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Absorção Reflexiva

Durante muitos anos Pasteur trabalhou sozinho. Mais tarde, jovens colaboradores se uniram a ele, sendo informados apenas da parte essencial do trabalho diário. “O silêncio olímpico que ele gostava de se ver rodeado ia até o dia em que seu trabalho lhe parecia maduro para dar publicidade”, disse Émile Duclaux.

Adrien Loir, sobrinho de Pasteur e seu assistente técnico, confirmou essa característica: “ele queria ficar sozinho em seu laboratório e nunca falava do objetivo que tinha em mente”. Mesmo durante períodos de maior movimento, ele tinha poucos ajudantes, cada um em sua sala, onde trabalhavam em silêncio para não incomodar o cientista, exceto quando era chamado para participar de alguma discussão.

Enquanto formulava as fases seguintes dos experimentos, Pasteur se absorvia em si mesmo e no estudo de suas notas, permanecendo isolado de todo o mundo e sem levantar a cabeça por muitas horas. Daí emergiam fragmentos ideativos que, como em um campo magnético pela força de seu pensamento, se organizariam em novas e inesperadas formas.

Essas meditações solitárias duravam vários dias. Nestes períodos, ele ficava tão absorto em seus pensamentos que não notava as pessoas a seu redor. Quando Duclaux levou um assunto urgente a discutir, Pasteur reagiu como se despertasse de um sonho, mas não demonstrava impaciência.

 

Depois que suas ideias tomavam forma, Pasteur se reconectava com seus colaboradores, falando o essencial para a elaboração dos detalhes técnicos dos experimentos, que eram realizados com cuidado para determinar se a hipótese inicial tinha uma base verdadeira. Se os resultados fossem negativos, as ideias eram imediatamente rejeitadas de sua mente. Do contrário, se resultados positivos sugeriam que a hipótese fosse válida, os experimentos eram multiplicados incansavelmente para explorar e desenvolver suas possibilidades.

Pasteur não se desanimava com obstáculos, qualidade que ele se referia como seu maior dom. “Deixe-me contar-lhe o segredo que me fez chegar a meu objetivo. Minha única força reside em minha tenacidade". Este juízo foi confirmado por Émile Roux, que mais tarde dirá “Quantas vezes, na presença de dificuldades imprevistas, quando nós não imaginávamos como sairíamos delas, ouvi Pasteur nos dizer: ‘Façamos o mesmo experimento outra vez; o essencial é não abandonar o caso!´” (Dubos, 1967a, p. 55-59).

Referências:

DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995.

DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a.

Émile Duclaux

Émile Duclaux.

Émile Roux

Émile Roux.

Adrien Loir

Adrien Loir.

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