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- Família Laurent | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Família Laurent Claude Henri Aristide Laurent 1795-1869 O sogro de Louis Pasteur era francês e tinha formação em Letras. Na época em que se conheceram, ele era reitor da Universidade de Estrasburgo. Aristide Laurent ocupou os cargos de professor, diretor, chefe de colégio e inspetor em pelo menos 13 cidades: Paris, Riom, Guéret, Saintes, Sens, Amiens, Orléans, Clermond-Ferrand, Angoulême, Douai, Toulouse, Cahors até chegar a Estrasburgo, como reitor da Universidade. Por onde passou, ajudou a reerguer colégios em vias de desaparecer, colocou ordem onde havia desordem (Vallery-Radot, 1945, p. 39). “Um homem que se destacou por uma especial capacidade para o ensino, pela sua lealdade aos alunos e seus dotes organizacionais aplicados ao sistema escolar” (Viñas, 1991, p. 68). Pierre-Augustin Bertin, amigo de Pasteur, é quem o apresenta ao Sr. Laurent. Pasteur não era um jovem professor desconhecido, pois seus estudos cristalográficos já haviam rendido reconhecimentos por parte da Academia de Ciências e apoio de Biot, Dumas e Balard (Viñas, 1991, p. 74-75). Nos domingos à tarde, o Sr. Laurent realizava reuniões familiares em casa, recebendo professores universitários (Vallery-Radot, 1945, p. 58). Ao visitar a sua casa, Pasteur conhece Marie, por quem se sente cativado imediatamente. Em uma decisão relâmpago, dirige uma carta ao reitor com um pedido de casamento à sua filha (Viñas, 1991, p. 75). Casa-se com Amélie Huet em 1819 (Vallery-Radot, 1945, p. 40). Obs. Em várias biografias, o sogro de Pasteur é nomeado erroneamente de Charles Laurent (V. Debré, 1995, p. 79). Ref. https://phototheque.pasteur.fr/fr/asset/fullTextSearch/search/aristide%20laurent/page/1 Amélie Hélène Huet (Madame Laurent) 1797-1867 A sogra de Pasteur, madame Laurent, era francesa, filha de livreiros e impressores de Orleans. A livraria da família dos pais de Amélie recebia diversos intelectuais, inclusive o general Beauharnais, que se tornaria posteriormente Napoleão Bonaparte (1769-1821), e Josefina de Beauharnais (1763-1814), que seria a futura imperatriz. Amélie e Aristide Laurent conheceram-se nesta livraria, e casaram-se em 1819 (Vallery-Radot, 1945, p. 40). Em 1849, ao conhecer Louis Pasteur, Amélie capturou logo algumas de suas características: lealdade, dedicação profissional, inteligência (Viñas, 1991, p. 76). Pasteur compreendeu que Madame Laurent era sua aliada ao pedido de casamento, e em uma carta confiou as inquietudes que sentia, por temer que as primeiras impressões tenham sido desfavoráveis, e agrega a seguinte observação à Marie: “Minha experiência ensina que aqueles que me conhecem muito bem me amaram muito” (Vallery-Radot, 1945, p. 62; Birch, 1993, p. 24). Marie Anne Laurent (Marie Pasteur / Madame Pasteur) 1826-1910 Criada em ambiente intelectual, a esposa de Pasteur, Marie, era francesa e tinha 3 irmãs e 1 irmão, sendo que este último faleceu aos 23 anos de febre tifoide. Quando Pasteur a viu pela primeira vez, sentiu que havia encontrado a sua companheira de vida, e escreveu ao amigo Chappuis: “Creio que serei muito feliz com ela. Tem todas as qualidades que eu poderia desejar em uma mulher” (Báez, 1995, p. 463). Marie foi descrita como: discreta, comedida, autoritária, circunspecta. Uma mulher de ordem e dever, porém positiva, alegre e sólida. “Passou pela glória procurando ser despercebida” (Vallery-Radot, 1945, p. 31, 33; Perrot & Schwartz, 2017, p. 107). Devota-se a Pasteur e cria, em torno dele, uma vida familiar tranquila, removendo as preocupações materiais. “Soube, desde os primeiros dias, não somente a admitir, mas a aprovar que o laboratório vinha acima de tudo” (Debré, 1995, p. 82). Madame Pasteur lia as atas da Academia de Ciências em vez de ler novelas (Vallery-Radot, 1945, p. 66, 68). “Marie recopia as cartas e os relatórios enviados ao Ministério ou Academia. Nunca um manuscrito vai para impressão antes de ter sido meticulosamente relido, anotado, verificado” (Debré, 1995, p. 147). "Ela se tornou, de modo informal, secretária, contadora e o que hoje chamaríamos de assessora de comunicação e assessora de imprensa" (Perrot & Schwartz, 2017, p. 107). Marie dispensava participar de círculos sociais prestigiosos que ela teria a oportunidade de frequentar (Perrot & Schwartz, 2017, p. 107). Segundo Émile Roux, colaborador de Louis Pasteur: “A senhora Pasteur era não apenas uma companheira incomparável para Pasteur, mas também seu melhor colaborador” (Debré, 1995, p. 82). Nas cartas do casal, observa-se afeto, confidências e companheirismo (Viñas, 1991, p. 89), ainda que por vezes Pasteur manifeste-se de modo autoritário. Marie se torna figura tutelar do Instituto Pasteur após a morte do marido. Falece em 28 de setembro, no mesmo dia e mês que Pasteur, após 15 anos. O casal teve 5 filhos, dos quais somente 2 sobreviveram até a idade adulta. Em carta ao sogro (Jean-Joseph Pasteur) em 1851 , Marie escreve sobre Louis Pasteur. “É um pai de família modelo que, apesar de seu trabalho, encontra tempo para consagrar todos os dias um bom tempo ao recém-nascido e para cuidar da menina, se estou ocupada” (Vallery-Radot, 1945, p. 70). "Realmente parece", escreveu o colaborador de Pasteur, Émile Roux, que essa união predestinada foi feita em vista das grandes coisas que Pasteur teve que produzir (Pasteur Vallery-Radot, 1956, p. 11; Baéz, 1995, p. 467). Albert Calmette, um dos pasteurianos, fala sobre Pasteur em seus últimos anos de vida, e também menciona Marie Pasteur: "Nós o mantínhamos a par das pesquisas. Ele sugeria ou discutia as experiências a serem feitas e a senhora Pasteur que, como mulher de cientista, se interessava por tudo, adivinhava os pensamentos e os sentimentos de cada um de nós antes que fossem exprimidos, velava com uma tocante solicitude para que nenhuma inquietação, nenhuma preocupação perturbasse as meditações ou os sonhos sobre o futuro, aos quais os trabalhadores do instituto se abandonavam com entusiasmo e confiança. (...) Todo esse passado de miséria e de grandeza foi uma era heroica, foi o tempo da epopeia pasteuriana. (...) Durante os sete anos que viveu no instituto, entre os colaboradores e os alunos Pasteur teve a suprema satisfação de presenciar algumas das mais preciosas conquistas dessa ciência experimental que ele levou ao ponto mais alto" (Debré, 1995, p. 535-536). Amélie Laurent (Amélie Loir) 1830-1925 A irmã mais nova de Marie, Amélie, era francesa e casou-se com Adrien Joseph Jean Loir. O casal tem um filho, Adrien Loir, que será estagiário e assistente pessoal de pesquisa de Louis Pasteur. Adrien Joseph Jean Loir 1816-1899 Professor francês associado da Escola de Farmácia de Paris (1847-1849). Professor de química na Faculdade de Ciências de Besançon (1855), depois em Lyon (1861). Doutor em ciências físicas (1851). Adrien Joseph Loir foi sucessor de Louis Pasteur na Faculdade de Farmácia e trabalhou no laboratório na companhia de Pasteur. Foi o primeiro discípulo de Pasteur. Casa-se com a irmã mais nova de Marie, Amélie. O filho do casal, Adrien Loir, trabalhará diretamente com Pasteur. Ref. https://data.bnf.fr/en/10604888/adrien_loir/ Adrien Charles Marie Loir 1862-1941 Bacteriologista francês. Estagiário e assistente pessoal de pesquisa de Pasteur. Doutor em medicina (Paris, 1892). Bioquímico. Diretor do Instituto Pasteur na Austrália. Fundador do primeiro instituto anti-rábico em São Petersburgo. Filho de Amélie Laurent (irmã mais nova de Marie Pasteur) e de Adrien Joseph Loir, professor de química e diretor da Faculdade de Lyon (Debré, p. 83). Adrien Loir descreve o dia a dia com o tio: “Pasteur ficava completamente absorvido pelo assunto que estudava e que escolhera. Ele o dissecava, o experimentava de todas as maneiras, em silêncio, sem a intervenção de ninguém. Pasteur não se alterava nunca, e quando algo não ocorria como desejava, ele dizia: ‘Ai meu Deus, e andava como um leão enjaulado. Era tudo” (Debré, 1995, p. 164). O governo de Sidney na Austrália entra em contato com Pasteur. Adrien Loir é enviado em missão. Demorará muitos meses para chegar à Austrália e ficará lá por 5 anos. Funda em Road Island, perto de Sidney, o primeiro Instituto Pasteur além-mar. Regularmente, Loir informava ao tio sobre seus trabalhos e prosseguia, sob a orientação dele, nas pesquisas sobre a transmissão do carbúnculo e sobre a peripneumonia do gado (Debré, 1995, p. 527-528). Loir auxiliou bastante, desde o laboratório na Rua Ulm (antes do Instituto Pasteur), especialmente devido ao comprometimento de movimentos de Pasteur a partir do AVC aos 45 anos. Pasteur dá diretrizes e traça planos dos ensinamentos ao jovem: aprender a soprar vidro, assimilar as bases da cristalografia, faça curso de caligrafia e também direcionou sua formação em Medicina (Debré, 1995, p. 380-381). Loir escreveu a obra "A l'ombre de Pasteur: souvenirs personnels" (Na sombra de Pasteur: memórias pessoais) pela editora Le Mouvement Sanitaire,1938. Adrien Loir desempenhou um papel importante ao lado de Pasteur, ele mesmo, como seu assistente pessoal e, em seguida, como um agente para a difusão da ciência pasteuriana em todo o mundo. No entanto, Loir permaneceu nas sombras. "Algo aconteceu em sua vida: quando ele havia sido mais ou menos casado por sua família com uma filha de um amigo da família, ele se divorciou dessa mulher e saiu com a babá das crianças, depois se casou novamente com essa outra mulher. E isso foi extremamente desaprovado. Na época, ele foi rejeitado pelos pasteurianos, por sua família, etc. Foi por isso que ele foi completamente esquecido" [Maxime Schwartz, em trecho traduzido livremente da obra Le Neveu de Pasteur ou la Vie aventureuse d'Adrien Loir, acadêmico e globetrotter (1862-1941) , publicado por Odile Jacob, em março de 2020]. Ref. https://data.bnf.fr/en/13012138/adrien_loir/ Mais informações: https://en.odilejacob.fr/catalogue/documents/biographies-memoirs/pasteurs-nephew_9782738151353.php Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/research-journal/news/pasteur-s-nephew-adventurous-life-adrien-loir-scholar-and-globe-trotter Mais informações: https://www.franceculture.fr/emissions/le-cours-de-lhistoire/un-destin-pour-le-soin-quatre-figures-de-lhistoire-du-soin-et-de-la-medecine-14-adrien-loir-etre-le Mais informações: https://atlantico.fr/article/decryptage/adrien-loir--une-vie-a-l-ombre-de-louis-pasteur-histoire-science-decouverte-medecine-biologie-virus-epidemie-cholera-rage-annick-perrot-maxime-schwartz Célie Laurent (Célie Zévort) 1820-1859 Célie, a irmã mais velha de Marie Pasteur, era francesa e casou-se com Charles Zévort. Charles Zévort 1816-1887 Agrégé em filosofia (1840). Doutor em Letras (1884). Inspetor Geral da Instrução Pública do Ensino Superior (nomeado em 1879). Professor de latim. Traduziu várias obras gregas, inclusive Metafísica de Aristóteles (2 vol., 1840-1841), A Vida de Filósofos da Antiguidade, de Diógenes Laërce (2 vols., 1848). Era francês, casado com a irmã mais velha de Marie, Célie Laurent. Tiveram Edgar Zévort como filho. Ref. https://data.bnf.fr/en/12436431/charles_zevort/ Edgar Zévort 1842-1908 Professor do ensino médio e historiador francês. Doutor em Letras (1880). Reitor da Académie de Caen (nomeado em 1884). Ref. https://data.bnf.fr/en/12569035/edgar_zevort/ Próximo Grupo
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Voltar para os Grupos Pasteurianos Jules Raulin 1836-1896 *Ver microbiografia de Jules Raulin no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Jules Raulin pertencia à primeira geração de estagiários, na época da química fermentativa. Passou a fazer parte da história das ciências como inventor de um novo caldo de cultura. Era um dos alunos preferidos de Pasteur e terminou sua carreira como professor de química industrial em Lyon. Raulin e Eugène Maillot ajudaram Pasteur no laboratório da Rua Ulm, inclusive logo após o seu 1º AVC. Eles iam até a casa de Pasteur para receber as ordens do dia e dar a continuidade aos experimentos (Debré, 1995, p. 521; Garozzo, 1974, p. 116). Eugène Maillot 1841-1889 *Ver microbiografia de Eugène Maillot no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Eugène Maillot e Jules Raulin ajudaram Pasteur no laboratório da Rua Ulm, inclusive logo após o seu 1º AVC. Eles iam até a casa de Pasteur para receber as ordens do dia e dar a continuidade aos experimentos (Debré, 1995, p. 521; Garozzo, 1974, p. 116). Désiré Jean Baptiste Gernez 1834-1910 *Ver microbiografia de Désiré Gernez no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Quando Pasteur vai a Paris com algumas mariposas e crisálidas saudáveis, retorna a Alès acompanhado de dois ex-alunos que se tornaram seus assistentes, Désiré Gernez e Eugène Maillot. Mais tarde, Émile Duclaux e Jules Raulin vão também se juntar a eles. Eles se engajam durante vários meses neste projeto e se estabelecem em uma casa que servirá de moradia para todos e que também será transformada em laboratório. Eles viviam em comunidade nesta grande casa, mantida sempre limpa. O trabalho era duro. Levantam-se às 4h30 para observar as larvas e no local era preconizada a mais rigorosa higiene (Debré, 1995, p. 215). Jules François Joubert 1834-1910 Doutor em Ciências Físicas (1874) francês. Professor de física. Inspetor Geral de Educação Secundária. Jules Joubert é da segunda geração, a da biologia médica. Professor de física em um liceu de Paris, vai para a rua Ulm testar a ação dos agentes físicos sobre os micróbios. Físico, antes de tudo, interrompe a colaboração com Pasteur para voltar aos campos magnéticos e aos solenoides, acabando como Inspetor da Academia de Paris (Debré, 1995, p. 377). Ref. https://data.bnf.fr/en/13479027/jules_joubert/ Mais informações: https://digital.sciencehistory.org/works/0k225b14x Charles-Édouard Chamberland 1851-1908 *Ver microbiografia de Charles Chamberland no grupo Doenças Infectocontagiosas. Charles Chamberland substitui Jules Joubert. Na época, tem 27 anos ao entrar para o laboratório. Suas origens no Jura despertam a simpatia de Pasteur. Alegre e bom vivant, possui uma mente engenhosa e aprecia a inovação técnica. Devemos a ele a invenção da autoclave. Uma curiosidade: ao se queixar de numerosos furúnculos no pescoço, nuca e coxa, Pasteur o examina e propõe uma experiência: colhe um pouco de pus de sua nuca e o cultiva. Deste modo, descobre o estafilococo, o mais frequente dos germes patogênicos (Debré, 1995, p. 384-385). Chamberland, no Instituto Pasteur é quem orienta o serviço das vacinas (Debré, 1995, p. 521). Louis Thuillier 1856-1883 *Ver microbiografia de Louis Thuillier no grupo Doenças Infectocontagiosas. Pierre-Augustin B ertin, físico, amigo desde a juventude de Pasteur é quem seleciona os primeiros estagiários entre seus próprios alunos. Louis Thuillier é um dos escolhidos e se dedica ao estudo da erisipela suína. Pasteur cria grande amizade pelo jovem e fica muito abalado com a sua morte precoce no Egito, onde havia ido estudar a cólera. Thuillier falece em serviço, na cidade de Alexandria, com apenas 26 anos. Émile Duclaux 1840-1904 *Ver microbiografia de Émile Duclaux no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. Duclaux chega em 1862, em plena época da discussão sobre as gerações espontâneas. Mesmo atuando como professor de química, participa ativamente dos trabalhos de Pasteur, tanto na época do bicho-da-seda como nos estudos do vinho. Ele se torna o diretor técnico do laboratório. Muito ordeiro, controla para que tudo fique no lugar. É a ele que procuram quando é necessário tomar alguma decisão e não querem incomodar Pasteur. Diante das respostas de Pasteur a todos os seus contestadores, Duclaux, pela proximidade afetiva, escreve a Pasteur “enxergo perfeitamente o que o senhor perde nessas lutas: seu descanso, seu tempo, sua saúde. Procuro, em vão, o que o senhor pode ganhar com isso” (Debré, 1995, p. 364). No Instituto Pasteur, Duclaux é o responsável pela microbiologia geral (Debré, 1995, p. 521). Após a morte de Pasteur em 1895, Duclaux tornou-se diretor do Instituto, com Roux e Chamberland servindo como seus sub-diretores. Duclaux escreve a biografia de Pasteur, denominada Pasteur, histoire d'un esprit. Paris, França: Imprimerie Charaire, 1896. Participou da fundação de universidades populares e da Liga dos Direitos Humanos, e pela defesa do capitão Dreyfus, antes mesmo de Émile Zola, Duclaux é recebido com entusiasmo nos círculos Dreyfus, principalmente pela elite científica. A posição de Duclaux em março de 1898 o faz aparecer como um dos mais destacados porta-vozes dessa nova força que são os intelectuais. Duclaux é quem apresenta Émile Roux a Pasteur. Pierre-Paul-Émile Roux 1853-1933 *Ver microbiografia de Émile Roux no grupo Doenças Infectocontagiosas. Duclaux é quem apresenta Émile Roux a Pasteur. Na época, ele era um jovem estudante de Medicina e um dos mais assíduos ouvintes dos debates de Pasteur na Academia de Medicina. Sua chegada começa com a aplicação de uma injeção na ausência de Pasteur, o que contrariou Pasteur, mas a continuação da experiência mostrou que o jovem sabia o que estava fazendo, então Pasteur o escolheu como estagiário (Debré, 1995, p. 360, 379). Pessoa solitária, sem ambição aparente e que se tornará o mais próximo colaborador de Pasteur (Debré, 1995, p. 360, 379), Roux se torna, nas palavras de Debré (1995, p. 531-532) o campeão das terapias antiinfecciosas, com imensas contribuições na cura da difteria, por exemplo. É considerado também o discípulo mais contraditório de Pasteur. Em certas ocasiões ele não hesitava em se opor ao mestre, apesar de respeitar a hierarquia e os 30 anos de diferença de idade que os separavam. Quando Pasteur chegava a algum resultado, construía uma teoria e a expunha, Roux nunca deixava de procurar uma falha, o que se tornou irritante para Pasteur, que reclamava: “como esse Roux é desagradável. Se eu o escutasse, ele poria fim em qualquer coisa que eu quisesse realizar” (Debré, 1995, p. 379). O caráter de Roux é descrito como muito particular. Ele compreendia que a calma e a concentração eram as palavras mestras do laboratório, e embora fizesse críticas constantes, isso não o impedia de conservar o silêncio e de servir de filtro entre Pasteur e o mundo exterior. Na hora certa, por exemplo, se desembaraçava dos rivais de Pasteur, mantendo-os à distância. Durante 8 anos, Roux será o único médico admitido no laboratório da Rua Ulm. Ele se torna um inoculador de profissão, sabendo, por exemplo, injetar precisamente os germes (Debré, 1995, p. 382). No Instituto Pasteur, Roux é o responsável pela microbiologia médica técnica (Debré, 1995, p. 521). Roux dedicou 46 anos de sua vida ao Instituto Pasteur. Foi ele quem recomendou Oswaldo Cruzàs autoridades brasileiras para a criação de um laboratório (Lima & Marchand, 2005, p. 33). Foi um dos mais próximos colaboradores de Louis Pasteur, cofundador do Instituto Pasteur e descobridor do soro anti-difteria, a primeira terapia efetiva contra esta enfermidade. A Rua do Instituto Pasteur em Paris, se tornou Rua Doutor Roux. Edmond Isidore Etienne Nocard 1850-1903 *Ver microbiografia de Edmond Nocard no grupo Doenças Infectocontagiosas. Na época das pesquisas sobre a cólera, Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isidore Straus (Debré, 1995, p. 388). Adrien Charles Marie Loir 1862-1941 *Ver microbiografia de Adrien Loir no grupo Família Laurent. Adrien Loir, sobrinho de Pasteur (filho da irmã caçula de Marie Pasteur, Amélie), começa atuando como um estagiário onipresente, com o qual Pasteur pode contar, especialmente para completar seus movimentos devido ao braço paralisado. Pasteur dá suas diretrizes e traça planos dos ensinamentos ao seu sobrinho: aprender a soprar o vidro, assimilar as bases da cristalografia, melhorar a letra em curso de caligrafia. Uma curiosa relação se estabelece entre tio e sobrinho. Loir escreve, em tom de reclamação, que Pasteur o usava para realizar o que sua mente concebia. Também escolheu a formação que ele deveria fazer, no caso, Medicina (Debré, 1995, p. 381). A pedido de Pasteur, Loir vai à Rússia (Debré, 1995, p. 497), à Austrália (ficará por 5 anos) e lá fundará o primeiro Instituto Pasteur além-mar (Debré, 1995, p. 527, 528). Loir também funda o Instituto Pasteur de Túnis (capital da Tunísia, no norte da África) quando volta da Austrália (Debré, 1995, p. 541). Loir recorda que Pasteur era bastante influenciado pela visão de Duclaux, e que se tornava calmo e se punha a trabalhar, diferentemente de Roux (Debré, 1995, p. 379). Loir escreveu a obra "A l'ombre de Pasteur: souvenirs personnels" (Na sombra de Pasteur: memórias pessoais) pela editora Le Mouvement Sanitaire,1938. Adrien Loir desempenhou um papel importante ao lado de Pasteur, ele mesmo, como seu assistente pessoal e, em seguida, como um agente para a difusão da ciência pasteuriana em todo o mundo. No entanto, Loir permaneceu nas sombras. "Algo aconteceu em sua vida: quando ele havia sido mais ou menos casado por sua família com uma filha de um amigo da família, ele se divorciou dessa mulher e saiu com a babá das crianças, depois se casou novamente com essa outra mulher. E isso foi extremamente desaprovado. Na época, ele foi rejeitado pelos pasteurianos, por sua família, etc. Foi por isso que ele foi completamente esquecido" [Maxime Schwartz, em trecho traduzido livremente da obra Le Neveu de Pasteur ou la Vie aventureuse d'Adrien Loir, acadêmico e globetrotter (1862-1941) , publicado por Odile Jacob, em março de 2020]. Mais informações: https://en.odilejacob.fr/catalogue/documents/biographies-memoirs/pasteurs-nephew_9782738151353.php Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/research-journal/news/pasteur-s-nephew-adventurous-life-adrien-loir-scholar-and-globe-trotter Mais informações: https://www.franceculture.fr/emissions/le-cours-de-lhistoire/un-destin-pour-le-soin-quatre-figures-de-lhistoire-du-soin-et-de-la-medecine-14-adrien-loir-etre-le Mais informações: https://atlantico.fr/article/decryptage/adrien-loir--une-vie-a-l-ombre-de-louis-pasteur-histoire-science-decouverte-medecine-biologie-virus-epidemie-cholera-rage-annick-perrot-maxime-schwartz Élie Metchnikoff (Ilya Ilyich Mechnikov) 1845-1916 Microbiologista e zoólogo russo. Professor de zoologia em Odessa, Ucrânia (1870), diretor do instituto bacteriológico de Odessa, Ucrânia (1870-1882), colaborador científico do Instituto Pasteur, Paris (1888-1916). Prêmio Nobel de Medicina (em 1908). Ilya Ilyich Mechnikov nasceu em 15 de maio de 1845, em uma vila perto de Kharkoff, na Rússia. Ele era filho de um oficial da Guarda Imperial, que era proprietário de terras nas estepes da Ucrânia. Sua mãe, née Nevakhowitch, era de origem judaica. Mechnikov foi para a escola em Kharkoff e, mesmo quando era pequeno, tinha um interesse apaixonado por história natural, sobre a qual costumava dar palestras para seus irmãos menores e outras crianças. Na época, ele estava especialmente interessado em botânica e geologia. Quando ele deixou a escola, ele foi para a Universidade de Kharkoff para estudar ciências naturais e trabalhou lá tanto que foi capaz de concluir o curso de quatro anos em dois anos. Graduando-se em Kharkoff, ele foi, primeiro para estudar a fauna marinha em Heligoland, e depois para a Universidade de Giessen, onde trabalhou com Leuckart. Posteriormente, ele foi para a Universidade de Göttingen e a Academia de Munique, onde trabalhou no laboratório de von Siebold. Enquanto ele estava em Giessen, ele descobriu, em 1865, a digestão intracelular em um dos platelmintos, uma observação que influenciou suas descobertas posteriores. Em Nápoles preparou uma tese de doutorado sobre o desenvolvimento embrionário da choco.Sepiola e o Crustáceo Nelalia. Em 1867 ele retornou à Rússia, tendo sido nomeado docente na nova Universidade de Odessa e de lá ele foi assumir um cargo semelhante na Universidade de São Petersburgo. Mas em 1870 ele foi nomeado Professor Titular de Zoologia e Anatomia Comparada na Universidade de Odessa. Em São Petersburgo, ele conheceu sua primeira esposa, Ludmilla Feodorovitch, que sofria de tuberculose tão grave que teve de ser carregada em uma cadeira para o casamento na igreja. Por cinco anos Mechnikov fez tudo o que pôde para salvar sua vida, mas ela morreu em 20 de abril de 1873. Destruído por essa perda, perturbado por problemas de visão e coração e por dificuldades na Universidade, Mechnikov tornou-se, nessa época, tão pessimista que ele tentou tirar a própria vida engolindo uma grande dose de ópio; mas, felizmente para ele e para o mundo, ele não morreu. Foi em Odessa, de fato, que conheceu a sua segunda mulher, Olga, com quem se casou em 1875. Em 1880 a sua segunda mulher teve um grave ataque de febre tifoide e, embora não tenha morrido, Mechnikov, cuja saúde ainda era fraca, mais uma vez tentou tirar a própria vida. Desta vez, no entanto, ele decidiu, para evitar o constrangimento de sua esposa e de outros, fazer isso por meio da experiência científica de se inocular com febre recorrente para descobrir se ela era transmissível pelo sangue. O ataque de febre recorrente que se seguiu foi severo, mas não o matou. Em 1882, após sua recuperação desta doença, Mechnikov renunciou à sua nomeação em Odessa por causa de dificuldades na Universidade durante o período de governo reacionário que se seguiu ao assassinato de Alexandre II. Em seguida, foi a Messina para continuar, em um laboratório particular que instalou ali; seu trabalho em embriologia comparada, e foi aqui que ele descobriu o fenômeno da fagocitose ao qual seu nome sempre será associado. Essa descoberta foi feita quando Mechnikov observou, nas larvas de estrelas do mar, células móveis que poderiam, segundo ele, servir como parte das defesas desses organismos e, para testar essa ideia, introduziu neles pequenos espinhos de uma tangerina que tinha foi preparado como uma árvore de Natal para seus filhos. Na manhã seguinte ele encontrou os espinhos circundados por células móveis e, sabendo que, quando ocorre inflamação em animais que possuem um sistema vascular sanguíneo, os leucócitos escapam de seus vasos sanguíneos. Voltando a Odessa, Mechnikov visitou Viena no caminho e explicou suas ideias a Claus, professor de zoologia da cidade, e foi Claus quem sugeriu o termo fagócito para as células móveis que agem dessa maneira. Finalmente, em 1883, Mechnikov deu, em Odessa, seu primeiro artigo sobre fagocitose. Além de sua importância fundamental na imunologia, a descoberta teve uma influência marcante no próprio Mechnikov. Ele mudou completamente sua visão da vida; abandonou sua filosofia pessimista e decidiu encontrar mais provas de sua hipótese. Alguma prova disso ele encontrou no pequeno crustáceo Daphnia de água doce, no qual ele descobriu que os esporos de fungos que o atacavam eram eles próprios atacados pelos fagócitos do crustáceo. Ele então estudou os bacilos do antraz e descobriu que as cepas mais virulentas desses não eram atacadas pelos fagócitos, enquanto as cepas menos virulentas eram. Durante este período, Mechnikov foi nomeado Diretor de um Instituto estabelecido em 1886 em Odessa para realizar o tratamento da vacina contra a raiva de Pasteur, mas havia muita hostilidade local a esse tratamento. Mechnikov descobriu que, em parte por não ser médico, as circunstâncias se tornaram tão difíceis que, em 1888, ele deixou Odessa e foi a Paris pedir conselho a Pasteur. Quando Pasteur ouve falar das descobertas deste russo sobre a fagocitose, manda publicar seus trabalhos nos Anais do Instituto Pasteur e lhe outorga um duplo posto: diretor do laboratório de microbiologia morfológica e chefe de serviço no Instituto Pasteur (Debré, 1995, p. 521, 533-534). Ali ele permaneceu para o resto de sua vida. Além de seu trabalho sobre fagocitose, Mechnikov publicou, durante seu período inicial de atividade científica, muitos artigos sobre embriologia de invertebrados. Estes incluíram trabalhos sobre a embriologia de insetos, publicados em 1866, e, em 1886, seus estudos sobre a embriologia de Medusas. No Instituto Pasteur em Paris, Mechnikov estava envolvido no trabalho associado ao estabelecimento de sua teoria da imunidade celular, que, como muitos grandes avanços da ciência, encontrou considerável hostilidade. Ele publicou, durante este período, vários artigos e dois volumes sobre a patologia comparativa da inflamação (1892), e seu tratado intitulado L'Immunité dans les Maladies Infectieuses (Imunidade em doenças infecciosas, 1901). Em 1908 ele foi premiado, junto com Paul Ehrlich , o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina. Além desse trabalho, ele, junto com Roux, provou que a sífilis pode ser transmitida para macacos. Mais tarde, ele se dedicou ao estudo da flora do intestino humano e desenvolveu uma teoria de que a senilidade se deve ao envenenamento do corpo por produtos de algumas dessas bactérias. Para evitar a multiplicação desses organismos, ele propôs uma dieta contendo leite fermentado por bacilos que produzem grandes quantidades de ácido láctico e por um tempo essa dieta tornou-se amplamente popular. Mechnikov recebeu muitas distinções, entre as quais o honorário D. Sc. da Universidade de Cambridge, a Medalha Copley da Royal Society da qual era um membro estrangeiro, os membros honorários da Academia de Medicina de Paris e das Academias de Ciências e de Medicina de São Petersburgo. Além disso, ele era um membro correspondente de várias outras sociedades e um membro estrangeiro da Sociedade Médica Sueca. Fotos tiradas quando ele trabalhava no Instituto Pasteur mostram-no com cabelo comprido e uma barba desgrenhada. Diz-se dele que, nessa época, geralmente usava galochas em todos os climas e carregava um guarda-chuva, seus bolsos estavam cheios de artigos científicos, e que sempre usava o mesmo chapéu. A partir de 1913, Mechnikov começou a sofrer ataques cardíacos e, embora tenha se recuperado por um tempo e se recuperado da angústia que a Guerra de 1914-1918 lhe causou, ele morreu em 15 de julho de 1916. Ref. https://data.bnf.fr/en/12938930/il_a_il_ic_mecnikov/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1908/mechnikov/biographical/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Elie-Metchnikoff Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/history/ilya-mechnikov-elie-metchnikoff-french-1845-1916 Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/elie-metchnikoff Nicolas Gamaleia (Nikolay Gamaleya) 1859-1949 Médico microbiologista russo. Metchnikoff trabalhou na mesma estação bacteriológica na Rússia que Nicolas Gamaleia, que foi diretor do Instituto da Raiva na cidade de Odessa. No Instituto Pasteur, Gamaleia foi o responsável pela pesquisa em microbiologia médica (Debré, 1995, p. 521). Gamaleya veio de uma família ucraniana que havia crescido por meio do serviço ao país desde o século XVII. Seu pai, Fyodor Mikhailovich Gamaleya, era um soldado; sua mãe, Karolina Vikentievna Gamaleya, era de origem polonesa. Tendo se formado no Gymnasium em 1876, Gamaleya matriculou-se na Faculdade de Física e Matemática da Universidade Novorossysky. Enquanto estudante lá, ele ficou fascinado com biologia. Um de seus professores foi EI Mechniknov, e em Estrasburgo, onde Gamaleya passava férias, ele estudou bioquímica com Hoppe-Seyler. Depois de se formar na universidade em 1881, Gamaleya matriculou-se na Academia Médica Militar de São Petersburgo, então o centro de educação médica na Rússia. Seus professores incluíram figuras proeminentes como SP Botkin. V. V, Pashutin e VA Manassein. Após a formatura em 1883 com o título de médico, Gamaleya voltou para Odessa. O jovem médico interessou-se ativamente pela bacteriologia, uma ciência então em sua infância, e conduziu pesquisas em um laboratório bacteriológico que havia instalado em seu apartamento. A inoculação bem-sucedida de Pasteur contra a raiva em 1885 determinou definitivamente os interesses científicos de Gamaleya. Em 1886, a Odessa Society of Physicians o encarregou de se familiarizar no laboratório de Pasteur com a técnica de inoculação anti-rábica. Sua persistência e curiosidade, conhecimento médico e treinamento microbiológico lhe permitiram dominar o método. A convivência com Pasteur foi o início de uma colaboração criativa e de uma amizade pessoal que foi fortalecida pela luta com os oponentes do método de Pasteur. Na época de críticas especialmente duras a seu método na Inglaterra, Pasteur pediu a Gamaleya que o defendesse. Gamaleya foi o primeiro a se inocular com a vacina anti-rábica, provando assim sua inocuidade para um organismo saudável. Em 1886, a segunda estação bacteriológica mundial - já havia uma em Paris - foi instalada em Odessa, com a participação de Mechnikov e Gamaleya. Ali as inoculações anti-rábicas foram administradas com sucesso de acordo com o método de Pasteur, que sem dúvida era sua melhor propaganda e defesa. Defensor fervoroso desse método, Gamaleya o utilizou amplamente e introduziu importantes acréscimos à sua base teórica e valiosos refinamentos práticos. Em preparações contendo o vírus vivo, Gamaleya estabeleceu que a eficácia da vacinação anti-rábica depende de seu conteúdo quantitativo. Com base neste princípio, ele desenvolveu um método intensivo de vacinação através da utilização de tecido cerebral menos sujeito a ressecamento. Além disso, ele descobriu que a imunidade anti-raiva inoculativa é fisiologicamente limitada e que a vacinação é ineficaz contra a raiva manifesta, bem como durante o período latente da infecção (cerca de quatorze dias). Na década de 1880, Gamaleya estudou questões relacionadas ao preparo de uma vacina contra a peste siberiana (antraz). Em 1887, ele descobriu um vibrião semelhante ao da cólera nos intestinos de aves doentes, que chamou de bacilo Mechnikov. O estudo desse bacilo marcou o início de muitos anos de pesquisas sobre o cólera. No laboratório de Pasteur, bem como nos de Charles Bouchard e Joseph Strauss, Gamaleya estudou os fenômenos de inflamação e os processos pelos quais os micróbios são destruídos em um organismo. Ele acreditava que os micróbios que invadem um organismo vivo estão sujeitos à ação de dois fatores intimamente relacionados - humoral e celular, ou seja, a ação de anticorpos solúveis produzidos pelas células do sistema reticuloendotelial. Esta pesquisa produziu novos dados e conceitos sobre esses fenômenos. Retornando à Rússia em 1892 da França, onde trabalhou por um total de seis anos, Gamaleya iniciou seu estudo sobre cólera. Em 1893, ele defendeu sua tese de doutorado, Etiologia kholery s tochki zrenia eksperimentalnoy patologii (“A etiologia do cólera do ponto de vista da patologia experimental”). O estudo da cólera e a luta contra esta doença ocuparam um lugar de destaque no trabalho científico de Gamaleya e em suas atividades como médico. Em 1899, Gamaleya publicou o livro didático Osnovy obshchey bakteriologii (“Foundations of General Bacteriology”); suas generalizações frutíferas e visões originais sobre questões fundamentais em bacteriologia tiveram grande significado para o desenvolvimento da nova ciência. A hipótese de uma origem viral para o câncer foi declarada pela primeira vez neste livro e, em 1910, Mechnikov apoiou essa hipótese. Até 1910, Gamaleya trabalhou em Odessa no Instituto Bacteriológico-Fisiológico por ele fundado, lecionou bacteriologia geral na escola de estomatologia e publicou diversos trabalhos. A importância de Gamaleya na história da bacteriologia é como um destacado pesquisador e lutador contra a peste bubônica. Em 1902, em conexão com uma epidemia de peste que eclodiu em Odessa, Gamaleya iniciou uma investigação teórica de sua epidemiologia. O sistema de medidas práticas que ele desenvolveu teve um significado decisivo na liquidação e prevenção dessa temida doença. No período anterior à Revolução de 1917, Gamaleya se preocupou ativamente com a prevenção de epidemias. Em 1908-1909, ele conduziu investigações sobre o tifo; ele foi o iniciador de um programa de fumigação na Rússia. De 1912 a 1928 ele estudou a varíola, que era endêmica na Rússia. Como diretor do Instituto de Inoculação da Varíola, ele desenvolveu um meio novo e refinado de obter detritos da varíola. O estudo exaustivo da teoria e do uso prático das inoculações contra a raiva permitiu a Gamaleya explicar as causas das falhas observadas na aplicação do método e propor o denominado método intensivo, que foi imediatamente aceito por Pasteur e divulgado amplamente. uso em casos críticos de raiva. O trabalho de Gamaleya na raiva paralítica, então não estudado, foi importante. Sua pesquisa ganhou o grande apreço de Pasteur, que em 1887 expressou seu “grande apreço por seus raros serviços”. As propostas de Gamaleya em relação à luta contra a cólera foram excepcionalmente valiosas na Rússia pré-revolucionária, onde o baixo nível de saneamento levou a uma ampla propagação de doenças epidêmicas. Em oposição à ideia então aceita de que a cólera era transmitida exclusivamente por contato pessoal, Gamaleya argumentou que as epidemias resultavam da multiplicação colossal de bacilos da cólera em águas estagnadas. Nesse sentido, ele insistiu na máxima observância das medidas de saneamento em áreas densamente povoadas. Além disso, Gamaleya propôs que a vacinação contra o cólera fosse administrada como profilaxia. O sucesso desse arranjo levou à eliminação completa da cólera na União Soviética na década de 1920. Em 1883, Mechnikov expressou sua teoria da imunidade por fagócitos. Gamaleya voltou-se para um estudo do mecanismo de imunidade contra o antraz. Experimentos extensos e cuidadosos na preparação de vacinas e estudo microscópico de sua ação sobre os bacilos do antraz em todos os organismos permitiram a Gamaleya estabelecer a importante regularidade da relação entre a febre no organismo vacinado e a fabricação de anticorpos. O estudo da epidemiologia da peste bubônica confirmou que ela foi transferida por pulgas em roedores. Tendo explicado, em particular, o papel dos ratos cinzentos como portadores da peste, Gamaleya lançou uma campanha durante uma epidemia de peste para seu extermínio completo nas cidades. Ele também demonstrou que icterícia epidêmica, sarna e tifo também são transmitidos por ratos. Seguindo a sugestão de Gamaleya, os ratos foram aniquilados não só por veneno, mas também com a ajuda de micróbios pertencentes ao grupo dos paratifóides. As muitas investigações de Gamaleya sobre o tifo foram o resultado de muito trabalho na vigilância do saneamento público. Já em 1874, o médico GN Minkh, tendo-se inoculado com o sangue de uma pessoa que sofria de febre recorrente, provou a contagiosidade da doença e levantou a hipótese de que fosse transmitida por piolhos. Em 1908, Gamaleya confirmou essa hipótese por meio de investigações epidemiológicas. Estudando métodos de aniquilação de piolhos, ele descobriu que o único método eficaz era o tratamento com calor seco (100 ° C) dos insetos infectados, já que seu comportamento não é determinado por quimiotaxia, como se supunha, mas apenas por termotaxia. Ao estudar a tuberculose, Gamaleya descobriu vários tipos de micróbios que causam a doença. Em 1910, ele descobriu um método para o cultivo do bacilo da tuberculose em meio artificial. Ele trabalhou persistentemente na criação de imunidade à tuberculose e métodos específicos para o tratamento da doença. Gamaleya contribuiu muito para a história da virologia. Ele foi o primeiro a afirmar, já em 1886, que os vírus filtráveis são patógenos de várias doenças. O desenvolvimento subsequente da virologia confirmou essa visão brilhante. O estudo da inflamação e dos processos de destruição dos micróbios levou Gamaleya à descoberta, em 1898, de certas substâncias bacteriolíticas que destroem os micróbios. Esses agentes até então desconhecidos revelaram-se bacteriófagos, cuja presença na natureza foi confirmada por d'Hérelle. Depois de 1917, Gamaleya trabalhou com sucesso em problemas de imunologia, virologia e tuberculose. Questões de saneamento, higiene e medicina profilática continuaram a ser o centro de sua atenção. Ele foi o diretor científico do Instituto Central de Microbiologia e Epidemiologia (1929-1931), que agora leva seu nome. Em 1931, ele chefiou a organização do Instituto de Epidemiologia e Microbiologia de Yerevan. A partir de 1938, Gamaleya chefiou o departamento de microbiologia do Segundo Instituto de Medicina de Moscou. Ele serviu como organizador e presidente permanente da All-Union Society of Microbiologists, Epidemiologists e Infectionists. Das mais de 350 obras de Gamaleya, mais de 100 - principalmente obras e monografias fundamentais - foram escritas depois de 1917. Muitas foram traduzidas e publicadas em diversos idiomas. Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/gamaleya-nikolay-fyodorovich Jacques-Joseph Grancher 1843-1907 *Ver microbiografia de Joseph Grancher no grupo Vacinação: Raiva. Joseph Grancher dirige, no Instituto Pasteur, o departamento da raiva com André Chantemesse (Debré, 1995, p. 521). André Chantemesse 1851-1919 Médico e biólogo francês vinculado ao Instituto Pasteur (1885-1897). Membro do Conselho de Administração (em 1909). Inspetor-geral dos serviços de saúde (1893-1908). Professor de patologia experimental e comparativa na Faculdade de Medicina de Paris (1897-1903). André Chantemesse foi um bacteriologista francês nascido em Le Puy-en-Velay, Haute-Loire. De 1880 a 1885 atuou como interne des hôpitaux em Paris, obtendo seu doutorado em 1884 com uma dissertação sobre meningite tuberculosa adulta intitulada Étude sur la méningite tuberculeuse de l'adulte les formes anormales en particulier. Em 1885, ele viajou para Berlim para estudar bacteriologia no laboratório de Robert Koch (1843-1910). Após seu retorno a Paris, ele tornou-se associado à obra de Louis Pasteur. Em 1886, ele iniciou uma extensa pesquisa sobre a febre tifoide. Em colaboração com Georges-Fernand Widal (1862–1929), ele estudou a etiologia da doença e, em 1888, desenvolveu uma inoculação antitifoide experimental. Também com Widal, isolou o bacilo causador da disenteria, mas os dois cientistas não conseguiram estabelecer a ligação etiológica da doença. De 1897 a 1903 foi professor de patologia comparativa e experimental em Paris, tornando-se membro da Académie de Médecine em 1901. Em 1904 tornou-se membro do conselho editorial dos Annales de l'Institut Pasteur. Joseph Grancher dirige, no Instituto Pasteur, o departamento da raiva com André Chantemesse (Debré, 1995, p. 521). André Chantemesse foi enviado por Pasteur para junto do sultão Abdül-Hamid II para estudar as causas das epidemias de cólera e sugeriu fundar um laboratório de microbiologia na Turquia (Debré, 1995, p. 540). Ref. https://data.bnf.fr/en/12011714/andre_chantemesse/ Ref. https://mahlerfoundation.org/mahler/contemporaries/andre-chantemesse/ Mais informações: https://www.laposte.fr/toutsurletimbre/connaissance-du-timbre/dicotimbre/timbres/andre-chantemesse-2229 Mais informações: https://phototheque.pasteur.fr/en/asset/fullTextSearch/WS/HOME_MENU/node/95/slug/typhoid-fever/nobc/1/page/1 Albert-Léon-Charles Calmette 1863-1933 Médico bacteriologista francês. Fundador do Instituto Pasteur de Lille. Professor Catedrático de Bacteriologia e Higiene da Faculdade de Lille. Vice-diretor do Instituto Pasteur de Paris (1917-1933). Desenvolveu a vacina BCG, em colaboração com Camille Guérin (1921). Membro da Academia Francesa de Ciências. Albert Calmette ficou mais conhecido por estabelecer a cepa viva atenuada do bacilo da tuberculose que foi usada como vacina contra a tuberculose. O Bacillus Calmette-Guérin (BCG) foi originalmente produzido por Calmette e Camille Guérin em 1906. Desde a década de 1920, o BCG é utilizado como vacina contra a tuberculose em crianças. Calmette também conduziu estudos de venenos, imunizou animais para criar soros terapêuticos e investigou vacinas para a peste bubônica e purificação de água. Calmette entra para o laboratório de Émile Roux em 1890. Ele era médico da marinha. Apaixonado pela microbiologia, levava consigo um microscópio em todas as campanhas e andava atrás de micróbios em várias partes. Mostra seu trabalho a Roux que logo fica impressionado. Trabalha por um tempo em Paris. Pasteur, para aproveitar a sua experiência na Indochina, o envia para fundar em Saigon um laboratório de preparação de vacinas antivariólicas e anti-rábicas, que será o Instituto Pasteur de Saigon (Debré, 1995, p. 537). Pouco antes de morrer, Pasteur confia a Calmette a missão de criar e dirigir um Instituto Pasteur em Lille. Nesta época, Calmette começa com Camille Guérin suas pesquisas sobre o bacilo da tuberculose que terá como resultado a vacina BCG. No curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose (Debré, 1995, p. 538, 522, 531). Ref. https://data.bnf.fr/en/12360554/albert_calmette/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Albert-Calmette Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/leon-charles-albert-calmette Alexandre-Émile-John Yersin 1863-1943 Médico bacteriologista suíço. Descobridor do bacilo da peste (Yersinia pestis) em 1894. Doutor em medicina (Paris, 1888). Grande Oficial da Legião de Honra (1939). Alexandre Yersin recebeu sua educação secundária em Lausanne antes de entrar na Academia; posteriormente frequentou a Universidade de Marburg e a Faculdade de Medicina de Paris. Tendo se cortado durante a autópsia de um paciente que morrera de raiva, Yersin imediatamente contatou Émile Roux, um dos colaboradores mais brilhantes de Pasteur, que lhe deu uma injeção de um novo soro terapêutico que salvou sua vida. Este incidente colocou Yersin em contato próximo com Roux, que o contratou como seu assistente em 1888 e com quem conduziu pesquisas sobre raiva. Ele então trabalhou com Robert Koch, em Berlim, colaborando com o famoso microbiologista em sua pesquisa sobre o bacilo da tuberculose. Ao retornar a Paris, Yersin iniciou sua própria pesquisa com Roux, no Instituto Pasteur, sobre as propriedades tóxicas do bacilo da difteria. Em 1889, entretanto, ele embarcou repentinamente como médico de navio em um vapor com destino a Saigon e Manila. Ele voltou para Paris e partiu novamente para a Indochina; e durante três expedições perigosas ao interior, ele descobriu o planalto de Langbiang, onde fundou uma pequena aldeia colonial. A área logo se tornou um centro de férias para europeus, e a cidade de Dalat foi desenvolvida ali. Em 1935, as autoridades municipais estabeleceram o Liceu Yersin em Dalat. Em 1894, Yersin tornou-se oficial médico do serviço colonial francês e fez pesquisas sobre a epidemia de peste bubônica que assolava a China, a fim de determinar as medidas que deveriam ser tomadas para evitar sua propagação à Indochina. Em um pequeno laboratório de pesquisa bacteriológica, criado para ele em Hong Kong, ele descobriu a bactéria da peste, praticamente ao mesmo tempo que Kitasato o fez de forma independente; e depois de muito trabalho, isolou um soro eficaz. Em 1904, ele foi chamado de volta a Paris e continuou suas pesquisas no Instituto Pasteur, do qual Roux havia se tornado diretor. Com Albert Calmette e Amédée Borrel, ele fez a importante observação de que certos animais podem ser imunizados contra a peste por meio da injeção de bactérias mortas da peste. Ele então retornou a Nha Trang, onde uma filial do Instituto Pasteur havia sido estabelecida sob sua direção. Lá, em modestos laboratórios, Yersin aperfeiçoou um soro anti-praga que tornou possível reduzir a taxa de mortalidade de 90% para cerca de 7%. Com a ajuda de Paul Doumer, então governador-geral da Indochina, uma escola de medicina foi fundada em Hanói; Yersin dirigiu este centro de estudo e pesquisa por muitos anos. Por meio do trabalho de Yersin, a Indochina conseguiu controlar as epidemias que assolam o país, especialmente a malária. Em homenagem às suas conquistas médicas, o governo francês nomeou Yersin como diretor honorário do Instituto Pasteur. Além de sua atividade científica e médica na Indochina, Yersin conduziu pesquisas na área de agronomia. Seu interesse pelo cultivo de grãos e pelas condições do solo o levou a iniciar uma série de estudos ecológicos. Também refletiu sobre a história natural da Indochina, tendo-se fascinado pela flora e fauna de seu país de adoção. Yersin ficou profundamente preocupado com as necessidades dos doentes e dos pobres e lutou muito contra a exploração das classes mais baixas. Durante o curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose. Ao mesmo tempo, ele trabalhava na Santa Casa de Misericórdia na unidade de Charles Richet, onde fazia a necropsia de pacientes que morriam de raiva. No local, durante uma necropsia, encontra Roux e eles se entendem profundamente. Em 1886, Yersin passa todas as tardes no laboratório na Rua Ulm onde assiste Roux nas preparações e se torna o estagiário pessoal de Roux. Pasteur o encarrega de fazer os curativos nos doentes. Desde a criação do Instituto Pasteur, ele vai participar, aos 25 anos, dos primeiros trabalhos sobre a toxina diftérica (Debré, p. 538, 522, 531). No idioma português, a biografia de Alexandre Yersin pode ser lida na obra "Peste e Cólera" de Patrick Deville, Editora 34, 2017. Ref. https://data.bnf.fr/en/12366805/alexandre_yersin/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/yersin-alexandre Charles Robert Richet 1850-1935 Fisiologista francês. Membro da Academia de Ciências. Professor de fisiologia na Faculdade de Medicina de Paris (1887-1925). Prêmio Nobel de Medicina em 1913. Fundador da Metapsíquica. Charles Richet nasceu em 26 de agosto de 1850, em Paris. Ele era filho de Alfred Richet, Professor de Cirurgia Clínica na Faculdade de Medicina de Paris, e de sua esposa Eugenie, nascida Renouard. Ele estudou em Paris, tornando-se Doutor em Medicina em 1869, Doutor em Ciências em 1878 e Professor de Fisiologia a partir de 1887 na Faculdade de Medicina de Paris. Durante 24 anos (1878-1902) foi Editor da Revue Scientifique , e a partir de 1917 foi co-editor do Journal de Physiologie et de Pathologie Générale . Ele publicou artigos sobre fisiologia, química fisiológica, patologia experimental, psicologia normal e patológica e numerosas pesquisas feitas no laboratório fisiológico da Faculdade de Medicina de Paris, onde tentou estudar fatos normais e patológicos juntos. Em fisiologia, ele trabalhou o mecanismo de termorregulação em animais homoiotérmicos. Antes de suas pesquisas (1885-1895) sobre polipneia e tremores devido à temperatura, pouco se sabia sobre os métodos pelos quais animais privados de transpiração cutânea podem se proteger do superaquecimento e como os animais gelados podem se aquecer novamente. Em terapêutica experimental, Richet mostrou que o sangue de animais vacinados contra uma infecção protege contra essa infecção (novembro de 1888). Aplicando esse princípio à tuberculose, ele aplicou a primeira injeção soroterapêutica no homem (6 de dezembro de 1890). Em 1900, Charles Richet mostrou que alimentar com leite e carne crua (zomoterapia) pode curar cães tuberculosos. Em 1901, ele estabeleceu que, ao diminuir o cloreto de sódio nos alimentos, o brometo de potássio se torna tão eficaz no tratamento da epilepsia que a dose terapêutica cai de 10 g para 2 g. Em 1913, ele recebeu o Prêmio Nobel por suas pesquisas sobre anafilaxia. Ele inventou essa palavra para designar a sensibilidade desenvolvida por um organismo após ter recebido uma injeção parenteral de um coloide, substância proteica ou toxina (1902). Mais tarde, ele demonstrou os fatos de anafilaxia passiva e anafilaxia in vitro . As aplicações da anafilaxia na medicina são extremamente numerosas. Já em 1913, mais de 4000 memórias foram publicadas sobre esta questão e ela desempenha um papel importante hoje em dia na patologia. Ele mostrou que de fato a injeção parenteral de substância proteica modifica profunda e permanentemente a constituição química dos fluidos corporais. A maioria dos trabalhos fisiológicos de Charles Richet espalhados em várias revistas científicas foram publicados noTravaux du Laboratoire de la Faculté de Médecine de Paris (Alcan, Paris, 6 vols. 1890-1911) (Trabalhos do Laboratório de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Paris). Entre suas outras obras estão: Suc Gastrique chez l'Homme et chez les Animaux , 1878 (Suco gástrico no homem e nos animais); Leçons sur les Muscles et les Nerfs , 1881 (Palestras sobre os músculos e nervos); Leçons sur la Chaleur Animale , 1884 (Palestras sobre o calor animal); Essai de Psychologie Générale , 1884 (Ensaio sobre psicologia geral); Souvenirs d'un Physiologiste , 1933 (Memórias de um fisiologista). Ele também foi o editor do Dictionnaire de Physiologie , 1895-1912 (Dicionário de Fisiologia), do qual apareceram 9 volumes. Entre suas recreações estava o interesse pelo espiritualismo e a escrita de algumas obras dramáticas. Em 1877, Charles Richet casou-se com Amélie Aubry. Tiveram cinco filhos, Georges, Jacques, Charles (que, como seu pai, foi professor na Faculdade de Medicina de Paris e foi, por sua vez, sucedido por seu filho Gabriel), Albert e Alfred, e duas filhas, Louise ( Mme Lesné) e Adèle (Mme le Ber). Ele morreu em Paris em 4 de dezembro de 1935. No curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose. Ao mesmo tempo, ele trabalhava na Santa Casa de Misericórdia na unidade de Charles Richet, onde fazia a necropsia de pacientes que morriam de raiva (Debré, 1995, p. 538). Largamente conhecido pela fundação da Metapsíquica e grandes contribuições à Medicina, Charles Richet (1850-1935) foi colaborador próximo de Louis Pasteur, mesmo antes da fundação do Instituto em 1888. Richet escreveu uma biografia sobre Pasteur, cujo título em tradução livre é: "A Obra de Pasteur: lições professadas na Faculdade de Medicina de Paris", a qual pode ser consultada gratuitamente. Destaca-se o último parágrafo desta obra, em que Richet, na página 118, direciona sua fala aos jovens: "Meditem, jovens, nesta bela vida de trabalho perseverante e tenaz, e compreendam que o que faz o cientista não é apenas sua inteligência, seu trabalho, seu saber. Você ainda precisa de fé, ardor, entusiasmo. Ninguém mais que Pasteur era apaixonado pela ciência, e é porque ele fertilizou seu poderoso gênio com entusiasmo perpétuo que ele foi o maior benfeitor da humanidade". Ademais, Richet publicou uma poesia intitulada "La Gloire de Pasteur", tendo recebido prêmio de poesia pela Academia Francesa. Ref. https://data.bnf.fr/en/11921904/charles_richet/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1913/richet/biographical/ Mais informações: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6564248t.texteImage Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/charles-robert-richet Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Charles-Richet Paul Gibier 1872-1961 *Ver microbiografia de Paul Gibier no grupo Parapsiquismo. Médico francês. Diretor do Laboratório de Patologia Experimental e Comparada do Museu de História Natural de Paris. Ex-interno dos Hospitais de Paris, condecorado pela Faculdade de Medicina de Paris pela apresentação de tese sobre a raiva, incumbido pelo governo francês de estudar na França e no Exterior várias epidemias de "cólera-morbo" e de febre amarela. Diretor do Instituto Bacteriológico (Instituto Pasteur) de Nova Iorque, membro da Academia de Ciências de Nova Iorque, membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, Cavaleiro da Legião de Honra (Gibier, 2001, p. 7). Jean-Marie Camille Guérin 1872-1961 Veterinário e biólogo francês. Descobridor da vacina BCG (Bacille Calmette-Guérin). Chefe de departamento no Instituto Pasteur em Lille, em seguida, em Paris. Membro (eleito em 1935), depois presidente (em 1951), da Academia Nacional de Medicina. Membro (1936), então presidente da Academia Veterinária da França. Vice-presidente da Sociedade de Patologia Comparada e do Comitê Nacional de Defesa da Tuberculose. Veterinário francês que desenvolveu o bacilo Calmette-Guérin, ou BCG, em associação com Albert Calmette no Instituto Pasteur de Lille. O BCG foi amplamente utilizado como vacina para prevenir a tuberculose infantil. Guérin e Calmette passaram 13 anos desenvolvendo uma cepa fraca da bactéria da tuberculose bovina. Na década de 1920, convencidos de que o BCG era inofensivo para os humanos, mas poderia induzir imunidade ao bacilo da tuberculose, eles começaram uma série de inoculações experimentais em bebês recém-nascidos no Hospital Charité, em Paris. Pouco antes de falecer, Pasteur confia a Calmette a missão de criar e dirigir um Instituto Pasteur em Lille. É neste momento que Calmette começa com Camille Guérin suas pesquisas sobre o bacilo da tuberculose que terá como resultado a vacina BCG (Debré, 1995, p. 537-538). Ref. https://data.bnf.fr/en/12936575/camille_guerin/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/camille-guerin Félix Le Dantec 1869-1917 Biólogo francês. Professor da Faculdade de Ciências de Paris (em 1899). Le Dantec, cujo pai era um médico naval e amigo de Ernest Renan, foi excepcionalmente precoce. Ele teve um desempenho brilhante no exame de admissão para a École Normale Supérieure; durante sua estada lá, ele foi influenciado por C. Hermite e J. Tannery, que cultivou sua inclinação para a matemática. De repente atraído pelas ciências naturais, ele conheceu A. Giard, que, por meio de seu senso crítico implacável, libertou Le Dantec da rigidez intelectual. Pasteur nomeou-o assistente de laboratório no Instituto Pasteur em 1888, e o enviou primeiro para o Laos e depois para o Brasil, onde fundou um laboratório para o estudo da febre amarela . Le Dantec então deu rédea solta aos amplos interesses de uma mente insaciavelmente curiosa. Em 1891, ele defendeu uma tese de doutorado sobre a digestão intracelular em protozoários, seguida de inúmeras pesquisas científicas e brilho de seu intelecto. Embora ateu, Le Dantec sempre esteve aberto à discussão religiosa. Ele foi professor titular na Universidade de Lyon em 1893, professor assistente em 1899 e professor titular de biologia geral na Sorbonne em 1908. Os dons de Le Dantec para generalização traziam a marca de seu treinamento matemático. Seu trabalho biológico começou com um estudo de bactérias. Ele sustentava que sua atividade fisiológica podia ser interpretada nos termos simbólicos de uma equação química e que a vida elementar era explicável pela existência de uma substância específica que só era transmitida por hereditariedade. Assim, ele procurou reconstruir a biologia de acordo com a linguagem precisa da química, eliminando qualquer antropomorfismo. Sua lógica o levou aos princípios lamarckianos de adaptação e à herança de características adquiridas , que eram a base de sua lei de assimilação funcional. Para Le Dantec, o protoplasma cresce com a vida; a vida e o crescimento são um fenômeno único. A estase produz erosão, destruição e morte. Partindo dessa concepção, ele explicou a lei da seleção natural e considerou questões psicológicas e sociais. A consciência, acreditava ele, não existe: os homens são fantoches, sujeitos apenas às leis da mecânica. A obra de Le Dantec sobrevive apenas por seus lampejos de percepção e clareza. Embora tenha construído um sistema precário baseado em fatos obtidos em segunda mão, seus ataques vigorosos ao antropomorfismo, sua paixão pela verdade, seu caráter nobre e sua veneração pela ciência explicam que ele foi descrito como um santo secular. --------- O primeiro diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo foi Félix Alex Le Dantec, na época com 23 anos, já renomado bacteriologista francês indicado pelo próprio Pasteur para presidir a instituição. Entretanto, sua permanência no Brasil foi bastante curta, de apenas quatro meses (Teixeira, 1995, p. 42). Segundo Lima e Marchand (2005, p. 32), na ata do Conselho de Administração do Instituto Pasteur, datada de 22 de fevereiro de 1893, lê-se "O Sr. Pasteur comunica ao Conselho as mudanças efetuadas no quadro de pessoal do Instituto. O Sr. Le Dantec viajou para fundar uma instituição bacteriológica no Brasil; o Sr. Yersin, para explorar o reino de Sião. Os Srs. Loir, Calmette, Haffkine foram dirigir laboratórios em Sydney, Saigon e Calcutá". Na Revista do Instituto Adolfo Lutz de 1954, Fernando Cerqueira Lemos escreve: "Le Dantec, 'hábil e ilustre professor', chegou a São Paulo no mesmo ano da criação do nóvel Laboratório, ou melhor, no dia 15 de dezembro, tomando posse de sua direção, no mesmo mês. ("O Estado de São Paulo", de 15-12-1892).O professor Le Dantec, autor de várias obras científicas de importância sôbre o parasitismo intracelular e protozoários, muitas das quais feitas na Ásia, onde esteve comissionado, montou o Laboratório e iniciou suas atividades. Estudou diversos casos de febre amarela e preparou meios de cultura indispensáveis aos estudos bacteriológicos". Nesta mesma Revista, em 1955, Augusto de E. Taunay registra:"Quando, em 1893, Le Dantec, primeiro diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo teve de voltar à França, recomendou ao governo do Estado que nomeasse para seu sucessor Adolfo Lutz, então seu assistente". Ref. https://data.bnf.fr/en/12174264/felix_le_dantec/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/le-dantec-felix Mais informações: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/33259 Mais informações: https://periodicos.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/33274 Charles Jules Henri Nicolle 1866-1936 Médico bacteriologista e filósofo francês. Foi diretor do Instituto Pasteur de Tunis (1903-1936), professor de medicina no Collège de France (1932). Prêmio Nobel de Medicina (1928). Charles Nicolle nasceu em Rouen em 21 de setembro de 1866, onde seu pai, Eugène Nicolle, era médico em um hospital local. Charles recebeu, junto com seus irmãos, aulas precoces em biologia de seu pai e, após a educação no Lycée Corneille de Rouen, ele ingressou na escola de medicina local, onde estudou por três anos antes de seguir seu irmão mais velho, Maurice, que estava trabalhando em Hospitais de Paris. (Maurice mais tarde se tornou Diretor do Instituto Bacteriológico de Constantinopla e professor do Instituto Pasteur, Paris.) Enquanto isso, Charles estudou com A. Gombault na Faculdade de Medicina e com Roux no Instituto Pasteur (servindo ao mesmo tempo como demonstrador no curso de microbiologia) para concluir a tese “Recherches sur la chancre mou” (Pesquisas sobre o cancro mole), que lhe rendeu o MD Licenciado em 1893. Regressou a Rouen para se tornar membro da Faculdade de Medicina e em 1896 foi nomeado Diretor do Laboratório de Bacteriologia. Ele continuou nesta posição até 1903, quando foi nomeado Diretor do Instituto Pasteur de Túnis, cargo que ocupou até sua morte em 1936. No início de sua carreira, Nicolle trabalhou com câncer e, em Rouen, investigou a preparação de anti-soro contra difteria. No Norte da África, sob sua influência, o Instituto de Túnis rapidamente se tornou um centro mundialmente famoso de pesquisa bacteriológica e para a produção de vacinas e soros para combater a maioria das doenças infecciosas prevalentes. Sua descoberta em 1909 de que a febre do tifo é transmitida pelo piolho do corpo ajudou a fazer uma distinção clara entre o tifo epidêmico clássico ligado ao piolho e o tifo murino, que é transmitido ao homem pela pulga do rato. Ele também fez contribuições inestimáveis para o conhecimento atual da febre de Malta, onde introduziu a vacinação preventiva; febre do carrapato, onde descobriu os meios de transmissão; escarlatina, por reprodução experimental com estreptococos; peste bovina, sarampo, gripe, por seu trabalho sobre a natureza do vírus; tuberculose e tracoma. Ele foi responsável pela introdução de muitas novas técnicas e inovações em bacteriologia. Nicolle foi uma das primeiras a reconhecer as propriedades protetoras do soro de convalescença contra o tifo e o sarampo; e conseguiu cultivar Leishmania donovani e Leishmania tropica em meios de cultura artificiais. Sua descoberta do mecanismo de transmissão da febre tifóide criou a base para os cuidados preventivos contra essa doença, durante as Guerras de 1914-1918 e 1939-1945. e conseguiu cultivar Leishmania donovani e Leishmania tropica em meios de cultura artificiais. Sua descoberta do mecanismo de transmissão da febre tifóide criou a base para os cuidados preventivos contra essa doença, durante as Guerras de 1914-1918 e 1939-1945. e conseguiu cultivar Leishmania donovani e Leishmania tropica em meios de cultura artificiais. Sua descoberta do mecanismo de transmissão da febre tifoide criou a base para os cuidados preventivos contra essa doença, durante as Guerras de 1914-1918 e 1939-1945. Nicolle escreveu vários livros importantes, incluindo Le Destin des Maladies infectieuses ; La Nature, concepção et moral biologiques ; Responsabilités de la Médecine e La Destinée humaine. Nicolle era associado da l'Academie de Médecine e recebeu o Prix Montyon em 1909, 1912 e 1914; o Prix Osiris em 1927, e uma medalha de ouro especial para comemorar seu Jubileu de Prata em Tunis em 1928. Nesta ocasião, ele também foi nomeado membro da Académie des Sciences de Paris. Em 1932, foi eleito Professor do Colégio da França. Charles Nicolle também gozava de considerável reputação como filósofo e escritor de histórias fantásticas, como Le Pâtissier de Bellone , Les deux Larrons e Les Contes de Marmouse . Ele foi dito por Jean Rostand ser “um poeta e realista, um homem de sonhos e um homem de verdade”. Nicolle se casou com Alice Avice em 1895; desse casamento nasceram dois filhos, Marcelle (n. 1896) e Pierre (n. 1898). Ele morreu em 28 de fevereiro de 1936. Charles Nicolle teve pouco tempo de conhecer Pasteur antes de sua morte. Ele trabalhou como estagiário ao lado de Élie Metchnihov e também ajuda Roux. Ele sofria de uma pequena surdez. O irmão mais velho de Charles, Maurice Nicolle, foi enviado por Roux para fundar o Instituto Pasteur em Constantinopla. Charles é solicitado a dirigir o Instituto Pasteur de Túnis, criado em 1893 por Adrien Loir, em sua volta da Austrália. Em Túnis estabelece que a leishmaniose é transmitida pelo piolho, além de identificar também este piolho como o vetor do tifo (Debré, 1995, p. 540-541). Ref. https://data.bnf.fr/en/12515901/charles_nicolle/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1928/nicolle/biographical/ Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/charles-jules-henri-nicolle Jules Jean Baptiste Vincent Bordet 1870-1961 Médico e bacteriologista belga. Doutor em medicina (1892). Isola o bacilo da coqueluche (em 1906). Titular da cadeira de bacteriologia da Université Libre de Bruxelles (1907-1935). Diretor do Instituto Pasteur de Brabante, Bruxelas (1901-1940). Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina (1919). Jules Bordet nasceu em Soignies, Bélgica, em 13 de junho de 1870. Foi educado em Bruxelas, onde se graduou como Doutor em Medicina em 1892. Em 1894 foi para Paris trabalhar no Instituto Pasteur até 1901, quando retornou à Bélgica para fundou o Instituto Pasteur, em Bruxelas. É Diretor do Instituto Belga desde o seu início (honorário desde 1940) e Professor de Bacteriologia da Universidade de Bruxelas desde 1907 (honorário desde 1935). Os primeiros estudos de Bordet mostraram que os soros antimicrobianos incluem duas substâncias ativas, uma existente antes da imunização, conhecida como alexina, e a outra um anticorpo específico criado pela vacinação: ele desenvolveu um método de diagnóstico de micróbios por soros. Em 1898, ele descobriu os soros hemolíticos e mostrou que o mecanismo de sua ação sobre o sangue estranho é semelhante àquele pelo qual um soro antimicrobiano atua sobre os micróbios e, além disso, que as reações dos soros são de natureza coloidal. Ele tem contribuído muito para a compreensão da formação da coagulina e também dos venenos anafiláticos. Junto com Gengou (em 1906), ele cultivou B. pertussise lançou as bases da opinião geralmente aceita de que este organismo é a causa bacteriana da tosse convulsa. Além de ser uma autoridade mundial reconhecida em muitos ramos da bacteriologia, Bordet era considerado um grande expoente e trabalhador da imunologia. Ele foi o autor de Traité de l'Immunité dans les Maladies Infectieuses (2ª ed., 1939) (Tratado sobre a imunidade em doenças infecciosas) e de um grande número de publicações médicas. Bordet foi membro permanente do Conselho Administrativo da Universidade de Bruxelas, foi Presidente do Primeiro Congresso Internacional de Microbiologia (Paris, 1930) e Ex-Presidente do Primeiro Conselho de Higiene da Bélgica, o Conselho Científico do Instituto Pasteur de Paris e a Academia Belga de Medicina. Ele era doutor, honoris causa, das Universidades de Cambridge, Paris, Estrasburgo, Toulouse, Edimburgo, Nancy, Caen, Montpellier, Cairo, Atenas e Quebec. Ele foi membro da Academia Real da Bélgica, da Royal Society (Londres), da Royal Society de Edimburgo, da Academy of Medicine (Paris), da National Academy of Sciences (EUA) e de muitas outras academias e sociedades. Bordet ganhou muitos prêmios durante sua carreira, incluindo o Grande Cordon de l'Ordre de la Couronne de Belgique (1930), o Grande Cordon de l'Ordre de Léopold (1937), o Grand Croix de la Légion d'Honneur (1938) e honras públicas da Romênia, Suécia e Luxemburgo. Em 1899, Bordet casou-se com Marthe Levoz. Eles tiveram um filho, Paul, que sucedeu seu pai como Chefe do Instituto Pasteur em Bruxelas e também como Professor de Bacteriologia, e duas filhas. Jules Bordet morreu em 6 de abril de 1961. Jules Bordet é o último dos grandes pasteurianos desta geração, talvez o menos conhecido do público. Entra no Instituto Pasteur em 1894 e trabalha com Metchnikov. Descobre os anticorpos, os antígenos, e inventa os princípios do sorodiagnóstico das afecções microbianas. Em 1901, quando regressa ao seu país, a Bélgica, pede e obtém de Marie Pasteur, depositária do Instituto Pasteur, o direito de batizar o nome de seu laboratório de Instituto Pasteur de Brabante. Em Bruxelas descobre o bacilo da coqueluche e estuda a coagulação do sangue. Em 1919, ao ganhar o Prêmio Nobel de Medicina, homenageia Pasteur (Debré, 1995, p. 541-543). Ref. https://data.bnf.fr/en/12347861/jules_bordet/ Ref. https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1919/bordet/biographical/ Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/history/jules-bordet-1870-1961 Émile Marchoux 1862-1943 Médico e biólogo francês. Doutor em medicina (Paris, 1887). Chefe do Departamento de Microbiologia Tropical, Instituto Pasteur, Paris. Fundador e presidente da Société de pathologie exotique. Membro da Academia Nacional de Medicina. Émile Marchoux nasceu em Saint-Amand-de-Boixe, Charente, França, a 24 de março de 1862. Depois de estudar em Angoulême, estudou medicina em Paris e em 1887 escreveu a sua tese sobre a história da febre tifoide nas tropas marítimas. Após a universidade, ele embarcou na carreira de médico do exército em Daomé e na Indochina. Entre 1893 e 1905, fez curso no Instituto Pasteur, dirigiu o laboratório em Saint-Louis, no Senegal e contribuiu com a missão de estudos da febre amarela no Brasil. Em 1905 deixou o exército para assumir um posto permanente no Instituto Pasteur, como chefe do Serviço de Microbiologia Tropical. Durante esse tempo, ele liderou importantes pesquisas sobre hanseníase e malária. Ele se tornou um campeão da profilaxia anti-hansênica e a maior parte de seu trabalho científico foi feito sobre a hanseníase. Ele fez um estudo detalhado da hanseníase em ratos e relatou hanseníase "inaparente" no rato, infecção sendo comprovada pela presença de bacilos álcool-ácido resistentes nas glândulas linfáticas. Ele descreveu um caso de hanseníase humana em que apresentou evidências que sugeriam ser atribuível à inoculação subcutânea acidental de material contendo o bacilo de Stefansky. Foi cofundador da Société de Pathologie Exotique (SPE) em 1908, da qual foi posteriormente presidente, de 1928 a 1932. Em 1923, foi presidente do Congresso Internacional da Hanseníase, após o que foi eleito o segundo presidente da Associação Internacional da Hanseníase (ILA), e em 1931 fundou o Institut Central de la Lèpre em Bamako, com F Sorel. Ele foi presidente do Primeiro Congresso Internacional de Higiene do Mediterrâneo em 1932 e em 1934 tornou-se Secretário Geral da Fundação Roux. Ele também foi membro da Academia Francesa de Medicina e Grande Oficial da Legião de Honra. Ele morreu em 19 de agosto de 1943. Marchoux fundou o Instituto Pasteur do Senegal (Debré, 1995, p. 543). Ref. https://data.bnf.fr/en/11184293/emile_marchoux/ Ref. https://leprosyhistory.org/database/person59 Jean Marie Marcel Mérieux 1870-1937 Bioquímico francês. Marcel Mérieux, aluno de Émile Roux, criou sua própria empresa em Lyon, no ano de 1897 (Debré, 1995, p. 543). Em 1897, Marcel Mérieux, que foi aluno de Louis Pasteur, fundou um laboratório de análises em Lyon, que posteriormente se tornaria no Instituto Mérieux. Em 1937, seu filho, Dr. Charles Mérieux, assumiu a direção do laboratório de seu pai. Na década de 1940, introduziu uma técnica desenvolvida pelo professor holandês Frenkel - cultura in vitro - que revolucionou a produção de vacinas e foi pioneiro na produção de reagentes para testes de diagnóstico in vitro. Em 1963, Alain Mérieux, neto de Marcel, fundou a bioMérieux, uma empresa de diagnóstico. Hoje faz parte do Instituto Mérieux, empresas de diagnósticos, imunoterapia, saúde alimentar e nutrição. Ref. https://www.biomerieux.com.br/sobre-nos/biomerieux-no-mundo/nossa-historia Ref. https://data.bnf.fr/en/11875957/fondation_merieux/ Mais informações: https://www.fondation-merieux.org/en/who-we-are/history/ Mais informações: https://www.youtube.com/watch?v=kM7SG3rlosU Charles Louis Alphonse Laveran 1845-1922 Médico militar francês. Descobriu o hematozoário responsável pela malária (1880). Prêmio Nobel de Medicina (1907). Membro da Academia de Medicina, seção de terapêutica e da Academia de Ciências. Alphonse Laveran foi o pioneiro da parasitologia no Instituto Pasteur com Félix Mesnil. Antes de ingressar no Instituto Pasteur, ele descobriu o que pensava ser o agente da malária, um protozoário que infectava as células vermelhas do sangue de seu hospedeiro. Isso foi no hospital Constantine em 1880. De 1880 a 1882, ele descreveu os protozoários em várias publicações. Em 1889, Alphonse Laveran participou de palestras de microbiologia no Instituto Pasteur e cinco anos depois começou a trabalhar como cientista voluntário. De 1900 a 1903, ele investigou a conexão potencial entre os mosquitos Anopheles e a malária. Ele viajou para a Córsega e a Camargue para estudar os mosquitos. Aqui ele também examinou mosquitos que recebeu de todo o mundo. Ele acreditava que poderia haver uma ligação entre esses mosquitos e a propagação da malária. Em 1900, Laveran e Mesnil estudaram os tripanossomos, os agentes causadores de várias epizootias e doenças humanas, como a doença do sono. Quatro anos depois publicaram um tratado sobre o assunto, concluído posteriormente em 1912. Em 1903, os cientistas mostraram que o parasita causador de Kala-azar, uma febre disseminada na Índia anteriormente identificada por Sir William Boog Leishman, era um novo protozoário, diferente dos tripanossomas e hematozoários que causam a malária. Eles o chamaram de Piroplasma donovani depois de Charles Donovan, que também estava trabalhando com leishmaniose. Ronald Ross criou o gênero Leishmania para o parasita que mais tarde foi denominado Leishmania donovani. O trabalho de Alphonse Laveran foi recebido com ceticismo de vários colegas cientistas. A importância de seu trabalho foi reconhecida, no entanto, e em 1907 ele foi agraciado com o Prêmio Nobel "por seu trabalho sobre o papel dos protozoários em causar doenças". Ele deixou quase toda a receita de seu prêmio para o Instituto Pasteur para o desenvolvimento de instalações dedicadas à parasitologia. Ref. https://data.bnf.fr/en/12511339/alphonse_laveran/ Ref. https://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/history/alphonse-laveran-1845-1922 Mais informações: https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1907/laveran/biographical/ Próximo Grupo
- Beneméritos | Pasteur Brasil
Beneméritos Louis Pasteur teve seu pai como primeiro preceptor. O primeiro dicionário da família “Novo Vocabulário ou Dicionário Portátil da Língua Francesa com Pronúncia” foi publicado por Rolland e Rivoire em 1803. Jean-Joseph Pasteur ansiava pelo conhecimento e encorajava os estudos do filho. O pai de Louis tinha poucos amigos, mas eruditos, a exemplo de professores e o médico de Arbois, Dr. Dumont. Aos 9 anos, L. Pasteur é admitido no Collège d´Arbois (atualmente Lycée Pasteur). Seu primeiro mestre foi o jovem Etienne Renaud, apegado aos alunos e contador de seus atos heroicos durante as campanhas bonapartistas. Mais tarde, ao receber homenagens e prêmios, Pasteur sempre reconhecerá este primevo professor. Emmanuel Bousson de Mairet (1796-1871), literato e filósofo, foi o amigo que ajudou a família Pasteur a se instalar em Arbois. Este erudito local escreveu pelo menos 30 textos, dentre os quais, a história dos habitantes de Arbois, a batalha de Alésia de Júlio César, e uma tragédia sobre Joana d´Arc. Mairet foi professor no Collège d´Arbois, mas, acometido pela surdez, precisou se aposentar prematuramente. Torna-se tutor de Louis, ajudando-o a progredir consideravelmente nos estudos, inclusive em retórica, onde Pasteur amealha vários prêmios. No entanto, quem terá influência decisiva nos futuros estudos de Pasteur será o Sr. Romanet, diretor do Collège d´Arbois. Ele ajuda a desenvolver no jovem aluno a circunspecção e a motivação pelos estudos. Pasteur o admira e, ainda criança, o escuta enaltecer os benefícios da educação, descrevendo a instituição que seria digna às suas capacidades: a École Normale Supérieure em Paris. A proposta prática para viabilizar a ida do jovem a Paris provém do capitão Barbier. Este amigo do pai de Pasteur, proveniente de Arbois, é Oficial da Guarda Municipal de Paris, e é quem fala de uma instituição no Quartier Latin, onde se preparam os alunos para as Écoles, dirigida por uma pessoa também do Franco-Condado, o sr. Barbet. Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. PASTEUR VALLERY-RADOT, Louis. Images de la Vie et de l´ Œ uvre de Pasteur. Paris, França: Flammarion, 1956. Etienne Renaud foi o 1º professor em Arbois (escola primária). É um jovem e ardente professor que se apega aos alunos e sabe como diverti-los. Gostava de contar seus atos heroicos durante as campanhas bonapartistas. Mais tarde, na época das honras e dos discursos, Pasteur sempre citará, com reconhecimento, este professor que lhe deu suas primeiras aulas. Romanet era Diretor do Collège d´Arbois. Teve influência decisiva na carreira de Pasteur. Pasteur o escuta enaltecer os benefícios da educação e descrever o único lugar que lhe parece digno das capacidades que vê na criança Pasteur: a École Normale. O primeiro dicionário da família de Pasteur, “Novo Vocabulário ou Dicionário Portátil da Língua Francesa com Pronúncia”, foi publicado por Rolland e Rivoire em 1803. Jean-Joseph Pasteur ansiava pelo conhecimento e encorajava os estudos do filho, Louis Pasteur. Emmanuel Bousson de Mairet (1796-1871). Homem de letras e filósofo, amigo do pai de Louis. É autor de pelo menos 30 textos: história de Arbois, batalha de Alésia de Júlio César, tragédia sobre Joana d´Arc, dentre outros. Foi devido a ele que a família de Pasteur se instalou em Arbois. Foi professor no Collège d´Arbois, mas, vítima de surdez, teve de se aposentar prematuramente. Torna-se tutor de Louis, ajudando-o a progredir consideravelmente, inclusive em retórica, onde amealha vários prêmios. Barbet, dono do internato em Paris onde Pasteur vai aos 15 anos com Jules Vercel, e aos 17 com Chappuis se preparar para o concurso da École Normale. Barbet cortou pela metade as mensalidades dos jovens. Aconselhou-os e explicou o sistema de estudo. Aos 17 anos, Pasteur é recebido novamente neste internato. Logo, prontificou-se a dar aulas aos rapazes mais atrasados e conseguiu desconto de dois terços no valor da mensalidade. Depois de alguns meses, o Sr. Barbet resolveu isentá-lo de taxas. Lições elementares a Louis Pasteur na infância. Placa Rue du Collège Pasteur em Arbois. Lycée Pasteur. Placa em frente ao Collège Pasteur, onde o cientista estudou de 1831 a 1838. Vista interior do Collège Pasteur. Concours publics em 1832. Livro de Louis Pasteur sobre a história dos imperadores. Busto de Pasteur em praça de Arbois. Continue lendo a biografia
- Arbois | Pasteur Brasil
Arbois Arbois é a cidade onde Louis Pasteur passa a infância e juventude. Igualmente a Dole, a casa da família abre-se diretamente para o rio, onde no subsolo há fossas redondas para o curtimento de peles, ofício de seu pai. Anos antes, seu pai, Jean-Joseph Pasteur (1791-1865) havia sido convocado para a Guerra da Espanha (1812-1813), na qual foi nomeado sargento-mor e recebeu a cruz de Cavalheiro da Legião de Honra pelo imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821). De personalidade reservada, o pai de Louis zelava pela educação do filho, tornando-se seu professor particular. Sua presença foi marcante durante toda a vida do cientista, fornecendo-lhe conselhos, ensinando sobre honra, justiça e dever. Jeanne-Etienette Roqui (1793-1848), mãe de L. Pasteur, tinha características contrastantes e complementares ao marido, mostrando-se entusiasta e imaginativa. Na pequena cidade de Arbois, às margens do Rio Cuisance, Louis Pasteur passou os primeiros anos de sua vida, sem nada chamar a atenção, exceto seus desenhos e pastéis que revelavam um poderoso dom da observação e uma rara preocupação com a precisão ( Pasteur Vallery-Radot, 1956, p. 8). Pinturas de ambos os pais foram realizadas por Louis Pasteur na juventude. Aos 13 anos, retratou sua mãe, em sua primeira obra em pastel. Aos 19 anos, sua última pintura é de seu pai. O irmão mais velho de L. Pasteur, Jean-Denis, faleceu nos primeiros meses de vida. A irmã mais velha, Jeanne-Antoine (apelidada de Virginie), casa-se com o primo Gustave Vichot. Futuramente, o casal sucede a Jean-Joseph no curtume em Arbois. As duas irmãs mais novas do cientista, Joséphine e Émilie, falecem jovens, aos 25 e 26 anos. A primeira, de doença pulmonar, e a segunda, após sequelas de uma encefalite adquirida aos 3 anos de idade, que progrediu para uma deficiência mental. Bastante jovem, L. Pasteur tomou consciência de ser o único “macho da ninhada”. Em suas cartas, pode-se ler todos os tipos de conselhos e atenções às irmãs. Da casa em Arbois, Louis partiu com o coração pesado, numa manhã de outubro de 1838, com seu amigo Jules Vercel, para ir à Paris para se preparar para o concurso para a École Normale. Poucas semanas depois, ele pega o caminho para Arbois, com saudades de casa. Porém, nos meses seguintes, ele dobra sua alma sensível sob a disciplina de sua vontade. Saiu de novo da casa do pai para ir ao colégio de Besançon, onde passou no bacharelado em ciências, com nota medíocre em química (Pasteur Vallery-Radot, 1956, p. 8). Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. PASTEUR VALLERY-RADOT, Louis. Images de la Vie et de l´ Œ uvre de Pasteur. Paris, França: Flammarion, 1956. Busto de Louis Pasteur e panfletos na entrada da Maison Pasteur. Fachada atual da Maison de Louis Pasteur. Pintura em pastel de Jean-Joseph, realizada por Louis Pasteur aos 19 anos. Cruz de Cavalheiro da Legião de Honra recebida pelo pai de Pasteur pelo imperador Napoleão Bonaparte. Junto, a Medalha de Santa Helena. Jeanne-Etienette Roqui, mãe do cientista, em pastel realizado por Louis Pasteur aos 13 anos de idade. Sinalização na entrada da Maison Pasteur, indicando estar aberta à visitação. Sinalização nas ruas de Arbois indicando o caminho da Maison Pasteur. Folder ilustrado da Maison de Louis Pasteur. Uma das muitas placas informativas na cidade de Arbois, com dados históricos. Continue lendo a biografia
- Análise dos Grupos | Pasteur Brasil
Análise dos Grupos de Personalidades Voltar para os Grupos
- Saúde e Morte | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Saúde e Morte Henri Étienne Sainte-Claire Deville 1818-1881 Químico francês. Professor da Sorbonne. Diretor dos laboratórios de química da École normale supérieure e da École normale des Hautes Etudes (EHESS). Deville foi um dos químicos mais prolíficos e versáteis do século XIX, fazendo contribuições importantes na maioria das áreas de sua ciência. Ele e seu irmão Charles, mais tarde um físico conhecido, eram filhos do cônsul francês nas Ilhas Virgens, que era um proeminente armador. Os irmãos foram educados em Paris, onde Henri se formou em medicina em 1843. Mesmo antes de se formar, ele se sentiu atraído pelo estudo da química pelas palestras de Thenard. Ele estabeleceu um laboratório privado em seus próprios aposentos e em 1839 publicou seu primeiro artigo, um estudo de terebintina. Logo depois de receber seu doutorado em medicina, ele o seguiu com um em ciências. Em 1845, por influência de Thenard, Deville foi nomeado professor de química e reitor da recém-criada faculdade de ciências da Universidade de Besançon. Aqui, ele estabeleceu tal reputação que, em janeiro de 1851, foi escolhido como professor de química na École Normale Supérieure de Paris. As instalações para pesquisa eram, a princípio, precárias e o ensino, elementar. Deville, no entanto, era um excelente professor e também era ativo na pesquisa. Sempre interessado em ensinar alunos iniciantes, ele aprimorou muito o laboratório de pesquisas da instituição. Muitos químicos mais jovens e notáveis foram treinados por ele. De 1853 a 1866, ele deu aulas de química na Sorbonne. Deville sempre esteve perto de seu irmão, cuja morte em 1876 foi um duro golpe para ele. Sua saúde piorou gradualmente e ele se aposentou em 1880. Deville era essencialmente um experimentalista e tinha pouco interesse na teoria química. Ele começou seus estudos de laboratório em uma época em que a química orgânica estava se desenvolvendo mais ativamente, e seus primeiros trabalhos foram neste campo: investigações de terebintina, tolueno e anidridos ácidos. No entanto, sua habilidade analítica e sua importante síntese de pentóxido de nitrogênio em 1849 voltou sua atenção para a química inorgânica. Ele desenvolveu um processo para a produção de alumínio puro, reduzindo seus sais com sódio. Os métodos de Deville tornaram os dois metais prontamente disponíveis e reduziram drasticamente seus custos, mas ele mesmo não participou muito de seu desenvolvimento industrial posterior. Ele usou o sódio obtido por seu método para a preparação de elementos como silício, boro e titânio. Suas investigações sobre a metalurgia da platina renderam honras do governo russo. Em muitos de seus estudos, como os da produção artificial de minerais naturais, Deville empregou temperaturas altíssimas e se tornou uma autoridade reconhecida no uso dessa técnica. Suas medições das densidades de vapor de compostos em várias temperaturas ajudaram a confirmar a hipótese de Avogadro. Esses estudos levaram Deville a sua descoberta mais notável, a dissociação de compostos químicos aquecidos e sua recombinação em temperaturas mais baixas. Ele aqueceu substâncias como água, dióxido de carbono e cloreto de hidrogênio e depois resfriou-os repentinamente para recuperar os produtos de decomposição. Este trabalho levou a uma melhor compreensão do mecanismo das reações químicas e a desenvolvimentos significativos na físico-química. Em 1868, aos 45 anos, durante as pesquisas com o bicho-da-seda, na manhã em que Pasteur deve ir se apresentar em uma sessão na Academia de Ciências, ele se sente mal e tem um formigamento em todo o lado esquerdo do corpo. Em vez de ficar de repouso, segue até o local, acompanhado pela esposa, e retorna após o fim da sessão, a pé, com Balard e Sainte-Claire Deville. Depois do jantar, Pasteur deita cedo, mas o mal-estar se agrava e ele não consegue mais falar e mexer os membros do lado esquerdo. Apesar do AVC, Pasteur continua consciente e lúcido, o que confunde os médicos. Os amigos cientistas de Pasteur acorrem à sua cabeceira: Sainte-Claire Deville, Dumas, Bertin, Gernez, Duclaux, Raulin (Debré, 1995, p. 235). Ref. https://data.bnf.fr/en/13164283/henri_sainte-claire_deville/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/deville-henri-etienne-sainte-claire Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Henri-Etienne-Sainte-Claire-Deville Antoine-Jérôme Balard 1802-1876 *Ver microbiografia de Antoine Balard no grupo Primeiras Influências Científicas. Em 1868, aos 45 anos, durante as pesquisas com o bicho-da-seda, na manhã em que Pasteur deve ir se apresentar em uma sessão na Academia de Ciências, ele se sente mal e tem um formigamento em todo o lado esquerdo do corpo. Em vez de ficar de repouso, segue até o local, acompanhado pela esposa, e retorna após o fim da sessão, a pé, com Balard e Sainte-Claire Deville. Depois do jantar, Pasteur deita cedo, mas o mal-estar se agrava e ele não consegue mais falar e mexer os membros do lado esquerdo. Apesar do AVC, Pasteur continua consciente e lúcido, o que confunde os médicos (Debré, 1995, p. 235). Jean-Baptiste-André Dumas 1800-1884 Pierre-Augustin Bertin 1818-1884 Désiré Jean Baptiste Gernez 1834-1910 Émile Duclaux 1840-1904 Jules Raulin 1836-1896 Claude Bernard 1813-1878 *Ver a microbiografia de Jean-Baptiste-André Dumas no grupo Primeiras Influências Científicas. *Ver a microbiografia de Pierre-Augustin Bertin no grupo Amigos de Infância e Adolescência. *Ver as microbiografias de Désiré Gernez, Émile Duclaux e Jules Raulin no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. *Ver a microbiografia de Claude Bernard no grupo Fermentação. Após o primeiro AVC, aos 45 anos, os amigos cientistas de Pasteur acorrem à sua cabeceira: Sainte-Claire Deville, Dumas, Bertin, Gernez, Duclaux, Raulin (Debré, 1995, p. 235). Claude Bernard é um dos primeiros a comparecer à cabeceira de Pasteur para trazer, afetuosamente, seu apoio moral (Debré, 1995, p. 398). Nos dias seguintes, há uma lenta melhora. A fala retorna, e oito dias após começa a ditar uma nota a Gernez para a Academia sobre um procedimento para a prevenção da flacidez. Também dita à Marie Pasteur uma carta direcionada ao imperador de que possivelmente está morrendo com o desgosto de não ter feito o suficiente para honrar o reino (Debré, 1995, p. 235). Noël-François-Odon Guéneau de Mussy 1813-1885 Médico francês. Membro da Academia de Medicina (em 1867). Membro fundador da Therapeutic Society (em 1866). Autor de numerosos artigos nos periódicos "Medical Union", "General Bulletin of Therapeutics" e "General Archives of Medicine". Guéneau de Mussy era filho do escritor Philibert Guéneau de Mussy (1776-1854) e neto do higienista Jean Noël Hallé (1754-1822). Em 1835, ele se tornou interno em hospitais de Paris e em 1837 recebeu seu doutorado em medicina. Em 1842 ele se tornou médecin des hôpitaux, trabalhando no Hôpital Saint-Antoine, no Hôpital de la Pitié e no Hôtel-Dieu de Paris. Ele era membro da Académie Nationale de Médecine. Dois de seus assistentes mais conhecidos foram o oftalmologista Henri Parinaud (1844 a 1905) e o cirurgião pediátrico Edouard Francis Kirmisson (1848 a 1927). Ele fez contribuições em sua pesquisa sobre coqueluche, hemiglossite, bócio exoftálmico e angina glandular. Entre suas obras escritas estava a Clinique médicale de quatro volumes (1874-1885). Seu nome é emprestado ao epônimo "ponto Guéneau de Mussy", uma localização anatômica pertinente em casos de pleurisia diafragmática. Ele está localizado na margem esquerda do esterno, no final da porção óssea da décima costela. Se houver pleurisia diafragmática, o ponto torna-se extremamente dolorido quando é aplicada pressão sobre ele. Em 1868, aos 45 anos, Pasteur sofre o primeiro AVC. Os médicos Godélier, Guéneau de Mussy e Andral acompanham sua recuperação. Apesar do AVC, Pasteur continua consciente e lúcido, o que confunde os médicos (Debré, 1995, p. 235). Ref. https://data.bnf.fr/en/13423570/noel_gueneau_de_mussy/ Ref. https://academictree.org/idtree/peopleinfo.php?pid=58497 Ref. https://peoplepill.com/people/noel-gueneau-de-mussy/ Mais informações: https://www.parismuseescollections.paris.fr/fr/musee-carnavalet/oeuvres/portrait-de-noel-gueneau-de-mussy-1813-1885-medecin-0#infos-principales Gabriel Andral 1797-1876 Médico francês. Foi professor de patologia geral da Faculdade de Medicina de Paris. Embora um tanto esquecido, Gabriel Andral, segundo Ackerknecht, foi o mais famoso de todos os ecléticos. OW Holmes e Rudolf Virchow o classificaram como um dos principais médicos da Escola de Paris. Wunderlich tinha uma estima especial por ele. Andral se considerava um "eclético por necessidade". Esse ecletismo tinha para ele dois objetivos: conciliar os pontos de vista de grupos rivais como os de Laennec e Broussais, por um lado, e se opor vigorosamente a qualquer tentativa de ditadura doutrinária na medicina, por outro. O termo "ecletismo" é frequentemente aplicado para se referir à tendência que superou a oposição entre Broussais e seus seguidores e Laennec e seus seguidores. Do ponto de vista da pesquisa de laboratório, duas posições se distinguem. O primeiro foi o ceticismo que permaneceu em torno do grupo Charité em relação ao uso do microscópio, análises químicas e experimentação animal. O representante mais proeminente foi Armand Trousseau (1801-1867). Por outro lado, o ecletismo que se abriu à pesquisa laboratorial é personificado em Gabriel Andral. Ele estava em condições adequadas para superar a oposição entre brusistas e "anatomopatologistas". A segunda edição de sua Clinique Medicale (1829-1833) reflete como ele abraçou criativamente as contribuições de ambos os grupos. Andral introduziu análises microscópicas, químicas e pesquisas experimentais em animais. Junto com Gavarret, aplicou esses métodos ao estudo das doenças do sangue, tanto que é considerado um dos criadores da hematologia moderna. Seu Essai d'hematologie pathologique , no qual ele expressa sua dívida para com Magendie, é um claro exemplo ou símbolo da transição de um estágio para outro na patologia e na clínica. Posições semelhantes foram tomadas por Pierre F. Olivier Rayer (1793-1867) e Pierre A. Piorry (1794-1879). Gabriel Andral nasceu em 6 de novembro de 1797 em Paris. Seu pai chamava-se Guillaume; Ele foi um médico militar e mais tarde, na Itália, um médico de Murat, rei de Nápoles. Sua mãe chamava-se Madeleine Louis Jobineau de Marolles. Andral passou parte de sua infância na Itália, onde recebeu os primeiros ensinamentos. Em 1813 ele retornou à França e passou dois anos no Lycée Louis-le-Grand. Em 1915 ele começou a estudar medicina. Ele era um interno não oficial a serviço de TN Lerminier (1770-1836) no Hospital de la Charité, amigo de seu pai, discípulo de Corvisart e médico dos exércitos napoleônicos. Durante esta fase, ele também fez amizade com Pierre-Charles-Alexandre Louis (1787–1872), a quem ajudou na cruzada contra a “sede de sangue” de Broussais [4]. Ele não entrou no concurso do internato como de costume, pois pertencia a uma família muito abastada. Em 1820, como aluno da École prática, ganhou o prêmio de química. A partir de 1820, Andral publicou vários trabalhos sobre temas patológicos (sobre hemorragias intersticiais dos músculos e sobre cânceres de estômago) na Gazette de Santé. Em 1821, ele obteve seu doutorado com a tese De la valeur des signes fournis par l'expectoration dans les maladies . Em junho de 1823 foi eleito membro associado da Royal Academy of Medicine, fundada em 1820. Em 1833 tornou-se membro titular. Dez anos depois, ele também entrou na Academia de Ciências. Entre 1823 e 1827, Andral publicou a primeira edição de sua Clinique Medicale, ou choix d'observations recuillies a la Clinique de M. Lerminier, que teve muito sucesso. Consistia em quatro volumes que continham de forma clara e precisa a descrição de numerosos casos clínicos com achados post-mortem do serviço de Lerminier no Charité. Uma síntese dela foi traduzida para o inglês por Spillan em 1836. É um grande compêndio da medicina francesa da época. A segunda edição apareceu entre 1831 e 1833; a terceira, em Bruxelas, em 1838; e a quarta entre 1838 e 1840. Após a reorganização do corpo docente, em 1823 foi criado o corpo de docentes adstritos. Em 1824, Andral entrou na primeira competição com quatro outros médicos, incluindo Jean Cruveilhier, Jacques André Rochoux, Dugès e Alfred Velpeau [8]. Foi o primeiro com sua obra An Antiquorum doctrina de crisibus et diebus criticis admittenda? Um in curandis morbis et praesertim acutis observado? Em 1825 organizou um curso gratuito de anatomia patológica na escola prática. Em 1827 casou-se com Angélique Augustine Royer-Collard, filha de Pierre-Paul Royer-Collard, um dos políticos mais importantes da época. Eles tiveram um filho, Paul Andral, que se tornou vice-presidente do Conselho de Estado entre 1874 e 1879. Em 1826 criou em colaboração com Jean Baptiste Bouillaud, AC Reynaud, Pierre Louis Cazenave, Delmas e Philippe Frédéric Blandin o Journal Hebdomadaire de Médecine . Foi publicado por dois anos. Em seguida, Andral tornou-se médico no Hospital Cochin, depois no Hospital Maternity e mais tarde na Royal House of Health e La Pitié. Em janeiro de 1828, Andral foi chamado para substituir Joseph René Hyacinthe Bertin (1757-1827) como Professor de Higiene. Permaneceu no cargo até a revolução de julho de 1830. Posteriormente, em outubro do mesmo ano, assumiu a cadeira de Patologia Médica, substituindo Pierre Éloy Fouquier, que ocupou até a morte de Broussais, que foi sucedido em sua cadeira pelo 25 de janeiro de 1839. Em 1829, ele publicou o Précis d'anatomie pathologique , dedicado a Lerminier, em três volumes, que logo foi traduzido para o inglês em dois volumes por Townsend e West. O texto é apoiado por um grande número de observações de anatomia comparada feitas por Dupuy, da Escola de Veterinária Alfont. Suas observações tinham um duplo objetivo: relacionar lesões e sintomas, por um lado, e reconhecer que as lesões poderiam existir sem sintomas e sintomas sem eles, por outro. Dessa forma, ele descreveu a importância da inflamação aguda e crônica da membrana que reveste as câmaras cardíacas nos aneurismas cardíacos. A primeira parte é dedicada à anatomia patológica geral, "tout ce que les lesions du corps humain ont de commun entre'elles, soit dans leur forme extérieure, soit dans leur disposition intime, soit dans leur mode de production". O segundo à anatomia patológica especial, onde, "j'ai essay d'appliquer à l'histoire des maladies de quelques appareils la méthode que j'avais suivie dans la première partie. J'ai choisi ceux de ces appareils dont les maladies, étant plus spécialement du domaine de la pathologie interne, ontété plus spécialement also l'objet de mes études. /. É eficaz para mim me recuperar das causas de lesões que foram diminuídas, de saisir leurs rapports, leur mode d'enchaînement et de succession. J'ai eu discuti l ' importância do papel que jouent ces lesões dans la production des maladies. J'ai recherché jusqu'a que aponta o reconhecimento de lesões ces, mas não ajuda a determinar o seguimento e a natureza das doenças. J'ai enfin examinou quelle sorte d'influence l'anatomie pathologique doit avoir sur la thérapeutique ... ”. A primeira seção da primeira parte trata das lesões circulatórias; no segundo, os da nutrição; na terceira, de secreção; no quarto daqueles do sangue; e no quinto daqueles de inervação. Os outros dois volumes tratam de anatomia patológica especial: sistema digestivo, pulmões, coração, vasos linfáticos, fígado, baço, tórax, gônadas e sangue. Ele também se aprofundou no estudo do sistema nervoso central, rejeitando alguns locais. Por meio da análise de 36 tumores intra ou supracerebelares, ele notou que a inteligência permanecia intacta durante o curso da doença. Andral é dito ter sido o primeiro descritor de linfangite carcinomatosa. Costuma-se dizer que a primeira referência ao assunto apareceu em seu Précis d'anatomie pathologique . No entanto, parece que ele já se referia à doença em dois trabalhos anteriores: "Recherches pour servant à la histoire des maladies du système lymphatique" que publicou nos Archives de médecine em 1824, e no segundo volume de sua Clinique Medicale ( 1826). Entre 1840 e 1842, Andral apresentou à Academia de Ciências duas memórias sobre as modificações das proporções de alguns princípios do sangue e sobre a composição do mesmo de alguns animais domésticos em colaboração com Gavarret e Delafond: “Recherches sur les changes de proportion de quelques principes du sang, fibrina, glóbulos, matériaux solides du soro, et eau, dans les maladies ”(Andral e Gavarret) e“ Recherches sur la composition du sang de quelques animaux domestiques, dans l'état de santé et de maladie (Andral , Gavarret e Delafond). A moda do humoralismo voltou na França na década de 1930, mas de forma renovada e científica, principalmente no que diz respeito à patologia hemática. Os trabalhos experimentais de Prévost e Dumas, bem como os de Magendie e Gaspard durante a década anterior, influenciaram. Foi a memória de Andral e Gavarret Recherches sur les modificações de proporção de quelques príncipes du sang (1840) que desempenhou o papel mais proeminente. Era lógico que foram encontrados sintomas que não foram acompanhados por lesões em órgãos sólidos. Em 1843, ele publicou seu Essai d'hématologie pathologiqueque lhe trouxe fama internacional. Nele fala dos estudos do sangue do ponto de vista físico, químico e microscópico, e numa frase, quase profética, diz que onde a anatomia não consegue detectar alterações, é a química que as mostra. Aos poucos, ele se tornará uma das bases da patologia, não apenas estudando os líquidos alterados pela doença, mas também como um estudo das modificações das partes sólidas. Nesse período, estudava-se o que então era permitido pela química: álcalis livres ou combinados, fibrina, dosagem de albumina sérica, hemácias em processos de pletora, febres e processos inflamatórios. Ele observou a modificação da albumina no decorrer do edema de fome e as variações na taxa de sedimentação no decorrer do consumo. Nesta peça, “A hematologia patológica começa no efeito dos faits do quelque valeur, que é o nome de um grande nome da maldade, aura été soumis à l'investigation chimique, e examinado ao microscópio. Sans doute, en étudiant par ce double moyen d'analyse les divers principes du sang, et en les suivant ainsi a un dans tous leurs mudanças possíveis de proporção ou de natureza, il ne sènsuit pas qu'il faille négliger l'étude des mudanças que são feitas com o propósito de fazer propriedade física; É melhor reconhecer o fato de que a pessoa deriva do estudo se presume insuficiente, e que emprega seule, sem o controle do analista, a única lembrança de se tornar uma fonte d'erreur ”. O livro está dividido em dois grandes capítulos. O primeiro refere-se ao "melhor método a ser seguido nos estudos de hematologia patológica". No segundo, ao sangue em diferentes doenças: pletora, anemia, pirexia, fleuma, hemorragia, hidropisia, nas doenças "comumente chamadas de orgânicas" e nas "neuroses". O Essai foi traduzido para o inglês por Meigs e Stillé e publicado na Filadélfia em 1844. De acordo com Duffin, Andral e Alfred Donné (1801-1878) foram os pioneiros no uso da quantificação em hematologia, relacionando várias doenças ao número, concentração, tamanho e formato das hemácias. Além disso, Andral foi o primeiro a sugerir que a anemia era consequência da destruição das hemácias (hemólise) e a descreveu como uma diminuição do número de hemácias no sangue. Ele o associou à gravidez e à clorose. As descobertas de Andral e Donné representaram um avanço na medicina clínica. Em 1845, ele estudou a capacidade pulmonar por espirometria. Ele o fez como um clínico interessado em cardiologia. Em 1828 criou o termo "cardite reumática" que acabou sendo denominado "endocardite". Ele também estudou o edema pulmonar em suas formas de origem cardíaca. Entre 1852 e 1856, Andral foi responsável pelo ensino de História da Medicina. Ele colecionou aulas em várias edições da revista L'Union Medicale . É surpreendente que ele não considerasse Hipócrates um autor vivo e atual, como era costume em sua época. Nisso ele seguiu Bichat mais do que Laennec. Em 1856, ele praticamente abandonou o ensino e a pesquisa para cuidar de sua esposa doente. Em novembro de 1866 ele se aposentou e foi substituído por Charles Ernest Lasègue (1816-1883) em 1867. Quando Pasteur sofreu uma paralisia em 1868, foi Andral quem foi chamado para atendê-lo. Durante a guerra de 1870, ele deixou Paris com sua família para ir para Chateauvieux, onde os Royer-Collards possuíam uma propriedade. Sua esposa faleceu em 1872. Posteriormente, ele ainda participou de algum ato e em 1875 encerrou sua carreira com uma nota que apresentou à Academia de Ciências sobre glicosúria. Nesse mesmo ano, contraiu uma pneumonia que o matou poucas semanas depois, no dia 13 de fevereiro, sendo tratado por Béhier. Andral é uma figura importante no que veio a ser chamado de Escola de Medicina de Paris, à frente da qual Rene Laennec é frequentemente colocado. Como já foi dito, foi eleito membro associado da Academia de Medicina em 1823 e titular em 1833 na secção de patologia médica. Em 1843 ele substituiu Double na Academia de Ciências. Ele também foi membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências desde 1849. Comandante da Legião de Honra em 1858. Os médicos Godélier, Guéneau de Mussy e Andral acompanham a recuperação de Pasteur. Andral, célebre médico da Academia de Medicina, prescreve a aplicação de sanguessugas atrás das orelhas. Ele reconhece que esse ataque de hemiplegia, tão diferente de todos os outros que testemunhou até o momento, deixa-o perturbado. Apesar do AVC, Pasteur continua consciente e lúcido, o que confunde os médicos (Debré, 1995, p. 235). Ref. https://data.bnf.fr/en/12544310/gabriel_andral/ Ref. https://www.historiadelamedicina.org/andral.html Napoleão III 1808-1873 Eugénia de Montijo 1826-1920 Ildephonse Favé 1794-1878 Jean-Victor Duruy 1794-1878 *Ver a microbiografia de Napoleão III, Eugénia de Montijo, Ildephonse Favé e Victor Duruy no grupo Políticos. Após o primeiro AVC, Pasteur dita à Marie uma carta direcionada ao imperador de que possivelmente está morrendo com o desgosto de não ter feito o suficiente para honrar o reino (Debré, 1995, p. 235). O primeiro pensamento de Pasteur é para o laboratório que Napoleão III havia prometido mandar construir na Rua Ulm. Da janela da sala de jantar que dá para o jardim da École Normale, ele vigia o canteiro de obras. Os operários desaparecem ao primeiro sinal da doença. Por intermédio do general Favé, Pasteur manda dizer que estão com muita pressa de enterrá-lo. Napoleão III e Victor Duruy se desculpam por tal precipitação, e é dada uma ordem para que a construção seja retomada (Debré, 1995, p. 236). Pierre-Paul-Émile Roux 1853-1933 André Chantemesse 1851-1919 Élie Metchnikoff (Ilya Ilyich Mechnikov) 1845-1916 Jacques-Joseph Grancher 1843-1907 Alexandre Dumas (filho) 1824-1895 Charles Chappuis 1822-1897 *Ver a microbiografia de Émile Roux no grupo Doenças Infectocontagiosas. *Ver a microbiografia de André Chantemesse e Élie Metchnikoff no grupo Pasteurianos. *Ver a microbiografia de Jacques Grancher no grupo Vacinação: Raiva. *Ver a microbiografia de Alexandre Dumas (filho) no grupo Academia Francesa. *Ver a microbiografia de Charles Chappuis no grupo Amigos de Infância e Adolescência. Um ano antes da inauguração do Instituto Pasteur, em 23/10/1887 Pasteur sofre um novo AVC seguido de afasia e recupera a fala. Alguns dias depois sofre novo ataque, mais difícil de reabsorver, então sua fala e fraca e embaralhada (Debré, 1995, p. 522-523). Em 01/11/1894 quando se preparava, como fazia diariamente para ver os netos, Pasteur é tomado por um terrível mal-estar e desmaia. Só volta a si à noite para pedir que fiquem a seu lado. Durante 3 meses não sai da cama. Seus filhos e netos se instalam no Instituto Pasteur. Organizam turnos para lhe fazer companhia. Em grupos de 2, pasteurianos e membros da família se revezam na cabeceira de Pasteur, noite e dia. Roux e Chantemesse ficam nos turnos da noite. Quando tem algum tempo livre, Metchnikoff o visita, não importa a hora. O mesmo acontece com Grancher. Em 1º de janeiro de 1895, Pasteur recebe todos os seus alunos e colaboradores para exprimir-lhes seus votos de fim de ano. Neste dia, também aparece Alexandre Dumas (filho) para cumprimentá-lo. No Instituto Pasteur, Louis Pasteur passa muitas horas durante a tarde sob os castanheiros conversando em voz baixa com seus colaboradores ou com o fiel amigo Charles Chappuis (Debré, 1995, p. 546-547). No dia 13 de junho de 1895, Pasteur deixa o Instituto Pasteur e vai para Villeneuve-l´Etang, para passar a primavera, mas está cada vez mais fraco e não aproveita o parque. Suas forças declinam. Depois de um novo ataque, falece em 28 de setembro de 1895 às 16h40. De acordo com a vontade da família, é sepultado em uma cripta construída no subsolo de seu Instituto (Debré, 1995, p. 547-552). Próximo Grupo
- Orçamento da ciência | Pasteur Brasil
Orçamento da Ciência Em 1867, na qualidade de diretor do laboratório na Rua d´Ulm, Pasteur dirige uma carta ao imperador Napoleão III: “Senhor, minhas pesquisas sobre as fermentações e sobre o papel dos microorganismos microscópicos abriram à química fisiológica novas vias de que as indústrias agrícolas e os estudos médicos começam a recolher frutos. Porém o campo que resta percorrer é imenso. Meu maior desejo seria explorar com novo ardor, sem estar à mercê da insuficiência de recursos materiais (...) É chegado o tempo de libertar as ciências experimentais das misérias que as entravam” (Debré, 1995, p. 166). No dia seguinte, Napoleão III pede a Victor Duruy que empreenda a construção de um novo laboratório na Rua Ulm. Contudo, em dezembro de 1867 surgem obstáculos que fazem parar a obra. Os créditos para a construção do novo prédio são recusados. Encontra-se dinheiro para levantar o novo Ópera de Charles Garnier, mas não há mais dinheiro nos cofres imperiais para a pesquisa científica. Furioso, Pasteur publica um artigo para o jornal Le Moniteur Universel, intitulado “O Orçamento da Ciência” a fim de sacudir a opinião pública: “Laboratório e descoberta são termos correlatos. Suprimam os laboratórios e as ciências físicas se tornarão a imagem da esterilidade da morte (...) Deem-lhe os laboratórios e com eles reaparecerá a vida, sua fecundidade, e seu poder” (Debré, 1995, p. 166). Algumas semanas depois, o imperador reúne todos os membros do governo e um areópago de cientistas: Louis Pasteur, Henri Milne-Edwards, Claude Bernard e Henri Sainte-Claire Deville. Pasteur recorda ainda a criação da função de estagiário, demonstrando a necessidade de iniciar os melhores alunos à pesquisa, e diz: “Olhem para os cientistas alemães. Eles moram nas cercanias de seu laboratório. Sigamos o exemplo!” (Debré, 1995, p. 168). Indo além, pensa que as próprias cidades deveriam se interessar pelos trabalhos científicos. A passagem de Victor Duruy como Ministro da Instrução Pública ficará marcada pela atenção e ajudas concedidas aos homens de ciência, além de desenvolver uma amizade verdadeiramente pessoal com Louis Pasteur. Uma decisão de Duruy vai ser particularmente cara a Pasteur: um decreto generalizando a criação de laboratórios de pesquisa nas faculdades. A convicção de ambos os amigos de que a ciência constitui uma parte essencial do patrimônio nacional, assim como o apoio de Napoleão III, vão vencer os obstáculos administrativos: o desbloqueio de créditos para a continuação da construção do laboratório na Rua Ulm, o berço de prodigiosas descobertas. Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a. Ópera Garnier Jornal Le Moniteur Universel. Henri Milne-Edwards. Claude Bernard. Henri Sainte-Claire Deville. Laboratório na Rue d´ Ulm em Paris. Victor Duruy. Continue lendo a biografia
- Família Louis Pasteur | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Família Louis Pasteur Marie Anne Laurent (Marie Pasteur / Madame Pasteur) 1826-1910 *Ver a microbiografia de Marie Pasteur no grupo Família Laurent. Jeanne Pasteur 1850-1859 Francesa. Aos 9 anos, a primeira filha do casal Pasteur falece de febre tifoide. Jean-Baptiste Pasteur 1851-1908 Francês. Quando criança, os pais o chamavam de “Batitisse” ou “Batitim” (Debré, 1995, p. 83). Aos 18 anos, Jean-Baptiste se alista como voluntário na guerra, e logo depois contrai febre tifoide e fica de cama. Pasteur teme que esta doença leve também seu filho (Debré, 1995, p. 270-271). Esteve na guerra franco-alemã em 1870. Sem esperança de vitória, Pasteur e a esposa partem para o leste, em longa e penosa viagem, enfrentando neve na tentativa de encontrarem o filho. Vasculharam por dias até encontrá-lo sujo, ferido e faminto (Garozzo, 1974, p. 120-121; Viñas, 1991, p. 80; Bazin, 2009, p. 66). Depois de formado em Direito, foi recebido em janeiro de 1891 no concurso Quai d'Orsay e tornou-se secretário da embaixada e depois diplomata em Roma, Copenhague, Madrid e Atenas (Vallery-Radot, 1945, p. 118). Aos 23 anos casou-se com Jeanne Boutroux. O casal não teve filhos (Debré, 1995, p. 366). Leu o discurso do pai na inauguração do Instituto Pasteur, pois um ano antes Pasteur havia sofrido um novo AVC, seguido de afasia (Debré, 1995, p. 522; Geison, 2002, p. 301-302). Falece aos 57 anos, em 17/10/1908, dois anos antes da mãe (Vallery-Radot, 1945, p. 118). Jeanne Boutroux 1854-1932 Natural de Orleans, na França, Jeanne casa-se com Jean-Baptiste, filho de Pasteur, em outubro de 1874. O casal não teve filhos (Debré, 1995, p. 366). Em carta dirigida ao filho, Pasteur o aconselha: "Trabalhe, então, para conseguir sucesso. Que Jeanne encoraje sempre você. A mulher faz o marido. Todo casal que prospera é servido por uma mulher com coração e energia" (Debré, 1995, p. 368). Cécile Pasteur 1853-1866 Francesa. Aos 12 anos, a terceira filha do casal Pasteur também falece de febre tifoide. Marie-Louise Pasteur 1858-1934 Francesa. Apelidada de Zizi. Louis Pasteur chamava a filha de “a minha valente”. O prenome Marie-Louise sela a união de seus pais. Era zelosa em relação à imagem do pai, estando atenta às informações que eram publicadas com distorções (Debré, 1995, p. 140). Marie-Louise colaborava em atividades do laboratório. Exemplo disso são os registros “Observações sobre os bichos-da-seda” (1870). Casa-se em 1879 com René Vallery-Radot, um colega de escola de seu irmão, que começa a se projetar na literatura e no jornalismo (Debré, p. 368). O casal teve três filhos: duas meninas, Camille e Marie-Madeleine (falecida com poucas semanas de septicemia) e um menino, Louis. Camille Pasteur 1863-1865 Francesa. Aos 2 anos, a quinta filha do casal Pasteur falece de tumor no fígado. René Vallery-Radot 1853-1933 Francês. Doutor em Direito (Paris, 1876). Homem de letras, foi colaborador do jornal Le Temps e da Revue des deux Mondes. Dedicou-se à memória e à obra do sogro Louis Pasteur (1822-1895). Presidente do Conselho de Administração do Instituto Pasteur (1917-1933). O genro de Pasteur era seu confidente, zelava pela sua saúde e o acompanhava em viagens. O filho de René, Louis (Pasteur Vallery-Radot, p. 14-15) escreveu sobre o pai: “Não sabendo nada sobre biologia, ele tinha a paciência em aprender”. Em 1884 escreveu “Histoire d'un savant par un ignorant”, resumo dos estudos de Louis Pasteur. Em 1900 publica a biografia de Louis Pasteur (Vallery-Radot, 1951) e em 1913, a biografia de Madame Pasteur (Vallery-Radot, 1945). Entre 1879 e 1895, René Vallery-Radot ajudou o sogro a enfrentar seus detratores, fazendo contato com a imprensa, dando apoio nas respostas às cartas de polemistas e reescrevendo seus discursos. Com objetivo diplomático, auxiliou na adaptação dos textos a serem publicados na imprensa e reescreveu cartas redigidas com raiva por Louis Pasteur, pois o cientista era irascível. O desejo de Vallery-Radot de suavizar as coisas explica a surpresa que se pode ter quando, depois de ler seu livro "La Vie de Pasteur", mergulha-se na correspondência do próprio Pasteur, onde aspectos de seu temperamento o seu genro não conseguiu falar. Ref. https://data.bnf.fr/en/11986373/rene_vallery-radot/ Camille Vallery-Radot 1880-1927 Francesa. Neta de Pasteur, filha de Marie-Louise Pasteur e René Vallery-Radot. Como recordação às filhas perdidas por Louis Pasteur, os pais de Camille definem-se por nomeá-la igualmente à quinta filha do casal Pasteur. "Pasteur observa-a crescer, apaixonadamente. E, setembro de 1891, ele dita a sua esposa uma longa carta destinada à neta: é um relato detalhado da erupção do Krakatoa! Pasteur vira um vulcanólogo improvisado para satisfazer a curiosidade de Camille..." (Debré, 1995, p. 545). Camille permaneceu solteira e não teve filhos. Louis Pasteur Vallery-Radot 1886-1970 Francês. Doutor em medicina (Paris, 1918), professor de Clínica Médica na Faculdade de Medicina de Paris. Membro da Academia Francesa (1944). Membro do Conselho Constitucional (1959-1965). O neto de Louis Pasteur foi autorizado em 1945 a adicionar ao sobrenome de seu pai, Vallery-Radot, também o de sua mãe: Pasteur. Foi médico, professor universitário e escritor francês. Dedicou-se à Imunoalergologia e Nefrologia. Atuou como médico auxiliar durante a guerra de 1914-1918. Cumpriu missões internacionais de saúde (Europa, Ásia, Américas, Japão, África Equatorial Francesa) entre 1929 e 1938. Tornou-se doutor honoris causa pelas Universidades de Munique, Buenos Aires, São Paulo, Montreal, Santiago, Equador, Atenas, Salônica, Jerusalém. Torna-se membro do Conselho da Ordem da Legião de Honra, da qual foi feito Grã-Cruz pelo General Charles de Gaulle, em pessoa, em 1959. É autor de diversos livros, sendo os principais divididos a seguir, em três categorias: 1) Obra autobiográfica: Mémoires d'un non-conformiste (1886-1966). 2) Obras relacionadas com o seu avô, Louis Pasteur: Œuvres de Pasteur, 1924-1939; Les plus belles pages de Pasteur, 1943; Correspondance de Pasteur, annotée, 1952; Images de la vie et de l'œuvre de Pasteur, 1956; Louis Pasteur; a great life in brief, 1958; Pasteur inconnu, 1959. 3) Obras de reflexão sobre a Medicina e Humanismo: Les grands problèmes de la médecine contemporaine, fondateurs et doctrines, 1936; Science et Humanisme, 1956; Médecine à l'échelle humaine, 1959; Médecine d'hier et d'aujourd'hui, 1962. Aproxima-se do músico e compositor Claude Debussy a quem admira desde a infância e sobre o qual escreve um livro. Tinha paixão pela música e pelo teatro. Os avós, Louis Pasteur e Marie, vinham todos os dias depois do almoço, para a casa de seus pais. (…) Nós o cumprimentamos na soleira jogando nossos braços em volta do pescoço. Ele nos beijava. A barba nos picava. Que carinho ele tinha pelos dois netos! (…) Meu avô passava as tardes no jardim e a Sra. Pasteur ou minha mãe (Marie-Louise) estava a ler. Minha irmã e eu brincávamos com ele (…) sua ternura era muito forte... (Pasteur Vallery-Radot, Mémoires d'un non-conformiste 1886-1966, p. 20-22). Aos 51 anos casou-se com Jacqueline Gohièrre de Longchamps, a qual era viúva, com 2 casamentos prévios. O casal não teve filhos. Ref. https://data.bnf.fr/en/12358295/louis_pasteur_vallery-radot/ Ref. https://www.nytimes.com/1970/10/10/archives/louis-pasteurvallery-radot-french-physician-dies-at-84.html Jacqueline Gohièrre de Longchamps 1902-1986 Francesa. Esposa de Louis Pasteur Vallery-Radot. Antes de se casar com o neto de Louis Pasteur, Jacqueline havia tido dois casamentos prévios, e era viúva. O casal não teve filhos. Ref. https://artsandculture.google.com/asset/louis-pasteur-vallery-radot/LgHMQizuo3_Q7g Próximo Grupo
- Jubileu: 70 Anos | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Jubileu: 70 Anos Jacques-Joseph Grancher 1843-1907 *Ver a microbiografia de Joseph Grancher no grupo Vacinação: Raiva. No início de 1892 a saúde de Pasteur deteriora bruscamente, e ele não sai do quarto. Em maio deste ano é formado na Dinamarca um comitê que anuncia a intenção de festejar os 70 anos do cientista e abre uma subscrição nacional para conseguir fundos para enviar uma medalha comemorativa. O movimento se estende à Noruega, Suécia. Na França, a Academia de Ciências forma um comitê e Joseph Grancher é nomeado secretário (Debré, 1995, p. 543-544) Marie-François-Sadi Carnot 1837-1894 *Ver a microbiografia de Sadi Carnot no grupo Políticos. O reitor da Academia de Paris abre as portas do grande anfiteatro da Sorbonne. 4.000 convites são distribuídos. A cerimônia acontece em 27 de dezembro, dia do aniversário de Pasteur. Da França, comparecem os Membros do Instituto Pasteur (pasteurianos), professores de faculdades, delegados das academias, representantes de sociedades científicas (francesas e estrangeiras), delegações da École Normale Supérieure, da École Polytechnique, da École Central, da École Vétérinaire, bem como estudantes de Medicina e Farmácia. Pasteur entra pelo braço do Presidente da República, Sadi Carnot. Os dois usam a grã-cruz da Legião de Honra (Debré, 1995, p. 543-544). Joseph Lister 1827-1912 *Ver a microbiografia de Joseph Lister no grupo Doenças Infectocontagiosas. Na cerimônia, estão presentes representantes da Suécia, Turquia, Alemanha, Itália, Áustria-Hungria, Bélgica, Inglaterra, entre outros. Pasteur se levanta para abraçar Lister (Debré, 1995, p. 544). Émile Gallé 1846-1904 Vitralista e ebanista francês. Émile Gallé foi um dos expoentes da art nouveau. Trabalhou com vidros opacos e semitransparentes, ganhando fama internacional pelos motivos florais. Em termos de mobiliário reinaugurou a tradição da marchetaria. A principal temática de seus artefatos são flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas de vidro, técnica por ele desenvolvida, trabalhando com maestria a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX, traz especificamente paisagens tropicais, inspiradas no Rio de Janeiro. Gallé fabrica uma taça única para “cristalizar o pensamento” de Pasteur. Este vitralista encontrou um meio de incluir micróbios na transparência do cristal (Debré, 1995, p. 544). Jean-Baptiste Pasteur 1851-1908 *Ver microbiografia de Jean-Baptiste Pasteur no grupo Família Louis Pasteur. O filho de Pasteur, é quem lê o discurso de Louis Pasteur, assim como o fez na inauguração do Instituto Pasteur, devido às sequelas dos AVCs do pai. As palavras são dirigidas aos jovens para não se deixarem dominar pelo “ceticismo difamante e estéril” e para viverem na “paz serena dos laboratórios e bibliotecas”. Prossegue aconselhando “Digam a vocês mesmos: o que fiz pela minha instrução? Depois, à medida que forem avançando: o que fiz pelo meu país? Até o momento em que, talvez, tenham essa imensa felicidade de pensar que contribuíram alguma coisa para o progresso e o bem da humanidade” (Debré, 1995, p. 544-545). Próximo Grupo
- Geração Espontânea x Teoria dos Germes | Pasteur Brasil
Voltar para os Grupos Geração Espontânea x Teoria dos Germes Aristóteles 384 a.e.e - 322 a.e.c Filósofo grego. Os escritos de Aristóteles (384-322 a.C.) falam da pneuma, que seria uma espécie de matéria divina e que constituiria a vida animal. A pneuma seria um estágio intermediário de perfeição logo abaixo do da alma humana. A dualidade matéria/vida nos animais (ou corpo/alma nos seres humanos) já aparecia na escola socrática, da qual Aristóteles era membro, embora de modo um pouco diferente. Entre os animais superiores, o sopro vital passaria para os descendentes por meio da reprodução. Entretanto, Aristóteles acreditava que alguns seres (insetos, enguias, ostras) apareciam de forma espontânea, sem serem frutos da "semente" de outro ser vivo. Essa concepção é conhecida como geração espontânea e parece ter sido derivada dos pré-socráticos, que imaginavam que a vida, assim como toda a diversidade do mundo, era formada por poucos elementos básicos. A ideia de geração espontânea está também presente em escritos antigos na China, na Índia, na Babilônia e no Egito, e em outros escritos ao longo dos vinte séculos seguintes, como em van Helmont, W. Harvey, Bacon, Descartes, Buffon e Lamarck. Parece que sua dispersão pelo mundo ocidental se deu por intermédio de Aristóteles, dada sua grande influência em nossa cultura. Ref. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142007000100022&script=sci_arttext Teofrasto de Eresos 372 a.e.e - 287 a.e.c Filósofo grego. Continuou a obra de Aristóteles. Ficou mais conhecido pelas contribuições ao estudo das plantas (botânica). Entre os defensores da doutrina da geração espontânea, além de Aristóteles, destacava-se Teofrasto de Eresos, Plínio (o velho), Plutarco, Lucrécio, Avicena, Fracastório, Cardano, Francis Bacon, Atanásio Kircher, desde a Antiguidade até o século XVII. Ref. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662010000300004&script=sci_arttext&tlng=pt Diodoro Sículo (ou Diodoro de Sicília) c. 90 a.e.e - 30 a.e.c Historiador grego. Autor de uma “história universal” da Grécia e de Roma, dos tempos míticos até meados do século I. Enunciou, assim como outros pensadores, que certos seres podem não ter provindo de animais da mesma espécie. Mais informações: https://philarchive.org/archive/ASSPQS Plínio Segundo (ou Plínio, o Velho) 22 - 79 Historiador, naturalista e oficial romano. Foi chamado de “o apóstolo da ciência romana”. No século I d.C., Plínio Segundo, ou Plínio o velho, compôs uma obra em trinta e sete volumes intitulada Naturalis Historia, segundo ele, a primeira enciclopédia da Antiguidade. Ali, o autor aborda os mais diversos assuntos, desde antropologia, geografia, zoologia e medicina, até as artes, como a pintura ou a arquitetura. Mais informações: O CONCEITO DE NATUREZA EM PLÍNIO O VELHO John Tuberville Needham 1713 - 1781 Naturalista inglês. John Needham conduziu uma série de experimentos que pareciam fornecer prova de geração espontânea - o súbito aparecimento de organismos a partir de materiais inanimados. Seu trabalho estimulou o do cientista italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799), que conduziu experimentos semelhantes, mas teve resultados opostos. Needham nasceu em Londres em 1713. Ele deixou a Inglaterra a fim de receber a educação necessária para o sacerdócio católico romano, que concluiu em 1738. Tal escolaridade teria sido difícil de obter na Inglaterra, que estava sob o domínio protestante após um período de turbulência religiosa. Em vez de servir como padre, porém, Needham passou grande parte de sua vida como tutor de jovens católicos ingleses enquanto eles percorriam o continente europeu. Needham havia lido sobre descobertas recentes feitas com microscópios, incluindo a descoberta de "animálculos" (chamados posteriormente de microorganismos). Ele ficou fascinado com a microscopia, o uso de microscópios para fazer observações científicas. Em 1745, ele publicou Um relato de algumas novas descobertas microscópicas . Este trabalho incluiu suas observações de diferentes tipos de pólen. Enquanto estudava microscopia em Paris, Needham conheceu Georges Buffon (1707-1788), um naturalista francês que desenvolveu as primeiras ideias relacionadas à evolução. Buffon apresentou a Needham algumas das ideias do filósofo e matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Leibniz havia proposto a existência de moléculas vivas, que chamou de mônadas. Needham não apenas aceitou essa ideia, mas também acreditava que, quando os organismos morriam e se decompunham, suas moléculas individuais continuavam a viver e podiam se unir para formar uma nova matéria viva. Ele acreditava que uma força, que ele chamou de "força vegetativa", uniu essas moléculas, assim como átomos de carga oposta serão atraídos juntos. Na época de Needham, era geralmente aceito que os animais não podiam se formar por geração espontânea. No entanto, a ideia de geração espontânea entrou em moda no que diz respeito aos "animálculos". Alguns naturalistas não acreditavam que organismos tão minúsculos fossem capazes de produzir descendentes ainda menores. Eles sugeriram que esses organismos devem, portanto, se formar espontaneamente. Needham e Buffon apoiavam essa visão. Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/john-turberville-needham Lazzaro Spallanzani 1729 - 1799 Sacerdote católico e fisiologista italiano. Entre os muitos filósofos naturais dedicados do século XVIII, Spallanzani se destaca por aplicar métodos experimentais ousados e imaginativos a uma gama extraordinária de hipóteses e fenômenos. Seus principais interesses científicos eram biológicos e ele adquiriu o domínio da microscopia; mas ele investigou também problemas de física, química, geologia e meteorologia e foi pioneiro na vulcanologia. Poderosos poderes de observação e uma mente amplamente treinada e lógica ajudaram-no a esclarecer mistérios tão diversos como pedras saltando na água; a ressuscitação de Rotifera e a regeneração de cabeças de caramujos decapitadas; as migrações de andorinhas e enguias e o voo dos morcegos, a descarga elétrica do peixe torpedo; e a gênese das nuvens de tempestade ou uma bica d'água. Suas pesquisas engenhosas e meticulosas iluminaram a fisiologia da circulação sanguínea e da digestão em animais humanos, e também da reprodução e respiração em animais e plantas. O rigor implacável de seu trabalho sobre os animálculos das infusões desacreditou a doutrina da geração espontânea e apontou o caminho para a preservação dos alimentos pelo calor. Spallanzani, com suas experiências, mostrou que os micróbios movem-se pelo ar e que podem ser eliminados por fervura . Seu intuito era derrubar as ideias de John Needham , que por meio dos seus experimentos demonstrava a geração espontânea. Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/biology-biographies/lazzaro-spallanzani Francesco Redi 1626 - 1697 Biólogo italiano. Redi era filho de Gregorio Redi, um renomado médico florentino que também trabalhou na corte dos Médici, e de Cecilia de 'Ghinci. Formou-se em filosofia e medicina pela Universidade de Pisa em 1 de maio de 1647. Em 26 de abril de 1648, inscreveu-se no Collegio Medico de Florença. Ele serviu na corte dos Medici como médico-chefe e superintendente da farmácia e fundição ducal. Amigo, conselheiro e secretário virtual de seus patrões, foi também membro da pequena Accademia del Cimento, que floresceu ativamente, embora de forma intermitente, na corte dos Médici de 1657 a 1667. Essa década na Academia coincidiu com o período em que Redi produziu suas obras mais importantes. A obra-prima de Redi é considerada Esperienze intorno alia generazione degli insetti (1668), na qual refutou a doutrina da geração espontânea em insetos, herdada de Aristóteles e ainda considerada dogma. O microscópio revelou nos insetos uma organização tão maravilhosa quanto insuspeitada. Redi preparou e observou o aparato produtor de ovos dos insetos, e também utilizou o microscópio com grande vantagem para observar os elementos morfológicos característicos dos ovos de cada espécie. Redi então começou a atacar a doutrina da geração espontânea nos animais inferiores. Mesmo que animais ou plantas em decomposição parecessem “dar à luz uma infinidade de vermes [larvas]”, a realidade era bem diferente, afirmou ele. Deve ser assumido "que a carne e as plantas e outras coisas, putrefatas ou putrefatas, não desempenham nenhum outro papel, nem têm qualquer outra função na geração de insetos, a não ser preparar um local ou ninho adequado no qual, no momento da procriação, vermes ou ovos ou outras sementes de vermes são trazidos e chocados pelos animais; e neste ninho os vermes, assim que nascem, encontram alimento suficiente para se nutrirem de forma excelente. ” Esses corpos orgânicos "nunca se tornam nocivos se forem mantidos em um lugar onde moscas e mosquitos não possam entrar." Redi demonstrou isso em experimentos de simplicidade quase única. Porém seu experimento não satisfez os abiogênicos, que seguiam os conceitos que a vida surgia espontaneamente da matéria bruta, que para Aristóteles continha um princípio ativo capaz de gerar a vida. E falaram que no frasco selado, não continha a matéria bruta principal, o ar. Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/zoology-biographies/francesco-redi Félix-Archimède Pouchet 1800-1872 Naturalista e médico francês. Filho de um industrial, Pouchet formou-se em medicina em 1827, após estudar em Rouen e em Paris. Quase imediatamente, ele se tornou diretor do Muséum d'Histoire Naturelic em Rouen, uma instituição à qual esteve associado durante o resto de sua vida. Além disso, Pouchet exerceu funções de professor em Rouen, nomeadamente na École Supérieure des Sciences et Lettres e na École de Médecine. Membro de muitas sociedades eruditas e membro correspondente da Académie des Sciences, ele se tornou cavaleiro da Legião de Honra em 1843. Um autor prolífico, Pouchet cobriu muitas áreas da botânica, zoologia, fisiologia e microbiologia. Ele também tinha uma mente voltada para a história, escrevendo, por exemplo, Histoire des sciences naturelles au moyen age (Paris, 1853). Muito lido e, em muitos tópicos, de pensamento independente, Pouchet também foi um excelente divulgador da ciência. Notável foi seu livro de biologia geral profusamente ilustrado, L'univers (Paris, 1865). “Meu único objetivo ao escrever isso”, comentou Pouchet no prefácio, “foi inspirar e estender ao máximo meu gosto pelas ciências naturais”. Nisso, tanto quanto pode ser julgado, ele foi bem-sucedido; certamente a edição em inglês foi muito popular. Grande parte da literatura biológica mais especializada de Pouchet aguarda avaliação detalhada, mas sem dúvida contém muito valor: por exemplo, seu claro reconhecimento de que a ovulação humana ocorre dentro de um período limitado do ciclo menstrual. Em vista das amplas contribuições de Pouchet à biologia, é lamentável que ele seja frequentemente lembrado apenas como o adversário derrotado de Pasteur na questão de se microrganismos poderiam ser gerados espontaneamente, embora esse fosse o problema mais fundamental com o qual Pouchet lidou. Muitos outros trabalhadores estiveram envolvidos nas controvérsias de geração espontânea ferozes, muitas vezes amargas, que, pelo menos na França, atingiu um crescendo durante 1858-1864. Pouchet escreveu muito sobre o assunto, mas foi sua Hétérogénie ou traité de la génération spontanée basé sur de nouvelles expériences (Paris, 1859) que muito fez para despertar o interesse generalizado. Pouchet se sentiu diminuído quando Pasteur se pronunciava no sentido de estar no ar atmosférico a origem da levedura, e que se fosse suprimido qualquer contato com o ar e realizada a ebulição, a fermentação não mais se produziria. Pouchet pede então explicações a Pasteur, que responde a carta, com polidez, mas certa altivez: “Penso que o senhor não tem razão (...) por afirmar a certeza da geração espontânea. Nas ciências experimentais, sempre se está errado ao não se duvidar quando o resultado não tende obrigatoriamente à afirmação (...)” (Debré, 1995, p. 175). Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/pouchet-felix-archim Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Felix-Archimede-Pouchet Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/science-magazines/biomedicine-and-health-germ-theory-disease Nicolas Joly 1812-1885 Francês. Doutor em ciências naturais, zoologia e botânica (1840) e em medicina (1851). Professor de zoologia na Faculdade de Ciências de Toulouse (1840-1878) e de fisiologia humana na Faculdade de medicina e farmácia. Correspondente da Academia de Ciências (eleito em 1873. Vereador municipal de Toulouse. Joly se alinha ao campo Pouchet defendendo a tese da heterogeneidade, ao contrário de Pasteur, a questão é arbitrada e decidida pela Academia de Ciências que concorda com este último, que através da experimentação demonstrará o mérito de sua tese. O debate foi animado, acalorado; Além das discussões científicas, a oposição Paris-Província frequentemente emerge, e a questão da ética dos pesquisadores é claramente colocada. Pasteur escreveu em carta a Bertin em 1864 sobre seus oponentes: “eles não têm princípios, apenas opiniões”. No final de sua vida, vinte anos depois, Nicolas Joly ainda escrevia sobre este assunto: “M. Pasteur teve sobre mim a imensa vantagem de poder continuar, estender, variar sua pesquisa no novo caminho que havia trilhado e que, nós reconhecemos sem hesitação, levou-o a resultados maravilhosos, maravilhosos demais, talvez até elogiados, especialmente por defensores mais ou menos interessados no assunto, por seguidores entusiastas a ponto do exagero, digamos melhor, do servilismo. [...] Se nossas discussões, já antigas, com o Sr. Pasteur, poderiam ter contribuído em algo para fazê-lo obter um resultado tão magnífico, nos regozijamos do fundo de nossos corações, e alegremente esquecemos que ele foi para nós um duro e adversário não muito cortês ”(Trecho das memórias da Royal Academy of Sciences and Belles Letters of Toulouse, 1891,“ Éloge de Nicolas Joly, par M. le Dr. Alix ”, p. 512). Ref. https://data.bnf.fr/en/12158935/nicolas_joly/ Mais informações: https://exploreur.univ-toulouse.fr/nicolas-joly-un-naturaliste-regional-au-coeur-des-controverses-de-son-temps Charles Musset ?-? Fisiologista francês. Discípulo de Pouchet. Musset preparava uma tese sobre geração espontânea. A obra foi dedicada a Archimède Pouchet: "Vindo depois, só podemos rebuscar as sobras; na verdade, o senhor já disse tudo" (Debré, 1995, p. 182). Em novembro de 1863, Pouchet e dois colaboradores, Nicolas Joly e Charles Musset, anunciaram que os resultados de seus experimentos, conduzidos nos Pireneus espanhóis, contradiziam os resultados de Pasteur em Montanvert. Pois quando eles expuseram seus frascos ao ar, todos subsequentemente mostraram crescimentos microbianos, como seria de esperar se o material orgânico em infusões necessitasse apenas de oxigênio para se organizar espontaneamente em organismos vivos. Em sua resposta desdenhosa a este anúncio, Em janeiro de 1864, a Académie des Sciences nomeou uma comissão para julgar a disputa. Quando a comissão propôs que os participantes do debate repetissem seus principais experimentos antes dela em março, Pouchet e seus colaboradores pediram que a reunião fosse adiada até o verão, sob o argumento de que o clima quente favorecia o sucesso de seus experimentos. Em junho, a comissão se reuniu com Pasteur e seus adversários, mas estes se opuseram ao programa arranjado pela comissão e se retiraram sem repetir seus experimentos. Mais informações: https://ccfr.bnf.fr/portailccfr/ark:/06871/0015080580 Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/chemistry-biographies/louis-pasteur Antoine-Jérôme Balard 1802-1876 *Ver a microbiografia de Antoine-Jérôme Balard no grupo Primeiras Influências Científicas. Balard tem um papel fundamental nas pesquisas de Pasteur, inspirando o modelo experimental dos balões pescoço de cisne, para evitar a passagem de partículas, de modo que o líquido permanecesse límpido. Jean-Baptiste-André Dumas 1800-1884 *Ver a microbiografia de Jean-Baptiste-André Dumas no grupo Primeiras Influências Científicas. A Academia de Ciências, em 1864, cansada das discórdias cede aos apelos dos heterogenistas e decide criar uma comissão de investigação, em que integram, dentre outros, Dumas, Balard, Flourens e Milne-Edwards (Debré, 1995, p. 191). Marie-Jean-Pierre Flourens 1794-1867 Anatomista e fisiologista francês. Titular da cadeira de anatomia humana no Jardin du Roi, hoje Museu Nacional de História Natural, (desde 1832). Membro da Academia Francesa (eleito em 1840), da Academia das Ciências (eleito em 1828), do Collège de France (a partir de 1828). Deputado por Hérault (1837-1839). Determinou as funções das principais partes do cérebro dos vertebrados. Usando pombos, ele observou as mudanças fisiológicas que ocorreram quando certas partes de seus cérebros foram removidas. A partir de seus estudos, ele demonstrou que habilidades intelectuais superiores são encontradas nos hemisférios cerebrais, que o movimento é regulado pelo cerebelo e que as funções corporais vitais são controladas pela medula oblonga. Ele também ligou os canais semicirculares do ouvido interno ao equilíbrio do corpo. Foi o primeiro a demonstrar experimentalmente as funções gerais das principais porções do cérebro dos vertebrados. Depois de se formar em medicina pela Universidade de Montpellier, Flourens foi para Paris, onde o renomado naturalista francês Georges Cuvier se tornou seu patrono. A Academia de Ciências propôs estabelecer propôs estabelecer para o concurso do prêmio Alhumbert de Ciências Naturais, referente ao ano de 1862, o seguinte tema: "procurar, por meio de experiências bem feitas, lançar novas luzes sobre a questão das gerações ditas espontâneas". Esse prêmio, de dois mil e quinhentos francos, será atribuído após o relatório de uma comissão composta por Milne-Edwards, Flourens, Brongniart, Serres e Geoffroy Saint-Hilaire - uma comissão composta majoritariamente por adversários da teoria de P ouchet (Debré, 1995, p. 183). A Academia de Ciências, em 1864, cansada das discórdias cede aos apelos dos heterogenistas e decide criar uma comissão de investigação, em que integram, dentre outros, Dumas, Balard, Flourens e Milne-Edwards (Debré, 1995, p. 191). Ref. https://data.bnf.fr/en/11902979/pierre_flourens/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Marie-Jean-Pierre-Flourens Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/marie-jean-pierre-flourens Henri Milne-Edwards 1800-1885 Entomologista, zoologista francês. Doutor em medicina (Paris, 1823). Doutor em Ciências (1836). Professor de entomologia (1841), então titular da cadeira de Mamíferos e Aves (1861), Museu Nacional de História Natural, Paris. Decano da Faculdade de Ciências de Paris (desde 1849). Membro do Instituto, Academia de Ciências, seção de anatomia e zoologia (eleito em 1838). Em contraste com as tendências de seus contemporâneos, Milne-Edwards sentiu-se atraído desde a juventude pelo estudo dos invertebrados, especialmente aqueles que habitavam as regiões costeiras. Com seus amigos do Museu e posteriormente com seus alunos, organizou excursões científicas ao longo das margens do Canal da Mancha . Não contente em coletar e classificar os animais, fazia questão de examiná-los em seu habitat e observar seu comportamento, seus movimentos, sua localização ao nível das marés e seus modos de obter alimento e de se reproduzir. Milne-Edwards registrou uma grande quantidade de observações nas quais os dados fisiológicos foram combinados com os dados da morfologia comparativa. Esse método, essencialmente o da ecologia, parecia proporcionar uma abordagem nova aos invertebrados marinhos, embora fosse inspirado pelo o que Georges Cuvier aplicara a outros grupos. Isso levou Milne-Edwards a descobertas brilhantes e deu início à criação de laboratórios marítimos na França e no exterior. Essas investigações anatomofisiológicas serviram como base para a síntese abrangente de três volumes à qual Milne-Edwards dedicou muitos anos - a clássica Histoire naturelle des crustacés (1834-1840). Neste trabalho ele desenvolveu algumas idéias altamente originais. Ele relatou que as Crustaceae são compostas por cerca de vinte segmentos metaméricos homólogos, as “zoonitas”, que são variadas de acordo com as funções que desempenham e o modo de vida (livre, fixo ou parasitário) da espécie. A variedade de combinações naturais possíveis, dentro dos limites de uma estrutura básica, é, portanto, virtualmente infinita. Entre outras obras de Milne-Edwards estão Histoire naturelle des coralliaires (1858–1860), Monographie des polypes des terrains paléozoïquese os Recherches de dois volumes pour servir á l'histoire des mammifères (1868-1874). Como adjunto às suas funções de ensino na Faculdade de Ciências Milne-Edwards reuniu suas palestras em uma publicação de quatorze volumes, Leçons sur la physiologie et l'anatomie comparée de l'homme et des animaux , cuja composição foi divulgada em mais mais de vinte anos (1857-1881). Ao mesmo tempo, ele forneceu um valioso desenvolvimento de suas idéias sobre a organização animal em Introduction a la zoologie générale, ou considérations sur les tendances de la nature dans la constitution du règne animal(1858). Neste livro, Milne-Edwards expõe suas principais descobertas. Elas dizem respeito às variações que se obtêm entre grupos de animais, variações que, em última análise, apresentam um grande princípio fundamental, a lei da divisão do trabalho dentro dos organismos. Milne-Edwards suspeitou da existência desta lei com seus primeiros estudos de crustáceos, e ele a verificou posteriormente entre os outros grupos. Nos animais inferiores, o mesmo tecido pode se adaptar a diferentes funções. Ele observou esse fenômeno, por exemplo, nos celenterados, onde um único fragmento era capaz de regenerar todo o animal. Mas em animais de ordem zoológica superior, essa habilidade tende a desaparecer e é progressivamente substituída por uma especialização dos tecidos. Sistemas, ou grupos de órgãos relacionados, sistema digestivo , sistema respiratório , sistema reprodutivo e assim por diante. Dentro de cada sistema, cada órgão tem uma função bem definida. Portanto, o sistema digestivo é dividido em um tubo digestivo e as glândulas anexadas; e o próprio tubo digestivo consiste em uma primeira região na qual o alimento é introduzido, uma segunda na qual os nutrientes sofrem a ação dos sucos digestivos e uma terceira onde as substâncias úteis ao organismo são absorvidas e onde os resíduos são eliminados. Pode-se reconsiderar cada uma dessas regiões e determinar outras subdivisões dentro delas, variando de acordo com a dieta e outros fatores. Essas especializações, que se tornam cada vez mais precisas, determinam a posição de um organismo na série animal. É em grande parte por meio da descoberta, análise e aplicação desses princípios fundamentais que Milne-Edwards foi durante anos o líder dos naturalistas franceses e que sua obra permaneceu famosa por muito tempo depois de sua morte. A Academia de Ciências propôs estabelecer propôs estabelecer para o concurso do prêmio Alhumbert de Ciências Naturais, referente ao ano de 1862, o seguinte tema: "procurar, por meio de experiências bem feitas, lançar novas luzes sobre a questão das gerações ditas espontâneas". Esse prêmio, de dois mil e quinhentos francos, será atribuído após o relatório de uma comissão composta por Milne-Edwards, Flourens, Brongniart, Serres e Geoffroy Saint-Hilaire - uma comissão composta majoritariamente por adversários da teoria de P ouchet (Debré, 1995, p. 183). A Academia de Ciências, em 1864, cansada das discórdias cede aos apelos dos heterogenistas e decide criar uma comissão de investigação, em que integram, dentre outros, Dumas, Balard, Flourens e Milne-Edwards (Debré, 1995, p. 191). Ref. https://data.bnf.fr/en/12399524/henri_milne-edwards/ Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/zoology-biographies/henri-milne-edwards Adolphe-Théodore Brongniart 1801-1876 Doutor associado em medicina (Paris, 1827). Botânico, fundador da paleontologia vegetal. Professor de botânica e fisiologia vegetal no Museu de História Natural. Membro da Academia de Ciências (1834). Filho de Alexandre Brongniart , o eminente geólogo, Brongniart foi formado pelo pai e desde cedo colaborou com ele. Rapidamente mostrou sinais de ser um estudante superior, e seus dons foram tão cuidadosamente desenvolvidos que ele se tornou um cientista precoce capaz de um nível de trabalho imediatamente elevado. Nada na vida de Brongniart indica a menor hesitação em sua busca pela ciência. Entre 1817 e 1828, ele pôde realizar seus estudos e sua iniciação na ciência enquanto fazia pesquisas originais. Em 1818 ele foi matriculado em cursos de medicina, mas eles constituíam apenas uma fração de suas ocupações; dois anos depois, ele publicou seu primeiro relatório, sobre um novo gênero de crustáceo. Após essa tentativa juvenil, Brongniart esperava atingir o nível dos grandes movimentos biológicos de seu tempo: pesquisa sobre as divisões primárias do reino vegetal, anatomia e anatomia taxonômica (seguindo o trabalho de Mirbel e Candolle), e a teoria da sexualidade vegetal generalizada. Os progressos já alcançados nestes campos, bem como os da geologia e da geografia botânica (desde cedo adquiriu conhecimentos sobre a flora tropical). Em 1822, Brongniart publicou seu primeiro livro de memórias importante, sobre a classificação e distribuição de plantas fósseis. Nele, ele concebeu a paleobotânica como parte da botânica e deu-lhe um valor teórico de importância primordial para a biologia, bem como para a geologia. Vindo como fez depois de estudiosos como Ernst Schlotheim e Kaspar von Sternberg, Brongniart não foi totalmente inovador, mas seu estudo mostrou uma garantia até então desconhecida. As obras-primas de 1828, o pródromo e os fósseis da Histoire des végétaux , principalmente confirmaram e ampliaram suas primeiras idéias, dando-lhes fundamento e amplitude de perspectiva. A Histoire , que ele esperava continuar em um segundo volume (apenas as primeiras partes apareceram em 1837), foi um estudo longo, metódico, detalhado e preciso que mostrou claramente as duas preocupações de Brongniart: nomenclatura e ilustração. Seus princípios gerais e pontos de vista teóricos foram expressos de forma condensada no Prodrome, para um efeito impressionante. Nele Brongniart reconheceu a existência de quatro períodos sucessivos de vegetação, cada um caracterizado geologicamente. Três foram particularmente bem caracterizados: o primeiro, estendendo-se até o final do Carbonífero, pelos criptogramas vasculares; a terceira, cobrindo o Jurássico e o Cretáceo, por samambaias e gimnospermas; o quarto, que era o Terciário, pelas dicotiledôneas. Brongniart então dividiu o reino vegetal em seis classes: Agamae (talófitas), criptogramas celulares (hepáticas e musgos, isto é, Hepaticae e Muscae), criptogramas vasculares e três classes de fanerógamas: gimnospermas, angiospermas monocotiledôneas e angiospermas dicotiledôneas. Esta excelente classificação indicava claramente visões modernas, mas infelizmente, por razões desconhecidas, Brongniart não a seguiu em suas publicações posteriores. Pela primeira vez, as gimnospermas foram tomadas como uma classe e corretamente colocadas entre os fanerógamas. Depois de mais de um século, os cotilédones não eram mais o principal critério de classificação. Brongniart foi um dos maiores botânicos franceses do século XIX e seu trabalho exerceu uma grande influência no progresso da botânica. É possível, entretanto, que ele tenha sido muito influenciado por Cuvier e muito pouco por Lamarck, pois o aspecto teórico de sua obra pode não se igualar a sua excelência descritiva. A Academia de Ciências propôs estabelecer propôs estabelecer para o concurso do prêmio Alhumbert de Ciências Naturais, referente ao ano de 1862, o seguinte tema: "procurar, por meio de experiências bem feitas, lançar novas luzes sobre a questão das gerações ditas espontâneas". Esse prêmio, de dois mil e quinhentos francos, será atribuído após o relatório de uma comissão composta por Milne-Edwards, Flourens, Brongniart, Serres e Geoffroy Saint-Hilaire - uma comissão composta majoritariamente por adversários da teoria de Pouchet (Debré, 1995, p. 183). Ref. https://data.bnf.fr/en/12321960/adolphe_brongniart/ Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/brongniart-adolphe-theodore-0 Albert Serres 18?-18? Doutor em Medicina pela Faculdade de Paris. A Academia de Ciências propôs estabelecer propôs estabelecer para o concurso do prêmio Alhumbert de Ciências Naturais, referente ao ano de 1862, o seguinte tema: "procurar, por meio de experiências bem feitas, lançar novas luzes sobre a questão das gerações ditas espontâneas". Esse prêmio, de dois mil e quinhentos francos, será atribuído após o relatório de uma comissão composta por Milne-Edwards, Flourens, Brongniart, Serres e Geoffroy Saint-Hilaire - uma comissão composta majoritariamente por adversários da teoria de Pouchet (Debré, 1995, p. 183). Ref. https://data.bnf.fr/en/10485692/albert_serres/ Mais informações: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5448060t Albert Geoffroy Saint-Hilaire 1835-1919 Zoólogo francês. De 1865 a 1893, foi diretor do Jardim de Aclimatação em Bois de Boulogne, em Paris. Filho de Isidore Geoffroy Saint-Hilaire (1805-1861) e de sua esposa Louise Blacque-Belair (filha de François-Charles Blacque-Belair). Em 1855 recebeu seu diploma de bacharel em ciências, atendendo a um desejo de seu pai para que "ele se ocupasse com seriedade às ciências". Albert se envolveu com o planejamento e construção do Jardim Zoológico de Aclimatação de Paris, fundado pelo seu pai quinze anos antes, e que abriu suas portas em 6 de Outubro de 1860, tornando-se diretor assistente em 1865. Contudo, Albert era mais um empreendedor do que um cientista, e durante a sua gestão como diretor do Jardim Zoológico, procurou torná-lo um lugar muito atrativo, fazendo com que um quarto de milhão de pessoas o visitassem para ver mais de 5 mil animais. A instituição fechou as suas portas durante a Guerra Franco-Prussiana, reabrindo posteriormente em 1877, quando também se transformou num Centro de Aclimatação Antropológica, até 1912. A Academia de Ciências propôs estabelecer propôs estabelecer para o concurso do prêmio Alhumbert de Ciências Naturais, referente ao ano de 1862, o seguinte tema: "procurar, por meio de experiências bem feitas, lançar novas luzes sobre a questão das gerações ditas espontâneas". Esse prêmio, de dois mil e quinhentos francos, será atribuído após o relatório de uma comissão composta por Milne-Edwards, Flourens, Brongniart, Serres e Geoffroy Saint-Hilaire Fils - uma comissão composta majoritariamente por adversários da teoria de Pouchet (Debré, 1995, p. 183). Ref. https://data.bnf.fr/en/12991194/albert_geoffroy_saint-hilaire/ Mais informações: https://peoplepill.com/people/albert-geoffroy-saint-hilaire Próximo Grupo
- Pasteurianos | Pasteur Brasil
Pasteurianos Com o aperfeiçoamento de suas pesquisas, Pasteur precisa se cercar de estagiários, com tarefas de grandes responsabilidades: alimentar os micróbios (culturas em desenvolvimento) e controlar o desenrolar das experiências. Os estagiários são quase todos saídos da École Normale Supérieure e voltam a lecionar depois do estágio no laboratório. O amigo da juventude de Pasteur, o físico Pierre-Augustin Bertin, é quem os seleciona para ele, que escolhe entre seus próprios alunos. Jules Raulin pertencia à primeira geração de estagiários, na época da química fermentativa. Passou a fazer parte da história das ciências como inventor de um novo caldo de cultura. Era um dos alunos preferidos de Pasteur e terminou sua carreira como professor de química industrial em Lyon. Raulin e Eugène Maillot ajudaram Pasteur no laboratório da Rua Ulm, inclusive logo após o seu primeiro AVC aos 45 anos. Eles iam até a casa de Pasteur para receber as ordens do dia e dar a continuidade aos experimentos (Debré, 1995, p. 521; Garozzo, 1974, p. 116). Jules Joubert colabora até a época do início das pesquisas em biologia médica. Como é físico, interrompe a colaboração com Pasteur para se voltar aos campos magnéticos. Charles Chamberland o substitui. Tem 27 anos quando entra para o laboratório. Suas origens no Jura despertam a simpatia de Pasteur. Alegre e bon vivant, possui uma mente engenhosa e aprecia a inovação técnica. Devemos a ele a invenção da autoclave. Uma curiosidade: ao se queixar de numerosos furúnculos no pescoço, nuca e coxa, Pasteur o examina e propõe uma experiência: colhe um pouco de pus de sua nuca e o cultiva. Deste modo, descobre o estafilococo, o mais frequente dos germes patogênicos (Debré, 1995, p. 384-385). Chamberland, no Instituto Pasteur é quem orienta o serviço das vacinas (Debré, 1995, p. 521). Louis Thuillier é designado como novo estagiário, escolhido por Bertin, e se dedica ao estudo da erisipela suína. Pasteur cria grande amizade pelo jovem e fica muito abalado com a sua morte precoce no Egito, com apenas 26 anos, onde havia ido estudar a cólera. Dentre todos os colaboradores no laboratório da Rua Ulm em Paris, é preciso destacar três que tiveram um papel especial ao lado de Pasteur: Duclaux, Roux e Loir. Émile Duclaux chega em 1862, em plena época da discussão sobre as gerações espontâneas. Mesmo atuando como professor de química, participa ativamente dos trabalhos de Pasteur, tanto na época do bicho-da-seda como nos estudos do vinho. Ele se torna o diretor técnico do laboratório. Muito ordeiro, controla para que tudo fique no lugar. É a ele que procuram quando é necessário tomar alguma decisão e não querem incomodar Pasteur. Diante das respostas de Pasteur a todos os seus contestadores, Duclaux, pela proximidade afetiva, escreve a Pasteur “enxergo perfeitamente o que o senhor perde nessas lutas: seu descanso, seu tempo, sua saúde. Procuro, em vão, o que o senhor pode ganhar com isso” (Debré, 1995, p. 364). No Instituto Pasteur, Duclaux é o responsável pela microbiologia geral (Debré, 1995, p. 521). Após a morte de Pasteur em 1895, Duclaux tornou-se diretor do Instituto, com Roux e Chamberland servindo como seus sub-diretores. Várias cartas de Pasteur atestam a autoridade que ele confere a Duclaux no seio desta equipe encarregada dos preparativos essenciais e emergências sucessivas: primeira redação dos estatutos, constituição da assinatura destinada a financiar o projeto, postagem diária de resultados, organização administrativa, primeiras aquisições de terrenos, construção de edifícios, acolhimento de jovens cientistas. Duclaux é quem apresenta Émile Roux a Pasteur. Na época, ele era um jovem estudante de Medicina e um dos mais assíduos ouvintes dos debates de Pasteur na Academia de Medicina. Sua chegada começa com a aplicação de uma injeção na ausência de Pasteur, o que contrariou Pasteur, mas a continuação da experiência mostrou que o jovem sabia o que estava fazendo, então Pasteur o escolheu como estagiário (Debré, 1995, p. 360, 379). Roux foi descrito como uma pessoa solitária, sem ambição aparente. Ele se tornará o mais próximo colaborador de Pasteur (Debré, 1995, p. 360, 379). Roux se torna, nas palavras de Debré (1995, p. 531-532) o campeão das terapias antiinfecciosas, com imensas contribuições na cura da difteria, por exemplo. É considerado também o discípulo mais contraditório de Pasteur. Em certas ocasiões ele não hesitava em se opor ao mestre, apesar de respeitar a hierarquia e os 30 anos de diferença de idade que os separavam. Quando Pasteur chegava a algum resultado, construía uma teoria e a expunha, Roux nunca deixava de procurar uma falha, o que se tornou irritante para Pasteur, que reclamava: “como esse Roux é desagradável. Se eu o escutasse, ele poria fim em qualquer coisa que eu quisesse realizar” (Debré, 1995, p. 379). O caráter de Roux é descrito como muito particular. Ele compreendia que a calma e a concentração eram as palavras mestras do laboratório, e embora fizesse críticas constantes, isso não o impedia de conservar o silêncio e de servir de filtro entre Pasteur e o mundo exterior. Na hora certa, por exemplo, se desembaraçava dos rivais de Pasteur, mantendo-os à distância. Durante 8 anos, Roux será o único médico admitido no laboratório da Rua Ulm. Ele se torna um inoculador de profissão, sabendo, por exemplo, injetar precisamente os germes (Debré, 1995, p. 382). No Instituto Pasteur, Roux é o responsável pela microbiologia médica técnica (Debré, 1995, p. 521). Roux dedicou 46 anos de sua vida ao Instituto Pasteur. Foi ele quem recomendou Oswaldo Cruz às autoridades brasileiras para a criação de um laboratório (Lima; Marchand, 2005, p. 33). Roux foi um dos mais próximos colaboradores de Louis Pasteur, cofundador do Instituto Pasteur e descobridor do soro anti-difteria, a primeira terapia efetiva contra esta enfermidade. A Rua do Instituto Pasteur em Paris, se tornou Rua Doutor Roux. Adrien Loir, sobrinho de Pasteur (filho da irmã caçula de Marie, Amélie), começa atuando como um estagiário onipresente, com o qual Pasteur pode contar, especialmente para completar seus movimentos devido ao braço paralisado. Pasteur dá suas diretrizes e traça planos dos ensinamentos ao seu sobrinho: aprender a soprar o vidro, assimilar as bases da cristalografia, melhorar a letra em curso de caligrafia. Uma curiosa relação se estabelece entre tio e sobrinho. Loir escreve, em tom de reclamação, que Pasteur o usava para realizar o que sua mente concebia. Também escolheu a formação que ele deveria fazer, no caso, Medicina (Debré, 1995, p. 381). A pedido de Pasteur, Loir vai à Rússia (Debré, 1995, p. 497), à Austrália (ficará por 5 anos) e lá fundará o primeiro Instituto Pasteur além-mar (Debré, 1995, p. 527, 528). Também funda o Instituto Pasteur de Túnis (Tunísia - norte da África) quando volta da Austrália (Debré, 1995, p. 541). Loir recorda que Pasteur era bastante influenciado pela visão de Duclaux, e que se tornava calmo e se punha a trabalhar, diferentemente de Roux (Debré, 1995, 379). Pasteur se cerca de personalidades científicas notáveis, construindo uma rede de inteligências (Debré, 1995, p. 407). Além de dar seguimento às suas pesquisas, são também responsáveis pelo ensino e formação dos alunos (Debré, 1995, p. 522). Quando Pasteur ouve falar das descobertas do russo Élie Metchnikoff (ou Metchnikov) sobre a fagocitose, manda publicar seus trabalhos nos Anais do Instituto Pasteur e lhe outorga um duplo posto: diretor do laboratório de microbiologia morfológica e chefe de serviço no Instituto Pasteur (Debré, 1995, p. 521, 533-534). Metchnikoff trabalhou na mesma estação bacteriológica na Rússia que Nicolas Gamaleia (Nikolay Gamaleya), que foi diretor do Instituto da Raiva na cidade de Odessa. No Instituto Pasteur, Gamaleia é o responsável pela pesquisa em microbiologia médica (Debré, 1995, p. 521). Joseph Grancher dirige, no Instituto Pasteur, o departamento da raiva com André Chantemesse (Debré, 1995, p. 521). Albert Calmette entra para o laboratório de Roux em 1890. Ele era médico da marinha. Apaixonado pela microbiologia levava consigo um microscópio em todas as campanhas e andava atrás de micróbios em várias partes. Mostra seu trabalho a Roux, que logo fica impressionado. Trabalha por um tempo em Paris. Pasteur, para aproveitar a experiência na Indochina, o envia para fundar em Saigon um laboratório de preparação de vacinas antivariólicas e anti-rábicas, que será o Instituto Pasteur de Saigon (Debré, 1995, p. 537). Pouco antes de morrer, Pasteur confia a Calmette a missão de criar e dirigir um Instituto Pasteur em Lille. É neste momento que Calmette começa com Camille Guérin suas pesquisas sobre o bacilo da tuberculose que terá como resultado a vacina BCG. No curso de microbiologia que fez no Instituto Pasteur, Calmette encontrou um jovem médico, que tinha sua idade: Alexandre Yersin, que foi à Paris preparar sua tese de Medicina sobre tuberculose. Ao mesmo tempo, ele trabalhava na Santa Casa de Misericórdia na unidade de Charles Richet, onde fazia a necropsia de pacientes que morriam de raiva. No local, durante uma necropsia, encontra Roux e eles se entendem profundamente. Em 1886, Yersin passa todas as tardes no laboratório na Rua Ulm onde assiste Roux nas preparações e se torna o estagiário pessoal de Roux. Pasteur o encarrega de fazer os curativos nos doentes. Desde a criação do Instituto Pasteur, ele vai participar, aos 25 anos, dos primeiros trabalhos sobre a toxina diftérica (Debré, 1995, p. 538, 522, 531). Yersin, de caráter ansioso, não se habitua à lenta rotina do Instituto Pasteur e quer correr o mundo. Engaja-se como médico a bordo de um navio-correio e desembarca no Vietnã. Em Saigon, encontra-se com Albert Calmette que o encoraja a montar expedições, que ele faz várias. Em 1894 uma grave epidemia de peste aparece na China e o governo da Indochina lembra que Yersin havia trabalhado no Instituto Pasteur, e o enviam a uma missão. Ele vai até Hong-Kong prestar socorro e monta lá um pequeno laboratório e lá descobre o bacilo da peste e consegue montar o soro contra a peste. Além disso, consegue provar que os ratos estão na origem da epidemia (Debré, 1995, p. 538-539). No fim da vida, na última visita que Pasteur faz ao laboratório, pede para examinar os bacilos da peste que Yersin havia isolado. Seria sua última observação ao microscópio (Debré, 1995, p. 546-547). Charles Nicolle teve pouco tempo de conhecer Pasteur antes de sua morte. Suas contribuições na microbiologia renderam um prêmio nobel em Medicina. Ele trabalha como estagiário ao lado de Élie Metchnikoff e também ajuda Roux. O irmão mais velho de Charles, Maurice, foi enviado por Roux para fundar o Instituto Pasteur em Constantinopla. André Chantemesse foi enviado por Pasteur para estudar as causas das epidemias de cólera, sugeriu fundar um laboratório de microbiologia na Turquia. Em 1887 foi criada a Instituição de Tratamento da Raiva, a primeira do Oriente (Debré, 1995, p. 540). Nicolle é solicitado a dirigir o Instituto Pasteur de Túnis, na Tunísia, criado por Adrien Loir em sua volta da Austrália. Em Túnis estabelece que a leishmaniose é transmitida pelo piolho, além de identificar também este piolho como o vetor do tifo. Ganha um Prêmio Nobel (Debré, 1995, p. 541). Jules Bordet é o último dos grandes pasteurianos desta geração. Entra no Instituto Pasteur em 1894 e trabalha com Metchnik off. Descobre os anticorpos, os antígenos, e inventa os princípios do sorodiagnóstico das afecções microbianas. Em 1901, quando regressa ao seu país, a Bélgica, pede e obtém de Marie Pasteur, depositária do Instituto Pasteur, o direito de batizar o nome de seu laboratório de Instituto Pasteur de Brabante. Em Bruxelas descobre o bacilo da coqueluche e estuda a coagulação do sangue. Em 1919, ao ganhar o Prêmio Nobel de Medicina, homenageia Pasteur. Os próprios colaboradores de Pasteur se autodenominavam “pasteurianos” (Masi, 1999, p. 112). Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. GAROZZO, Filippo. Louis Pasteur. Rio de Janeiro, RJ: Três, 1974. MASI, Domenico de (org.). A Emoção e a Regra: os grupos criativos na Europa de 1850 a 1950. Rio de Janeiro, RJ: José Olympio, 1999. Pasteur e parte de seus colaboradores em 1894. Laboratório no Instituto Pasteur em Paris. Émile Duclaux. Charles Chamberland. Adrien Loir. Albert Calmette Élie Metchnikoff Alexandre Yersin. Louis Thuillier. Continue lendo a biografia
- Academia de Medicina | Pasteur Brasil
Academia de Medicina Apesar de ser químico, Pasteur foi admitido na Academia Médica de Paris em 25 de março de 1873, onde desde o início defendeu seus pontos de vista sobre os microrganismos e os fenômenos de putrefação que ocorriam no homem. Assim, são poucos os que vêm Pasteur sentar-se na Academia de Medicina de bom grado, mas graças à sua reputação e conexões, o cientista torna-se membro. Sua eleição é disputada por um voto, o que novamente mostra quão grande é a desconfiança do químico. Pasteur foi escolhido para ser ouvido como um especialista. Raros foram os que imaginaram Pasteur intervindo nos debates, ousando aconselhar e até a dar ordens sobre a arte de curar (Debré, 1995, p. 340). Claude Bernard vê em Pasteur um aliado contra médicos que desprezam a fisiologia (Debré, 1995, p. 327). Eles sentam-se lado a lado e conversam familiarmente (Debré, 1995, p. 392). Bernard defende as experiências de Pasteur e reconhece sua originalidade, concedendo-o o prêmio de fisiologia experimental. Bernard é mais cientista do que médico, pois a seus olhos, o trabalho de laboratório é que fundamenta a medicina experimental e permite às antigas terapias se transformarem em ciências (Debré, 1995, p. 395). Durante muito tempo o bisturi ficou separado do microscópio. Só as lições de Pasteur e de Claude Bernard, juntos, na Academia de Medicina conseguirão mudar essa mentalidade. Por chocar com os hábitos de uma casta médica, as contribuições conceituais da microbiologia levarão mais de ¼ de século para penetrar nos costumes e práticas médicas (Debré, 1995, p. 301). Bernard preparou o terreno e foi Pasteur quem redesenhou a paisagem médica onde evoluímos há 1 século (Debré, 1995, p. 550). Bernard fala pouco, não sorri e raramente faz algum comentário. Faz inúmeras experiências com animais, relata as observações feitas e redige comunicações extensas para os padrões das Academias. Nunca faz propaganda de si mesmo e diferentemente de Pasteur, nunca quis sair falando de suas teorias e resultados. Apesar de ser reconhecido em toda a Europa como o primeiro fisiologista de sua época, Bernard só se sente à vontade em seu laboratório (Debré, 1995, p. 395). Uma estima recíproca vai unir estes dois amigos, em laços verdadeiramente pessoais. Bernard, uns 10 anos mais velho, sempre apoiou Pasteur prontamente, sobretudo na época da eleição de Pasteur para a Academia de Ciências. Eles se encontravam regularmente e participaram juntos de um pequeno grupo de peritos encarregado por Napoleão III para fazer um relatório sobre a situação do ensino científico na França (Debré, 1995, p. 397). Na ocasião do adoecimento por enterite de Bernard, Pasteur, para apoiar seu amigo em convalescença e em repouso afastado de Paris, publica o artigo “Claude Bernard, importância de seus trabalhos, seus ensinamentos e de seu método”. Para isso, releu todos os trabalhos do amigo fisiologista. Bernard fica emocionado e agradecido, e lhe escreve “a admiração que o senhor demonstra por mim é recíproca”. Quando, por sua vez, Pasteur é atingido por um AVC, Bernard é um dos primeiros a comparecer à sua cabeceira para lhe trazer, afetuosamente, o seu apoio moral (Debré, 1995, p. 398). Mais adiante, em 1878, Bernard fica gravemente doente. Acamado, é assistido pelo seu aluno Arsène d´Arsonval, a quem revela suas dúvidas sobre as teorias de Pasteur a respeito das fermentações. Ele acha que o fenômeno independe das leveduras, negando o papel da bactéria como organismo vivo, e diz ter anotações de resultados preliminares confirmando suas hipóteses. Neste mesmo ano, Bernard falece e seu aluno encontra seus papéis no quarto, e percebe que não são resultados, mas um esboço de trabalhos a realizar. D´Arsonoval e seus amigos optam pela publicação e enviam os papéis a Marcellin Berthelot, que não acredita no papel do ser vivo na fermentação, e publica as notas de Bernard em revista científica. A curiosidade é grande por esta publicação, pois Bernard não era amigo de Pasteur? (Debré, 1995, p. 399). Pasteur inicialmente não sabe se deve reagir publicamente, pois sabia ser uma atitude inerente de Bernard a de questionar tudo, a fim de não deixar passar nenhum erro de raciocínio. Pasteur consulta então a opinião de colegas na Academia. Alguns aconselham a não se deixar incomodar pelo que seria uma volta ao passado; outros pensam que o respeito à memória de Bernard obriga a responder apenas com fatos, já que Bernard não está presente para sustentar uma discussão. O que mais choca a retidão de Pasteur é polemizar com um morto, no entanto, após ler os documentos por inteiro, decide se posicionar sugerindo que a publicação de Berthelot não é fiel ao pensamento de Bernard e anuncia que está começando uma nova série de experiências sobre fermentação, não para defender sua teoria, mas para dar continuidade aos trabalhos que Bernard não teve tempo de terminar. Naquele ano, as férias de Pasteur são consagradas a estas experiências e consegue resultados taxativos: a levedura é indispensável para a fermentação. Pasteur publica suas conclusões sob a forma de um exame crítico de um escrito póstumo de Claude Bernard sobre a fermentação, onde afirma no final que “a glória do nosso ilustre colega não foi diminuída” (Debré, 1995, p. 401). Michel Peter afirma que um médico não precisa se sobrecarregar com os saberes de um químico, de um físico ou de um fisiologista. Dirigindo-se a Pasteur, fala a respeito da febre tifoide: “O que me importa o seu micróbio?”. Em resposta, Pasteur denuncia o que para ele é uma “blasfêmia médica” e insiste que o médico deve não só curar, mas prevenir a doença, e recomenda a profilaxia e a higiene (Debré, 1995, p. 301). Peter é um dos mais influentes membros da Academia, e afirma que “as descobertas das bactérias são curiosidades da história moderna (...) quase sem nenhum proveito para a Medicina”. "Na Academia, Peter se arvora de promotor e transforma a assembleia em uma audiência de acusação: 'A desculpa do senhor Pasteur é a de ser um químico, que inspirado no desejo de ser útil, quis dar força à medicina, ciência que lhe é totalmente estranha" (Debré, 1995, p. 460). Peter e Pasteur se desprezam, mas são parentes afastados do lado de suas esposas, por meio de um ancestral comum, Joseph Loir, que foi veterinário do exército do Egito. Ele havia se casado sob as ordens de Napoleão Bonaparte. Seu neto é Adrien Loir, sobrinho de Pasteur, que trabalha de manhã com Peter e de tarde com Pasteur. Deste modo, participa da briga dos dois “patrões” (Debré, 1995, p. 459). Gabriel Constant Colin se revela um adversário da teoria de Pasteur. Este veterinário se apoia em 12 anos de trabalho com o carbúnculo para afirmar que Pasteur está errado em acreditar que o bacilo é o responsável pela doença. Colin também se recusa a admitir o fenômeno de incubação de certas doenças. Pasteur se esforça em vão em convencê-lo apesar das explicações. Colin conserva vários adeptos entre os médicos. Diante de vários debates contraditórios na Academia, Pasteur exclama aos jovens que assistem às sessões: “jovens, vocês que se sentam no alto destas arquibancadas provavelmente são a esperança do futuro médico do nosso país. Não venham aqui para procurar a excitação da polêmica; venham se instruir com os métodos” (Debré, 1995, p. 356-358). Henri-Marie Bouley, veterinário, se declara impressionado com a interpretação de Colin e embora partidário de Pasteur, convida-o a examinar de perto as objeções que lhe são feitas, as quais Pasteur replica vigorosamente. Porém, cabe ressaltar que Bouley é um dos grandes apoios de Pasteur (Debré, 1995, p. 355, 448, 460, 495). Na Academia, cada vez que Bouley tenta louvar os méritos de Pasteur, Peter intervém e é aplaudido em nome da medicina tradicional (Debré, 1995, p. 460). Alphonse Guérin cria o laboratório de anatomia e química patológica para observar os benefícios do uso dos curativos acolchoados. Ele associa o abcesso às febres infecciosas (Debré, 1995, p. 327). Pasteur constata que os curativos de Guérin, assim como os de Lister, são os verdadeiros responsáveis pelos sucessos cirúrgicos constatados, graças à filtragem dos germes por essa separação acolchoada e a consequente destruição destes pela solução anti-séptica (Debré, 1995, p. 328). Quando Pasteur faz uma comunicação à Academia de Medicina dizendo que pretende produzir vacinas, mas ainda sem relatar o processo (que ainda iria dar início), os adversários de Pasteur, encabeçados por Jules Guérin o censuram por não comunicar os detalhes de sua técnica e conseguem que a Academia repreenda a conduta de Pasteur. Ele fica furioso e abatido, pois naquele mesmo período sua irmã Virginie acaba de falecer. Pasteur faz diversos rascunhos de uma carta de demissão da Academia, mas volta atrás. Mais adiante, Pasteur estará apto a revelar em detalhes o seu processo experimental de virulência atenuada (vacinação), que marcará o nascimento de uma nova disciplina, a imunologia (Debré, 1995, p. 427-428). As discussões sobre a varíola e a vacina continuam na Academia, o que se torna cansativo para Pasteur. O conflito entre os dois se agrava e Pasteur o responde grosseiramente e recusando-se a responder a Jules Guérin, e acrescenta: “Doravante, seremos dois no combate e veremos qual de nós sairá ferido e machucado desta luta”. A sessão é suspensa por um grande tumulto. Guérin furioso se precipita sobre Pasteur e é impedido pelo barão Larrey, que se interpõe. Na época, Guérin tem quase 80 anos e Pasteur quase 60 anos. Depois de alguns dias, o conflito vai se extinguir e Pasteur aceita se desculpar, cujas palavras ficaram registradas na ata: “Se, no calor do debate, pronunciei alguma palavra ou julgamento que pudesse prejudicar o renome do senhor Jules Guérin, eu as retiro e declaro que nunca desejei ferir nosso sábio colega. Em nossas discussões, só tive uma preocupação, a de defender, energicamente, a exatidão dos meus trabalhos” (Debré, 1995, p. 441-442). Gabriel Colin e Jules Guérin continuam a atacar Pasteur, mesmo após o sucesso do experimento em Poilly-le-Fort. Não raro, Pasteur deixa a sala, com raiva contra os que não compreendem o valor de suas experiências. Finalmente, resigna-se a não mais assistir às sessões da Academia. Sua ausência, no entanto, não impede as controvérsias sobre a teoria microbiana, a teoria do contágio e sobre as terapias propostas (Debré, 1995, p. 459). Charles-Emmanuel Sédillot (não era membro da Academia) era um fervoroso partidário de Pasteur. Com 64 anos, foi um dos primeiros a aceitar e encorajar os trabalhos de Pasteur e suas aplicações cirúrgicas. Ele lê uma nota na Academia resumindo a evolução positiva do tratamento das lesões, com curas mais frequentes e redução de gangrenas e amputações. Se relatório termina com uma apologia à palavra micróbio (em vez de animálculo), dizendo: “a palavra micróbio tem a vantagem de ser mais curta e de possuir um significado mais geral e, tendo meu ilustre amigo Littré, o linguista mais competente da França, aprovado esse nome, nós o adotaremos” (Debré, 1995, p. 408). Maximilien-Paul-Émile Littré era unanimemente respeitável, sendo descrito como uma das grandes mentes do século, e pela sagacidade de sua mente, Ernest Renan disse ser “uma das consciências mais completas do universo”. Foi autor do célebre Dictionnaire, e mesmo deixando de praticar a medicina, torna-se um erudito na área. Deste modo, torna-se a autoridade mais competente para batizar os pequenos organismos que Pasteur detectou em seu microscópio. Em resposta a Sédillot, afirma: “para designar os animálculos, eu daria preferência a ‘micróbio’; primeiro, porque, como você diz, é mais curto, depois porque ele destina ´microbia´, substantivo feminino, para a designação de estudo do micróbio” (Debré, 1995, p. 410). Pasteur e Littré se respeitam, mas existem entre eles diferenças: Littré é republicano, franco-maçon e positivista. Para Pasteur, os positivistas não entenderam o sentido do método científico, e afirma “Para julgar o valor do positivismo, meu primeiro pensamento foi procurar nele a invenção. Não achei. Como não me oferece nenhuma ideia nova, o positivismo me deixa reservado e desconfiado” (Debré, 1995, p. 413). As profundas razões que levam Pasteur a se opor à filosofia positivista são mais específicas, por exemplo, o positivismo rejeita o uso do microscópio, e separa a química da biologia, por exemplo. Entretanto, é a questão da existência de Deus, que Pasteur chama de infinito, que o afasta do positivismo. Pasteur diz: “aquele que proclama a existência do infinito reúne mais sobrenatural nessa afirmação do que o existente em todos os milagres de todas as religiões. (...) Vejo em toda a parte a inevitável expressão da noção do infinito no mundo. A ideia de Deus é uma forma da ideia do infinito” (Debré, 1995, p. 414). "Nos bancos da antiga Casa de Caridade, Pasteur encontra cinco dos maiores positivistas: Claude Bernard, Émile Littré e, é claro, Marcelin Berthelot; também Paul Broca, o célebre neurologista a quem se deve a primeira descrição anatômica do cérebro e Charles Robin, colaborador de Littré, inventor das palavras "hemácias" e "leucócitos" para designar os glóbulos vermelhos e brancos do sangue. Como revelam as atas das sessões, depois da morte de Claude Bernard, esses cientistas deixam Pasteur lutar sozinho. Por ocasião da famosa comunicação de maio de 1880, quando Pasteur descreve o estafilococo do furúnculo como sendo também responsável pela osteomielite, nenhum deles toma a palavra para destacar a importância da descoberta" (Debré, 1995, p. 416). Alfred Vulpian é um dos médicos mais respeitados de sua época. Se torna membro da Comissão Oficial da Raiva, criada pelo governo, a pedido de Pasteur, para controlar e avaliar as pesquisas em curso sobre a doença. Diante do exame do paciente Joseph Meister, diz a Pasteur que acha o caso sério o suficiente para que se justifique esta primeira tentativa de vacinação. Após o sucesso do tratamento e diante da Academia de Ciências, Vulpian pede a palavra dizendo que Pasteur trabalhou durante anos, com uma série de pesquisas feitas sem interrupção até criar um tratamento do qual não duvida do sucesso (Debré, 1995, p. 489, 494). Após a descoberta da vacina da raiva, Jean-Martin Charcot aproveita para posicionar-se perante os inimigos de Pasteur na Academia de Medicina: “o inventor da vacina antirrábica hoje, com mais razão do que nunca, pode andar com a cabeça erguida e prosseguir o cumprimento de seu glorioso labor sem deixar-se desviar dele, no mínimo pelos clamores da contradição sistemática ou pelas insidiosas murmurações da difamação” (Viñas, 1991, p. 156). Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. VIÑAS, David. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Labor, 1991. https://www.ccih.med.br/wp-content/uploads/2014/07/capitulo7-As-bases-do-hospital-contempor%C3%A2neo-a-enfermagem-os-ca%C3%A7adores-de-micr%C3%B3bios-e-o-controle-de-infec%C3%A7%C3%A3o.pdf https://www.pourlascience.fr/sd/histoire-sciences/la-mort-par-les-microbes-3896.php Fachada da Academia de Medicina. Frente da Academia de Medicina. Detalhe da inscrição da Academia de Medicina em Paris. Biblioteca da Academia de Medicina. Interior da Academia de Medicina. Continue lendo a biografia