma português, a biografia de Alexandre Yersin pode ser lida na obra "Peste e Cólera" de Patrick Deville, Editora 34, 2017. Ref. https://data.bnf.fr/en/12366805/alexandre_yersin/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/yersin-alexandre Charles Robert Richet 1850-1935 Fisiologista francês. Membro da Academia de Ciências. Professor de fisiologia na Faculdade de Medicina de Paris (1887-1925). Prêmio Nobel de Medicina em 1913. Fundador da Metapsíquica. Charles Richet nasceu em 26 de agosto de 1850, em Paris. Ele era filho de Alfred Richet, Professor de Cirurgia Clínica na Faculdade de Medicina de Paris, e de sua esposa Eugenie, nascida Renouard. Ele estudou em Paris, tornando-se Doutor em Medicina em 1869, Doutor em Ciências em 1878 e Professor de Fisiologia a partir de 1887 na Faculdade de Medicina de Paris. Durante 24 anos (1878-1902) foi Editor da Revue Scientifique , e a partir de 1917 foi co-editor do Journal de Physiologie et de Pathologie Générale . Ele publicou artigos sobre fisiologia, química fisiológica, patologia experimental, psicologia normal e patológica e numerosas pesquisas feitas no laboratório fisiológico da Faculdade de Medicina de Paris, onde tentou estudar fatos normais e patológicos juntos. Em fisiologia, ele trabalhou o mecanismo de termorregulação em animais homoiotérmicos. Antes de suas pesquisas (1885-1895) sobre polipneia e tremores devido à temperatura, pouco se sabia sobre os métodos pelos quais animais privados de transpiração cutânea podem se proteger do superaquecimento e como os animais gelados podem se aquecer novamente. Em terapêutica experimental, Richet mostrou que o sangue de animais vacinados contra uma infecção protege contra essa infecção (novembro de 1888). Aplicando esse princípio à tuberculose, ele aplicou a primeira injeção soroterapêutica no homem (6 de dezembro de 1890). Em 1900, Charles Richet mostrou que alimentar com leite e carne crua (zomoterapia) pode curar cães tuberculosos. Em 1901, ele estabeleceu que, ao diminuir o cloreto de sódio nos alimentos, o brometo de potássio se torna tão eficaz no tratamento da epilepsia que a dose terapêutica cai de 10 g para 2 g. Em 1913, ele recebeu o Prêmio Nobel por suas pesquisas sobre anafilaxia. Ele inventou essa palavra para designar a sensibilidade desenvolvida por um organismo após ter recebido uma injeção parenteral de um coloide, substância proteica ou toxina (1902). Mais tarde, ele demonstrou os fatos de anafilaxia passiva e anafilaxia in vitro . As aplicações da anafilaxia na medicina são extremamente numerosas. Já em 1913, mais de 4000 memórias foram publicadas sobre esta questão e ela desempenha um papel importante hoje em dia na patologia. Ele mostrou que de fato a injeção parenteral de substância proteica modifica profunda e permanentemente a constituição química dos fluidos corporais. A maioria dos trabalhos fisiológicos de Charles Richet espalhados em várias revistas científicas foram publicados noTravaux du Laboratoire de la Faculté de Médecine de Paris (Alcan, Paris, 6 vols. 1890-1911) (Trabalhos do Laboratório de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Paris). Entre suas outras obras estão: Suc Gastrique chez l'Homme et chez les Animaux , 1878 (Suco gástrico no homem e nos animais); Leçons sur les Muscles et les Nerfs , 1881 (Palestras sobre os músculos e nervos); Leçons sur la Chaleur Animale , 1884 (Palestras sobre o calor animal); Essai de Psychologie Générale , 1884 (Ensaio sobre psicologia geral); Souvenirs d'un Physiologiste , 1933 (Memórias de um fisiologista). Ele também foi o editor do Dictionnaire de Physiologie , 1895-1912 (Dicionário de Fisiologia), do qual apareceram 9 volumes. Entre suas recreações estava o interesse pelo espiritualismo e a escrita de algumas obras dramáticas. Em 1877, Charles Richet casou-se com Amélie Aubry. Tiveram cinco filhos, Georges, Jacques, Charles (que, como seu pai, foi professor na Faculdade de Medicina de Paris e foi, por sua vez, sucedido por seu filho Gabriel), Albert e Alfred, e duas filhas, Louise ( Mme Lesné) e Adèle (Mme le Ber). Ele morreu em Paris em 4 de dezembro de 1935. No curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose. Ao mesmo tempo, ele trabalhava na Santa Casa de Misericórdia na unidade de Charles Richet, onde fazia a necropsia de pacientes que morriam de raiva (Debré, 1995, p. 538). Largamente conhecido pela fundação da Metapsíquica e grandes contribuições à Medicina, Charles Richet (1850-1935) foi colaborador próximo de Louis Pasteur, mesmo antes da fundação do Instituto em 1888. Richet escreveu uma biografia sobre Pasteur, cujo título em tradução livre é: "A Obra de Pasteur: lições professadas na Faculdade de Medicina de Paris", a qual pode ser consultada gratuitamente. Destaca-se o último parágrafo desta obra, em que Richet, na página 118, direciona sua fala aos jovens: "Meditem, jovens, nesta bela vida de trabalho perseverante e tenaz, e compreendam que o que faz o cientista não é apenas sua inteligência, seu trabalho, seu saber. Você ainda precisa de fé, ardor, entusiasmo. Ninguém mais que Pasteur era apaixonado pela ciência, e é porque ele fertilizou seu poderoso gênio com entusiasmo perpétuo que ele foi o maior benfeitor da humanidade". Ademais, Richet publicou uma poesia intitulada "La Gloire de Pasteur", tendo recebido prêmio de poesia pela Academia Francesa. Ref. https://data.bnf.fr/en/11921904/charles_richet/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1913/richet/biographical/ Mais informações: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6564248t.texteImage Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/charles-robert-richet Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Charles-Richet Paul Gibier 1872-1961 *Ver microbiografia de Paul Gibier no grupo Parapsiquismo. Médico francês. Diretor do Laboratório de Patologia Experimental e Comparada do Museu de História Natural de Paris. Ex-interno dos Hospitais de Paris, condecorado pela Faculdade de Medicina de Paris pela apresentação de tese sobre a raiva, incumbido pelo governo francês de estudar na França e no Exterior várias epidemias de "cólera-morbo" e de febre amarela. Diretor do Instituto Bacteriológico (Instituto Pasteur) de Nova Iorque, membro da Academia de Ciências de Nova Iorque, membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, Cavaleiro da Legião de Honra (Gibier, 2001, p. 7). Jean-Marie Camille Guérin 1872-1961 Veterinário e biólogo francês. Descobridor da vacina BCG (Bacille Calmette-Guérin). Chefe de departamento no Instituto Pasteur em Lille, em seguida, em Paris. Membro (eleito em 1935), depois presidente (em 1951), da Academia Nacional de Medicina. Membro (1936), então presidente da Academia Veterinária da França. Vice-presidente da Sociedade de Patologia Comparada e do Comitê Nacional de Defesa da Tuberculose. Veterinário francês que desenvolveu o bacilo Calmette-Guérin, ou BCG, em associação com Albert Calmette no Instituto Pasteur de Lille. O BCG foi amplamente utilizado como vacina para prevenir a tuberculose infantil. Guérin e Calmette passaram 13 anos desenvolvendo uma cepa fraca da bactéria da tuberculose bovina. Na década de 1920, convencidos de que o BCG era inofensivo para os humanos, mas poderia induzir imunidade ao bacilo da tuberculose, eles começaram uma série de inoculações experimentais em bebês recém-nascidos no Hospital Charité, em Paris. Pouco antes de falecer, Pasteur confia a Calmette a missão de criar e dirigir um Instituto Pasteur em Lille. É neste momento que Calmette começa com Camille Guérin suas pesquisas sobre o bacilo da tuberculose que terá como resultado a vacina BCG (Debré, 1995, p. 537-538). Ref. https://data.bnf.fr/en/12936575/camille_guerin/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/camille-guerin Félix Le Dantec 1869-1917 Biólogo francês. Professor da Faculdade de Ciências de Paris (em 1899). Le Dantec, cujo pai era um médico naval e amigo de Ernest Renan, foi excepcionalmente precoce. Ele teve um desempenho brilhante no exame de admissão para a École Normale Supérieure; durante sua estada lá, ele foi influenciado por C. Hermite e J. Tannery, que cultivou sua inclinação para a matemática. De repente atraído pelas ciências naturais, ele conheceu A. Giard, que, por meio de seu senso crítico implacável, libertou Le Dantec da rigidez intelectual. Pasteur nomeou-o assistente de laboratório no Instituto Pasteur em 1888, e o enviou primeiro para o Laos e depois para o Brasil, onde fundou um laboratório para o estudo da febre amarela . Le Dantec então deu rédea solta aos amplos interesses de uma mente insaciavelmente curiosa. Em 1891, ele defendeu uma tese de doutorado sobre a digestão intracelular em protozoários, seguida de inúmeras pesquisas científicas e brilho de seu intelecto. Embora ateu, Le Dantec sempre esteve aberto à discussão religiosa. Ele foi professor titular na Universidade de Lyon em 1893, professor assistente em 1899 e professor titular de biologia geral na Sorbonne em 1908. Os dons de Le Dantec para generalização traziam a marca de seu treinamento matemático. Seu trabalho biológico começou com um estudo de bactérias. Ele sustentava que sua atividade fisiológica podia ser interpretada nos termos simbólicos de uma equação química e que a vida elementar era explicável pela existência de uma substância específica que só era transmitida por hereditariedade. Assim, ele procurou reconstruir a biologia de acordo com a linguagem precisa da química, eliminando qualquer antropomorfismo. Sua lógica o levou aos princípios lamarckianos de adaptação e à herança de características adquiridas , que eram a base de sua lei de assimilação funcional. Para Le Dantec, o protoplasma cresce com a vida; a vida e o crescimento são um fenômeno único. A estase produz erosão, destruição e morte. Partindo dessa concepção, ele explicou a lei da seleção natural e considerou questões psicológicas e sociais. A consciência, acreditava ele, não existe: os homens são fantoches, sujeitos apenas às leis da mecânica. A obra de Le Dantec sobrevive apenas por seus lampejos de percepção e clareza. Embora tenha construído um sistema precário baseado em fatos obtidos em segunda mão, seus ataques vigorosos ao antropomorfismo, sua paixão pela verdade, seu caráter nobre e sua veneração pela ciência explicam que ele foi descrito como um santo secular. --------- O primeiro diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo foi Félix Alex Le Dantec, na época com 23 anos, já renomado bacteriologista francês indicado pelo próprio Pasteur para presidir a instituição. Entretanto, sua permanência no Brasil foi bastante curta, de apenas quatro meses (Teixeira, 1995, p. 42). Segundo Lima e Marchand (2005, p. 32), na ata do Conselho de Administração do Instituto Pasteur, datada de 22 de fevereiro de 1893, lê-se "O Sr. Pasteur comunica ao Conselho as mudanças efetuadas no quadro de pessoal do Instituto. O Sr. Le Dantec viajou para fundar uma instituição bacteriológica no Brasil; o Sr. Yersin, para explorar o reino de Sião. Os Srs. Loir, Calmette, Haffkine foram dirigir laboratórios em Sydney, Saigon e Calcutá". Na Revista do Instituto Adolfo Lutz de 1954, Fernando Cerqueira Lemos escreve: "Le Dantec, 'hábil e ilustre professor', chegou a São Paulo no mesmo ano da criação do nóvel Laboratório, ou melhor, no dia 15 de dezembro, tomando posse de sua direção, no mesmo mês. ("O Estado de São Paulo", de 15-12-1892).O professor Le Dantec, autor de várias obras científicas de importância sôbre o parasitismo intracelular e protozoários, muitas das quais feitas na Ásia, onde esteve comissionado, montou o Laboratório e iniciou suas atividades. Estudou diversos casos de febre amarela e preparou meios de cultura indispensáveis aos estudos bacteriológicos". Nesta mesma Revista, em 1955, Augusto de E. Taunay registra:"Quando, em 1893, Le Dantec, primeiro diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo teve de voltar à França, recomendou ao governo do Estado que nomeasse para seu sucessor Adolfo Lutz, então seu assistente". Ref. https://data.bnf.fr/en/12174264/felix_le_dantec/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/le-dantec-felix Mais informações: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/33259 Mais informações: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/33274 Charles Jules Henri Nicolle 1866-1936 Médico bacteriologista e filósofo francês. Foi diretor do Instituto Pasteur de Tunis (1903-1936), professor de medicina no Collège de France (1932). Prêmio Nobel de Medicina (1928). Charles Nicolle nasceu em Rouen em 21 de setembro de 1866, onde seu pai, Eugène Nicolle, era médico em um hospital local. Charles recebeu, junto com seus irmãos, aulas precoces em biologia de seu pai e, após a educação no Lycée Corneille de Rouen, ele ingressou na escola de medicina local, onde estudou por três anos antes de seguir seu irmão mais velho, Maurice, que estava trabalhando em Hospitais de Paris. (Maurice mais tarde se tornou Diretor do Instituto Bacteriológico de Constantinopla e professor do Instituto Pasteur, Paris.) Enquanto isso, Charles estudou com A. Gombault na Faculdade de Medicina e com Roux no Instituto Pasteur (servindo ao mesmo tempo como demonstrador no curso de microbiologia) para concluir a tese “Recherches sur la chancre mou” (Pesquisas sobre o cancro mole), que lhe rendeu o MD Licenciado em 1893. Regressou a Rouen para se tornar membro da Faculdade de Medicina e em 1896 foi nomeado Diretor do Laboratório de Bacteriologia. Ele continuou nesta posição até 1903, quando foi nomeado Diretor do Instituto Pasteur de Túnis, cargo que ocupou até sua morte em 1936. No início de sua carreira, Nicolle trabalhou com câncer e, em Rouen, investigou a preparação de anti-soro contra difteria. No Norte da África, sob sua influência, o Instituto de Túnis rapidamente se tornou um centro mundialmente famoso de pesquisa bacteriológica e para a produção de vacinas e soros para combater a maioria das doenças infecciosas prevalentes. Sua descoberta em 1909 de que a febre do tifo é transmitida pelo piolho do corpo ajudou a fazer uma distinção clara entre o tifo epidêmico clássico ligado ao piolho e o tifo murino, que é transmitido ao homem pela pulga do rato. Ele também fez contribuições inestimáveis para o conhecimento atual da febre de Malta, onde introduziu a vacinação preventiva; febre do carrapato, onde descobriu os meios de transmissão; escarlatina, por reprodução experimental com estreptococos; peste bovina, sarampo, gripe, por seu trabalho sobre a natureza do vírus; tuberculose e tracoma. Ele foi responsável pela introdução de muitas novas técnicas e inovações em bacteriologia. Nicolle foi uma das primeiras a reconhecer as propriedades protetoras do soro de convalescença contra o tifo e o sarampo; e conseguiu cultivar Leishmania donovani e Leishmania tropica em meios de cultura artificiais. Sua descoberta do mecanismo de transmissão da febre tifóide criou a base para os cuidados preventivos contra essa doença, durante as Guerras de 1914-1918 e 1939-1945. e conseguiu cultivar Leishmania donovani e Leishmania tropica em meios de cultura artificiais. Sua descoberta do mecanismo de transmissão da febre tifóide criou a base para os cuidados preventivos contra essa doença, durante as Guerras de 1914-1918 e 1939-1945. e conseguiu cultivar Leishmania donovani e Leishmania tropica em meios de cultura artificiais. Sua descoberta do mecanismo de transmissão da febre tifoide criou a base para os cuidados preventivos contra essa doença, durante as Guerras de 1914-1918 e 1939-1945. Nicolle escreveu vários livros importantes, incluindo Le Destin des Maladies infectieuses ; La Nature, concepção et moral biologiques ; Responsabilités de la Médecine e La Destinée humaine. Nicolle era associado da l'Academie de Médecine e recebeu o Prix Montyon em 1909, 1912 e 1914; o Prix Osiris em 1927, e uma medalha de ouro especial para comemorar seu Jubileu de Prata em Tunis em 1928. Nesta ocasião, ele também foi nomeado membro da Académie des Sciences de Paris. Em 1932, foi eleito Professor do Colégio da França. Charles Nicolle também gozava de considerável reputação como filósofo e escritor de histórias fantásticas, como Le Pâtissier de Bellone , Les deux Larrons e Les Contes de Marmouse . Ele foi dito por Jean Rostand ser “um poeta e realista, um homem de sonhos e um homem de verdade”. Nicolle se casou com Alice Avice em 1895; desse casamento nasceram dois filhos, Marcelle (n. 1896) e Pierre (n. 1898). Ele morreu em 28 de fevereiro de 1936. Charles Nicolle teve pouco tempo de conhecer Pasteur antes de sua morte. Ele trabalhou como estagiário ao lado de Élie Metchnihov e também ajuda Roux. Ele sofria de uma pequena surdez. O irmão mais velho de Charles, Maurice Nicolle, foi enviado por Roux para fundar o Instituto Pasteur em Constantinopla. Charles é solicitado a dirigir o Instituto Pasteur de Túnis, criado em 1893 por Adrien Loir, em sua volta da Austrália. Em Túnis estabelece que a leishmaniose é transmitida pelo piolho, além de identificar também este piolho como o vetor do tifo (Debré, 1995, p. 540-541). Ref. https://data.bnf.fr/en/12515901/charles_nicolle/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1928/nicolle/biographical/ Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/charles-jules-henri-nicolle Jules Jean Baptiste Vincent Bordet 1870-1961 Médico e bacteriologista belga. Doutor em medicina (1892). Isola o bacilo da coqueluche (em 1906). Titular da cadeira de bacteriologia da Université Libre de Bruxelles (1907-1935). Diretor do Instituto Pasteur de Brabante, Bruxelas (1901-1940). Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina (1919). Jules Bordet nasceu em Soignies, Bélgica, em 13 de junho de 1870. Foi educado em Bruxelas, onde se graduou como Doutor em Medicina em 1892. Em 1894 foi para Paris trabalhar no Instituto Pasteur até 1901, quando retornou à Bélgica para fundou o Instituto Pasteur, em Bruxelas. É Diretor do Instituto Belga desde o seu início (honorário desde 1940) e Professor de Bacteriologia da Universidade de Bruxelas desde 1907 (honorário desde 1935). Os primeiros estudos de Bordet mostraram que os soros antimicrobianos incluem duas substâncias ativas, uma existente antes da imunização, conhecida como alexina, e a outra um anticorpo específico criado pela vacinação: ele desenvolveu um método de diagnóstico de micróbios por soros. Em 1898, ele descobriu os soros hemolíticos e mostrou que o mecanismo de sua ação sobre o sangue estranho é semelhante àquele pelo qual um soro antimicrobiano atua sobre os micróbios e, além disso, que as reações dos soros são de natureza coloidal. Ele tem contribuído muito para a compreensão da formação da coagulina e também dos venenos anafiláticos. Junto com Gengou (em 1906), ele cultivou B. pertussise lançou as bases da opinião geralmente aceita de que este organismo é a causa bacteriana da tosse convulsa. Além de ser uma autoridade mundial reconhecida em muitos ramos da bacteriologia, Bordet era considerado um grande expoente e trabalhador da imunologia. Ele foi o autor de Traité de l'Immunité dans les Maladies Infectieuses (2ª ed., 1939) (Tratado sobre a imunidade em doenças infecciosas) e de um grande número de publicações médicas. Bordet foi membro permanente do Conselho Administrativo da Universidade de Bruxelas, foi Presidente do Primeiro Congresso Internacional de Microbiologia (Paris, 1930) e Ex-Presidente do Primeiro Conselho de Higiene da Bélgica, o Conselho Científico do Instituto Pasteur de Paris e a Academia Belga de Medicina. Ele era doutor, honoris causa, das Universidades de Cambridge, Paris, Estrasburgo, Toulouse, Edimburgo, Nancy, Caen, Montpellier, Cairo, Atenas e Quebec. Ele foi membro da Academia Real da Bélgica, da Royal Society (Londres), da Royal Society de Edimburgo, da Academy of Medicine (Paris), da National Academy of Sciences (EUA) e de muitas outras academias e sociedades. Bordet ganhou muitos prêmios durante sua carreira, incluindo o Grande Cordon de l'Ordre de la Couronne de Belgique (1930), o Grande Cordon de l'Ordre de Léopold (1937), o Grand Croix de la Légion d'Honneur (1938) e honras públicas da Romênia, Suécia e Luxemburgo. Em 1899, Bordet casou-se com Marthe Levoz. Eles tiveram um filho, Paul, que sucedeu seu pai como Chefe do Instituto Pasteur em Bruxelas e também como Professor de Bacteriologia, e duas filhas. Jules Bordet morreu em 6 de abril de 1961. Jules Bordet é o último dos grandes pasteurianos desta geração, talvez o menos conhecido do público. Entra no Instituto Pasteur em 1894 e trabalha com Metchnikov. Descobre os anticorpos, os antígenos, e inventa os princípios do sorodiagnóstico das afecções microbianas. Em 1901, quando regressa ao seu país, a Bélgica, pede e obtém de Marie Pasteur, depositária do Instituto Pasteur, o direito de batizar o nome de seu laboratório de Instituto Pasteur de Brabante. Em Bruxelas descobre o bacilo da coqueluche e estuda a coagulação do sangue. Em 1919, ao ganhar o Prêmio Nobel de Medicina, homenageia Pasteur (Debré, 1995, p. 541-543). Ref. https://data.bnf.fr/en/12347861/jules_bordet/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1919/bordet/biographical/ Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/history/jules-bordet-1870-1961 Émile Marchoux 1862-1943 Médico e biólogo francês. Doutor em medicina (Paris, 1887). Chefe do Departamento de Microbiologia Tropical, Instituto Pasteur, Paris. Fundador e presidente da Société de pathologie exotique. Membro da Academia Nacional de Medicina. Émile Marchoux nasceu em Saint-Amand-de-Boixe, Charente, França, a 24 de março de 1862. Depois de estudar em Angoulême, estudou medicina em Paris e em 1887 escreveu a sua tese sobre a história da febre tifoide nas tropas marítimas. Após a universidade, ele embarcou na carreira de médico do exército em Daomé e na Indochina. Entre 1893 e 1905, fez curso no Instituto Pasteur, dirigiu o laboratório em Saint-Louis, no Senegal e contribuiu com a missão de estudos da febre amarela no Brasil. Em 1905 deixou o exército para assumir um posto permanente no Instituto Pasteur, como chefe do Serviço de Microbiologia Tropical. Durante esse tempo, ele liderou importantes pesquisas sobre hanseníase e malária. Ele se tornou um campeão da profilaxia anti-hansênica e a maior parte de seu trabalho científico foi feito sobre a hanseníase. Ele fez um estudo detalhado da hanseníase em ratos e relatou hanseníase "inaparente" no rato, infecção sendo comprovada pela presença de bacilos álcool-ácido resistentes nas glândulas linfáticas. Ele descreveu um caso de hanseníase humana em que apresentou evidências que sugeriam ser atribuível à inoculação subcutânea acidental de material contendo o bacilo de Stefansky. Foi cofundador da Société de Pathologie Exotique (SPE) em 1908, da qual foi posteriormente presidente, de 1928 a 1932. Em 1923, foi presidente do Congresso Internacional da Hanseníase, após o que foi eleito o segundo presidente da Associação Internacional da Hanseníase (ILA), e em 1931 fundou o Institut Central de la Lèpre em Bamako, com F Sorel. Ele foi presidente do Primeiro Congresso Internacional de Higiene do Mediterrâneo em 1932 e em 1934 tornou-se Secretário Geral da Fundação Roux. Ele também foi membro da Academia Francesa de Medicina e Grande Oficial da Legião de Honra. Ele morreu em 19 de agosto de 1943. Marchoux fundou o Instituto Pasteur do Senegal (Debré, 1995, p. 543). Ref. https://data.bnf.fr/en/11184293/emile_marchoux/ Ref. https://leprosyhistory.org/database/person59 Jean Marie Marcel Mérieux 1870-1937 Bioquímico francês. Marcel Mérieux, aluno de Émile Roux, criou sua própria empresa em Lyon, no ano de 1897 (Debré, 1995, p. 543). Em 1897, Marcel Mérieux, que foi aluno de Louis Pasteur, fundou um laboratório de análises em Lyon, que posteriormente se tornaria no Instituto Mérieux. Em 1937, seu filho, Dr. Charles Mérieux, assumiu a direção do laboratório de seu pai. Na década de 1940, introduziu uma técnica desenvolvida pelo professor holandês Frenkel - cultura in vitro - que revolucionou a produção de vacinas e foi pioneiro na produção de reagentes para testes de diagnóstico in vitro. Em 1963, Alain Mérieux, neto de Marcel, fundou a bioMérieux, uma empresa de diagnóstico. Hoje faz parte do Instituto Mérieux, empresas de diagnósticos, imunoterapia, saúde alimentar e nutrição. Ref. https://www.biomerieux.com.br/sobre-nos/biomerieux-no-mundo/nossa-historia Ref. https://data.bnf.fr/en/11875957/fondation_merieux/ Mais informações: https://www.fondation-merieux.org/en/who-we-are/history/ Mais informações: https://www.youtube.com/watch?v=kM7SG3rlosU Charles Louis Alphonse Laveran 1845-1922 Médico militar francês. Descobriu o hematozoário responsável pela malária (1880). Prêmio Nobel de Medicina (1907). Membro da Academia de Medicina, seção de terapêutica e da Academia de Ciências. Alphonse Laveran foi o pioneiro da parasitologia no Instituto Pasteur com Félix Mesnil. Antes de ingressar no Instituto Pasteur, ele descobriu o que pensava ser o agente da malária, um protozoário que infectava as células vermelhas do sangue de seu hospedeiro. Isso foi no hospital Constantine em 1880. De 1880 a 1882, ele descreveu os protozoários em várias publicações. Em 1889, Alphonse Laveran participou de palestras de microbiologia no Instituto Pasteur e cinco anos depois começou a trabalhar como cientista voluntário. De 1900 a 1903, ele investigou a conexão potencial entre os mosquitos Anopheles e a malária. Ele viajou para a Córsega e a Camargue para estudar os mosquitos. Aqui ele também examinou mosquitos que recebeu de todo o mundo. Ele acreditava que poderia haver uma ligação entre esses mosquitos e a propagação da malária. Em 1900, Laveran e Mesnil estudaram os tripanossomos, os agentes causadores de várias epizootias e doenças humanas, como a doença do sono. Quatro anos depois publicaram um tratado sobre o assunto, concluído posteriormente em 1912. Em 1903, os cientistas mostraram que o parasita causador de Kala-azar, uma febre disseminada na Índia anteriormente identificada por Sir William Boog Leishman, era um novo protozoário, diferente dos tripanossomas e hematozoários que causam a malária. Eles o chamaram de Piroplasma donovani depois de Charles Donovan, que também estava trabalhando com leishmaniose. Ronald Ross criou o gênero Leishmania para o parasita que mais tarde foi denominado Leishmania donovani. O trabalho de Alphonse Laveran foi recebido com ceticismo de vários colegas cientistas. A importância de seu trabalho foi reconhecida, no entanto, e em 1907 ele foi agraciado com o Prêmio Nobel "por seu trabalho sobre o papel dos protozoários em causar doenças". Ele deixou quase toda a receita de seu prêmio para o Instituto Pasteur para o desenvolvimento de instalações dedicadas à parasitologia. Ref. https://data.bnf.fr/en/12511339/alphonse_laveran/ Ref. https://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/history/alphonse-laveran-1845-1922 Mais informações: https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1907/laveran/biographical/ Próximo Grupo