Instituto Pasteur
Devido ao grande volume de pacientes que procuram Pasteur e sua equipe no laboratório da Rua Ulm, Pasteur decide fazer um centro de cuidados independente da École Normale, e diz: “Minha intenção é fundar em Paris um estabelecimento-modelo sem precisar recorrer ao Estado, com a ajuda de donativos e subscrições internacionais” Diz também que será necessário formar neste estabelecimento em Paris jovens cientistas que levarão o método a países longínquos (Debré, 1995, p. 513 ).
Pasteur recusa o dinheiro do estado e da cidade de Paris para ter a certeza de ser independente. O próprio Pasteur doa a quantia considerável de 100.000 francos. Émile Duclaux é quem encontra o terreno ideal: 11 mil metros quadrados.
A dúvida paira para o nome deste centro de tratamento anti-rábico. A discussão começa com a mediação de Grancher. Escolhem Instituto (assim como o Instituto da França). Pasteur não quer que seu nome seja usado. No entanto, seus discípulos não pensam assim e acabam vencendo: o nome será Instituto Pasteur (Debré, 1995, p. 517).
O primeiro passo do Instituto Pasteur é criado em 1887, por Émile Duclaux em comum acordo com Pasteur: uma revista mensal, os Annales de I´Institute Pasteur, uma revista independente. Ao longo do tempo, este periódico vai modificar a higiene pública e a política de saúde.
Três meses depois é a vez de Grancher fundar uma revista especializada, o Bulletin Médical, que vai responder a cada golpe dos ataques insistentes a Pasteur.
Os estatutos definitivos do Instituto Pasteur deixam claro se tratar de um estabelecimento científico autônomo, dotado de personalidade civil, com uma tripla missão: tratamento, centro de pesquisas e unidade de ensino superior. É encabeçado por um diretor assistido por um conselho de 12 membros, com uma assembleia de 30 membros, com renovação trienal do conselho (Debré, 1995, p. 518).
Por decreto do presidente da França da época, Jules Grévy, o Instituto Pasteur é reconhecido de utilidade pública. A inauguração ocorre em 14 de novembro de 1888. 1.200 convites foram entregues. Muitas personalidades, dentre elas políticos de várias partes do mundo, estão presentes, por exemplo: Conde de Ormesson, Príncipe Roland Bonaparte, Henri Wallon, Victor Duruy, Duque de Broglie, Peyron, Poubelle, Savorgnan de Brazza, embaixadores de Itália, Turquia e Brasil, Sadi Carnot, Charles Floquet, Jules Viette, Édouard Lockroy.
Doações e generosidade pública foram a base sobre a qual o Instituto Pasteur foi construído. A demonstração de generosidade na França e em todo o mundo foi sem precedentes. Na cerimónia de inauguração do Instituto Pasteur em 1888, o cientista declarou: “E aqui o vemos terminado, este grande edifício do qual se pode verdadeiramente dizer que não há uma única pedra que não seja o sinal material de um pensamento generoso. Todas as virtudes têm prestado homenagem para a construção desta morada de labuta".
O discurso é lido pelo filho de Pasteur, Jean-Baptiste, pois ele havia sofrido o segundo e terceiro AVC, que o deixou coma fala fraca e embaralhada. Modestamente, Pasteur relembra que seu nome está inscrito na porta do Instituto contra sua vontade: "Minhas objeções persistem contra um título que reserva a um homem a homenagem de uma doutrina" (Debré, 1995, p. 523). Na fala por meio do filho, Pasteur defende o ensino e a pesquisa:
"Cultivem o espírito crítico, Se deixado de lado, ele não desperta ideias, nem estimula a grandes coisas, Sem ele, nada tem valor. Ele tem sempre a última palavra. Isso que lhes peço é o que, por sua vez, vocês devem pedir aos discípulos que vão formar, é o que há de mais difícil para o inventor. Acreditar que se encontrou um fato científico importante, sentir um desejo ardente de anunciá-lo, e ser obrigado durante dias, sema nas e até mesmo durante anos a combater a si próprio, esforçando-se para desmentir suas próprias experiências e só proclamar sua descoberta quando se esgotaram todas as hipóteses contrárias, sim, é uma tarefa árdua. Porém, quando depois de tantos esforços chega-se, finalmente, à certeza, sentimos uma das maiores alegrias que a alma humana pode experimentar... (Debré, 1995, p. 523).
Fora da França, o 1º Instituto Pasteur foi estabelecido por Albert Calmette em Saigon (1891) para administrar vacinas contra a raiva e a varíola. Vários outros foram estabelecidos na Ásia, como o fundado por Alexandre Yersin em 1895 em Nha Trang – Vietnã (na época, Indochina) e em Hanói em 1925. Muitos também foram estabelecidos na África. Primeiramente no Norte da África com um instituto inicial estabelecido em Tunis em 1893 (Tunísia), seguido por outro em Argel em 1894 (na Argélia), e então em Tânger em 1910 e Casablanca em 1929 (em Marrocos). As populações doentes da África e Ásia foram as primeiras a se beneficiarem com os Institutos Pasteur ultramarinos (Debré, p. 537, 540, 543).
Atualmente (ano base: 2018) o Instituto Pasteur tem 33 institutos-membro localizados em 26 países nos cinco continentes, com mais de 23.000 pesquisadores envolvidos.
Referências:
DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995.
DUBOS, René J. Louis Pasteur. Barcelona, Espanha: Grijalbo, 1967a.
Foto da inauguração do Instituto Pasteur em Paris em 14 de novembro de 1888. | Jornal da época com a manchete da inauguração. | Inauguração em 1888. |
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Louis Pasteur e seus colaboradores na Biblioteca do Instituto Pasteur. | Discurso de Joseph Grancher na inauguração. | Biblioteca do Instituto Pasteur em 1960. |
Galeria de bustos e quadros. | Professores e alunos do curso técnico de microbiologia em 1895. | Momento de vacinação. |
Fachada do Instituto Pasteur. | Detalhe da fachada. | Busto de Pasteur. |
Sinalização nas proximidades do Instituto Pasteur. | Instituto Pasteur no mundo. | 130 anos do Instituto Pasteur em 2018. |