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Citações

Excertos de escritos e declarações de Louis Pasteur, agrupados por temas.

Acesse as referências utilizadas nesta compilação.

Foi utilizada tradução livre de trechos extraídos de outros idiomas.

Ciência e Pesquisa

"O grande segredo consiste em fazer experiências que não deixem lugar à fantasia do observador. No começo das pesquisas em torno de um determinado objetivo, a força da imaginação deve dar asas ao pensamento. No momento de se tirar uma consequência e da demonstração de fatos colhidos pelas observações, a fantasia deve, pelo contrário, ser dominada pelos resultados concretos das experiências e a eles submetida" (Unger, [196-], p. 24).

“Na ciência, algumas pessoas têm convicções; outros têm apenas opiniões. A convicção supõe prova; as opiniões são frequentemente baseadas em hipóteses" (Cuny, 1963, p. 172)

"Acreditar que se descobriu um fato científico importante, ansiar anunciá-lo e ainda assim esperar dias, semanas ou até anos; esforçar-se para invalidar as próprias experiências; publicar as descobertas só depois de exaustivas verificações - sim, a tarefa é dura. Mas, quando se consegue a certeza, a recompensa é um dos melhores bálsamos para a alma humana" (Birch, 1993, p. 32; Cuny, 1963, p. 172).

"Sempre duvide de si mesmo, até que os fatos se apresentem de forma indubitável" (Birch, 1993, p. 7).

"Não apresente nada que não possa ser comprovado de forma simples e decisiva" (Cuny, 1963, p. 172).

"Vamos, revolucionemos o mundo com os nossos descobrimentos!"(Unger, [196-], p. 97).

"Nada é mais gratificante para um cientista do que aumentar o número de descobertas, mas o máximo é ver suas observações colocadas em prática" (Birch, 1993, p. 33).

"Para quem dedica sua vida à ciência, nada pode dar-lhe mais felicidade do que aumentar o número de suas descobertas, mas sua alegria transborda quando os resultados de seus estudos encontram imediatamente aplicações práticas" (Dubos, 1967a, p. 76). 

"Não há ciência pura e ciência aplicada - há apenas ciência, e as aplicações da ciência" (Dubos, 1967b, p. 51).

"Não existe uma categoria de ciências que possa ser chamada de ciências aplicadas. Existe a ciência e as aplicações da ciência, ligadas entre si como o fruto à árvore que o gerou" (Cuny, 1963, p. 173).

"Sem teoria, a prática nada mais é do que rotina nascida do hábito. Somente a teoria pode trazer o avanço e o desenvolvimento do espírito de invenção" (Dubos, 1967a, p. 22).

"Quando medito sobre uma doença nunca penso encontrar um remédio para ela, porém, em vez disso procuro meios de preveni-la" (Dubos, 1967b, p. 106).

"A cultura das ciências em sua expressão mais elevada talvez seja ainda mais necessária para o estado moral de uma nação do que sua prosperidade material" (Cuny, 1963, p. 174).

"O papel dos infinitamente pequenos na Natureza é infinitamente grande" (Dubos, 1967b, p. 57).

"As concepções mais elevadas, as especulações mais legítimas, ganham corpo e alma apenas no dia em que são consagradas pela observação e pela experiência. Acabem com o trabalho, as ciências físicas se tornarão a imagem da esterilidade e da morte. Não serão mais do que ciências da educação, limitadas e impotentes, e não ciências do progresso e do futuro" (Cuny, 1963, p. 175).

"O verdadeiro sábio tem um só dever e uma única tarefa: procurar aquilo que existe" (Unger, [196-], p. 66). 

Vida

"A vida não tem valor, quando não se pode ser útil a outrem" (Unger, [196-], p. 12).

"Há na vida de todo homem, na carreira das ciências experimentais, uma idade em que o emprego do tempo é inestimável: a idade rápida em que floresce o espírito de invenção, na qual cada ano deve ser marcado por um progresso" (Debré, 1995, p. 162).

"Gostaria de ser mais jovem para me dedicar com novo ardor ao estudo de novas doenças" (Cuny, 1963, p. 171).

"Se eu tivesse outra vida para viver, tentaria sempre me lembrar do admirável preceito de Bossuet: 'A pior atitude que podemos tomar é acreditar que as coisas são como são porque queremos que elas assim sejam´" (Birch, 1993, p. 36; Cuny, 1963, p. 171).

"O único consolo, quando começamos a sentir que as nossas próprias forças se esvaem, é dizer a nós mesmos que podemos ajudar quem nos segue a fazer mais e melhor do que nós, caminhando com os olhos fixos nos grandes horizontes que só podemos vislumbrar" (Cuny, 1963, p. 172).

Personalidade

"Deixe-me contar-lhe o segredo que me fez chegar a meu objetivo. Minha única força reside em minha tenacidade" (Birch, 1993, p. 6).

"No campo da experimentação, o acaso favorece as mentes preparadas" (Birch, 1993, p. 52).

"Não basta amar a verdade, é preciso defendê-la também" (Unger, [196-], p. 49).

"Sou o mais hesitante dos homens, o que mais teme se comprometer quando não tem provas. Mas, ao contrário, nenhuma consideração pode me impedir de defender o que penso ser a verdade quando posso contar com sólidas provas científicas" (Birch, 1993, p. 6).

"Querer é muito, porque do querer se segue sempre uma ação, um trabalho, a maioria das vezes coroado de êxito. Destas três coisas, vontade, trabalho e êxito é que se compõe a vida humana. A vontade abre as portas de uma carreira feliz; o trabalho tudo vence; e o êxito coroa a obra" (Unger, [196-], p. 74).

"Seria aos meus próprios olhos um ladrão, se passasse um dia inteiro sem trabalhar" (Unger, [196-], p. 112).

"Meu trabalho, minha família, minha pátria, isso é o que sempre amei" (Vallery-Radot, 1994, p. 58).

Residindo em Lille, Pasteur escreve ao amigo Charles Chappuis: "Tenho, finalmente, o que sempre quis, um laboratório que posso ir a qualquer hora, no andar térreo do meu aposento; e, por vezes, enquanto estou dormindo, principalmente nestes dias, o gás queima toda a noite e as operações continuam em curso (...) Trabalhemos todos, só isso é que diverte" (Debré, 1995, p. 111).

"É na leitura das obras dos inventores que a chama sagrada da invenção se acende e se mantém unida" (Blaringhem, 1923, p. vii).

"Seria muito interessante e proveitoso se dos progressos da ciência participasse também o coração" (Unger, [196-], p. 84).

"A grandeza dos atos humanos mede-se pela intenção de que se originam" (Unger, [196-], p. 123).

"Frequentemente, uma observação do homem mais inculto, mas que faz bem o que faz, é infinitamente preciosa" (Cuny, 1963, p. 174).

"O cientista que se entrega à tentação das aplicações industriais deixa assim de ser o homem da ciência pura, complica a sua vida e a ordem normal dos seus pensamentos de preocupações que paralisam nele qualquer inventividade para o futuro" (Cuny, 1963, p. 174).

"Mantenha o seu entusiasmo, mas dê a este companheiro um controle severo" (Cuny, 1963, p. 175).

"Cultive o pensamento crítico. Reduzido apenas a ele, não será um despertador de ideias, nem um estimulante de grandes coisas, mas sem ele, tudo é nulo e vazio. Ele sempre tem a última palavra" (Cuny, 1963, p. 175).

"Quando me aproximo de uma criança, ela me inspira dois sentimentos: o de ternura pelo presente, e o de respeito por aquilo que um dia pode se tornar"(Cuny, 1963, p. 175).

Religião e Espiritualidade

"Não há aqui nenhuma questão religiosa, filosófica, materialista ou espiritualista. Posso até acrescentar que o fato de eu ser um cientista não teve a menor importância. Trata-se apenas da realidade. Quando comecei as experiências, estava pronto para ser convencido que a geração espontânea existe, como estou certo agora de que aqueles que acreditam nela são cegos" (Birch, 1993, p. 37).

"Os gregos nos deram uma das mais belas palavras de nossa linguagem, a palavra 'entusiasmo' um deus interno. A grandeza dos atos dos homens é medida pela inspiração que lhes dá origem. Feliz é aquele que tem um deus interno" (Dubos, 1967a, p. 25; Dubos, 1967b, p. 119).

"A ciência é incapaz de resolver a questão da origem e do fim das coisas" (Vallery-Radot, 1994, p. 377).

"Além desta abóbada estrelada, o que há? Novos céus estrelados, que assim seja! E além? ... Além... é infinito". "Aquele que proclama a existência do infinito, e ninguém pode escapar disso, acumula nesta afirmação mais sobrenatural que não há em todos os milagres [religiosos], porque a noção de infinito tem esse duplo caráter de ser imposta e de ser incompreensível" (Vallery-Radot, 1994, p. 399-400).

"Pretender introduzir a religião na ciência é um equívoco da mente. Ainda mais falsa é a mente de quem afirma introduzir a ciência na religião, porque é obrigada a respeitar o método científico" (Cuny, 1963, p. 173-174).

"Onde estão as verdadeiras fontes da dignidade humana, da liberdade e da democracia moderna, senão na noção do infinito perante o qual todos os homens são iguais?" (Cuny, 1963, p. 174).

Pátria / Nação

"A ciência não tem pátria" (Vieira, 2014, p. 885).

"A ciência não tem pátria, ou melhor, a pátria da ciência é o mundo inteiro" (Unger, [196-], p. 7).

"Estou imbuído de duas profundas impressões; a primeira, que a ciência não conhece países; a segunda, que parece contradizer a primeira, embora seja na realidade uma consequência direta dela, que a ciência é a mais alta personificação da nação. A ciência não conhece país, porque o conhecimento pertence à humanidade, e ela é a tocha que ilumina o mundo. A ciência é a mais alta personificação de uma nação porque a primeira dentre as nações será aquela que levar mais longe os trabalhos do pensamento e da inteligência. A convicção de ter alcançado a verdade é uma das maiores alegrias do homem, e a ideia de ter contribuído para a honra do nosso país torna esta alegria ainda mais profunda. Se a ciência não tem país, o homem de ciência tem. E é ao seu país que deve dedicar sua influência para que sua obra tenha impacto no mundo" (Dubos, 1967a, p. 76; Dubos, 1967b, p. 118-119).

"Quem sofre não é questionado sobre qual é o seu país e qual é a sua religião. Diz-se simplesmente: 'Você sofre, isso me basta: você me preocupa e eu o ajudarei" (Dubos, 1967a, p. 76-77).

"Estou absolutamente convencido de que a Ciência e a Paz triunfarão sobre a Ignorância e a Guerra. Que as nações finalmente se unirão, não para destruir, mas para construir, e que o futuro pertencerá àqueles que trabalharam mais para o benefício da humanidade sofredora" (Dubos, 1967a, p. 77).

Política

"Não tenho e não quero ter nenhuma coloração política. Não quero ser nada senão um cidadão, um trabalhador dedicado ao seu país" (Cuny, 1963, p. 171).

"A ciência, em nosso século, é a alma da prosperidade das nações e a fonte viva em todo o progresso. Sem dúvida, a política, com suas discussões cansativas e diárias parecem ser a nossa guia. Aparência vã! O que nos conduz são as descobertas científicas e suas aplicações... É a ciência que representarei no Senado" (Cuny, 1963, p. 22-23).

"Uma das grandes desgraças da França é que existem muitos políticos nas Assembleias. A política com suas fatigantes e cotidianas discussões parece ser nosso guia. Vã aparência! O que nos governa são algumas descobertas científicas e suas aplicações. No século atual, a ciência é a alma da prosperidade dos povos e a fonte festejada de todo o progresso" (Debré, 1995, p. 337).

"É a Ciência na sua pureza, sua dignidade, sua independência que representarei no Senado" (Debré, 1995, p. 336).

"A verdadeira democracia é aquela que permite a cada indivíduo dar o seu máximo esforço no mundo. Por que é necessário que ao lado desta fecunda democracia haja outra, estéril e perigosa, que, não sei sob que pretexto de igualdade quimérica, sonha em absorver ou aniquilar o indivíduo no Estado? Esta falsa democracia tem o gosto, atrevo-me a dizer o culto, da mediocridade ... Poderíamos definir esta democracia: a liga de todos aqueles que querem viver sem trabalhar, consumir sem produzir, chegar ao trabalho sem estar preparados para isso, para honrar sem ser digno..." (Cuny, 1963, p. 29).

Pasteur, enquanto candidato ao Senado confessa não aderir a nenhum partido, e seu discurso suscita indignação tanto da direita quanto da esquerda. Para o cientista, enquanto a ciência e a política estiverem separadas, o progresso será impossível: "Se, na nossa infeliz França, há trinta ou quarenta anos, os governos e as grandes corporações do Estado não se tivessem desinteressado das instituições próprias para fazer florescer as ciências, a Alemanha teria sido vencida. Ignoram vocês que, enquanto a política nos irrita por suas divisões insensatas que fazem a alegria satânica de nossos inimigos, o vapor, a telegrafia e tantas outras maravilhas transformam as sociedades modernas?" (Debré, 1995, p. 336).

Arte

"Grandes artistas quase sempre têm grandes corações" (Cuny, 1963, p. 171).

Animais

"O sofrimento de um animal me impressiona o suficiente para que eu nunca quisesse matar um animal enquanto caçava (pescava). O gemido de uma cotovia ferida iria rasgar meu coração. Mas se se trata de escrutinar os mistérios da vida e adquirir uma nova verdade, a soberania da meta carrega tudo consigo (Em resposta a um protesto antiviseccionista) (Cuny, 1963, p. 173).

Com cães, você nunca deve começar. É muito difícil separar-se de um cachorro que você ama. Tudo bem não começar a amar um. Nunca tenha um (Resposta a uma pergunta feita durante a pesquisa sobre raiva) (Cuny, 1963, p. 172).

Exposições orais

Após os desastres franceses na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71, quando o governo italiano ofereceu-lhe uma cadeira de Química na Universidade de Pisa, com um alto salário: "O pensamento da França sustentou minha coragem durante as horas difíceis que foram uma parte inevitável dos prolongados esforços. Associei sua grandeza à grandeza da Ciência". "Eu me sentiria como um desertor se procurasse, fora de meu país em desgraça, uma situação material melhor do que aquela que ele pode oferecer-me (Dubos, 1967b, p. 116-117).

Conferência pública na Sorbonne: "Na imensidão da criação, peguei minha gota de água, cheia de um alimento rico - ou seja, para usar a linguagem científica, cheia de elementos apropriados para o desenvolvimento de pequenos seres. E espero, observo, interrogo-a, peço-lhe mais uma vez que tenha a gentileza de começar, só para me agradar, o ato primário da criação. Seria tão lindo se ela me atendesse! Mas ela é muda! Permaneceu muda por anos. Ah! Isso aconteceu porque eu a mantive longe, e ainda a mantenho, da única coisa que o homem não pode produzir. Eu a mantive protegida dos micróbios que flutuam no ar; eu a protegi da vida, da vida de um micróbio, pois um micróbio é uma vida. A teoria da geração espontânea jamais se recuperará do golpe mortal que sofreu com esta simples experiência" (Birch, 1993, p. 10).

Em discurso na Academia de Medicina: "Essa água, essa esponja, esse algodão com o qual vocês lavam ou cobrem uma ferida, podem depositar germes que têm o poder de se multiplicar rapidamente dentro dos tecidos... Se eu tivesse a honra de ser um cirurgião, impressionado como estou com os perigos a que o paciente está sujeito pelos micróbios presentes sobre as superfícies de todos os objetos, particularmente nos hospitais, não apenas usaria somente instrumentos perfeitamente limpos, como limparia minhas mãos com o maior cuidado e as sujeitaria a um rápido flambar... Eu usaria algodão, ataduras e esponjas previamente expostas a uma temperatura de 130 a 150º C." (Dubos, 1967b, p. 106-107).

Para jovens cientistas no Instituto Pasteur: "Aquele entusiasmo que vocês mostraram desde o início, meus queridos colaboradores, conservem-no, mas deixem que a checagem precisa seja sua companheira de viagem. Jamais emitam uma opinião que não possa ser provada, cultuem o espírito crítico. Ele sozinho não pode despertar ideias nem levar a mente a fazer coisas brilhantes. Mas, sem ele, tudo é precário. Invariavelmente, ele dá a última palavra" (Birch,1993, p. 63).

No discurso de seu jubileu: "Jovens, confiem no método científico, cujos primeiros segredos nós mal desvendamos. Não percam a coragem. Vivam no sereno ambiente dos laboratórios e das bibliotecas. No fim da vida, que vocês possam dizer: 'Fiz o que pude'." (Birch, 1993, p. 63; Dubos, 1967a, p. 52). "Jovens, tenham fé nos métodos eficientes e seguros dos quais ainda não conhecemos todos os segredos. E, qualquer que seja vossa carreira, não vos deixei desencorajar pela tristeza de certas horas que passam sobre as nações. Vivam na paz serena dos laboratórios e bibliotecas..." (Dubos, 1967b, p. 121).

Sobre os laboratórios: "Tomem interesse, eu lhes imploro, naquelas sagradas instituições que designamos sob o expressivo nome de laboratórios. Peçam que elas sejam multiplicadas e adornadas; eles são os templos da riqueza e do futuro. Lá é que a humanidade cresce, torna-se mais forte e melhor. Lá é que ela aprende a ler nos trabalhos da Natureza, símbolos do progresso e da harmonia universal, enquanto que os trabalhos do ser humano são muito frequentemente aqueles do fanatismo e da destruição" (Dubos, 1967a, p. 71; Dubos, 1967b, p. 119-120).

Um dia, disse a seus alunos: "Vocês me trazem toda a alegria que pode sentir um homem cuja crença inabalável é a de que a ciência e a paz triunfarão sobre a ignorância e a guerra (...) que o futuro pertence àqueles que mais trabalharem para amenizar o sofrimento da humanidade" (Birch, 1993, p. 59).

No discurso de inauguração do Instituto Pasteur: "Duas leis contrárias parecem estar lutando entre si atualmente: a primeira, a lei do sangue e da morte, sempre imaginando novos meios de destruição e forçando as nações a se encontrarem constantemente prontas para a batalha; a outra, a lei da paz, trabalho e saúde, sempre desenvolvendo novos meios para libertar o homem dos flagelos que o assolam" (Dubos, 1967b, p. 120).

Ao olhar pelo microscópio pela última vez em vida (micróbio da peste bubônica descoberto por Alexandre Yersin), comentou: "Ah, quanta coisa ainda há por fazer!" (Birch, 1993, p. 58).

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