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Saúde e Morte

Em 1868, aos 45 anos, durante as pesquisas com o bicho-da-seda, na manhã em que Pasteur deve ir se apresentar em uma sessão na Academia de Ciências, ele se sente mal e tem um formigamento em todo o lado esquerdo do corpo. Em vez de ficar de repouso, segue até o local, acompanhado pela esposa, e retorna após o fim da sessão, a pé, com Balard e Sainte-Claire Deville. Depois do jantar, deita cedo, mas o mal-estar se agrava e ele não consegue mais falar e mexer os membros do lado esquerdo.

 

Os médicos Godélier, Guéneau de Mussy e Andral acompanham sua recuperação. Apesar do AVC, Pasteur continua consciente e lúcido, o que confunde os médicos. Os amigos cientistas de Pasteur acorrem à sua cabeceira: Sainte-Claire Deville, Dumas, Bertin, Gernez, Duclaux, Raulin. Além destes, o imperador e a imperatriz enviam um lacaio encarregado de se informar do seu estado de saúde (Debré, 1995, p. 235).

Claude Bernard é um dos primeiros a comparecer à cabeceira de Pasteur para trazer, afetuosamente, seu apoio moral (Debré, 1995, p. 398). Nos dias seguintes, há uma lenta melhora. A fala retorna, e oito dias após começa a ditar uma nota a Gernez para a Academia sobre um procedimento para a prevenção da flacidez. Também dita à Marie Pasteur uma carta direcionada ao imperador de que possivelmente está morrendo com o desgosto de não ter feito o suficiente para honrar o reino (Debré, 1995, p. 235).

O primeiro pensamento de Pasteur é para o laboratório que Napoleão III havia prometido mandar construir na Rua Ulm. Da janela da sala de jantar que dá para o jardim da École Normale, ele vigia o canteiro de obras. Os operários desaparecem ao primeiro sinal da doença. Por intermédio do general Favé, Pasteur manda dizer que estão com muita pressa de enterrá-lo. Napoleão III e Victor Duruy se desculpam por tal precipitação, e é dada uma ordem para que a construção seja retomada (Debré, 1995, p. 236).

Pasteur perde o uso da mão esquerda a ponto de depender de seus colaboradores para as experiências mais delicadas. Em janeiro de 1869 Pasteur consegue andar novamente e retorna ao sul com alguns dos seus colaboradores para retomar o trabalho com o bicho-da-seda. De sua cadeira ou de sua cama, Pasteur aconselha e orienta seus discípulos. Na primavera, retornam para Pont-Gisquet e a partir de então são organizadas missões para cada um dos alunos, transformados em “apóstolos”: Duclaux e Gernez.

Um ano antes da inauguração do Instituto Pasteur, em 23/10/1887 Pasteur sofre um novo AVC seguido de afasia e recupera a fala. Alguns dias depois sofre novo ataque, mais difícil de reabsorver, então sua fala se torna fraca e embaralhada (Debré, 1995, p. 522-523).

 

Em 01/11/1894 quando se preparava, como fazia diariamente para ver os netos, Pasteur é tomado por um terrível mal-estar e desmaia. Só volta a si à noite para pedir que fiquem a seu lado. Durante 3 meses não sai da cama. Seus filhos e netos se instalam no Instituto Pasteur. Organizam turnos para lhe fazer companhia. Em grupos de 2, pasteurianos e membros da família se revezam na cabeceira de Pasteur, noite e dia. Roux e Chantemesse ficam nos turnos da noite. Quando tem algum tempo livre, Metchnikoff o visita, não importa a hora. O mesmo acontece com Grancher. Em 1º de janeiro de 1895, Pasteur recebe todos os seus alunos e colaboradores para exprimir-lhes seus votos de fim de ano. Neste dia, também aparece Alexandre Dumas (filho) para cumprimentá-lo. No Instituto Pasteur, Louis Pasteur passa muitas horas durante a tarde sob os castanheiros conversando em voz baixa com seus colaboradores ou com o fiel amigo desde à infância, Charles Chappuis (Debré, 1995, p. 546-547).

Em maio recebe a notícia que a Academia de Ciências de Berlim quer conceder-lhe a medalha da Ordem do Mérito da Prússia pelo imperador Guilherme II, mas sua raiva ainda está presente, pela perda da Alsácia e Lorena em 1870, e recusa a honra.

No dia 13 de junho de 1895, Pasteur deixa o Instituto Pasteur e vai para Villeneuve-l´Etang, para passar a primavera, mas está cada vez mais fraco e não aproveita o parque. Suas forças declinam. Depois de um novo ataque, falece em 28 de setembro de 1895 às 16h40. De acordo com a vontade da família, é sepultado em uma cripta construída no subsolo de seu Instituto (Debré, 1995, p. 547-552).

 

Referências:

DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995.

PASTEUR VALLERY-RADOT, Louis. Images de la Vie et de l´Œuvre de Pasteur. Paris, França: Flammarion, 1956.

1868

Com quase 46 anos Pastuer sofre um AVC que o deixa hemiplégico. Pouco a pouco recupera a fala, mas continua a mancar e perde definitivamente o uso da mão esquerda.

Casa

Casa em Villeneuve-l´Etang onde Pasteur passa os últimos meses de vida. As janelas do quarto de Pasteur tinham vista para o parque.

Parque

Um recanto do parque de Villeneuve-l´Etang. Em frente à fonte havia faias roxas sob as quais Pasteur descansava todas as tardes.

Quarto

Quarto de Pasteur, com aparência monacal (monástica), em Villeneuve-l'Etang. Acima da cama foi afixado na parede um desenho de Maurice Leloir representando Pasteur em seu leito de morte.

Obséquias Nacionais

Obséquias Nacionais a Pasteur.

Le Petit Journal

Capa do Le Petit Journal de 13 de outubro de 1895.

Morte de Louis Pasteur

Contra-capa do Le Petit Journal de 13 de outubro de 1895.

Cripta

Cripta no subsolo do Instituto Pasteur.

Estátua

Estátua de Pasteur em Paris.

Expo Pasteur

Saguão de entrada da Expo Pasteur no Palais de la Découverte em Paris, 2018.

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