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Família Laurent

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Claude Henri Aristide Laurent
1795-1869

O sogro de Louis Pasteur era francês e tinha formação em Letras. Na época em que se conheceram, ele era reitor da Universidade de Estrasburgo.
 

Aristide Laurent ocupou os cargos de professor, diretor, chefe de colégio e inspetor em pelo menos 13 cidades: Paris, Riom, Guéret, Saintes, Sens, Amiens, Orléans, Clermond-Ferrand, Angoulême, Douai, Toulouse, Cahors até chegar a Estrasburgo, como reitor da Universidade.

Por onde passou, ajudou a reerguer colégios em vias de desaparecer, colocou ordem onde havia desordem (Vallery-Radot, 1945, p. 39).

 

“Um homem que se destacou por uma especial capacidade para o ensino, pela sua lealdade aos alunos e seus dotes organizacionais aplicados ao sistema escolar” (Viñas, 1991, p. 68).

Pierre-Augustin Bertin, amigo de Pasteur, é quem o apresenta ao Sr. Laurent. Pasteur não era um jovem professor desconhecido, pois seus estudos cristalográficos já haviam rendido reconhecimentos por parte da Academia de Ciências e apoio de Biot, Dumas e Balard (Viñas, 1991, p. 74-75).

Nos domingos à tarde, o Sr. Laurent realizava reuniões familiares em casa, recebendo professores universitários (Vallery-Radot, 1945, p. 58). Ao visitar a sua casa, Pasteur conhece Marie, por quem se sente cativado imediatamente. Em uma decisão relâmpago, dirige uma carta ao reitor com um pedido de casamento à sua filha (Viñas, 1991, p. 75).

Casa-se com Amélie Huet em 1819 (Vallery-Radot, 1945, p. 40).

Obs. Em várias biografias, o sogro de Pasteur é nomeado erroneamente de Charles Laurent (V. Debré, 1995, p. 79).

Ref. https://phototheque.pasteur.fr/fr/asset/fullTextSearch/search/aristide%20laurent/page/1

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Amélie Hélène Huet
(Madame Laurent)
1797-1867

A sogra de Pasteur, madame Laurent, era francesa, filha de livreiros e impressores de Orleans. A livraria da família dos pais de Amélie recebia diversos intelectuais, inclusive o general Beauharnais, que se tornaria posteriormente Napoleão Bonaparte (1769-1821), e Josefina de Beauharnais (1763-1814), que seria a futura imperatriz.

Amélie e Aristide Laurent conheceram-se nesta livraria, e casaram-se em 1819 (Vallery-Radot, 1945, p. 40).

Em 1849, ao conhecer Louis Pasteur, Amélie capturou logo algumas de suas características: lealdade, dedicação profissional, inteligência (Viñas, 1991, p. 76).

Pasteur compreendeu que Madame Laurent era sua aliada ao pedido de casamento, e em uma carta confiou as inquietudes que sentia, por temer que as primeiras impressões tenham sido desfavoráveis, e agrega a seguinte observação à Marie: “Minha experiência ensina que aqueles que me conhecem muito bem me amaram muito” (Vallery-Radot, 1945, p. 62; Birch, 1993, p. 24).

Marie Anne Laurent

(Marie Pasteur / Madame Pasteur)

1826-1910

Criada em ambiente intelectual, a esposa de Pasteur, Marie, era francesa e tinha 3 irmãs e 1 irmão, sendo que este último faleceu aos 23 anos de febre tifoide.

Quando Pasteur a viu pela primeira vez, sentiu que havia encontrado a sua companheira de vida, e escreveu ao amigo Chappuis: “Creio que serei muito feliz com ela. Tem todas as qualidades que eu poderia desejar em uma mulher” (Báez, 1995, p. 463).

Marie foi descrita como: discreta, comedida, autoritária, circunspecta. Uma mulher de ordem e dever, porém positiva, alegre e sólida. “Passou pela glória procurando ser despercebida” (Vallery-Radot, 1945, p. 31, 33; Perrot & Schwartz, 2017, p. 107).

Devota-se a Pasteur e cria, em torno dele, uma vida familiar tranquila, removendo as preocupações materiais. “Soube, desde os primeiros dias, não somente a admitir, mas a aprovar que o laboratório vinha acima de tudo” (Debré, 1995, p. 82).

Madame Pasteur lia as atas da Academia de Ciências em vez de ler novelas (Vallery-Radot, 1945, p. 66, 68).

“Marie recopia as cartas e os relatórios enviados ao Ministério ou Academia. Nunca um manuscrito vai para impressão antes de ter sido meticulosamente relido, anotado, verificado” (Debré, 1995, p. 147).

"Ela se tornou, de modo informal, secretária, contadora e o que hoje chamaríamos de assessora de comunicação e assessora de imprensa" (Perrot & Schwartz, 2017, p. 107).

Marie dispensava participar de círculos sociais prestigiosos que ela teria a oportunidade de frequentar (Perrot & Schwartz, 2017, p. 107).

Segundo Émile Roux, colaborador de Louis Pasteur: “A senhora Pasteur era não apenas uma companheira incomparável para Pasteur, mas também seu melhor colaborador” (Debré, 1995, p. 82).

Nas cartas do casal, observa-se afeto, confidências e companheirismo (Viñas, 1991, p. 89), ainda que por vezes Pasteur manifeste-se de modo autoritário.

Marie se torna figura tutelar do Instituto Pasteur após a morte do marido. Falece em 28 de setembro, no mesmo dia e mês que Pasteur, após 15 anos.

 

O casal teve 5 filhos, dos quais somente 2 sobreviveram até a idade adulta. Em carta ao sogro (Jean-Joseph Pasteur) em 1851, Marie escreve sobre Louis Pasteur. “É um pai de família modelo que, apesar de seu trabalho, encontra tempo para consagrar todos os dias um bom tempo ao recém-nascido e para cuidar da menina, se estou ocupada” (Vallery-Radot, 1945, p. 70).

"Realmente parece", escreveu o colaborador de Pasteur, Émile Roux, que essa união predestinada foi feita em vista das grandes coisas que Pasteur teve que produzir (Pasteur Vallery-Radot, 1956, p. 11; Baéz, 1995, p. 467).

Albert Calmette, um dos pasteurianos, fala sobre Pasteur em seus últimos anos de vida, e também menciona Marie Pasteur: "Nós o mantínhamos a par das pesquisas. Ele sugeria ou discutia as experiências a serem feitas e a senhora Pasteur que, como mulher de cientista, se interessava por tudo, adivinhava os pensamentos e os sentimentos de cada um de nós antes que fossem exprimidos, velava com uma tocante solicitude para que nenhuma inquietação, nenhuma preocupação perturbasse as meditações ou os sonhos sobre o futuro, aos quais os trabalhadores do instituto se abandonavam com entusiasmo e confiança. (...) Todo esse passado de miséria e de grandeza foi uma era heroica, foi o tempo da epopeia pasteuriana. (...) Durante os sete anos que viveu no instituto, entre os colaboradores e os alunos Pasteur teve a suprema satisfação de presenciar algumas das mais preciosas conquistas dessa ciência experimental que ele levou ao ponto mais alto" (Debré, 1995, p. 535-536).

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Amélie Laurent

(Amélie Loir)

1830-1925

A irmã mais nova de Marie, Amélie, era francesa e casou-se com Adrien Joseph Jean Loir. O casal tem um filho, Adrien Loir, que será estagiário e assistente pessoal de pesquisa de Louis Pasteur.

Adrien Joseph Jean Loir

1816-1899

Professor francês associado da Escola de Farmácia de Paris (1847-1849). Professor de química na Faculdade de Ciências de Besançon (1855), depois em Lyon (1861). Doutor em ciências físicas (1851).

Adrien Joseph Loir foi sucessor de Louis Pasteur na Faculdade de Farmácia e trabalhou no laboratório na companhia de Pasteur. Foi o primeiro discípulo de Pasteur.

Casa-se com a irmã mais nova de Marie, Amélie. O filho do casal, Adrien Loir, trabalhará diretamente com Pasteur. 

Ref. https://data.bnf.fr/en/10604888/adrien_loir/

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Adrien Charles Marie Loir

1862-1941

Bacteriologista francês. Estagiário e assistente pessoal de pesquisa de Pasteur. Doutor em medicina (Paris, 1892). Bioquímico. Diretor do Instituto Pasteur na Austrália. Fundador do primeiro instituto anti-rábico em São Petersburgo.

Filho de Amélie Laurent (irmã mais nova de Marie Pasteur) e de Adrien Joseph Loir, professor de química e diretor da Faculdade de Lyon (Debré, p. 83).

Adrien Loir descreve o dia a dia com o tio: “Pasteur ficava completamente absorvido pelo assunto que estudava e que escolhera. Ele o dissecava, o experimentava de todas as maneiras, em silêncio, sem a intervenção de ninguém. Pasteur não se alterava nunca, e quando algo não ocorria como desejava, ele dizia: ‘Ai meu Deus, e andava como um leão enjaulado. Era tudo” (Debré, 1995, p. 164).

O governo de Sidney na Austrália entra em contato com Pasteur. Adrien Loir é enviado em missão. Demorará muitos meses para chegar à Austrália e ficará lá por 5 anos. Funda em Road Island, perto de Sidney, o primeiro Instituto Pasteur além-mar.

Regularmente, Loir informava ao tio sobre seus trabalhos e prosseguia, sob a orientação dele, nas pesquisas sobre a transmissão do carbúnculo e sobre a peripneumonia do gado (Debré, 1995, p. 527-528).

Loir auxiliou bastante, desde o laboratório na Rua Ulm (antes do Instituto Pasteur), especialmente devido ao comprometimento de movimentos de Pasteur a partir do AVC aos 45 anos. Pasteur dá diretrizes e traça planos dos ensinamentos ao jovem: aprender a soprar vidro, assimilar as bases da cristalografia, faça curso de caligrafia e também direcionou sua formação em Medicina (Debré, 1995, p. 380-381).

Loir escreveu a obra "A l'ombre de Pasteur: souvenirs personnels" (Na sombra de Pasteur: memórias pessoais) pela editora Le Mouvement Sanitaire,1938.

Adrien Loir desempenhou um papel importante ao lado de Pasteur, ele mesmo, como seu assistente pessoal e, em seguida, como um agente para a difusão da ciência pasteuriana em todo o mundo. No entanto, Loir permaneceu nas sombras. "Algo aconteceu em sua vida: quando ele havia sido mais ou menos casado por sua família com uma filha de um amigo da família, ele se divorciou dessa mulher e saiu com a babá das crianças, depois se casou novamente com essa outra mulher. E isso foi extremamente desaprovado. Na época, ele foi rejeitado pelos pasteurianos, por sua família, etc. Foi por isso que ele foi completamente esquecido" [Maxime Schwartz, em trecho traduzido livremente da obra Le Neveu de Pasteur ou la Vie aventureuse d'Adrien Loir, acadêmico e globetrotter (1862-1941), publicado por Odile Jacob, em março de 2020].

Ref. https://data.bnf.fr/en/13012138/adrien_loir/

Mais informações: https://en.odilejacob.fr/catalogue/documents/biographies-memoirs/pasteurs-nephew_9782738151353.php

Mais informações: https://www.pasteur.fr/en/research-journal/news/pasteur-s-nephew-adventurous-life-adrien-loir-scholar-and-globe-trotter

Mais informações: https://www.franceculture.fr/emissions/le-cours-de-lhistoire/un-destin-pour-le-soin-quatre-figures-de-lhistoire-du-soin-et-de-la-medecine-14-adrien-loir-etre-le

Mais informações: https://atlantico.fr/article/decryptage/adrien-loir--une-vie-a-l-ombre-de-louis-pasteur-histoire-science-decouverte-medecine-biologie-virus-epidemie-cholera-rage-annick-perrot-maxime-schwartz

Adrien_Loir_(1862–1941),_bacteriologist.

Célie Laurent

(Célie Zévort)

1820-1859

Célie, a irmã mais velha de Marie Pasteur, era francesa e casou-se com Charles Zévort.

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Charles Zévort

1816-1887

Agrégé em filosofia (1840). Doutor em Letras (1884). Inspetor Geral da Instrução Pública do Ensino Superior (nomeado em 1879). Professor de latim.

Traduziu várias obras gregas, inclusive Metafísica de Aristóteles (2 vol., 1840-1841), A Vida de Filósofos da Antiguidade, de Diógenes Laërce (2 vols., 1848).

Era francês, casado com a irmã mais velha de Marie, Célie Laurent. Tiveram Edgar Zévort como filho.

Ref. https://data.bnf.fr/en/12436431/charles_zevort/

Charles_Zévort,_recteur_directeur_de_l'e

Edgar Zévort

1842-1908

Professor do ensino médio e historiador francês. Doutor em Letras (1880). Reitor da Académie de Caen (nomeado em 1884).

Ref. https://data.bnf.fr/en/12569035/edgar_zevort/

Notions_d'histoire_générale_et_révision_
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