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  • Orçamento da ciência | Pasteur Brasil

    Orçamento da Ciência Em 1867, na qualidade de diretor do laboratório na Rua d´Ulm, Pasteur dirige uma carta ao imperador Napoleão III: “Senhor, minhas pesquisas sobre as fermentações e sobre o papel dos microorganismos microscópicos abriram à química fisiológica novas vias de que as indústrias agrícolas e os estudos médicos começam a recolher frutos. Porém o campo que resta percorrer é imenso. Meu maior desejo seria explorar com novo ardor, sem estar à mercê da insuficiência de recursos materiais (...) É chegado o tempo de libertar as ciências experimentais das misérias que as entravam” (Debré, 1995, p. 166). ​ No dia seguinte, Napoleão III pede a Victor Duruy que empreenda a construção de um novo laboratório na Rua Ulm. Contudo, em dezembro de 1867 surgem obstáculos que fazem parar a obra. Os créditos para a construção do novo prédio são recusados. Encontra-se dinheiro para levantar o novo Ópera de Charles Garnier, mas não há mais dinheiro nos cofres imperiais para a pesquisa científica. Furioso, Pasteur publica um artigo para o jornal Le Moniteur Universel, intitulado “O Orçamento da Ciência” a fim de sacudir a opinião pública: “Laboratório e descoberta são termos correlatos. Suprimam os laboratórios e as ciências físicas se tornarão a imagem da esterilidade da morte (...) Deem-lhe os laboratórios e com eles reaparecerá a vida, sua fecundidade, e seu poder” (Debré, 1995, p. 166). ​ Algumas semanas depois, o imperador reúne todos os membros do governo e um areópago de cientistas: Louis Pasteur, Henri Milne-Edwards, Claude Bernard e Henri Sainte-Claire Deville. Pasteur recorda ainda a criação da função de estagiário, demonstrando a necessidade de iniciar os melhores alunos à pesquisa, e diz: “Olhem para os cientistas alemães. Eles moram nas cercanias de seu laboratório. Sigamos o exemplo!” (Debré, 1995, p. 168). Indo além, pensa que as próprias cidades deveriam se interessar pelos trabalhos científicos. ​ A passagem de Victor Duruy como Ministro da Instrução Pública ficará marcada pela atenção e ajudas concedidas aos homens de ciência, além de desenvolver uma amizade verdadeiramente pessoal com Louis Pasteur. Uma decisão de Duruy vai ser particularmente cara a Pasteur: um decreto generalizando a criação de laboratórios de pesquisa nas faculdades. A convicção de ambos os amigos de que a ciência constitui uma parte essencial do patrimônio nacional, assim como o apoio de Napoleão III, vão vencer os obstáculos administrativos: o desbloqueio de créditos para a continuação da construção do laboratório na Rua Ulm, o berço de prodigiosas descobertas. ​ Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a. ​ ​ Ópera Garnier Jornal Le Moniteur Universel. Henri Milne-Edwards. Claude Bernard. Henri Sainte-Claire Deville. Laboratório na Rue d´ Ulm em Paris. Victor Duruy. Continue lendo a biografia

  • Doenças Infectocontagiosas | Pasteur Brasil

    Doenças Infectocontagiosas Ao longo da História humana, muitos foram os higienistas que alertaram para o contágio de doenças e a influência da falta de medidas de higiene: médicos e médicas da Escola Médica de Salerno na Itália, Michel de Nostredame (Nostradamus), Ignaz Semmelweis, dentre muitas outras personalidades de épocas e locais distintos. ​ Por exemplo, o físico Robert Boyle já afirmava no século XVII: “aquele que conseguir sondar, até o fundo, a natureza dos fermentos e das fermentações estará mais apto, do que qualquer outro, para dar uma justa explicação dos fenômenos mórbidos”. Todos os tratados dos séculos XVIII e XIX assinalam as similitudes entre fermentação e doença: “o que se passa na fermentação do vinho pode servir muito bem para explicar certas doenças, principalmente a varíola” disse Nicolas Lémery em 1713 (Debré, 1995, p. 303). ​ Portanto, o debate sobre a etiologia das doenças infecciosas não começou com Pasteur, mas ganhou uma intensidade particular quando ele quis impor a ideia da origem microbiana dessas doenças. Para Pasteur, os microrganismos, responsáveis ​​pelos fenômenos de fermentação e putrefação, também deveriam ser a causa das doenças contagiosas. “Quando você vê cerveja e vinho”, escreveu ele, “sofrem profundas alterações porque esses líquidos deram refúgio a organismos microscópicos que entraram invisível e acidentalmente em seu interior, onde então enxamearam, como não ficar obcecados com o pensamento que fatos da mesma ordem podem e às vezes devem ocorrer em humanos e animais? No entanto, o papel de Pasteur em validar essa hipótese deve, não sem razão, ser questionado (Perrot; Schwartz, 2017, p. 173). ​ Na época do debate sobre a geração espontânea, o médico Gilbert Déclat fez uma conferência sobre o papel dos micróbios e louvou os trabalhos de Pasteur sobre a fermentação e a compreensão das doenças. No fim da preleção, Pasteur, que não conhecia Déclat aproxima-se para agradecer e para fazer suas críticas: “Os argumentos que o senhor usou para sustentar minhas teorias são bem engenhosos mas faltam com o rigor. A analogia não é uma prova”. Pasteur está convencido que não adianta alimentar controvérsias por hipóteses, mesmo hábeis. Só o que conta é a experimentação (Debré, 1995, p. 304). ​ Pasteur encontrava-se ocupado com outros estudos, pressionado pelas doenças do bicho-da-seda e dos vinhos, que foram retardados pela guerra de 1870 e pela hemiplegia. Além disso, Pasteur não é médico. Desde 1860, a difusão dos conceitos evolucionistas de Charles Darwin dá ênfase à hereditariedade, e a doença passa a ser interpretada habitualmente como uma predisposição mórbida. Havia o dogma “a doença está em nós, é nossa e para nós”. Pasteur não desaprova inteiramente, mas acrescenta que não crê que isso seja verdadeiro para todas as doenças (Debré, 1995, p. 305). ​ Deste modo, no século XIX, diversas teorias médicas coexistiam: a favor e contra o papel dos micróbios nas doenças. Na Prússia, Rudolf Virchow rejeita a teoria microbiana, dizendo que “a doença não é uma aberração enxertada num organismo sadio. Ela é uma simples desordem da saúde”. Pasteur combaterá as ideias de Virchow na patologia do mesmo modo que recusou as ideias de Justus von Liebig sobre a fermentação (Debré, 1995, p. 345). ​ Na França, havia cirurgiões que não estavam convencidos do papel dos micróbios nas doenças, dentre eles Édouard Chassaignac, Jules Émile Péan e Armand Després (Debré, 1995, p. 305). Havia também os partidários do contágio, os médicos contagionistas, dentre eles Pierre Bretonneau, René Laennec, Trousseau, Casimir Davaine, Jean-Antoine Villemin, por exemplo (Debré, 1995, p. 305-306). ​ Diversos cirurgiões higienistas como Alphonse Guérin, Just Lucas-Championnière, Jules Helot, Stéphane Tarnier, Ulysse Trélat e Félix Terrier encorajam Pasteur a interpretar e exaltar os méritos da assepsia e da antissepsia e a pregar o combate contra o contágio por meio da higiene (Debré, 1995, p. 307). Mas, é ao cirurgião inglês Joseph Lister, que se atribui oficialmente a primeira aplicação das descobertas de Pasteur na Medicina. Lister tem acesso aos relatórios de Pasteur para a Academia de Ciências de Paris por meio de Thomas Anderson e se interessa pelos problemas de putrefação. Ele compreende a ligação que pode existir entre a decomposição da matéria orgânica e a infecção pós-operatória. Ajudado pela esposa, Lister reproduz no laboratório doméstico as experiências de Pasteur e confirma a que a putrefação e a fermentação só aparecem se são introduzidos germes externos. Entende, assim como Pasteur, que o ar ambiente é uma das principais causas da propagação dos micróbios. Também inventa um modo de destruir as bactérias no tecido lesado, descobrindo então a antissepsia (Debré, 1995, p. 317-318). ​ Lister se corresponde com Pasteur agradecendo pelas suas pesquisas, e refere-se ao amor comum dos dois à ciência. Pasteur se surpreende com o reconhecimento de um cirurgião estrangeiro e retorna a carta de Lister dizendo-se admirado com a precisão de suas manipulações e a compreensão do método experimental, e também toma a liberdade de apresentar algumas observações críticas ao novo amigo para aumentar o rigor do método de cultura utilizado (Debré, 1995, p. 322). ​ Em 1867, Lister anuncia no The Lancet a invenção da antissepsia e suas indicações para o tratamento. Nesta e em outras apresentações, Lister expõe primeiro as teorias de Pasteur e depois descreve seus próprios resultados (Debré, 1995, p. 319). ​ Por outro lado, Armand Després, cirurgião, nega a assepsia e antissepsia, defendendo os curativos contaminados. Demonstra franca antipatia pelos métodos de Lister e pelos princípios de Pasteur (Debré, 1995, p. 331-332). Em 1877, os trabalhos de Pasteur sobre a origem das doenças infecciosas são direcionados para a medicina veterinária. Ele se dedica ao carbúnculo, a pedido do amigo e Ministro da Agricultura Jean-Baptiste Dumas. Pasteur havia vencido o flagelo do bicho-da-seda e é indicado a encontrar o remédio desta afecção que assola os rebanhos (Debré, 1995, p. 347). ​ Casimir Davaine foi um dos primeiros a notar, no sangue carbunculoso, microorganismos na forma de bastonetes. Junto com o seu colega também médico, Pierre-François-Olive Rayer, fez um extenso estudo sobre o carbúnculo em animais de chifre em 1850. Davaine fez a seguinte pergunta: trata-se de um agente contagioso ou só de uma consequência inofensiva da doença? Na época, ele não avaliou o alcance de sua observação. Em 1863, já conhecedor dos trabalhos de Pasteur, retoma a sua observação e faz uma nova comunicação à Academia de Ciências sobre o papel mortal das bactérias do carbúnculo. Em sua nota, homenageia formalmente os trabalhos de Pasteur. Na Alemanha, aparecem as experiências de Robert Koch (Debré, 1995, p. 350, 388, 391), que tem 33 anos quando se interessa pelo problema do carbúnculo. Ele foi aluno de Jacob Henle, que o instruiu sobre a teoria microbiana e os seus obstáculos teóricos e experimentais (Debré, 1995, p. 344, 350). ​ Num laboratório primitivo que organiza em casa, Koch, sozinho, se dedica ao problema, procurando repetir e ir além das observações de Davaine. Pasteur toma conhecimento da publicação de Koch sobre o carbúnculo e está de acordo com sua tese de que há esporos nos campos, mas acha suas provas insuficientes e propõe uma demonstração mais rigorosa. Há relatos de que o artigo de Koch foi um empurrão para Pasteur estudar as enfermidades nos animais e posteriormente em humanos. Durante as pesquisas, Pasteur, com a ajuda de um veterinário, que o acompanha, Daniel Boutet, consegue uma amostra de sangue de um animal morto recentemente de carbúnculo e constata que a inoculação de uma cultura, ainda que diluída deste sangue, mata. Deste modo, conclui que a doença com certeza é transmitida pela bactéria (Debré, 1995, p. 351). Pasteur vai além e descobre que há outra doença associada (assim como no bicho-da-seda) e batiza o microorganismo de vibrião séptico (Debré, 1995, p. 353). A partir do momento em que Pasteur se interessa pela doença do carbúnculo do carneiro, sua conversão para a Medicina está feita. Uma nova geração de estudos e experiências se iniciam (Debré, 1995, p. 339). ​ Nas pesquisas em campo, junto ao rebanho, colaboram Charles Chamberland (estagiário titular do momento), Auguste Vinsot (veterinário) e Émile Roux (médico de 25 anos à época, e um dos mais assíduos ouvintes de Pasteur na Academia de Medicina). Pasteur encontra a explicação para a propagação do carbúnculo e orienta os criadores (Debré, 1995, p. 362-363). Porém, são as grandes epidemias da época, a peste, a cólera e a febre amarela que interessam mais a Pasteur (Debré, 1995, p. 386). Em 1865 Pasteur precisou pela primeira vez enfrentar um problema da medicina humana: uma epidemia de cólera que veio do Egito atinge a França (Debré, 1995, p. 345-346). Pasteur propõe ao Comitê Consultor de Higiene enviar uma missão francesa ao Cairo, no Egito. Três voluntários se declaram prontos para partir: Émile Roux, Edmond Nocard e Isidore Straus. Louis Thuillier inicialmente hesita e depois decide que fará parte da viagem. Infelizmente ele morre de um ataque fulminante de cólera, em Alexandria, aos 26 anos (Debré, 1995, p. 388). Robert Koch, que na mesma época dirigia uma equipe alemã, vai até a cabeceira de Thuillier e lhe presta as homenagens fúnebres. Pasteur fica devastado, pois um dos seus assistentes é vítima do dever. Sente-se torturado pelas lembranças das hesitações de Thuillier em embarcar nesta missão (Debré, 1995, p. 388). Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. ​ PERROT, Annick; SCHWARTZ, Maxime. Louis Pasteur le Visionnaire. Paris, França: Éditions de la Martinière, 2017. ​ https://homoprojector.iipc.org/index.php/homoprojector/article/view/116 https://www.terredelouispasteur.fr/2020/03/20/pasteur-et-koch/ ​ Escola Médica de Salerno, na Itália. Michel de Nostredame (Nostradamus). Ignaz Semmelweis em 1860. Robert Koch Louis Pasteur confirma as conclusões de Casimir Davaine e Robert Koch: é efetivamente uma bactéria que origina o carbúnculo, uma enfermindade que semeia estragos nos rebanhos de ovinos e bovinos. Jean-Baptiste Dumas. A invenção da antissepsia e da assepssia. "Se é bem espantoso pensar que a vida possa estar à merce da multiplicação do infinitamente pequeno, nos fica o consolo de esperar que a ciência não será sempre impotente frente a tais inimigos" (Louis Pasteur, 1878). Continue lendo a biografia

  • Primeiras Influências Científicas | Pasteur Brasil

    Voltar para os Grupos Primeiras Influências Científicas Jean-Baptiste-André Dumas 1800-1884 Químico e político francês. Foi um dos fundadores da École Centrale de Paris (1829). Leitor no Collège de France (1836). Membro da Academia de Ciências, seção de Química (eleito em 1832), então secretário perpétuo (1868). Membro da Academia Francesa (eleito em 1875). Deputado pelo Norte (1849-1851). Ministro da Agricultura e Comércio (1850) no governo de Napoleão III . Senador (1852-1870). Membro (1854), então presidente (1859) da Câmara Municipal de Paris​. ​ O pai de Dumas era o escrivão da cidade de Alès e Dumas frequentou a escola local. Embora por um breve período como aprendiz de um boticário, em 1816 Dumas viajou para Genebra, onde estudou farmácia, química e botânica. Seu nome apareceu em artigos de revistas em farmácia e fisiologia antes de ele completar a adolescência. ​ Em 1823, com a ajuda do naturalista alemão Alexander von Humboldt, Dumas voltou para a França e tornou-se assistente do químico francês Louis-Jacques Thénard na École Polytechnique de Paris. Dumas logo se tornou professor de química no Athenaeum, apenas o primeiro de muitos compromissos acadêmicos que teria - na Sorbonne, na École Polytechnique e na École de Médecine. Como era comum na época, ele ocupou vários desses cargos simultaneamente e passou muitas horas viajando de uma escola para outra. Dumas estabeleceu um laboratório de ensino, inicialmente às suas custas. Ele foi um professor magistral, servindo como mentor de muitos químicos franceses importantes, incluindo Auguste Laurent, Charles-Adolphe Wurtz e Louis Pasteur. ​ Foi ministro da Agricultura de 1850 a 1851 e, quando Napoleão III se tornou imperador, foi nomeado senador. Foi também membro, vice-presidente (1855) e presidente (1859) do Conselho Municipal de Paris. Com Haussmann, Dumas empreendeu a transformação e modernização da capital, supervisionando a instalação de modernos sistemas de drenagem, abastecimento de água e sistemas elétricos. Ele se tornou secretário permanente da Academia de Ciências em 1868. ​ Um dia, Pasteur foi até a Sorbonne assistir, por curiosidade, uma conferência deste célebre químico, que reunia entre 600 a 700 pessoas. Esse primeiro contato com a química vai ser determinante para Pasteur, que seguirá o admirando por toda a vida. Pasteur se inspira em Dumas, em sua eloquência e capacidade de cativar um auditório (Debré, 1995, p. 48; Garozzo, 1974, p. 55). ​ Dumas torna-se um mentor para Pasteur, além também de um grande amigo. Seu afeto por Pasteur é evidente nas correspondências. ​ Ao ingressar futuramente na Academia de Ciências, é Dumas quem apresenta Pasteur a Napoleão III. ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12647737/jean-baptiste_dumas/ Mais informações: http://www.academie-francaise.fr/les-immortels/jean-baptiste-dumas?fauteuil=40&election=16-12-1875 Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Jean-Baptiste-Andre-Dumas Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/chemistry-biographies/jean-baptiste-andre-dumas ​ Antoine-Jérôme Balard 1802-1876 Químico e Farmacêutico (1826) francês. Descobridor do bromo em 1826, aos 24 anos de idade. Professor no Collège de France (1851-1876). Membro da Academia de Ciências (1844). ​ Balard nasceu em uma família de circunstâncias modestas; seus pais eram produtores de vinho. Sua madrinha percebeu sua inteligência e permitiu que ele frequentasse o liceu em Montpellier. Em 1819, ao se formar, começou a se preparar para a carreira de farmacêutico. Enquanto treinava em Montpellier, ele serviu como préparateur em química para Joseph Anglada da Faculté des Sciences e préparateur na École de Pharmacie. No último, ele estudou química e física com Jacques Étienne Bérard, que permitiu a Balard fazer pesquisas na fábrica química da qual Bérard era o diretor. Balard formou-se em farmácia em 1826, tendo escrito uma tese sobre o cianogênio e seus compostos. ​ Foi nesse período, por volta de 1825, que Balard fez a descoberta do elemento bromo. A descoberta de um novo elemento químico por um jovem e obscuro farmacêutico provinciano causou sensação nos círculos científicos parisienses e, posteriormente, estrangeiros. O feito de Balard foi reconhecido pela Académie des Sciences e ele foi premiado com uma medalha pela Royal Society of London. Ao estudar a flora do pântano salgado das águas mediterrâneas, Balard, depois de cristalizar cloreto de sódio e sulfato de sódio da água do mar, saturar o resíduo com cloro e destilar o produto, descobriu o único elemento não metálico líquido, o bromo. Determinou suas propriedades e estudou alguns de seus compostos . Mais tarde, ele provou a presença de bromo em plantas marinhas e animais. ​ Expoente do valor potencial do mar como fonte de produtos químicos, Balard lecionou na École de Pharmacie de Montpellier, onde se formou em 1826. Tornou-se professor de química na Sorbonne (1842) e no Collège de France, Paris (1851). ​ Balard era principalmente um químico experimental, embora sua experimentação fosse guiada por uma aguda consciência das analogias entre as substâncias que estava investigando e outras cuja química era mais conhecida. Ele não publicou muito, mas o que apareceu foi de alta qualidade e de grande interesse. ​ O modo de vida de Balard era modesto, mesmo em seus anos de sucesso em Paris. Além disso, sua abstinência influenciou o estilo de sua pesquisa científica; Jean-Baptiste Dumas e Charles Adolphe Wurtz testemunharam a preferência de Balard por aparelhos simples e reagentes caseiros em vez de técnicas e materiais elaborados. Ele era amável e generoso tanto com seus colegas quanto com seus alunos. ​ Talvez de maior importância do que suas pesquisas químicas foi o interesse de Balard pelas carreiras de seus alunos, especialmente as de Louis Pasteur e Marcelin Berthelot. Balard fez uma petição para que Pasteur fosse designado a ele como assistente em 1846, e em 1851 ele garantiu uma posição semelhante para Berthelot no Collége de France. Ele manteve amizade íntima com esses dois alunos, vindo em defesa de Pasteur na controvérsia da geração espontânea e garantindo a criação da cadeira de química orgânica no Collége de France para Berthelot. ​ Como foi dito, Balard levava uma vida simples e estava sempre de bom humor. Foi professor de Pasteur na École Normale, e o convidou a se tornar professor-estagiário em seu laboratório (Debré, 1995, p. 55-57). ​ Balar interveio, junto ao Ministério da Instrução Pública, quando Pasteur foi designado professor de física no liceu de Tournon, pois estava trabalhando em uma tese de doutoramento em química. ​ Foi no laboratório de Balard que Pasteur, trabalhando com ácido tartárico, descobre as formas dextrógiras e levógiras. ​ Em vários momentos da vida de Pasteur, Balard o recomenda moderação e calma (Debré, 1995, p. 363). ​ É Balard quem apresenta Pasteur a Auguste Laurent. ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/10563454/antoine-jerome_balard/ Ref. https://www.britannica.com/biography/Antoine-Jerome-Balard Mais informações: https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/balard-antoine-jerome ​ Auguste Laurent 1807-1853 Químico francês. Ajudou a lançar as bases para a fundação da química orgânica. Seus trabalhos sobre cristalografia valeram-lhe a nomeação de correspondente da Academia de Ciências. ​ Após o ensino clássico convencional, Laurent formou-se em engenharia pela prestigiosa École des Mines de Paris. A partir de 1830, ele foi contratado como assistente de laboratório por Jean-Baptiste Dumas , o principal químico francês e professor da École Centrale des Arts et Manufactures. Depois de vários postos industriais de curta duração e uma tentativa de dirigir uma escola particular de química em Paris, Laurent foi nomeado professor de química na Universidade de Bordeaux em 1838. Mais tarde naquele ano, ele se casou com Anne-Françoise Schrobilgen de Luxemburgo. Laurent não estava feliz “no exílio” nas províncias, mas seus sete anos em Bordeaux foram os mais produtivos de sua carreira. ​ De espírito muito original. Laurent reparou em Pasteur, e oferece que ele pesquise junto a ele. Pasteur gostava muito de trabalhar com este pesquisador de temperamento calmo, mas trabalha por poucos meses com Laurent, que se torna suplente de Jean-Baptiste Dumas na Sorbonne em abril de 1847. ​ Apesar de Pasteur ter trabalhado pouco tempo com Laurent, a sua influência foi grande, especialmente na formação de hipóteses a teorias (Debré, 1995, p. 57). ​ Laurent falece de tuberculose aos 45 anos. ​ Não há parentesco deste químico com o sogro de Pasteur, Aristide Laurent. ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12560058/auguste_laurent/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Auguste-Laurent Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/chemistry-biographies/auguste-laurent ​ Jean-Baptiste Biot 1774-1862 Físico, químico, astrônomo e matemático francês. Membro da Academia das Ciências (eleito em 1803), membro da Académie des inscriptions et belles-lettres (eleito em 1841) e membro da Academia Francesa (eleito em 1856). ​ Educado na École Polytechnique, Biot foi nomeado professor de matemática na Universidade de Beauvais em 1797, tornou-se professor de física matemática no Collège de France em 1800 e foi eleito membro da Academia Francesa de Ciências em 1803. ​ Colaborou com Gay-Lussac em análises atmosféricas. Em 1804, ambos subiram em um balão de hidrogênio para investigar o campo magnético da Terra a elevada altitude e a composição atmosférica. Atingiram uma altitude de 4000 metros. Eles mostraram que o campo magnético da Terra n ão varia visivelmente com a altitude e testaram a composição da atmosfera superior . Biot colaborou também com o famoso físico Dominique-François-Jean Arago na investigação das propriedades refrativas dos gases. ​ Em 1820, Biot e o físico Félix Savart descobriram que a intensidade do campo magnético criado por uma corrente que flui por um fio é inversamente proporcional à distância do fio. Essa relação é agora conhecida como lei de Biot-Savart e é uma parte fundamental da teoria eletromagnética moderna. Em 1835, ao estudar a luz polarizada (a luz tendo todas as suas ondas no mesmo plano), Biot descobriu que soluções de açúcar, entre outras, giram o plano de polarização quando um feixe de luz polarizada passa. Outras pesquisas revelaram que o ângulo de rotação é uma medida direta da concentração da solução. Este fato tornou-se importante na análise química porque forneceu uma maneira simples e não destrutiva de determinar a concentração de açúcar. Por este trabalho, Biot recebeu a Medalha Rumford da Royal Society em 1840. ​ Aos 19 anos, Biot já exibia um ceticismo precoce ao afirmar: "Sempre, nas questões duvidosas, o ignorante crê, o cientista improvisado decide, o homem instruído examina" (Witkowski, 2004, p. 107). ​ Buscou ainda identificar os enigmas astronômicos gravados nas colunas dos templos egípcios (Witkowski, 2004, p. 107). ​ Ao conhecer as pesquisas de Pasteur, no início tem dúvida sobre a sua descoberta na área da cristalografia, e ao reconhecer a veracidade, propõe que a apresente na Academia. Em carta, escreve a Pasteur: “Meu filho, em minha vida amei tanto as ciências que isso me faz disparar o coração” (Debré, 1995, p. 74). ​ Biot considerava Pasteur quase seu filho adotivo. Torna-se seu padrinho científico. ​ Das críticas científicas aos conselhos mais pessoais, Biot desempenha um papel ativo na vida de Pasteur. Mostra-se o grande confidente de Pasteur. ​ O filho de Pasteur recebe o nome deste amigo, que será também seu padrinho. ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12150160/jean-baptiste_biot/ Ref. https://www.britannica.com/biography/Jean-Baptiste-Biot Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/physics-biographies/jean-baptiste-biot ​ Eilhardt Mitscherlich 1794-1863 Químico e físico alemão. Professor de química na Universidade de Berlim. ​ Era filho de um ministro. Recebeu sua educação inicial em Jever, na escola dirigida pelo historiador Friedrich Christoph Schlosser, que o encorajou a se dedicar às 'artes liberais', nome dado no final da época romana a disciplinas consideradas estudos preparatórios para a filosofia; geralmente eram contados em número de sete e agrupados como trivium (gramática, retórica e lógica) e quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia). Mitscherlich estudou línguas orientais (persa) em Heidelberg e Berlim. Ele então se voltou para o estudo da medicina em Göttingen em 1817, onde se interessou pela cristalografia. Simultaneamente aos seus estudos médicos, Mitscherlich completou a pesquisa em antigos textos persas, pelos quais obteve o doutorado. Ao mesmo tempo, seu interesse se voltava cada vez mais para a química. ​ De 1818 a 1820, Mitscherlich trabalhou no laboratório de Berlim do botânico alemão Heinrich F. Link, onde primeiro empreendeu o estudo de arsenatos e fosfatos. Em 1819, ele descobriu a partir desse estudo que compostos com composição semelhante geralmente têm a mesma estrutura cristalina. Neste mesmo ano conheceu Jöns Berzelius, quando este passava por Berlim. Berzelius tinha ouvido falar do trabalho de Mitscherlich e reconheceu o significado de suas descobertas. Quando o Ministério da Educação prussiano ofereceu a Berzelius a cadeira de química na Universidade de Berlim, deixada vaga com a morte de Klaprolh, Berzelius sugeriu nomear Mitscherlich em seu lugar. Mitscherlich foi considerado jovem demais para ocupar o cargo, entretanto, um acordo foi acertado pelo qual ele seria enviado para trabalhar com Berzelius em Estocolmo por dois anos, a fim de ampliar seus conhecimentos de química. No decurso desta parceria frutífera, Mitscherlich trabalhou no laboratório de Berzelius, visitou e estudou as minas e trabalhos metalúrgicos em Falun e adquiriu mais experiência em análise química e química inorgânica. Mais importante, ele continuou seu trabalho com isomorfismo. Em 1821, Mitscherlich se tornou professor de química na Universidade de Berlim. ​ Mitscherlich também foi membro da Academia de Ciências de Berlim e diretor de seu laboratório, localizado no observatório. Ele fez uso extensivo desta instalação para ensino, bem como para pesquisa, uma vez que a universidade não oferecia instalações para o ensino prático de química. ​ Além de ter estado na Suécia, Mitscherlich fez outras viagens ao exterior para trabalhar com cientistas estrangeiros. Em 1823-1824, ele estava em Paris, onde colaborou com Fresnel na investigação da alteração da refração dupla dos cristais em função da temperatura; ele também conheceu Thénard e Gay-Lussac. Em 1824, ele visitou Humphry Davy, Faraday, Wollaston e Dalton na Inglaterra, onde inspecionou várias fábricas. De volta a Berlim, ele trabalhou em várias áreas da química orgânica e inorgânica, além de seus estudos de isomorfismo. ​ Mitscherlich talvez tenha tido mais sucesso como escritor de livros didáticos. Seu Lehrbuch der Chemie foi publicado pela primeira vez em 1829; em 1847, teve quatro novas edições em alemão, bem como duas edições em francês e uma em inglês. A obra continha as palestras de Mitscherlich sobre todos os aspectos da química pura e aplicada, bem como uma quantidade considerável de material sobre física, todos ilustrados com uma série de belas xilogravuras. As próprias palestras são caracterizadas por sua clareza exemplar e experimentos engenhosos; o livro foi muito elogiado pelos contemporâneos de Mitscherlich, incluindo Berzelius e Liebig. Como professor, Mitscherlich estava ciente de que seus alunos precisavam de instrução prática; e os levava para visitar as fábricas. ​ Mitscherlich foi quem promulgou a teoria do isomorfismo, uma relação entre a estrutura cristalina e a composição química. Construiu o primeiro polarizador. Foi o primeiro a anunciar o mistério do ácido tartárico. Pasteur, na época um jovem químico recém-formado, se debruçou sobre este mistério colocado por Mitscherlich: porque dois produtos químicos aparentemente idênticos tem um efeito diferente na luz polarizada? ​ Pasteur descobre que “só os produtos nascidos sob a influência da vida são assimétricos, isto porque o seu desenvolvimento preside forças cósmicas que também são assimétricas". A dissimetria é a principal linha de demarcação entre o mundo orgânico e o mundo mineral. ​ Em 1852, Mitscherlich vai a Paris para ser recebido como correspondente estrangeiro na Academia de Ciências, em companhia do mineralogista Gustav Rose, professor na Faculdade de Berlim. Ambos quiseram se encontrar com Pasteur para ouvir de sua própria boca as circunstâncias detalhadas de suas descobertas sobre o tártaro (Debré, 1995, p. 86). ​ Os três cientistas (Pasteur, Mitscherlich e Rose) passam duas longas horas juntos discutindo as circunstâncias da observação, refletindo sobre as consequências. “Estudamos tanto e tanto esses cristais que estamos persuadidos de que se você não encontrasse, ao observá-los de novo, esse fato tão notável, nossa descoberta ficaria ignorada durante um tempo considerável” (Debré, 1995, p. 87). ​ Mitscherlich conhece um produtor de ácido paratartárico na Alemanha, o industrial Friedrich Fikentscher. Pasteur decide viajar à Alemanha para encontrar a tal molécula. ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12554702/eilhard_mitscherlich/ Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/chemistry-biographies/eilhard-mitscherlich Ref. https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803100202237#showmorecontent Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Eilhardt-Mitscherlich ​ Antoine-Laurent de Lavoisier 1743-1794 Químico, físico e economista francês. Membro da Comissão para o estabelecimento de pesos e medidas. Membro da Academia de Ciências (recebido em 1768). Deputado Membro dos Estados Gerais. ​ Filho de um advogado do Parlamento de Paris, Lavoisier começou seus estudos no Collège Mazarin em Paris aos 11 anos de idade. Em seus últimos dois anos (1760-1761) no colégio, seus interesses científicos foram despertados. Nas aulas de filosofia, ele ficou sob a tutela do Abade Nicolas Louis de Lacaille, um ilustre matemático e astrônomo observacional que imbuiu o jovem Lavoisier de um interesse pela observação meteorológica, um entusiasmo que nunca o deixou. ​ Lavoisier ingressou na faculdade de direito, onde se graduou como bacharel em 1763 e se licenciou em 1764. No entanto, continuou sua formação científica nas horas vagas. As pesquisas de Lavoisier sobre combustão foram realizadas em meio a uma agenda muito ocupada de tarefas públicas e privadas, especialmente em relação à Fazenda Fiscal. Havia também inúmeros relatórios e comitês da Academia de Ciências para investigar problemas específicos por ordem do governo real. Lavoisier, cujas habilidades de organização eram notáveis, frequentemente recebia a tarefa de redigir esses relatórios oficiais. ​ Foi figura de destaque na revolução química do século XVIII. Desenvolveu uma teoria experimentalmente baseada na reatividade química do oxigênio. É co-autor do sistema moderno para nomear substâncias químicas. Serviu como um importante financista e administrador público antes da Revolução Francesa. Lavoisier foi o primeiro filho e único filho de uma rica família burguesa que vivia em Paris. ​ Lavoisier é considerado o "pai da química moderna". Descobriu o papel do oxigênio na combustão; descobriu que a água é uma substância composta, formada por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio: H2O; identificou e batizou o oxigênio (1778) e o hidrogênio (1783). Enunciou o princípio da conservação da matéria, etc. ​ É autor da célebre frase: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Em uma carta ao ministro Gustave Rouland, Pasteur expõe seu programa de trabalho e declara retomar o estudo da fisiologia no ponto em que Lavoisier havia deixado e acrescenta “(...) depois da morte, a vida reaparece sob outra forma e com novas propriedades” (Debré, 1995, p. 551-552). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12079036/antoine-laurent_de_lavoisier/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Antoine-Lavoisier Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/chemistry-biographies/antoine-laurent-lavoisier ​ Louis-Joseph Gay-Lussac 1778-1850 Químico e físico francês. Político. Membro da Haute-Vienne (1831-1839). Professor de química na École Polytechnique em Paris (1809-1839). Membro da Academia das Ciências (eleito em 1806), depois Presidente (1822-1834). Peer of France (nomeado em 1839). Foi também professor de física e química na Sorbonne. Em 1797, entrou na Escola Politécnica em Paris e graduou-se em 1800. Começou estudos adicionais em engenharia, mas se afastou em 1801 quando foi convidado a ser assistente do distinto químico Claude-Louis Berthollet. Muitas das pesquisas de Gay-Lussac foram realizadas no laboratório localizado na casa de campo de Berthollet em Arcueil, perto de Paris. Esta aldeia era o centro de um grupo ativo de jovens cientistas orientados por Berthollet e Pierre-Simon Laplace. ​ Em 1802, elaborou uma lei, conhecida como a lei de Charles, que trata dos efeitos da temperatura sobre os gases. Mostrou que todos os gases expandem proporcionalmente ao aumento de temperatura. A existência de um coeficiente térmico de expansão comum tornou possível a definição de uma nova escala de temperatura de profundo significado termodinâmico estabelecida posteriormente por Sir William Thomson (Lord Kelvin). ​ Em 24 de agosto de 1804, juntamente com Jean-Baptiste Biot ascenderam num balão de hidrogênio a uma altura de 4000m a fim de estudar a variação magnética da Terra em relação à altura. Realizou sozinho uma segunda ascensão em 16 de setembro do mesmo ano, a uma altura recorde de 7016m com objetivo de repetir medições magnéticas, estudar a variação da temperatura e pressão e coletar amostras de ar. ​ Em 1805, em companhia de Humboldt, fez uma expedição científica à Itália, estagiando depois algumas semanas no laboratório de Humboldt, em Berlim. Experiências mostraram a determinação de proporções relativas em hidrogênio e oxigênio devem ser combinados para formar água. ​ Assim, em 31 de dezembro de 1808, ano de seu casamento, anunciou a lei da combinação dos volumes. Esta lei estabelece que os gases formam compostos entre si, segundo proporções definidas, que podem ser expressas em fórmulas. A fórmula usada para a água (H2O) mostra que a água é formada por duas partes de hidrogênio (H) e uma parte de oxigênio (O). ​ Aperfeiçoou os processos de fabricação do ácido sulfúrico e do ácido oxálico para a indústria. Sugeriu um método de determinação da quantidade de álcalis existente na potassa e no carbonato de sódio (barrilha), além de aperfeiçoar meios de avaliar a quantidade de cloro contida no pó de descoramento, ou alvejamento. Gay-Lussac e Louis Jacques Thenard, trabalhando independentemente, isolaram o boro, no mesmo ano (1808) que sir Humphrey Davy, químico inglês, o fazia na Inglaterra. Em 1809, depois de tentar a análise do cloro, que se chamava então "ácido muriático oxigenado", concluiu que havia motivo para se ver nele um corpo simples. Em 1815, descobriu o cianogênio e o ácido prússico. Em 1816, construiu o barômetro de sifão que tem seu nome; a seguir, o seu alcoômetro centesimal. ​ Por sua notável contribuição para o progresso da química, foi eleito para a Académie des Sciences, de Paris, e para a Royal Society, de Londres. ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12238576/louis-joseph_gay-lussac/ Ref. http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/g-lussac.htm ​ Robert Boyle 1627-1691 Físico, químico e filósofo irlandês. É considerado um dos fundadores da química. ​ Nasceu em uma família rica e estava ligado por sangue ou casamento a todas as famílias Anglo-Saxônicas de sua época. Era o mais jovem filho de uma família de 14 filhos. Aos oito anos, depois de um período de ensino particular em casa, ele foi estudar em Eton, onde os filhos dos nobres iniciavam seu aprendizado. Mais tarde, aos doze anos, foi para o continente, onde um cidadão de Genebra o educou e ensinou-lhe a matemática prática. Depois, foi introduzido na nova ciência incluindo "Dialogue on the Two Chief World Systems" de Galileo, que ele leu em Florença em 1642. ​ A explosão da guerra Anglo-Saxônica e também a guerra civil na Inglaterra fez com Boyle retornasse para casa. Foi apresentado a Samuel Hartlib, quem parece, fez com que se interessasse por Medicina. Da Medicina passou para a Química, onde iniciou como preparador de medicamentos, mas logo se tornou um criador de produtos químicos. Boyle leu todos os livros de químicos publicados em inglês, francês e latim e também leu os livros dos escritores mais importantes de outras áreas. Seu rápido interesse por Astronomia persistiu por algum tempo, mas a influência de Bacon e Descartes fez com que se interessasse por problemas mais amplos. Logo seus pensamentos coincidiram com os dos líderes do movimento científico da Inglaterra, ao qual se juntou em Oxford em 1656. ​ Após a Restauração, Boyle esteve frequentemente em Londres, onde se fixou em 1668. Ele foi um dos fundadores da Sociedade Real, da qual foi a pessoa mais influente e notável por toda a sua vida. Foi também um simpatizante das questões irlandesas .Apesar de estar freqüentemente doente, Boyle permaneceu trabalhando em seus objetivos científicos com a ajuda de seus assistentes (dos quais muitos se tornaram cientistas famosos) até a sua morte. Foi um autor prolífero, escrevendo sobre ciência, filosofia e teologia. ​ É mais conhecido pela lei de Boyle, que descreve a relação inversamente proporcional entre a pressão absoluta e o volume de um gás, se a temperatura for mantida constante dentro de um sistema fechado. ​ "Não foram preocupações apenas de ordem experimental que guiaram Pasteur para a cristalogafia. Algumas reflexões teóricas também contribuíram para tanto. Robert Boyle, no século XVII, mostrara que existe uma relação entre a forma dos constituintes invisíveis de um sólido e sua organização em cristal" (Debré, 1995, p. 58-59). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/11988979/robert_boyle/ Mais informações: http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/boyle.htm ​ Dmitrij Ivanovič Mendeleev 1834-1907 Químico e físico russo. Foi o criador da primeira versão da tabela periódica dos elementos químicos. ​ Estudou ciências em São Petersburgo, formando-se em química (1856). Trabalhou no laboratório Wurtz, em Paris. Esteve na Pensylvania e no Cáucaso, estudando a natureza e a origem do petróleo. Professor a partir de 1863, em 1866 assumiu a cátedra de química do Instituto Tecnológico de São Petersburgo. Na qualidade de conselheiro científico das forças armadas russas (1890) promoveu o estudo da nitrocelulose. Foi conservador do Museu de Pesos e Medidas (1893). Recebeu a medalha Davy (1882) e a medalha Copley (1905), da Royal Society de Londres. ​ Mendeleev é autor da lei segundo a qual as propriedades físicas e químicas dos elementos são função periódica do peso atômico. Apesar de outros cientistas terem anteriormente traçado sequências numéricas entre os pesos atômicos de certos elementos e notado conexões entre estes e as propriedades das diversas substâncias, Mendeleev é o primeiro a enunciar a lei cientificamente. ​ Estabelece a analogia dos elementos em bases numéricas seguras. Faz a classificação periódica dos elementos químicos conforme seu peso específico, dispondo os elementos em ordem crescente de acordo com seu peso atômico. Nota que as propriedades dos corpos simples se repetem periodicamente. Elabora quadros que, por apresentarem lacunas, o levam a prever a existência três elementos até então desconhecidos, previsão confirmada pela descoberta do gálio (1875), do escândio (1879) e do germânio (1886). Em diversos casos questiona os pesos atômicos aceitos por não corresponderem à lei periódica. ​ Mendeleev empreende trabalhos sobre o isomorfismo, a compressão dos gases e as propriedades do ar rarefeito. Estuda a natureza das soluções, que considera sistemas líquidos homogêneos de compostos instáveis dissociáveis do solvente com a substância dissolvida. Investiga a expansão termal dos líquidos e elabora fórmula para expressá-la. Estudando os gases (1861) antecipa o conceito de Thomas Andrews (1869) da temperatura crítica dos gases, definindo o ponto absoluto de ebulição como a temperatura em que a coesão e o calor da vaporização eqüivalem a zero e o líquido se transforma em vapor independentemente da pressão e do volume. Contribui ainda para a preparação de uma pólvora sem fumaça, à base de pirocolódio. Sua obra mais importante é Osnovy chimii (1868 – 1870; Princípios de química). ​ A classificação de Mendeleev é a base da teoria da estrutura eletrônica do átomo. Numerando-se em sequência os elementos de acordo com a sua classificação, verifica-se que o número de ordem de cada elemento é igual à carga positiva de seu núcleo atômico. Quanto às propriedades químicas, são sobretudo função da forma de agrupamento dos elétrons em torno do núcleo. Quando a carga do núcleo aumenta de uma unidade e o número de elétrons cresce respectivamente, os tipos de agrupamento de elétrons repetem-se, o que determina a periodicidade nas alterações das propriedades dos átomos. ​ A lei de Mendeleev estipula que as propriedades dos elementos são função periódica do número de ordem ou da carga do núcleo atômico. A classificação periódica reflete não só as conexões, mas também as transformações reais dos elementos químicos e seus compostos. As reações nucleares e a desintegração radioativa dos átomos correspondem a deslocamentos na classificação periódica, a qual reflete ainda a evolução da matéria sideral e a repartição dos compostos químicos ao longo da evolução da Terra. ​ Mendeleev admite o vínculo entre a composição atômica e a estrutura dos cristais (Debré, 1995, p. 59). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/13088624/dmitrij_ivanovic_mendeleev/ Ref. http://allchemy.iq.usp.br/metabolizando/beta/01/mendelee.htm ​ Jean-Baptiste Louis de Romé de L'Isle 1736-1790 Físico e mineralogista francês. É considerado o criador da moderna cristalografia. Iniciou a descrição dos cristais e foi sucedido por René-Just Haüy. ​ Depois de ser educado em Paris, ele navegou para as Índias Orientais como secretário de uma companhia de artilharia e, em 1761, tornou-se prisioneiro dos ingleses em Pondicherry, sendo mantido em cativeiro por três anos. Tendo adquirido o gosto pela ciência, ao voltar para casa tornou-se aluno do químico Balthasar-George Sage (1740-1824) e aplicou-se à mineralogia, formando um gabinete mineralógico, e em 1772 publicando seu “Essai de Cristallographie”. Este trabalho foi ampliado e publicado em 1783 sob o título “Cristallographie, ou Description des formes propres k tous les corps du regne mineral dans l ' etat de combinaison saline pierreuse ou metallique ”. Continha tabelas de todos os cristais então conhecidos. Outro assunto ao qual Romé de L´Isle dedicou muito tempo foi a metrologia, estimulada sem dúvida pelo estado caótico dos pesos e medidas na França da época. Ele coletou uma grande quantidade de material relacionado ao assunto, alguns dos quais ele incorporou em sua “Metrologie, ou Table pour servir a l'intelligence des poids et mesures des anciens ...” lançado em 1789, o ano em que a Revolução Francesa estourou. Devido à sua intensa aplicação para estudar, Romé de L´Isle sofreu de problemas de visão. Sendo isso levado ao conhecimento de Luís XVI, ele recebeu uma pequena pensão, embora não tivesse ocupado nenhum cargo oficial. ​ Romé de L´Isle racionalizou os princípios descritivos do cristal e desencorajou as descrições fantásticas da filosofia mineral. Tratou de descrever e não de estabelecer leis. Por isso, afirma Pasteur, que Haüy, seu sucessor, figura como o verdadeiro introdutor da ciência no estudo do cristal (Debré, 1995, p. 59-60). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/13475531/jean-baptiste_louis_de_rome_de_l_isle/ Ref. https://www.nature.com/articles/138319a0 ​ René-Just Haüy 1743-1822 Cônego Honorário de Notre-Dame de Paris. Mineralogista francês, foi professor de todos os principais institutos de ensino e pesquisa da Revolução e do Império. Fundador das três grandes coleções da Escola de Minas, do Museu de História Natural e da Universidade. Membro das Academias de Ciências de São Petersburgo e Berlim. Membro da Academia da Ciências (eleito em 1783). ​ Haüy, cujo pai era um pobre tecelão, nasceu em St. Just, na França. Seu interesse pela música sacra atraiu a atenção do prior da abadia, que logo reconheceu a inteligência de Haüy e providenciou para que ele recebesse uma boa educação. Ainda em Paris, seu interesse pela mineralogia foi despertado pelas palestras de Louis Daubenton. Ele se tornou professor de mineralogia no Museu de História Natural de Paris em 1802. Seu Traité de mineralogie (Tratado de Mineralogia) foi publicado em cinco volumes em 1801 e Traité de cristallographie (Tratado sobre Cristalografia) em três volumes em 1822. ​ Haüy é considerado o fundador da ciência da cristalografia por meio da descoberta da lei geométrica da cristalização. Em 1781, ele acidentalmente deixou cair alguns cristais de calcita no chão, um dos quais se quebrou e descobriu, para sua surpresa, que os pedaços quebrados tinham a forma romboédrica. Rompendo deliberadamente outras e diversas formas de calcita, ele descobriu que ela sempre revelava a mesma forma, qualquer que fosse sua origem. Ele concluiu que todas as moléculas de calcita têm a mesma forma e é apenas como elas se juntam que produz diferentes estruturas grosseiras. Em seguida, ele sugeriu que outros minerais deveriam apresentar diferentes formas básicas. Ele pensava que havia, de fato, seis formas primitivas diferentes das quais todos os cristais poderiam ser derivados por serem ligados de maneiras diferentes. Usando sua teoria, ele foi capaz de prever em muitos casos os ângulos corretos da face do cristal. A obra gerou muita polêmica e foi atacada por Eilhard Mitscherlich em 1819 quando ele descobriu o isomorfismo no qual duas substâncias de composição diferente podem ter a mesma forma cristalina. Haüy rejeitou os argumentos de Mitscherlich. Haüy também realizou trabalhos em piroeletricidade. O mineral haüyne foi batizado em sua homenagem. ​ "A herança de Haüy é dupla: de um lado, uma coleção de cristais que Pasteur poderá examinar no Muséum; de outro, um Traité de minéralogie cristalline, publicado em 1801, que constitui a base do curso de Gabriel Delafosse, professor de mineralogia na École Normale Supérieure e mestre de Pasteur" (Debré, 1995, p. 61). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12276345/rene-just_hauy/ Ref. https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803095924649 Gabriel Delafosse 1796-1878 Mineralogista francês. Foi professor na Sorbonne, depois no Museu de História Natural de Paris. Membro da Academia de Ciências (em 1857). ​ Filho de um magistrado provincial, Delafosse formou-se em escolas de Saint-Quentin e Reims e tornou-se aluno com bolsa da École Normal Supérieure. Após a conclusão dos seus estudos lá em 1816, foi trabalhar para Haüy, cujos cursos de mineralogia frequentou no Muséum d'Histoire Naturelle. Ele ajudou Haüy a editar e publicar Traité de Cristallographie (1822) e os últimos três volumes póstumos da segunda edição do Traité de Minéralogie (1822-1823). A nomeação de Delafosse como naturalista assistente em 1817 deu início à sua associação ao longo da vida com o Muséum, onde se tornou professor em 1857, substituindo Pierre Armand Dufrénoy. Ele também foi associado à Faculté des Sciences de Paris a partir de 1822, obtendo uma cátedra de mineralogia em 1841, como sucessor de François Sulpice Beudant. Por muitos anos, Delafosse lecionou na École Normale Supérieure (1826-1857). Sua eleição para a seção de mineralogia na Academia de Ciências ocorreu em 1857. Ele foi membro fundador da Société Geologique de France. ​ Como aluno de Haüy, Delafosse era membro da segunda geração dos criadores da cristalografia moderna. Como seu professor, ele foi guiado por um profundo compromisso com a simetria como o princípio básico para a investigação dos cristais. Ao contrário de Haüy, no entanto, Delafosse distinguia claramente entre a molécula integrante ou subtrativa, uma invenção geométrica, e a molécula química, sem descartar a crença de que a simetria exterior de um cristal deve ser governada pela simetria interna do arranjo molecular. A molécula subtrativa de Haüy poderia então corresponder a grupos de várias moléculas químicas, e a clivagem ocorreria cortando as moléculas subtrativas (em vez de os interstícios entre elas) e ao longo de redes de moléculas químicas que formam uma superfície. Desse modo, Delafosse conseguiu trazer as propriedades hemiédricas dos cristais de acordo com a teoria cristalográfica. Na terminologia moderna, o hemihedralism foi atribuído a uma polaridade geométrica da molécula química. ​ Buscando relacionar a estrutura e a composição química dos cristais, Delafosse investigou o plesiomorfismo, ou similaridade na forma do cristal não acompanhada de identidade química. Seu método de classificação mineral baseava-se na composição química e na forma do cristal. Ele também estudou as relações entre a morfologia dos cristais e suas propriedades físicas, como eletricidade, luz e calor. Entre seus alunos que ampliaram tais estudos estava Louis Pasteur. ​ Portanto, foi mestre de Pasteur na École Normale Supérieure. Dentre os ensinamentos, constavam as leis de simetria de Haüy. "Falando de hemiedria em suas aulas aos jovens alunos da École Normale, Delafosse mostrava que se fazia uma falsa aplicação das leis da simetria. Ele insistia na possível combinação das moléculas nos cristais hemiédricos" (Debré, 1995, p. 61-62). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12439038/gabriel_delafosse/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/delafosse-gabriel ​ Étienne-Louis Malus 1775-1812 Engenheiro, físico e matemático francês. Participou da expedição egípcia (1798-1801) como oficial da engenharia militar. Membro da Academia de Ciências, seção de física geral (eleito em 1810). ​ Malus, que nasceu em Paris, frequentou a escola militar em Mezières (1793) e a recém-criada École Polytechnique (1794-96), onde recebeu sua educação científica básica. Ele foi comissionado em 1796 e serviu como engenheiro militar na expedição de Napoleão ao Egito e à Síria. Malus acompanhou a invasão de Napoleão ao Egito em 1798 e permaneceu no Oriente até 1801. Após seu retorno à França, ele ocupou vários cargos de engenharia militar. Ele se tornou um examinador em geometria e análise em 1805 e um examinador em física em 1806 na École Polytechnique; essas postagens o colocaram em contato com outros físicos. ​ Malus realizou muitas pesquisas em óptica, que era seu principal interesse científico. Ele é lembrado por sua descoberta em 1808 de que os raios de luz podem ser polarizados por reflexão. Malus a bre então um novo capítulo da ótica física quando observa pela primeira vez o desvio que a luz sofre quando refletida. Chama-lhe polarização: todo raio que apresenta esta propriedade observável é dito polarizado. Morto prematuramente aos 37 anos, seus estudos foram continuados por François Arago (Debré, 1995, p. 62-63). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/13168526/etienne_louis_malus/ Ref. https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803100129366#showmorecontent Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Etienne-Louis-Malus Dominique François Jean Arago 1786-1853 Astrônomo, físico e político francês. Ministro da Guerra e Marinha. Secretário permanente da Academia de Ciências, seção de ciências matemáticas (eleito em 1830). Membro da Academia de Medicina (eleito associado libreen 1823), e do Bureau des longitudes. ​ Descobriu o princípio da produção de magnetismo por rotação de um condutor não magnético. Ele também desenvolveu um experimento que provou a teoria ondulatória da luz e se envolveu com outros em pesquisas que levaram à descoberta das leis da polarização da luz. ​ Arago foi educado em Perpignan e na École Polytechnique em Paris, onde, com 23 anos, conseguiu por meio de Gaspard Monge a cadeira de geometria analítica. Posteriormente, foi diretor do Observatório de Paris e secretário permanente da Academia de Ciências. Ele também foi um republicano ativo na política francesa. Como ministro da Guerra e da Marinha no governo provisório formado após a Revolução de 1848, ele introduziu muitas reformas. ​ Em 1820, elaborando a obra de HC Ørsted da Dinamarca, Arago mostrou que a passagem de uma corrente elétrica por uma espiral cilíndrica de fio de cobre fazia com que atraísse limalha de ferro como se fosse um ímã e que a limalha caísse com a corrente. Em 1824, ele demonstrou que um disco de cobre giratório produzia rotação em uma agulha magnética suspensa acima dele. Mais tarde, Michael Faraday provou que esses são fenômenos de indução. ​ Na astronomia, Arago é mais conhecido por sua participação na disputa entre Urbain Le Verrier, que era seu protegido, e o astrônomo inglês John C. Adams sobre a descoberta do planeta Netuno e sobre a nomenclatura do planeta. Arago sugeriu em 1845 que Le Verrier investigasse anomalias no movimento de Urano. Quando a investigação resultou na descoberta de Netuno por Le Verrier, Arago propôs que o planeta recém-descoberto recebesse o nome de Le Verrier. ​ Arago foi aluno de Jean-Baptiste Biot na École Polytechnique e juntos registraram interessantes mensurações de índice de refração nos gases. Arago também foi deputado e duas vezes ministro (Witkowski, 2004, p. 106). ​ "A polarimetria, ou medida de polarização, faz, assim, com que a luz entre na ciência como um modo reativo. Mas Arago não aprofunda no estudo e abandona o tema um ano depois. Será Pasteur quem receberá a herança de Malus para aplicá-la à química molecular, sempre levando em conta os trabalhos de Haüy sobre a composição dos cristais" (Debré, 1995, p. 63). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12040363/francois_arago/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Francois-Arago ​ Pierre-Joseph Pelletier 1788-1842 Farmacêutico francês. Desenvolveu notável trabalho na pesquisa de alcaloides vegetais. Recebeu o Prêmio Montyon com Joseph-Bienaimé Caventou pela descoberta do quinino. Isolaram estricina, brucina, veratrina e cinchonina. ​ Pelletier nasceu filho de um farmacêutico em Paris, França. Ele estudou e ensinou na École de Pharmacie até sua aposentadoria em 1842. Seu principal trabalho foi a investigação de drogas, que começou em 1809. Por ser o pioneiro no uso de solventes suaves, ele isolou com sucesso numerosos produtos vegetais biologicamente ativos importantes: trabalhando com o farmacêutico francês Bienaimé Caventou (1795-1877) descobriu a cafeína, estricnina, colchicina, quinino e veratrina. Seu maior triunfo, porém, veio em 1817, quando descobriram a clorofila - o pigmento verde das plantas que captura a energia da luz necessária para a fotossíntese. ​ Pasteur inspira-se principalmente nos trabalhos de Pelletier e Caventou sobre a quinina (Debré, 1995, p. 96). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12331306/pierre-joseph_pelletier/ Ref. https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803100314563 ​ Joseph-Bienaimé Caventou 1795-1877 Químico, farmacêutico e toxicologista francês. Foi professor da Escola Superior de Farmácia. Recebeu o Prêmio Montyon com Pierre-Joseph Pelletier pela descoberta do quinino. Isolaram estricina, brucina, veratrina e cinchonina. Descoberta da cafeína. ​ Filho de farmacêutico, concluiu o estágio em farmácia hospitalar e foi encaminhado para o Hospital Saint-Antoine. De 1817-20, ele e seu colega cientista Pierre-Joseph Pelletier (1788-1842) descobriram muitos produtos naturais, incluindo a clorofila, o pigmento verde das plantas. Eles também reconheceram a natureza da morfina, estricnina e cafeína. Sua descoberta mais emblemática foi o quinino, um medicamento derivado da árvore cinchona que encontrou uso como tratamento para a malária. Aos 26 anos, Caventou se estabeleceu como um talentoso investigador e, em 1830, tornou-se professor de química, cargo que ocupou até sua aposentadoria em 1859. ​ Pasteur inspira-se principalmente nos trabalhos de Pelletier e Caventou sobre a quinina (Debré, 1995, p. 96). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12560270/joseph-bienaime_caventou/ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/joseph-bienaime-caventou ​ Antonie van Leeuwenhoek 1632-1723 Naturalista holandês. Foi o primeiro a descrever a circulação do sangue e a forma das células sanguíneas. Alegou a descoberta do esperma. Era amigo de Gottfried Wilhelm Leibniz. ​ É mais conhecido pelas suas contribuições para o melhoramento do microscópio. ​ Seu pai era fabricante de cestos, enquanto a família de sua mãe era de cervejeiros. Antonie foi educado quando criança em uma escola na cidade de Warmond, depois viveu com seu tio em Benthuizen; em 1648 ele foi aprendiz em uma loja de tecidos de linho. Por volta de 1654, ele voltou para Delft, onde passou o resto de sua vida. Ele se estabeleceu no negócio como um draper (comerciante de tecidos); ele também é conhecido por ter trabalhado como agrimensor, avaliador de vinhos e como funcionário público. Em 1676, ele serviu como administrador do espólio do falecido e falido Jan Vermeer, o famoso pintor, que nasceu no mesmo ano que Leeuwenhoek e se acredita que tenha sido seu amigo. E em algum momento antes de 1668, Antonie van Leeuwenhoek aprendeu a moer lentes, fez microscópios simples e começou a observar com eles. Ele parece ter se inspirado a estudar microscopia por ter visto uma cópia do livro ilustrado de Robert Hooke, Micrographia, que retratou as próprias observações de Hooke com o microscópio e foi muito popular. ​ Leeuwenhoek é conhecido por ter feito mais de 500 "microscópios", dos quais menos de dez sobreviveram até os dias atuais. No design básico, provavelmente todos os instrumentos de Leeuwenhoek - certamente todos os que são conhecidos - eram simplesmente lentes de aumento poderosas, não microscópios compostos do tipo usado hoje. Comparado aos microscópios modernos, é um dispositivo extremamente simples, utilizando apenas uma lente, montada em um minúsculo orifício na placa de latão que compõe o corpo do instrumento. O espécime foi montado na ponta afiada que fica na frente da lente, e sua posição e foco podiam ser ajustados girando os dois parafusos. O instrumento inteiro tinha apenas 7 a 10 centímetros de comprimento e precisava ser segurado perto do olho. ​ Os microscópios compostos (isto é, microscópios que usam mais de uma lente) foram inventados por volta de 1595, quase quarenta anos antes do nascimento de Leeuwenhoek. Vários dos predecessores e contemporâneos de Leeuwenhoek, notadamente Robert Hooke na Inglaterra e Jan Swammerdam na Holanda, haviam construído microscópios compostos e estavam fazendo descobertas importantes com eles. Eles eram muito mais semelhantes aos microscópios em uso hoje, embora Leeuwenhoek às vezes seja chamado de "o inventor do microscópio". ​ No entanto, devido a várias dificuldades técnicas em construí-los, os primeiros microscópios compostos não eram práticos para aumentar objetos mais do que cerca de vinte ou trinta vezes o tamanho natural. A habilidade de Leeuwenhoek em polir lentes, junto com sua visão naturalmente aguçada e grande cuidado em ajustar a iluminação onde trabalhava, permitiu-lhe construir microscópios que aumentavam mais de 200 vezes, com imagens mais claras e brilhantes do que qualquer um de seus colegas poderia alcançar. O que mais o distinguiu foi sua curiosidade em observar quase tudo que pudesse ser colocado sob suas lentes e seu cuidado em descrever o que via. Embora ele próprio não soubesse desenhar bem, ele contratou um ilustrador para preparar os desenhos das coisas que viu, para acompanhar suas descrições escritas. A maioria de suas descrições de microrganismos são instantaneamente reconhecíveis. ​ Em 1673, Leeuwenhoek começou a escrever cartas para a recém-formada Royal Society of London, descrevendo o que tinha visto com seus microscópios - sua primeira carta continha algumas observações sobre as picadas de abelhas. Nos cinquenta anos seguintes, ele se correspondeu com a Royal Society; suas cartas, escritas em holandês, foram traduzidas para o inglês ou latim e impressas em Philosophical Transactions of the Royal Society, e muitas vezes reimpressas separadamente. ​ Leeuwenhoek examinou tecidos animais e vegetais, cristais minerais e fósseis. Ele foi o primeiro a ver foraminíferos microscópicos, que descreveu como "pequenos berbigões ... não maiores do que um grão de areia grosso". Ele descobriu células sanguíneas e foi o primeiro a ver células vivas de espermatozoides de animais. Ele descobriu animais microscópicos como nematóides e rotíferos. A lista de suas descobertas é infinita. Leeuwenhoek logo se tornou famoso quando suas cartas foram publicadas e traduzidas. Em 1680 foi eleito membro titular da Royal Society, juntando-se a Robert Hooke, Henry Oldenburg, Robert Boyle, Christopher Wren e outros luminares científicos de sua época - embora ele nunca tenha participado de uma reunião. Em 1698, ele demonstrou a circulação nos capilares de uma enguia para o czar Pedro o Grande da Rússia, e continuou a receber visitantes curiosos para ver as coisas estranhas que ele estava descrevendo. Ele continuou suas observações até os últimos dias de sua vida. ​ "De acordo com a Para-história, a bactéria foi descoberta em 1676 por Anton Van Laeuwenhoek (1632-1723). As técnicas modernas de estudo da Bacteriologia tiveram início em 1870. Dois pioneiros nas pesquisas das bactérias não podem ser esquecidos: Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910)" (Vieira, 2003, p. 486). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12136216/antonie_van_leeuwenhoek/ Ref. https://ucmp.berkeley.edu/history/leeuwenhoek.html ​ Próximo Grupo

  • Viagem Científica | Pasteur Brasil

    Viagem Científica Pasteur decide viajar para a Alemanha em busca do ácido paratartárico, sabendo que procura a “pedra filosofal”, remetendo-se aos antepassados alquimistas. Não obstante o hábito de destinar uma parte significativa de seu salário às próprias pesquisas, os gastos desta vez eram altíssimos. Seria impossível ir àquele país sem subvenção. Jean-Baptiste Dumas consegue financiamento à viagem de 1852, que foi considerada uma missão oficial francesa aos laboratórios alemães. Pasteur começa sua viagem em Zwickau, encontrando o industrial Friedrich Fikentscher (1799-1864), que explica que obteve muito paratártaro, mas que sua produção estava interrompida há 10 anos. A molécula desapareceu na Alemanha, tal como ocorreu no Thann, com o industrial Charles Kestner (1803-1870). Em Leipzig, passa 10 dias examinando amostras. É ajudado por colegas alemães. Otto Linné Erdmann (1804-1869) coloca gentilmente o próprio laboratório à disposição de Pasteur. Enquanto estuda os cristais, o cientista francês recebe Wilhelm Gottlieb Hankel (1814-1899), professor titular de física na Universidade de Leipzig. Hankel traduziu todas as dissertações de Pasteur para uma revista alemã. Deste modo, seu trabalho cruzava fronteiras. Sai de Leipzig a caminho de Veneza e consegue o endereço do prof. de química Josef Redtenbacher (1810-1870), que atuou como seu guia e levou-o a visitar a fábrica do industrial E. Seybel. Esta fábrica usava o ácido tartárico austríaco para produzir o que julgava ser o sulfato de magnésio. Porém, tratava-se justamente do ácido paratartárico e a questão essencial de Pasteur estava resolvida. Os dois meses de viagem se destinam à pesquisa, praticamente sem visitas a museus e monumentos. Em carta à esposa, Pasteur relata que, em sua opinião, a França é cheia de preconceitos sobre os estrangeiros, seus costumes, civilização e gostos. Na volta, Pasteur presta contas da viagem a Kestner e propõe o método para fabricação e venda do ácido racêmico. Redige uma nota à Academia de Ciências e insiste no fato de que a química pôde progredir graças à indústria. ​ Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a. ​ ​ Fotografia de escadaria no Palais de la Découvert em Paris, em local designado à Expo Pasteur de 14/12/2017 a 19/08/2018. Carta de Pasteur a Jean-Baptiste Biot comunicando sobre o ácido racêmico. Mapa designando as viagens de Pasteur. Friedrich Christian Fikentscher. Otto Linné Erdmann. Wilhelm Gottlieb Hankel. Josef Redtenbacher. Carta à esposa Marie, com detalhes da viagem e suas descobertas. Nota apresentada à Academia de Ciências sobre a transformação do ácido tartárico em ácido racêmico. Continue lendo a biografia

  • Fermentação | Pasteur Brasil

    Voltar para os Grupos Fermentação Louis Dominique Joseph Bigo 1787-1876 Industrial e político francês, r esidente em Lille. Membro do Conselho Municipal de Lille (1830-1832). Prefeito de Lille (1834-1848). Cavaleiro da Legião de Honra (1838). Oficial da Legião de Honra em 1869 , pelo próprio Napoleão III. O filho de Louis Bigo, Émile Louis Bigo, seguia os cursos de Pasteur na Faculdade de Estrasburgo e veio procurá-lo, pois v ários fabricantes de álcool de beterraba estavam tendo problemas de produção (Debré, 1995, p. 112). ​ Pasteur transforma a adega em laboratório e leva microscópio e outros instrumentos ao local. Observa as leveduras (lactobacillus) e publica seus resultados, em um artigo considerado o ato de nascimento da Microbiologia (Tese sobre a fermentação do chamado ácido lático - Mémoire sur la fermentation appelée lactique). ​ Ref. http://www.dbsld.fr/LBD_LBT_arbre001.jpg Antoine-Laurent de Lavoisier 1743-1794 *Ver a microbiografia de Antoine-Laurent de Lavoisier no grupo Primeiras Influências Científicas. Antes de Pasteur, Lavoisier já havia enfrentado a questão da fermentação. Havia demonstrado a famosa fórmula “na natureza nada se cria e nada se perde”. Apesar de ter observações justas, suas conclusões não são satisfatórias, pois no caso da fermentação, Lavoisier negligencia a levedura, afirmando: “sendo a levedura reabsorvida como entrou, eu não posso levá-la em conta”. Sobre isso, Pasteur escreve “extremamente defeituosa em suas determinações numéricas, é admirável se a considerarmos do ponto de vista das ideias gerais e da filosofia” (Debré, 1995, p. 115). ​ Pasteur está convencido de que a simplificação de Lavoisier é falsa e que, muito pelo contrário, a produção de álcool é um fenômeno tão complexo quanto um ato de natureza biológica (Debré, p. 131). ​ Louis-Joseph Gay-Lussac 1778-1850 Ver a microbiografia de Louis-Joseph Gay-Lussac no grupo Primeiras Influências Científicas. ​ As hipóteses de Lavoisier são confirmadas por uma sequência de erros consideráveis: Gay-Lussac e Thénard retomam as experiências. Se convencem de que Lavoisier não poderiam enganar-se e modificam os resultados para poder enquadrá-los na aparente simplicidade desta teoria. Louis-Jacques Thénard 1777-1857 Ver a microbiografia de Louis-Jacques Thénard no grupo Academia de Ciências. Justus von Liebig 1803-1873 Químico alemão. Foi um dos químicos mais influentes do século XIX. Como cientista, Liebig ofereceu estruturas teóricas arrojadas e treinou uma geração de alunos e colegas que lideraram o desenvolvimento em química orgânica , química farmacêutica, química fisiológica, química agrícola e química industrial por décadas. Como um popularizador da ciência, Liebig explicou a acadêmicos, burocratas, fazendeiros e monarcas a utilidade da química como base para a modernização, melhorias na saúde pública e nutrição e maior cooperação internacional. Como empresário, Liebig demonstrou o potencial comercial da química aplicada por meio de empresas que fabricavam fertilizantes, espelhos, fermento em pó, fórmulas infantis e extrato de carne. ​ Liebig nasceu em Darmstadt em 1803, onde seus pais administravam uma pequena loja que vendia ferramentas e produtos químicos úteis, como tintas e vernizes. Incapaz de concluir o ensino médio formal por razões financeiras, Liebig mudou-se para a vizinha Heppenheim para se tornar um aprendiz de farmacêutico, então o passo mais importante para alguém com interesse profissional em química. Liebig passou a estudar química na Universidade de Bonn e na Universidade de Erlangen, onde recebeu um doutorado com pouco mais do que a promessa de fazer pesquisas sobre o tema da química vegetal. Ele então ganhou uma bolsa que lhe permitiu estudar em Paris com alguns dos principais químicos da época, dentre estes Joseph-Louis Gay-Lussac e Jean-Baptiste Dumas. ​ Em 1824, como parte da iniciativa mais ampla do grão-ducado de modernizar sua infraestrutura, Liebig recebeu um cargo na pequena Universidade de Giessen em seu estado natal de Hessen-Darmstadt. Liebig logo transformou Giessen em um centro de educação química que ganhou reputação internacional por seus métodos de ensino inovadores e graduados de sucesso. A abordagem de Liebig enfatizou o desenvolvimento de habilidades de laboratório. Por meio do uso de técnicas e equipamentos padronizados como o "aparato de potássio" e o "condensador de Liebig", os alunos aprenderam a realizar análises de rotina com eficiência. À medida que suas habilidades se desenvolveram, os alunos abordaram projetos de pesquisa independentes que levaram à síntese e identificação de inúmeros novos compostos e reações. Liebig 'teoria, durante um período crucial em seu desenvolvimento. Em particular, ele refinou a teoria de que certos grupos de compostos orgânicos, chamados radicais, permanecem inalterados por meio de uma série de reações que produzem compostos relacionados. Liebig também editou Annalen der Pharmacie und Chemie, que se tornou a revista mais influente na área. ​ Em 1840, Liebig publicou duas obras que estabeleceram sua reputação como um comentarista influente nas principais questões científicas de sua época. O primeiro, um artigo fortemente crítico da qualidade do ensino de química oferecido na Prússia, levou muitos governos europeus a reformular sua abordagem da educação científica. O segundo, Química Orgânica e Suas Aplicações à Agricultura e Fisiologia, lançou as bases para uma geração de pesquisas nas ciências agrícolas. Liebig argumentou que os agricultores devem estar cientes do papel que os compostos químicos desempenham em todos os aspectos das operações agrícolas. Ilustrando que os nutrientes minerais do solo deixam a fazenda a cada colheita e venda de gado, Liebig delineou claramente um conceito de ciclos químicos que enfatizava um equilíbrio entre entradas e saídas de produtos químicos. Ele também endossou os fertilizantes artificiais como um meio apropriado para manter a fertilidade do solo. Em um livro relacionado sobre química animal, publicado em 1842, Liebig anunciou suas teorias sobre o radical de proteína, o metabolismo das gorduras e a relação entre a digestão e a respiração, lançando as bases para pesquisas futuras sobre nutrição e bioquímica. ​ Na segunda metade de sua carreira, Liebig se distanciou do ensino de laboratório e de seus próprios projetos de pesquisa, concentrando-se em esforços para promover e popularizar a química na área alemã e além. Suas cartas químicas, eventualmente publicadas em 11 idiomas, ensinaram a importância da química em uma linguagem e formato populares. Em 1852, ele assumiu um cargo na Universidade de Munique que exigia pouco em termos de ensino ou pesquisa, permitindo-lhe concentrar-se em seus papéis de conferencista popular e sábio público. Sua carreira posterior também incluiu esforços para reciclar o esgoto de Londres para fins agrícolas, para comercializar os subprodutos da carne bovina sul-americana como extrato de carne de Liebig e para tratar de questões internacionais de política científica e filosofia da ciência. ​ Embora muitas das teorias específicas que Liebig promoveu tenham se mostrado incorretas, sua carreira promoveu o surgimento da química como um ramo central da investigação científica. ​ Quando Pasteur se interessa pelas fermentações, Leibig tem quase 50 anos. O cientista alemão não admite que a fermentação é um fenômeno biológico. Afirma que o fermento age por decomposição da matéria morta. Pasteur rejeita esta teoria. Liebig demora 10 anos para responder a Pasteur e fará uma grande dissertação, pois não estava convencido de que a fermentação era um fenômeno biológico e queria provar que isso era irracional, errôneo e sem fundamento (Debré, 1995, p. 137). Ultrajado, Pasteur publica uma dissertação em que pede que se resolvam a favor de uma das duas teorias em confronto, a ciência biológica francesa ou a química alemã de Leibig. Pasteur quer que se escolha um júri, feito de comissários objetivos, membros da Academia, para julgar a reprodutibilidade de suas experiências e da sua veracidade (um duelo de cientistas). Liebig não o responde. Pasteur vai a Munique para discutir frente a frente os argumentos que se propõe. Liebig não lhe fecha a porta, mas o recebe de pé. Ele recusa qualquer discussão sob o pretexto de estar doente. ​ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/justus-von-liebig ​ Jean-Baptiste-André Dumas 1800-1884 *Ver a microbiografia de Jean-Baptiste-André Dumas no grupo Primeiras Influências Científicas. ​ Foi professor de Justus von Liebig. ​ Charles Cagniard de la Tour 1777-1859 O Barão Charles Cagniard de la Tour era um engenheiro e físico francês. ​ Nascido em Paris, França, Cagniard de la Tour estudou na École Polytechnique e na École du Génie Géographe. Posteriormente, foi auditor do Conselho de Estado, diretor de projetos especiais para a cidade de Paris e membro do conselho de administração da Société d'Encouragement. Suas honras incluíram ser membro da Legião de Honra e cavaleiro da Ordem de St. Michel. ​ No campo da biologia, Cagniard de la Tour também estudou o papel da levedura na fermentação alcoólica. Põe em evidência a capacidade da levedura de se reproduzir, que ele chama de germinação. Em 1835 está convencido de que essa germinação desempenha um papel na fermentação (Debré, 1995, p. 118). ​ Ref. https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries-thesauruses-pictures-and-press-releases/cagniard-de-la-tour-charles Mais informações: https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803095541412 ​ Theodor Ambrose Hubert Schwann 1810-1882 Biólogo alemão, Theodor Schwann nasceu em Neuss, perto de Düsseldorf. Na Universidade de Bonn, onde ingressou em 1829, conheceu Johannes Müller, o fisiologista, a quem auxiliou em seus experimentos. Schwann continuou seus estudos médicos na Universidade de Würzburg e mais tarde na Universidade de Berlim, onde se formou em 1834. ​ O trabalho de Schwann acabou sendo reconhecido por cientistas de outros países e, em 1879, ele se tornou membro da Royal Society e também da Academia Francesa de Ciências. Em 1845 ele recebeu a Medalha Copley. ​ Foi um importante fisiologista alemão do século XIX. Entre as suas contribuições para a ciência destaca-se a descoberta da Teoria Celular, que constituiu o ponto fulcral para a fundação da Histologia Moderna. ​ Ele também estava convencido de que a ideia de geração espontânea era falsa. Seus estudos de fermentação de açúcar de 1836 o levaram à descoberta de que a levedura originou o processo químico de fermentação. ​ Questionando os experimentos de Gay-Lussac, ele provou que são necessários microorganismos vivos para que a fermentação alcoólica do suco de uva se produza, mas faz uma dissertação curta e lacônica (Debré, 1995, p. 119). ​ Schwann é mais conhecido por descobrir as células que formam as bainhas de mielina das fibras nervosas (células de Schwann). ​ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Theodor-Schwann Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/cell-biology-biographies/theodor-schwann Mais infromações: https://www.lexico.com/definition/schwann,_theodor Jöns Jacob Berzelius 1779-1848 Químico sueco. Depois de se mudar para Estocolmo, ele trabalhou com químicos de mineração e, com eles, descobriu vários elementos, incluindo cério (1803), selênio (1817), lítio (1818), tório (1828) e vanádio (1830). Ele também trabalhou em pesos atômicos e eletroquímica e desenvolveu a notação para elementos químicos. É considerado um dos fundadores da química moderna. Ele é especialmente conhecido por sua determinação de pesos atômicos, o desenvolvimento de símbolos químicos modernos, sua teoria eletroquímica, a descoberta e isolamento de vários elementos, o desenvolvimento de técnicas analíticas clássicas e sua investigação de isomeria e catálise, fenômenos que devem seus nomes para ele. Ele era um empirista estrito e insistia que qualquer nova teoria fosse consistente com a soma do conhecimento químico. ​ Berzelius estudou medicina na Universidade de Uppsala de 1796 a 1802 e de 1807 a 1832 foi professor de medicina e farmácia no Instituto Karolinska. Ele se tornou membro da Real Academia Sueca de Ciências em 1808 e serviu a partir de 1818 como seu principal funcionário, o secretário perpétuo. Em reconhecimento à sua crescente reputação internacional, Berzelius foi elevado a uma posição de nobreza em 1818 na coroação do rei Carlos XIV João. Ele foi agraciado com o título de baronete em 1835 após seu casamento com Elizabeth Poppius. ​ Berzelius recebe com desdém as comunicações de Schwann e de Cagniard de la Tour. Escreve que as observações microscópicas nada valem, visto que a levedura é morta. O químico sueco propõe a tese de que a levedura tem o papel de inflamar ao simples contato: é um catalisador. Pasteur rejeita esta teoria, bem como a de Leibig (Debré, 1995, p. 117-118). Ref. https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803095502379 Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Jons-Jacob-Berzelius Pierre-Eugène-Marcellin Berthelot 1827-1907 Químico francês. Professor de química orgânica no Collège de France (1865), senador (1881), ministro da Instrução Pública (1886-1887), depois das Relações Exteriores (1895-1896), membro da Academia de Ciências (1873), Academia Francesa (eleito em 1900 ). Membro fundador da "Grande Enciclopédia"​. ​ Foi químico orgânico e físico, historiador da ciência e funcionário do governo. Seu pensamento criativo e trabalho influenciaram significativamente o desenvolvimento da química na última parte do século XIX. ​ Berthelot alcançou grande renome em vida. Ele entrou na Academia Francesa de Medicina em 1863, tornou-se presidente da Sociedade Química de Paris em 1866, foi eleito para a Academia Francesa de Ciências em 1873 e tornou-se seu secretário permanente em 1889. Ele também entrou na Academia Francesa em 1901. Quando ele morreu em 1907, ele foi homenageado em todo o país, com a maioria das cidades francesas nomeando uma rua ou uma praça em sua homenagem. ​ Berthelot nasceu em uma família parisiense de classe média e frequentou a escola secundária no Collège Henri IV, terminando com o bacharel em artes em 1847 e o bacharel em ciências em 1848. Ele se tornou amigo íntimo de um colega que vivia na mesma pensão, Ernest Renan, que mais tarde se tornou famoso como historiador e filólogo. Sua correspondência ao longo da vida mostra a forte influência dessa amizade nas inclinações filosóficas e históricas de Berthelot. ​ Quanto à fermentação, Berthelot reclama na Academia de Ciências e contesta as observações de Pasteur sobre a formação do álcool (Debré, 1995, p. 135). Futuramente, após a morte de Claude Bernard, Berthelot usa registros póstumos deste fisiologista para reiterar que o microorganismo não é necessário à fermentação. Após novos experimentos comprobatórios do contrário e diante da insistência de Berthelot, Pasteur se irrita e o chama de “homem inconstante e volúvel” e constroem tramas, mas finalmente entram em acordo em um ponto: Claude Bernard era um grande homem e a discussão se esgota. Pasteur ainda acrescenta: “ouso a dizer que Bernard tinha esse caráter antes mesmo de nascer” (Debré, 1995, p. 402). ​ Ref. https://data.bnf.fr/en/12276589/marcellin_berthelot/ Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Pierre-Eugene-Marcellin-Berthelot Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/science-and-technology/chemistry-biographies/pierre-eugene-marcellin-berthelot Claude Bernard 1813-1878 Médico fisiologista francês. Membro da Academia de Medicina, secção de anatomia e fisiologia (1861) e da Academia Francesa (1868). Senador (em 1869). ​ Claude Bernard, nasceu em Saint-Julien, França. Aos dezenove anos, ele foi aprendiz de um boticário chamado Millet em Vaise, um subúrbio de Lyon. Assim, ele teve a oportunidade de observar o rude empirismo da farmacoterapia daquele período. O farmacêutico aprendiz voltou-se, porém, naquela época, não para as ciências, mas para o teatro e as belas-letras. Em 1834, Bernard foi para Paris, onde planejava fazer carreira na literatura. O ilustre crítico Saint-Marc Girardin desencorajou-o, porém, e instou-o a primeiro adquirir uma profissão para ganhar a vida. No mesmo ano, com grande dificuldade, Bernard concluiu o bacharelado e ingressou na Faculdade de Medicina de Paris. Assim, como Renan observou em seu Éloge , ao virar as costas para a literatura, Bernard percorreu o caminho que, no entanto, o conduziu à Academia Francesa. ​ Foi no laboratório de Magendie, no Collège de France, que Bernard, antes mesmo de terminar seus estudos clínicos, descobriu sua verdadeira vocação: a experimentação fisiológica. Embora tenha se formado em medicina em Paris em 7 de dezembro de 1843, Bernard nunca praticou medicina e sempre nutriu sentimentos ambivalentes em relação aos médicos. No entanto, seu trabalho foi tal que lançou novos alicerces para a profissão. Foi fisiologista conhecido principalmente por suas descobertas sobre o papel do pâncreas na digestão, a função glicogênica do fígado e a regulação do suprimento de sangue pelos nervos vasomotores. Tanto por meio de descobertas concretas como pela criação de novos conceitos, a obra d e Claude Bernard con stitui o fundamento da moderna fisiologia experimental. ​ Formulou o princípio da homeostase, o mecanismo fisiológico de autocorreção que “automaticamente” busca restaurar o ambiente interno normal do corpo quando ele é interrompido. Os conceitos de Bernard permanecem relevantes nos estudos das bases fisiológicas de muitos problemas de saúde ambiental. ​ Em 1859, a Academia de Ciências confere o prêmio de Fisiologia Experimental a Pasteur. Isso significa que o júri presidido por Claude Bernard reconhece que a fermentação é um fenômeno biológico. No entanto, sem tomar partido da causa, o médico admite que o fermento continua a provir de um ser que vive ou viveu. Essa prudência de Claude Bernard deve-se ao fato de ele não estar totalmente convencido de que a fermentação seja correlata à vida dos micróbios (Debré, 1995, p. 136). Ref. https://data.bnf.fr/11891495/claude_bernard/ Ref. https://www.oxfordreference.com/view/10.1093/oi/authority.20110803095501166 Mais informações: https://www.britannica.com/biography/Claude-Bernard Mais informações: https://www.encyclopedia.com/people/medicine/medicine-biographies/claude-bernard ​ Napoleão III 1808-1873 *Ver a microbiografia de Napoleão III no grupo Políticos. ​ Em 1863, a pedido do imperador da França, Napoleão III , Pasteur estudou a contaminação do vinho e mostrou ser causada por micróbios. O cientista francês realizou as pesquisas recusando qualquer ajuda financeira (Debré, 1995, p. 246). ​ De 1863 a 1865 Pasteur reúne três alunos da École Normalle, sendo um deles Émile Duclaux, para acompanhá-lo na cidade de Arbois no estudo prático sobre os vinhos. ​ O primeiro contato de Pasteur com a casa do imperador e a corte ocorre em 29/11/1865 (Debré, 1995, p. 247). Napoleão III mostra-se interessado e pede para constatar pessoalmente as descobertas de Pasteur: quer examinar no microscópio amostras de vinho estragado (Debré, 1995, p. 249). É realizada uma experimentação imperial, com boas impressões aos imperadores (Debré, 1995, p. 251). Para evitar a contaminação, Pasteur usou um procedimento simples: ele aqueceu o vinho a 50–60 ° C (120–140 ° F), um processo conhecido universalmente como pasteurização. Émile Duclaux 1840-1904 *Ver a microbiografia de Émile Duclaux no grupo Doenças do Bicho-da-Seda. ​ De 1863 a 1865 Pasteur reúne três alunos da École Normalle, sendo um deles Émile Duclaux, para acompanhá-lo na cidade de Arbois no estudo prático sobre os vinhos. ​ Gérard Élisabeth Alfred de Vergnette de Lamotte 1806-1886 Viticultor e enólogo francês. Era visconde e assinava Vergnette-Lamotte. ​ Proprietário de vinícola e propositor de um processo empírico de aquecimento dos vinhos, mas sem fornecer uma explicação científica (Debré, 1995, p. 262). ​ Pasteur faz um pedido de patente para o processo de aquecimento, chamado “pasteurização”. Thénard levanta o problema dos direitos de Vergnette de Lamotte, porém os únicos inventores foram antecessores de Nicolas Appert (1749-1841) que já havia falecido. Pasteur se defende e Thénard abandona essa questão (Debré, 1995, p. 263-264). Ref. https://data.bnf.fr/fr/10743350/alfred_de_vergnette_de_lamotte/ Mais informações: http://www.beaune.fr/spip.php?rubrique198#.YEqBbWhKjnY Jules Tourtel e Prosper Tourtel ?-? Os irmãos Jules e Prosper Tourtel eram franceses e fundaram em 1839 uma cervejaria na cidade de Tantonville. As cervejarias começam a se interessar pela pasteurização. Junto com alguns estagiários, Pasteur vai inspecionar uma fábrica de cerveja durante 8 dias, cujos fundadores e proprietários são os irmãos Jules e Prosper Tourtel. Estes estudos fornecerão material para um livro que será publicado em 1875, no qual Pasteur usa a cerveja como pretexto para abordar teorias sobre a fermentação alcoólica, para a origem das leveduras da uva e até para a transformação das espécies (Debré, 1995, p. 282). ​ Ref. https://www.image-est.fr/Fiche-documentaire-Bi%C3%A8re-Tourtel-_Tantonville_-610-4016-2-0.html Ref. https://phototheque.pasteur.fr/birt_viewer/run?__format=pdf&__report=reports/orphea/f_getmetadata.rptdesign&__resourceFolder=https://phototheque.pasteur.fr/birt_viewer/ressources/orphea/&Title=Jules+et+Prosper+Tourtel&__locale=fr_FR&gw_url=https://phototheque.pasteur.fr/dotgateway/index.pgi&callfrom=frontoffice&function=f_getmetadata&cache_ref=ba33212c86204994cdf770521b9035e3&function1=f_getassetsurl&cache_ref1=ce603f8b99534e041b7cf38d114842ce&logo_file=https://phototheque.pasteur.fr/images/header-logo.png Ref. https://statues.vanderkrogt.net/object.php?webpage=ST&record=frlo059 Jacob Christian Jacobsen 1811-1887 Industrial e filantropo dinamarquês. Fundador da cervejaria Carlsberg. ​ Na Dinamarca, as pesquisas de Pasteur são bem aproveitadas. Jacob se conscientizou da importância das técnicas de conservação. Em 1870 seu filho Karl assumiu os negócios e foi nessa época que tomaram conhecimento dos trabalhos de Pasteur e passam a fazer uso deles para melhorar o processo de fabricação (Debré, 1995, p. 282-283). Em Copenhage, o progresso na cervejaria Carlsberg de Jacob Jacobsen foi tão rentável que ele e o filho Carl destinam uma parte dos lucros ao mecenato: além de um rico museu destinado à conservação de pedras lapidadas, eles subvencionam a Universidade de Copenhage e mantém um laboratório de pesquisa sobre cerveja. Ademais, instalam um busto em mármore de Pasteur em 1878 (Debré, 1995, p. 283). Próximo Grupo

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    Relações Políticas No final de 1859, Pasteur não tinha a mínima subvenção para instalar-se na Rua Ulm. Escreveu a Gustave Rouland, então ministro da Instrução Pública a fim de chamar a atenção para os benefícios que poderiam ser extraídos de um estudo completo sobre a doença dos vinhos, solicitando fundos necessários para a instalação e experimentos no laboratório na rua Ulm em Paris: "Acho que obedeço, senhor ministro, a uma parte de suas instruções, consagrando todo o tempo de que disponho aos progressos da ciência." Era uma maneira indireta de pedir os fundos necessários destinados à instalação de um rico material. Responderam-lhe que os créditos deveriam ser "inteiramente consagrados à conservação dos edifícios e não à execução dos trabalhos que a conveniência das pessoas alojadas nesse edifícios reclama". De tanto insistir, Pasteur acabou, entretanto, obtendo alguns subsídios. Mas só podia tratar-se de uma instalação provisória. Todavia, o equipamento de que Pasteur precisava na época era modesto. Suas pesquisas sobre a fermentação só exigiam uma estufa, um microscópio, produtos químicos, recipientes de vidro. Mas, se o Ministério quisesse dar algum dinheiro para a reparação da água-furtada, claro estava que era impensável assegurar os respectivos equipamentos ou o funcionamento: "Não há orçamento ad hoc que nos permita subvencionar cinquenta cêntimos para os seus gastos com experiências." Foi, portanto, com seu próprio salário que Pasteur teve de equipar e manter seu laboratório. Tal instalação lhe custou cerca de dois mil francos, soma considerável para a época (Debré, 1995, p. 161, 551). ​ Em 1863, ano seguinte à sua eleição para a Academia de Ciências, Pasteur é apresentado a Napoleão III, por Jean-Baptiste Dumas, segundo o costume da época ao ingressar na Academia. ​ Naquele mesmo ano, Ildephonse Favé, oficial da ordem de Napoleão III, sugere que o imperador proponha a Pasteur um estudo sobre as doenças do vinho. Pasteur aceita o pedido, mas recusa qualquer ajuda financeira (Debré, 1995, 245-246, 254). ​ Dois anos depois, Napoleão III disse ter muito interesse em se manter informado do andamento das pesquisas e o convida para passar 1 semana no castelo de Compiègne (Debré, p. 246). É realizada uma demonstração aos imperadores ao microscópio, com amostras de vinho (Debré, 1995, p. 251). ​ Em 1863, Pasteur escreve a Napoleão III dizendo que “é chegado o tempo de libertar as ciências experimentais das misérias que as entravam” (Debré, 1995, p. 166). No dia seguinte, o imperador pede a Victor Duruy, Ministro da Instrução Pública, que empreenda a construção de um novo laboratório na Rua Ulm. ​ Contudo surgem obstáculos para a continuidade da obra, pois os créditos suplementares que a construção exige são recusados pela administração. Encontra-se dinheiro para levantar a Ópera Garnier, mas não para a pesquisa científica. Pasteur fica indignado e, em 1868, prepara um artigo denominado “O orçamento da ciência” para o jornal Le Moniteur a fim de mobilizar a opinião pública. Em um dos trechos ele diz: “suprimam os laboratórios, e as ciências físicas se tornarão a imagem da esterilidade da morte”. Algumas semanas depois, o imperador reúne todos os membros do governo e um conjunto de cientistas, inclusive Pasteur. Napoleão III convida cada um a se exprimir. Pasteur recorda a criação da função de estagiário e fala em seguirem o exemplo da Alemanha, onde inclusive eles moram nas proximidades do seu laboratório (Debré, 1995, p. 166-168). ​ Victor Duruy foi um interlocutor muito próximo de Pasteur, construindo uma verdadeira relação de amizade. Inclusive, a filha de Duruy, Hélène, era colega de Cécile, filha de Pasteur que faleceu ainda criança. A passagem de Duruy no Ministério da Instrução Pública ficará marcada pela atenção e ajuda concedida aos cientistas, não só a Pasteur. Ele é responsável por criar o decreto generalizando a criação de laboratórios de pesquisa nas faculdades, devido à forte influência de Pasteur. Ambos tinham a convicção de que a ciência constitui uma parte essencial do patrimônio nacional, e Duruy ajuda a vencer obstáculos administrativos para desbloquear o crédito para a finalização do laboratório de química fisiológica (Debré, 1995, p. 168-170). ​ Duruy vela pelo ingresso de Pasteur na Legião de Honra e faz com que seja atribuído um prêmio pelos seus trabalhos sobre a fermentação do vinho, por ocasião da Exposição Universal de 1867. Nesta ocasião, Pasteur divide as honras com 63 outras pessoas, dentre as quais Ferdinand de Lesseps, que recebe uma imensa ovação pelo seu projeto de um canal ligando o Mar vermelho ao Mediterrâneo. Pasteur naquela época, ainda não era conhecido (Debré, 1995, p. 170-171). ​ Por volta de 1863, Pasteur vai ao salão da princesa Mathilde. Lá fala da necessidade de uma reforma na produção do vinho ou do vinagre e queixa-se da pouca consideração de que dispõem os laboratórios e da inércia dos poderes públicos. No fundo esta é a intenção de Pasteur ao comparecer nestas ocasiões. O resultado obtido é a criação de uma cátedra de física e química aplicadas na École de Belas Artes, onde leciona para estudantes de arquitetura, onde fala bastante de higiene e do mal emprego da ventilação (Debré, 1995, p. 152-153). Pasteur é nomeado senador em 1870, mas o decreto não pôde ser oficialmente promulgado (devido à guerra), e portanto, o nome de Pasteur não figura na lista de senadores do Império (Debré, 1995, p. 271, 336-337). No início de 1876, após sua aposentadoria, Pasteur vai concorrer ao Senado Republicano. Ele está com 53 anos. Ele não adere a nenhum partido e diz que enquanto a ciência e a política estiverem separadas, o progresso será impossível. É atacado tanto pela esquerda quanto pela direita e fica em último lugar. Escreve a esposa dizendo-se muito feliz por ter sido derrotado, pois o sucesso o teria atrapalhado. Mesmo não tomando parte diretamente dos debates sobre a reforma do ensino superior, seu recado foi entendido e 3 meses depois toma conhecimento de que o Ministro da Instrução Pública vai conceder novos laboratórios ao Collége de France, aumentar e modernizar a Sorbonne (Debré, 1995, p. 335 a 338). D. Pedro II acompanhava com grande interesse os trabalhos de Pasteur, e desejava que o Brasil seguisse os passos do cientista. Durante os anos 1880 eles trocam algumas cartas. Pedro II preocupa-se particularmente com a febre amarela e em uma carta de 1882 escreve “espero que não se esqueça das pesquisas de micróbios da febre amarela, descobrindo-lhe uma vacina”. O imperador brasileiro desejava muito a vinda de Pasteur para o Brasil, o que não ocorreu devido à idade avançada de Pasteur e as sequelas do AVC. Em 1886, Pedro II confere a Pasteur a “Ordem da Rosa” pelo serviço prestado à humanidade (Lima; Marchand, 2005, p. 17, 25). ​ Em 1884, em carta a Dom Pedro II, Pasteur participa ao imperador do Brasil que até aquele momento ainda não havia efetuado nenhuma experiência com humanos. Verifica a possibilidade de no dia da execução da sentença de morte dos condenados (que ele pensava existir), ser oferecida a escolha de ter uma morte iminente ou a possibilidade de participar de um experimento científico que consistiria em inoculações preventivas da raiva, de modo a tornar-se refratário à doença. Disse: “No caso de ser salvo, e estou persuadido de que isso aconteceria, como garantia para a sociedade que condenou o criminoso, eu o submeteria a uma vigilância para o resto da vida” (Debré, 1995, p. 484). Frederick Hamilton-Temple-Blackwood, conhecido por Lord Dufferin, enquanto embaixador britânico em Paris, escreveu às autoridades britânicas na Índia sugerindo que fossem oferecidas instalações a Waldemar Haffkine, bacteriologista ucraniano do império da Rússia, que iniciou os seus experimentos sobre a cólera no Instituto Pasteur, para continuar seus estudos de cólera naquele local. ​ Lord Dufferin se destacou como diplomata, especialmente como embaixador britânico em São Petersburgo e como governador-geral do Canadá, o que levou à sua nomeação como vice-rei da Índia. Após, foi embaixador britânico em Paris (1891 – 1896). ​ Sadi Carnot, presidente da França, comparece à cerimônia de inauguração do Instituto Pasteur (1888) e ao Jubileu de 70 anos de Pasteur (1892). ​ Carnot disse “não faltarei, vosso Instituto é uma honra para a França” (Masi, 1999, p. 111). ​ ​ Referências: DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995. MASI, Domenico de (org.). A Emoção e a Regra: os grupos criativos na Europa de 1850 a 1950. Rio de Janeiro, RJ: José Olympio, 1999.​ ​ https://www.encyclopedia.com/international/encyclopedias-almanacs-transcripts-and-maps/dufferin-lord ​ Gustave Rouland. Jean-Baptiste Dumas. Napoleão III e Eugénia de Montijo. Victor Duruy. Dom Pedro II. Lord Dufferin Sadi Carnot. Continue lendo a biografia

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